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6.1 Abertura dos mercados de bens e financeiros

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Fatores de decisão em macroeconomia aberta
ECO-02/236 - Teoria Macroeconômica I - Prof. 
Carlos Henrique Horn 1
Macroeconomia Aberta
Fatores de decisão: taxa de câmbio real 
e condição de paridade de juros
Prof. Carlos Henrique Horn
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de Ciências Econômicas
Departamento de Economia e Relações Internacionais
ECO-02/236 – Teoria Macroeconômica I
Estrutura da exposição
Referência: Blanchard (2011): cap. 18
2
O capítulo examina lógica de decisões em economia aberta: 
papel da taxa de câmbio real e o fator de paridade de juros.
Mercado de bens:
1. Exportações e importações de bens e serviços.
2. Escolha entre bens domésticos e bens estrangeiros.
3. Taxas nominais de câmbio.
4. Taxa real de câmbio.
5. De taxas de câmbio bilaterais para taxas de câmbio multilaterais.
Mercados financeiros:
6. Balanço de pagamentos.
7. Escolha entre ativos domésticos e ativos estrangeiros.
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Mercados de bens
Exportações e importações: uma visão da economia norte-americana
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Mercados de bens
Coeficientes de exportação
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Mercados de bens
Coeficientes de exportação
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• Um país pode ter exportações maiores do que seu PIB 
(coeficiente de exportações maior do que 1)? (Foco, p. 340)
Sim. Países que importam bens intermediários para serem 
transformados na indústria doméstica e, depois, exportados.
Exemplo: M = $ 1 bi; VAB = $ 200 mi = PIB; X = $ 1 bi.
Portanto: X/PIB = 1000/200 = 5 (Em Cingapura = 2,43 / 2005)
• Baixos coeficientes de comércio exterior significam maiores 
barreiras comerciais?
Não necessariamente.
Outros fatores: geografia e tamanho da economia.
Mercados de bens
Escolha entre bens domésticos e bens estrangeiros
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• Considerando a abertura dos mercados de bens, agentes se 
defrontam com uma nova questão:
Comprar bens domésticos ou bens estrangeiros?
– Demanda por bens domésticos impacta produção doméstica.
– Demanda por bens estrangeiros impacta produção externa.
• O que determina a decisão?
Taxa real de câmbio: relação entre o preço dos bens 
domésticos e o preço dos bens estrangeiros (não observável).
Taxa nominal de câmbio: relação entre moedas (observável).
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Mercados de bens
Taxas nominais de câmbio (ilustração para US$ e £)
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• Taxas nominais de câmbio (relação entre moedas) podem ser 
expressas de duas maneiras.
• Como o preço da moeda nacional (US$) em termos da moeda 
estrangeira (£) (forma adotada por Blanchard):
E = £ / US$ = 0,5 (ou seja, 0,5 libra esterlina compra 1 dólar)
Apreciação nominal da moeda doméstica (apreciação): alta de E
Depreciação nominal da moeda doméstica (depreciação): baixa de E
• Como o preço da moeda estrangeira (£) em termos da moeda 
nacional (US$):
1 / E = US$ / £ = 2 (ou seja, 2 dólares compram 1 libra esterlina)
Mercados de bens
Comportamento da taxa nominal de câmbio (£/US$)
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Mercados de bens
Taxa real de câmbio
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• A taxa real de câmbio expressa a relação entre os preços dos 
bens domésticos e os preços dos bens estrangeiros.
• Suponha que USA e UK produzam apenas um bem.
USA. Cadillac. P = US$ 40.000 ou £ 20.000 (40.000 x 0,50)
UK. Jaguar. P = £ 30.000
• A taxa real de câmbio entre USA e UK é igual a:
20.000 / 30.000 = 0,66
• No entanto, uma taxa de câmbio real deve refletir os preços 
de todos os bens e serviços.
Mercados de bens
Taxa real de câmbio
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• Uma taxa de câmbio real deve refletir os preços de todos os 
bens e serviços. A relação deve usar índices de preços.
• Seja:
P = índice de preços dos USA (deflator do PIB dos USA)
P* = índice de preços do UK (deflator do PIB do UK)
A taxa real de câmbio é dada por:
ε = EP / P*
(relação entre o nível de preços dos USA em libras e o nível de preços do UK em libras)
• A taxa real de câmbio é um número-índice.
– O nível é arbitrário (depende do nível de P e P*).
– As variações intertemporais são informativas.
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Mercados de bens
Taxa real de câmbio
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Mercados de bens
Taxa real de câmbio
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• As variações intertemporais na taxa real de câmbio são 
informativas:
– Um aumento na taxa real de câmbio representa um aumento no 
preço relativo dos bens domésticos em termos dos bens 
estrangeiros – Apreciação real.
– Uma redução na taxa real de câmbio representa uma redução no 
preço relativo dos bens domésticos em termos dos bens 
estrangeiros – Depreciação real.
• Taxas reais de câmbio apreciam ou depreciam em função de:
– Variações na taxa nominal de câmbio (E).
– Variações na relação entre os níveis de preços (“inflação 
relativa”) (P/P*).
