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O mercado de bens ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 1 O produto de equilíbrio no curto prazo e o modelo IS-LM O mercado de bens Prof. Carlos Henrique Horn Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Ciências Econômicas Departamento de Economia e Relações Internacionais ECO-02/236 – Teoria Macroeconômica I Estrutura da exposição Referência: Blanchard (2011): cap. 3 O capítulo examina o equilíbrio no mercado de bens e a determinação do produto no curto prazo, com foco na interação entre demanda, produção e renda. 1. A composição do PIB. 2. Demanda Agregada por bens e serviços. 3. A determinação do produto de equilíbrio. 4. A igualdade entre Investimento e Poupança. O paradoxo da parcimônia 2 O mercado de bens ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 2 1. A composição do PIB A composição do PIB pela ótica da demanda inclui: • Consumo familiar ou privado (C) • Investimento (em formação de capital fixo) (I = FBCF) – Não residencial – Residencial • Gastos do governo (ou Consumo do governo) (G) • Exportações de bens e serviços (X) • Importações de bens e serviços (IM) • Investimento em estoques (ou Variação de estoques) (ΔE) 3 1. A composição do PIB Composição do PIB dos Estados Unidos, 2006 4 O mercado de bens ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 3 1. A composição do PIB Composição do PIB do Brasil, 2011 R$ bilhões % do PIB PIB 4.375 100,0 Consumo das famílias 2.573 58,9 Consumo das ISFLSF 64 1,5 Investimento em FBCF 903 20,6 Variação de estoques 51 1,2 Consumo do governo 817 18,7 Exportações líquidas -33 -0,7 Exportações 502 11,5 Importações 535 12,2 Fonte: IBGE. 5 2. Demanda agregada por bens e serviços • Definimos a Demanda Agregada por bens e serviços: Z ≡ C + I + G + (X – IM) Esta equação é uma identidade do tipo equação de definição. • Precisamos examinar os determinantes de Z. Suponha que: – As empresas estão dispostas a ofertar qualquer volume de produtos a um dado preço P (curto prazo). – Economia é fechada (X = IM = 0). • Simplificamos Z: Z ≡ C + I + G 6 O mercado de bens ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 4 2. Demanda agregada por bens e serviços Determinantes do Consumo (C) • O Consumo (C) é determinado pela renda disponível (YD) conforme a função consumo: C = C (YD) (+) • A Renda Disponível (YD) é definida como: YD = Y – T Onde: Y = Renda dos consumidores T = Impostos – Transferências do governo 7 2. Demanda agregada por bens e serviços Determinantes do Consumo (C) • Supomos que a função consumo seja uma relação linear: C = c0 + c1.YD Onde (parâmetros): c1 = Propensão (marginal) a consumir. Mostra o efeito de uma moeda adicional na renda sobre o consumo (0 < c1 < 1) c0 = Consumo autônomo (da renda). Mostra o nível de consumo que independe da renda disponível (se YD=0, C=c0) (c0 > 0) • Substituindo em YD: C = c0 + c1.(Y – T) 8 O mercado de bens ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 5 2. Demanda agregada por bens e serviços Determinantes do Consumo (C) 9 2. Demanda agregada por bens e serviços Determinantes do Investimento (I) • Suponha, provisoriamente, que o Investimento seja uma variável exógena: I = Ī • Lembrando: Variáveis exógenas: não são explicadas no modelo; são tomadas como dadas. Variáveis endógenas: são explicadas no modelo; dependem de outras variáveis do modelo. 10 O mercado de bens ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 6 2. Demanda agregada por bens e serviços Determinantes dos Gastos do governo (G) • Suponha que os Gastos do governo sejam exógenos: G = G • Por que considerar G e T exógenos? – Governos não se comportam com a mesma regularidade que empresas e consumidores. Não há regra para descrever um padrão regular. – Gastos do governo (G), Impostos e Transferências do governo (T) são objeto de decisões alternativas sobre cujos efeitos recai a atenção da macroeconomia. Assim, podemos perguntar: quais os efeitos da política fiscal (sobre produto, emprego, preços etc.)? 11 2. Demanda agregada por bens e serviços Equação da Demanda Agregada (Z) • Partindo da definição de Demanda Agregada: Z ≡ C + I + G • Podemos escrever a equação de comportamento da Demanda Agregada: Z = c0 + c1.YD + Ī + G ou Z = c0 + c1.(Y – T) + Ī + G 12 O mercado de bens ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 7 3. O produto de equilíbrio da economia • O equilíbrio no mercado de bens requer que a Produção Y seja igual à Demanda Agregada por bens e serviços Z: Y = Z Ou seja, em equilíbrio: Oferta (Y) = Demanda (Z) • Como a Demanda depende da renda Y (que é igual à Produção Y), temos: Y = c0 + c1.