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1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 1 Introdução à Macroeconomia Conceitos e Indicadores Macroeconômicos Básicos. Modelos teóricos Prof. Carlos Henrique Horn Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Ciências Econômicas Departamento de Economia e Relações Internacionais ECO-02/236 – Teoria Macroeconômica I Bibliografia BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 5ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. Cap. 1: Principais questões da Macroeconomia. Cap. 2: Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos. Cap. 27: Uma história da Macroeconomia. Cap. 28: Crise financeira recente e recessão. Apêndice 1: Contas nacionais. MAIA NETO, Adalberto Alves. Ciência econômica e modelos matemáticos. In: BÊRNI, Duilio de Avila (org.). Técnicas de pesquisa em economia: transformando curiosidade em conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2002. Cap. 3. Modelos matemáticos em Economia 2 1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 2 Estrutura da exposição 1. Indicadores macroeconômicos básicos: Identidade básica da Contabilidade Social e Produto Fluxos no mercado de trabalho e taxa de desemprego Taxa de inflação Balanço de Pagamentos 2. Modelos matemáticos em Economia. Equilíbrio. 3. Tempo e Economia: Curto, médio e longo prazos 3 Indicadores macroeconômicos Identidade básica da Contabilidade Social Recursos = Usos OFERTA Recursos reais DEMANDA Usos ou absorção dos recursos reais 1 VBP + IM CI + C + G + FBCF + ΔE + X ou CI + DCF + I + X 2 PIB + IM C + G + FBCF + ΔE + X ou DCF + I + X 4 1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 3 Indicadores macroeconômicos Produto da economia: óticas de cálculo Ótica Equação básica Valor adicionado VAB = Σ (VP – CI) Soma dos valores adicionados em cada unidade de produção Dispêndio final DF = (C + G) + I + (X – IM) Soma dos componentes do dispêndio final Renda Y = Σ Yfatores Soma da renda apropriada pelos fatores de produção 5 Indicadores macroeconômicos PIB nominal e PIB real Numa série temporal de valores do PIB: • PIB nominal é o Produto Interno Bruto mensurado a preços correntes: PIBt nominal → Qt . Pt • PIB real é o Produto Interno Bruto mensurado a preços constantes (de um período escolhido qualquer f): PIBt real → Qt . Pf A variação no PIB real indica variações de volume: Qt . Pf Qt-1 . Pf 6 1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 4 Indicadores macroeconômicos Fluxos e indicadores do mercado de trabalho Fonte: Blanchard (2011): cap. 6 7 Indicadores macroeconômicos Fluxos e indicadores do mercado de trabalho Fonte: Blanchard (2011): cap. 6 8 1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 5 Indicadores macroeconômicos Fluxos e indicadores do mercado de trabalho • População em Idade Ativa (PIA): pessoas potencialmente disponíveis para trabalho. Em geral, definida com base em um limite inferior de idade: – EUA: pessoas com idade maior do que 16 anos, excluídas as que servem às Forças Armadas e as que estão presas. – Brasil: pessoas com idade maior do que 10 anos. • População Economicamente Ativa (PEA) ou força de trabalho (L): parcela da PIA que se encontra ocupada (N) ou desempregada (U). Logo: PEA = L = N + U. • População Não Economicamente Ativa (PNEA) ou Inativos: parcela da PIA que não se encontra ocupada e não procura emprego. Logo: PNEA = PIA – PEA = PIA – L = PIA – (N + U). 9 Indicadores macroeconômicos Fluxos e indicadores do mercado de trabalho • Ocupados ou Empregados (N): pessoas que possuem ocupação remunerada regular. • Desempregados (U): pessoas que não possuem ocupação e que procuram emprego. 10 1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 6 Indicadores macroeconômicos Fluxos e indicadores do mercado de trabalho • Taxa de desemprego: proporção da força de trabalho (L ou PEA) que se encontra em condição de desemprego (U). u = U / L = (L – N) / L = 1 – n • Taxa de emprego ou ocupação: proporção da força de trabalho (L ou PEA) que se encontra em condição de empregada ou ocupada (N). n = N / L = (L – U) / L = 1 – u • Taxa de atividade ou participação: proporção da população em idade ativa (PIA) que se encontra na força de trabalho. a = L / PIA = (N + U) / PIA 11 Indicadores macroeconômicos Taxa de inflação • A inflação (alta contínua e geral dos preços) ou deflação (baixa contínua e geral dos preços) é mensurada através da construção de índices de preços: π = Pt / Pt-1 P é o nível de preços ao consumidor π é a taxa que mede a variação nesse conjunto de preços. • O deflator do PIB é uma taxa de inflação medida diretamente do cálculo do PIB. Seja o PIB real em t medido com base nos preços de t-1: Deflator do PIB = PIBt nominal / PIBt real Deflator do PIB = (Qt . Pt) / (Qt . Pt-1) 12 1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 7 Indicadores