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Macroeconomia de Kalecki MACROECONOMIA I Prof. Mauricio Andrade Weiss Tema central: Centralidade do Investimento na Macroeconomia de Kalecki Temas específicos: Distribuição de renda, demanda efetiva e crescimento econômico Macroeconomia de Kalecki 2 Aspectos Gerais • Contrário às políticas de redução dos salários para reduzir o desemprego e de promover o desemprego para conter a inflação. • Tinha como maior prioridade a melhorara das condições de vida do trabalhador e com a distribuição de renda. • Sua obra teve Marx como base teórica e ao mesmo tempo apresenta diversas semelhanças com os trabalhos de Keynes. • Gastos governamentais são uma forma de combater o desemprego. Macroeconomia de Kalecki 3 Aspectos Gerais • O comércio internacional não é o mundo preconizado pela teoria das vantagens comparativas, mas é o da concorrência entre grandes empresas por mercados externos. • Os trabalhadores devem gastar toda a sua renda, pois se pouparem apenas contribuirão para elevar o desemprego. • Os capitalistas devem gastar de qualquer maneira que que seja para evitar as quedas no lucro. • As flutuações de renda e emprego são inevitáveis devido ao comportamento dos gastos capitalistas. Macroeconomia de Kalecki 4 A Demanda Efetiva de Kalecki • Nível da renda nacional não é automaticamente determinado pela capacidade produtiva da economia. • A renda é função da demanda efetiva, que em uma economia fechada e sem governo é função do consumo e do investimento. • O consumo é função da própria renda e portanto mais estável. • Investimento é mais instável e é o principal determinante para a dinâmica da renda. Macroeconomia de Kalecki 5 Os “Não Determinantes” do Investimento • A poupança não é pré-condição para o investimento, mas o investimento, por meio dos seus efeitos multiplicadores da renda que gera poupança. • A taxa de juros não é o preço que iguala o investimento e a poupança. • A taxa de curto prazo é determinada pelo valor das transações e pela oferta monetária. • A taxa a longo prazo se baseia na taxa média a curto prazo esperada para os próximos anos. Macroeconomia de Kalecki 6 Os “Não-Determinantes” do Investimento • A taxa de curto prazo é mais instável devido a rigidez da oferta monetária. • A taxa de longo reflete apenas parcialmente essas flutuações, sendo, portanto, mais estável. • Como a taxa que é mais relevante ao investimento é mais estável, a taxa de juros deixa de ser um fator determinante para o investimento. • O investimento se “autofinancia” em qualquer taxa de juros. Macroeconomia de Kalecki 7 Determinantes do Investimento a) poupança interna bruta das empresas (+); b) variação dos lucros ao longo do tempo (+); c) variação do volume do capital fixo ao longo do tempo (-). - No LP as inovações também assumem um papel importante na determinação do investimento, pois permite elevar os lucros. Macroeconomia de Kalecki 8 Determinantes do Investimento Macroeconomia de Kalecki 9 • Poupança interna das firmas depende dos lucros auferidos no passado • A variação do volume de capital fixo está atrelada ao próprio investimento • Cabe então analisar os determinantes para o lucro. Isso pode ser realizado por meio do modelo de 3 departamentos de Kalecki. Determinação do Lucro Macroeconomia de Kalecki 10 Hipóteses do modelo: a) economia é fechada e sem governo; b) a sociedade se divide em trabalhadores e capitalistas; c) os salários dos trabalhadores são gastos totalmente na compra de bens de consumo d) A capacidade produtiva não se altera em um determinado período e) não há formação de estoques Determinação do Lucro Macroeconomia de Kalecki 11 f) Produção é dividida em 3 setores: I) bens de investimento; II) bens de consumo dos capitalistas; e III) bens de consumo dos trabalhadores - O consumo do setor I) é o investimento (I): - O do setor II) é o consumo dos capitalistas (Ck) - O do setor III) é o consumo dos trabalhadores (Cw) - O valor da produção se divide entre em P (lucros brutos) e salários (W) DETERMINANTES DA RENDA Y = P + W ou Y= I + Ck + Cw • Poupança dos trabalhadores (Sw) = 0 W = Cw • Poupança dos capitalistas (Sk) = P - Ck • A poupança total (S) = Sw + Sk S = Sk Deste modo: • Y = P + Cw = I + Ck + Cw. Portando: P = I + Ck • Subtraindo CK de ambos os lados, temos: • P-CK = I e, finalmente, S = I Macroeconomia de Kalecki 12 Relação entre S e I • Tal como no caso keynesiano, a poupança não se constitui um entrave ao investimento, pois ela aparece como um resíduo do processo de geração de renda que é dado pelos gastos. • Assim, essa igualdade deve ser lida da seguinte forma: uma vez realizado um investimento qualquer, a ele corresponderá uma poupança de igual valor. • Ou seja, o investimento gerará a poupança para financiá-lo. Macroeconomia de Kalecki 13 Determinação do Lucro: ótica da renda Macroeconomia de Kalecki 14 Receita DIII = W1 + W2 + W3 Receita DIII = P3 + W3; Receita DIII – W3 = P3 P3 = W1 + W2 Acrescentando P 1 + P2 em ambos os lados tem-se: P1 + P2 + P3 = P1 + W1 + P2 + W2 Como: P1 + P2 + P3 = P P = P1 + W1 + P2 + W2 Sendo: P1 + W1 = I; P2 + W2 = Ck, tem-se que P =← I + Ck O Papel Central do Investimento - Se o investimento eleva os lucros e estes ao investimento, por que o investimento – e a renda - tem um