(Y – T) + Ī + G 13 3. O produto de equilíbrio da economia Condição de equilíbrio • Para encontrar a equação do produto de equilíbrio, escrevemos: Y = c0 + c1.Y + Ī + G – c1.T Passamos c1.Y para o lado esquerdo e simplificamos: (1 – c1).Y = c0 + Ī + G – c1.T • Dividimos ambos os lados por (1 – c1) e encontramos a equação do produto de equilíbrio no mercado de bens: 14 0 1 1 1 [ ] 1 Y c I G cT c O mercado de bens ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 8 3. O produto de equilíbrio da economia Efeito multiplicador do gasto autônomo • O termo (c0 + Ī + G – c1.T) indica a parte da demanda que não depende da renda. Há três componentes de gasto autônomo (c0 + Ī + G) e o componente dos impostos (– c1.T). No conjunto, o termo é também chamado de gasto autônomo. • O termo 1 / (1 – c1) indica o efeito sobre o produto das variações no gasto autônomo. Como 0 < c1 < 1, esse termo será maior do que 1. O que isto significa? Esse termo é o multiplicador [do gasto autônomo]. 15 3. O produto de equilíbrio da economia Ilustração do efeito multiplicador • Seja c1 = 0,6 (propensão a consumir) Portanto: 1 / (1 – c1) = 1 / (1 – 0, 6) = 2,5 (multiplicador) • Qual o efeito sobre o produto de um aumento no gasto governamental igual a US$ 1 bilhão? Temos ΔY = [1 / (1 – c1)].ΔG Resolvendo: ΔY = 2,5 . 1 = US$ 2,5 bilhões 16 O mercado de bens ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 9 3. O produto de equilíbrio da economia Representação gráfica do equilíbrio 17 3. O produto de equilíbrio da economia Representação gráfica de alteração no equilíbrio em face de aumento no gasto autônomo 18 O mercado de bens ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 10 3. O produto de equilíbrio da economia Ajuste no produto de equilíbrio • O ajuste no produto diante de uma mudança no gasto autônomo não ocorre automaticamente, mas percorre rodadas conforme seu impacto sobre a renda e o consumo. • Para uma variação no gasto de US$ 1 bilhão, o resultado final é esse valor vezes a soma: 1 + c1 + c12 + ... + c1n Como c1 < 1, a soma desta progressão geométrica tende a: 1 / (1 – c1) Que é o multiplicador. 19 3. O produto de equilíbrio da economia Síntese • Um aumento na demanda leva a um aumento na produção e a um aumento correspondente na renda. O resultado final é um aumento no produto maior do que o deslocamento inicial da demanda por um fator igual ao multiplicador. • O tamanho do multiplicador depende da propensão marginal a consumir da economia. 20 O mercado de bens ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 11 4. A igualdade entre Investimento e Poupança Definindo Poupança • Em nosso modelo, Poupança é a soma da Poupança Privada e da Poupança Pública.• Poupança Privada (S): renda disponível menos consumo. S ≡ YD – C Logo: S ≡ Y – T – C • Poupança Pública (SG): impostos (líquidos de transferências) menos gastos do governo. SG ≡ T – G Se T > G, SG > 0: superávit orçamentário ou fiscal Se T < G, SG < 0, déficit orçamentário ou fiscal 21 4. A igualdade entre Investimento e Poupança Equilíbrio Poupança-Investimento • Seja a equação de equilíbrio do produto (Y = Z): Y = C + I + G • Subtraindo C e T de ambos os lados: (Y – T) – C = I + G – T • O lado esquerdo é a Poupança Privada. Logo: S = I + G – T • Subtraindo G e somando T a ambos os lados, encontramos a igualdade entre Poupança e Investimento (modo alternativo de expressar o equilíbrio no mercado de bens ou relação IS): S + (T – G) = I 22 O mercado de bens ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. Carlos Henrique Horn 12 4. A igualdade entre Investimento e Poupança Paradoxo da Parcimônia • Pergunta: o que ocorre, no curto prazo, se as pessoas decidem poupar mais (buscam aumentar a Poupança Privada), ou seja, decidem consumir menos (reduzem c0)? • Efeito sobre a Demanda e o Produto: No curto prazo, a redução no c0 diminui o produto de equilíbrio e a renda conforme o multiplicador. ΔY = [1 / (1 – c1)].Δc0 23 4. A igualdade entre Investimento e Poupança Paradoxo da Parcimônia • Efeito sobre a Poupança (Privada): Voltemos à definição de Poupança: S = (Y – T) – C S = (Y – T) – (c0 – c1.(Y – T)) S = – c0 + (1 – c1).(Y – T) • Temos dois efeitos opostos e um resultado ambíguo: 1º) Redução de c0 aumenta S. 2º) Redução de c0 reduz Y, que reduz S. • Como I, T e G são dados no curto prazo, o resultado final é que a Poupança não varia. Conforme a relação IS: S + (T – G) = I 24
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