macroeconômicos Estrutura sintética do Balanço de Pagamentos 13 ($) Receitas Despesas Saldo Transações Correntes 1.000 800 200 Conta Capital 50 25 25 Aquisições líquidas de ativos Incidência líquida de passivos Concessões líquidas (+) / Captações líquidas (–) Conta Financeira 225 Erros e omissões 0 Indicadores macroeconômicos Balanço de Pagamentos – Transações Correntes 14 ($) Receitas Despesas Saldo Transações Correntes 1.000 800 200 Balança comercial (bens) e serviços 600 420 180 Balança comercial (bens) 400 320 850 Serviços 200 100 100 Renda primária 350 305 45 Renda secundária 50 75 -25 1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 8 Indicadores macroeconômicos Balanço de Pagamentos – Conta Financeira 15 ($) Aquisições líquidas de ativos Incidência líquida de passivos Saldo Concessões líquidas (+) / Captações líquidas (–) Conta Financeira 225 Investimento direto 560 460 100 Investimento em carteira 275 240 45 Derivativos 10 Outros investimentos 110 60 50 Ativos de reserva 20 Indicadores macroeconômicos Balanço de Pagamentos – Relações entre investimento e renda 16 Tipo de Investimento Renda Primária Investimento direto Lucros e dividendos Lucros reinvestidos Juros de operações intercompanhias Investimento em carteira Lucros e dividendos Juros de títulos negociados no mercado doméstico Juros de títulos negociados no mercado externo Outros investimentos Renda de outros investimentos Ativos de reserva Renda de reservas 1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 9 Indicadores macroeconômicos Síntese de Balanços de Pagamentos – Brasil, EUA e Alemanha, 2015 17 Brasil (US$ bi) EUA (US$ bi) Alemanha (€ bi) Balança Comercial (Bens e Serviços) – 19 –500 233 Exportações 224 2.261 Importações 243 2.761 Renda Primária – 42 182 64 Renda Secundária 3 –145 – 40 Saldo em Transações Correntes – 59 – 463 257 Variação nos ativos estrangeiros retidos por residentes 59 200 Variação nos ativos do país retidos por estrangeiros 114 395 Conta Financeira – 55 – 195 232 Erros e omissões/Discrepância estatística 4 268 – 25 Indicadoresmacroeconômicos Síntese de Balanço de Pagamentos – EUA, 2006 Fonte: Blanchard (2011), cap. 18 18 1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 10 Modelos matemáticos e teoria econômica • Há três tipos de linguagem em teoria econômica (ou modos de formulação e exposição da teoria): – Discursiva ou com uso de palavras, “para explicar os resultados”. – Matemática (normalmente, algébrica), “para assegurar que a lógica está correta”. – Gráfica (originária da linguagem matemática), “para refinar a intuição”. • A transposição de proposições discursivas para a linguagem matemática é feita por meio de modelos com o uso de equações. 19 Modelos matemáticos e teoria econômica Tipos de equações • Os modelos econômicos formulados sob a linguagem matemática podem ser: – Uniequacionais – Multiequacionais • Os tipos de equações econômicas mais usuais são os seguintes: – Equações de definição – Identidades contábeis – Equações de comportamento – Condição de equilíbrio 20 1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 11 Modelos matemáticos e teoria econômica Tipos de equações • Equações de definição: mera transposição da definição vernacular de um conceito para a linguagem matemática. Exemplo: a renda disponível (Yd) é igual à renda total (Y) deduzida dos impostos e acrescida das transferências do governo (T). Yd = Y – T • Identidades contábeis: igualdade verdadeira por definição (como na equação de definição) e que representa o que ocorreu no sistema econômico (ex post). Exemplo: a quantidade efetivamente vendida (qv) de um bem é igual à quantidade efetivamente comprada (qc). qv ≡ qc 21 Modelos matemáticos e teoria econômica Tipos de equações • Equações de comportamento: igualdades relacionando uma variável com outra ou outras variáveis e que expressam relações teóricas de determinação ou causalidade. Exemplo: a quantidade demandada de um bem (qd) é uma função de seu preço (p), da renda dos consumidores (Y), dos preços das demais mercadorias (P) e das preferências dos consumidores (G). qd = f (p, Y, P, G) • Na função de demanda por um bem, qd é uma variável dependente ou explicada e as demais são exemplos de variáveis independentes ou explicativas. 22 1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 12 Modelos matemáticos e teoria econômica Tipos de equações • Em modelos multiequacionais, temos: – Variáveis endógenas: explicadas (possuem valores-solução) dentro do modelo. – Variáveis exógenas: explicadas fora do modelo. São consideradas como dados do modelo. • No modelo de equilíbrio entre oferta e demanda de um bem: qd = f (P, Y) [equação da demanda] qs = g (P) [equação da oferta] Y = Y0 [renda (exógena)] qd = qs [condição de equilíbrio] A renda dos consumidores (Y) é exógena (Y0). A quantidade demandada (qd), a quantidade ofertada (qs) e o preço do bem (P) são endógenas. 