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Mercados de bens
Ilustração de variações na taxa real de câmbio
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Ano E P P* ε Observação
1 1 100 100 1,0 Ano-base
2 1 110 100 1,1 Apreciação real da moeda doméstica
2 a 0,909 110 100 1,0
Maior inflação interna 
compensada por depreciação 
nominal da moeda doméstica
3 1 110 120 0,917 Depreciação real da moeda doméstica
3 a 1,0909 110 120 1,0
Menor inflação interna 
compensada por apreciação 
nominal da moeda doméstica
Mercados de bens
Taxa nominal e taxa real de câmbio
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Mercados de bens
De taxas de câmbio bilaterais para multilaterais
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• O comportamento da taxa real de câmbio de um país (se 
apreciada ou depreciada) é melhor avaliado quando se levam 
em conta os preços dos bens dos países com que se 
comercializa/concorre.
• Uma taxa real de câmbio multilateral considera as relações 
entre o nível de preços domésticos e os níveis de preços 
estrangeiros, ponderadas pela relevância de cada país no 
comércio/concorrência comercial com a economia doméstica.
Mercados de bens
Taxa real de câmbio multilateral dos USA, 1973-2006
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Mercados financeiros
Balanço de pagamentos
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• A abertura dos mercados financeiros permite que investidores 
escolham entre reter ativos domésticos e reter ativos 
estrangeiros:
– Diversificam carteiras.
– Especulam sobre os movimentos das taxas de juros estrangeiras 
vis-à-vis taxas de juros domésticas.
– Especulam sobre os movimentos das taxas de câmbio.
• Com a abertura dos mercados financeiros, ampliam-se os 
meios de financiar déficits em transações correntes do 
balanço de pagamentos. 
Mercados financeiros
Balanço de pagamentos
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Mercados financeiros
Escolha entre ativos domésticos e ativos estrangeiros
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• Ao escolher entre ativo doméstico e ativo estrangeiro, 
devemos examinar:
– Diferenças entre taxas de juros (nominais).
– Movimentos esperados da taxa de câmbio.
• Suponha que a escolha se dá entre título de um ano dos USA e 
título de um ano do UK.
Um investidor dos USA, ao aplicar US$ em t, terá em t+1:
– Título dos EUA: US$1(1 + it)
– Título do UK:
• Na compra (t): US$1 x Et
• No vencimento (t+1): [US$1 x Et x (1 + i*t)] / Eet+1
Mercados financeiros
Escolha entre ativos domésticose ativos estrangeiros
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• Seja: it = i*t = 10% e Et = 0,5.
• Para uma aplicação de US$ 100 em t, temos em t+1:
– Título dos EUA: US$100(1 + 0,1) = US$110
– Título do UK:
• Sem variação cambial:
na compra: US$100 x 0,5 = £50
£50(1+0,1) = £55
no vencimento: £55 / 0,5 = US$110
• Com apreciação do US$ (Et+1 = 0,6)
no vencimento: £55 / 0,6 = US$91
• Com depreciação do US$ (Et+1 = 0,4)
no vencimento: £55 / 0,4 = US$137
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Mercados financeiros
Escolha entre ativos domésticos e ativos estrangeiros
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Mercados financeiros
Escolha entre ativos domésticos e ativos estrangeiros
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• Para que o investidor fique indiferente entre reter títulos dos 
USA e reter títulos do UK, a condição é:
(1 + it) = (Et)(1 + i*t) / (Eet+1)
ou
(1 + it) = (1 + i*t)(Et/Eet+1)
• A condição é chamada de relação de paridade de juros 
descoberta ou condição de paridade de juros.
Na ausência de risco cambial e de custos de transação, a 
decisão do investidor será pelo título que oferecer a maior 
taxa de juros.
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Mercados financeiros
Escolha entre ativos domésticos e ativos estrangeiros
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• Reescrevemos (Et/Eet+1) = 1/[1 + (Eet+1 – Et) / Et].
Substituindo na condição de paridade de juros, temos:
(1 + it) = (1 + i*t) / [1 + (Eet+1 – Et) / Et]
Em termos aproximados, a condição é dada por:
it ≈ i*t – [(Eet+1 – Et) / Et]
• A arbitragem por investidores implica que a taxa de juros 
interna (i) deve ser igual à taxa de juros externa (i*) menos a 
taxa de apreciação esperada da moeda nacional [(Eet+1 – Et) / 
Et].
Mercados financeiros
Escolha entre ativos domésticos e ativos estrangeiros
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• Voltemos ao exemplo numérico anterior. Seja, agora, it = 5%. 
Dado i*t = 10%, o investidor deve optar por títulos do UK?
• A resposta depende da apreciação esperada do dólar.
5% ≈ 10% – [(Eet+1 – Et) / Et]
– Se Ee apreciar 5%, investidor é indiferente.
– Se Ee apreciar mais do que 5%, investidor deve reter títulos do 
USA, apesar de i* > i. Isto por causa do risco cambial.
– Se Ee apreciar menos do que 5%, investidor deve reter títulos do 
UK, pois haverá ganho apesar da apreciação.
• Taxas nominais de juros movem-se juntas?
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Mercados financeiros
Escolha entre ativos domésticos e ativos estrangeiros
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