comportamento cíclico? Porque ele exerce um duplo papel: - Eleva a demanda efetiva (mais CP); e - Aumenta a capacidade produtiva (mais LP). Macroeconomia de Kalecki 15 Investimento e os Ciclos No processo entre CP e LP o I tende a provocar flutuações cíclicas da renda nacional: i) quando são feitas as encomendas de I há uma recuperação da economia, é a fase ascendente do ciclo; ii) no intervalo de tempo da produção dos bens de investimento e sua entrega final, começam a instalar os novos equipamentos, ampliando a capacidade produtiva, sendo portando a fase de expansão; Macroeconomia de Kalecki 16 Investimento e os Ciclos iii) ao final do segundo ponto, os capitalistas reduzem suas compras, mas nesse momento, ainda estão sendo entregues os equipamentos encomendados anteriormente, o que provoca um excesso da capacidade produtiva, esta é a fase da recessão; iv) a produção de equipamentos cai, sendo a fase de depressão. Posteriormente o ciclo se reinicia. Macroeconomia de Kalecki 17 Economia Aberta e com Governo - Apresentando saldo positivo em sua balança comercial, um país recebe mais por suas exportações do que paga por suas importações. - Havendo déficit orçamentário, o setor privado recebe mais através dos gastos do Governo do que paga em impostos. - Esses dois excedentes da receita sobre as despesas possibilitam a elevação dos lucros acima do investimento e dos gastos do capitalista. Macroeconomia de Kalecki 18 Economia Aberta e com Governo • Da equação inicial de lucros no modelo simplificado: P = I + Ck • Em uma economia aberta e com governo (e relaxando a hipótese de que os trabalhadores não poupam): • 0nde: • G = gastos governamentais • T = arrecadação de impostos • X = exportações • M = importações. Macroeconomia de Kalecki 19 Distribuição de renda • O lucro iguala os gastos dos capitalistas tanto em consumo quanto em investimento. Daí a famosa frase de Kalecki de que: "os trabalhadores gastam o que ganham e os capitalistas ganham o que gastam". • Para compreender a distribuição de renda devemos recorrer a teoria de formação de preços de Kalecki: Economia opera com capacidade ociosa devido ao grau de monopolização da economia. O preço édeterminado por uma margem sobre os custos de acordo com uma regra de mark-up. Macroeconomia de Kalecki 20 Macroeconomia de Kalecki 21 • Regra do preço: p = preço do produto p* = preços das demais empresas daquele mercado u = custos diretos m e n = parâmetros que representam o poder de monopólio da firma. • Ou seja, o preço cobrado pelas empresas depende de seus custos diretos e do preço cobrado pelos concorrentes. Distribuição de renda • A relação entre o preço cobrado pela empresa e seus custos diretos reflete o chamado grau de monopólio (K): • O grau de monopólio varia de acordo com: a) grau de concentração da economia (+); b) desenvolvimento da publicidade (+); c) custos indiretos sobre diretos (+); e d) poder dos sindicados (-). Macroeconomia de Kalecki 22 Distribuição de renda • Os custos diretos são dados pelos salários e pelos gastos com matérias-primas: • u = W + matérias-primas • u = W(1 + j) • onde j = relação matérias-primas/salários • Como • K = preço / custos diretos • o preço p será dado por: • p = Custos diretos + custos indiretos + lucro Macroeconomia de Kalecki 23 Distribuição de renda • Substituindo na definição de K, tem-se: • Assim, lucros + custos indiretos = custos diretos (K - 1) lucros + custos indiretos = W(j + 1) (K - 1) • O valor adicionado corresponde a seu preço menos o custo das matérias-primas utilizadas para produzi-lo: • Valor agregado = W + W(j + 1) (K - 1) • Salários + lucros + custos indiretos Macroeconomia de Kalecki 24 Distribuição de renda Distribuição de renda • Assim, a participação do salário no valor agregado (w) é dada pela seguinte expressão: • Ou seja: • Percebemos, portanto, que a parcela do salário na renda é uma função decrescente do grau de monopólio (K) e da relação matérias- primas/salários (j). • Assim, quanto maior K e j, menor será w e, portanto, maior será a parcela dos lucros. Macroeconomia de Kalecki 25 Sumarização Macroeconomia de Kalecki 26 - Renda é função da demanda. - Consumo é estável e o investimento (I) é instável - Poupança e taxa de juros não determinam I - I é determinado pelas variações dos lucros (+), poupança interna (+) e acumulação de estoques (-) - Duplo papel do I é a causa básica para os ciclos econômicos - Balança comercial e déficits orçamentários impulsionam, da mesma forma, a renda. Referencial Bibliográfico: Macroeconomia de Kalecki 27 Chiliatto-Leite, M. V. Teorias da demanda efetiva. Keynes, Kalecki e algumas implicações. III Encontro da Associação Keynesiana Brasileira, 2010. Kalecki, M. Teoria da Dinâmica Econômica. São Paulo: Ed. Nova Cultural, 1977 (1956). Caps.: 3 – 9; 11, 15. LOPES, Luiz Martins; Vasconcellos, Marco Antônio Sandoval de (orgs.). Manual de Macroeconomia: básico e intermediário. São Paulo: Atlas, 2008. Cap. 4 Apêndice. Miglioli, J. Introdução à obra: Michal Kalecki - Teoria da Dinâmica Econômica. Possas, M. L & Baltar, P. E. A. Demanda efetiva e dinâmica em Kalecki. Pesquisa e Planejamento Econômico. Rio de Janeiro, 11(1) 107 a 160 abr. 1981. Macroeconomia de Kalecki 28 Referencial Bibliográfico:
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