23 Equilíbrio • Equilíbrio refere-se a uma configuração do sistema econômico que tende a permanecer inalterada ou estacionária, pois se supõem que não existam motivos para que os agentes econômicos modifiquem suas decisões. • A condição de equilíbrio é uma equação-igualdade que expressa relações previstas ou planejadas (ex ante). Os valores associados à condição de equilíbrio revelam a posição [hipotética] para a qual não há incentivo à mudança. • Ilustração: a aplicação mais comum do conceito de equilíbrio refere-se ao equilíbrio de mercado, ou seja, o conjunto de condições em que a quantidade ofertada iguala a quantidade demandada. 24 1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 13 Equilíbrio Equilíbrio de mercado de um bem ou serviço: uma ilustração gráfica 25 Equilíbrio Desequilíbrio e novo equilíbrio: uma ilustração gráfica 26 1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 14 Tempo e Economia Por que a questão do tempo é crucial em teoria econômica? I. As decisões dos agentes econômicos são sempre tomadas sob condições de: – Irreversibilidade (passado) Decisões do passado não podem ser canceladas. Decisões do passado afetam o desempenho e as decisões do presente. – Incerteza (futuro) Incerteza pode ser traduzida em termos de probabilidades? Incerteza não pode ser traduzida em termos de probabilidades (incerteza absoluta)? Importância das expectativas/estado de confiança dos agentes. 27 Tempo e Economia Por que a questão do tempo é crucial em teoria econômica? II. As decisões dos agentes econômicos normalmente requerem a passagem do tempo cronológico (progressão linear medida pelo relógio e pelo calendário) para produzirem efeitos. Não há efeito automático. – Uma alteração nas condições de funcionamento da economia impacta os agentes de modo que novas decisões são tomadas. Os efeitos dessas decisões requerem a passagem do tempo. – Uma decisão de política econômica, igualmente, requer a passagem do tempo para produzir efeitos. 28 1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 15 Tempo e Economia • Na construção de modelos teóricos, o tratamento da questão do tempo assume duas feições: – Dinâmica: passagem do tempo cronológico. – Estática comparativa: duas situações diferentes (como os pontos C e E no slide 26) não se referem ao transcurso do tempo cronológico, mas a conjuntos de condições de equilíbrio diferentes sob os quais operam os agentes econômicos. Nestes modelos, haverá sempre a questão do ajuste [no tempo cronológico] a uma nova condição de equilíbrio. • O conjunto de condições sob as quais operam os agentes expressa-se em termos do tempo lógico dos modelos. Este tempo é normalmente dividido em curto prazo e longo prazo. 29 Tempo e Economia Os prazos nos modelos teóricos • Na Teoria da Produção em Microeconomia, temos uma distinção consolidada: – Curto prazo: período de tempo em que o insumo de um ou mais fatores produtivos é fixo. O caso mais frequente é considerar os fatores capital e recursos naturais como fixos e o fator trabalho como variável. A produção varia dentro de certo intervalo dado pelo estoque fixo de capital e dos recursos naturais disponíveis. – Longo prazo: período de tempo (ou horizonte de planejamento) no qual todos os fatores de produção são variáveis. Questão do crescimento da capacidade de produção. 30 1.2. Conceitos e indicadores macroeconômicos básicos ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 16 Tempo e Economia • Em Macroeconomia, observa-se certa diferença na nomenclatura e mesmo nas definições dos prazos. • Por exemplo, no livro-texto Macroeconomia (11ª ed.), de Dornbush, Fischer e Startz, temos: Curto prazo: o nível de preços é essencialmente fixo e as variações na demanda agregada geram modificações no produto, o que resulta em expansões econômicas e recessões. Longo prazo: a capacidade produtiva da economia pode ser tratada como fixa; o produto e o nível de preços são determinados pela oferta e demanda agregadas e a inflação resulta quase sempre de mudança na demanda. Muito longo prazo: a capacidade produtiva varia. 31 Tempo e Economia • No livro-texto Macroeconomia (5ª ed.), de Blanchard, temos uma mistura de tempo lógico e de tempo cronológico: Curto prazo: alguns poucos anos. Variações de ano para ano no produto são decorrentes principalmente de movimentos na demanda agregada.Médio prazo: Uma década. O estoque de capital, a tecnologia e o tamanho da força de trabalho variam em ritmo lento o suficiente a ponto de podermos tomá-los como dados. Neste caso, a economia tende a voltar ao nível do produto determinado por fatores de oferta. Longo prazo: Algumas décadas ou mais. O estoque de capital, a tecnologia e o tamanho da força de trabalho se modificam. É o domínio das teorias do crescimento. 32
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