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FIFHAMENTO CAP 14 As atuações (actings) - Manual da técnica psicanalitica (uma revisão) Zimerman

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Maria Vanessa Almeida Missena
 Estágio Específico I
FICHAMENTO CAP 14 – As atuações (actings)
Caruaru / 2017
As atuações (actings) (p. 161 a 168) décimo quarto capitulo
Zimerman, David E. MANUAL DE TÉCNICA psicanalítica. Porto Alegre: Artmed, 2008.
O autor articula a interpretação de vários teóricos acerca do “actings”. A princípio, em Freud, o actings é percebido como um comportamento propriamente dito, um comportamento que se torna repetitivo e está diretamente ligado ao material reprimido ou aquilo que foi esquecido. Em outras palavras, é como se o paciente ao invés de falar, apenas agisse, funcionando assim como um mecanismo de defesa que impede que o paciente lembre-se do momento, o levando ao ato, sem se dar conta que está reproduzindo algo da esfera do inconsciente que foi reprimido e agora aparece em forma de ação. É a repetição de um passado que foi esquecido.
Freud afirma que o actings está no campo da pulsão de morte por se tratar de uma compulsão à repetição do material que se quer ser esquecer. Sendo assim a atuação ocupa o espaço da recordação. Segundo o autor, trata-se de um mecanismo de defesa, porque impede que o paciente recorde o trauma, impedindo assim a elaboração desse afeto. “a melhor maneira de esquecer é lembrar” ( Zimerman p. 162) 
Para Melanie Klein o acting além de ser uma atuação que tem como objetivo alcançar algo ou alguém inalcançável, também se trata de uma negação a entrada na posição depressiva. Ou seja, o paciente vai ao ato, para não recordar do trauma que o levará a um sofrimento psíquico. Ela ainda enfatiza a questão do actings não se tratar apenas de uma forma de resistência, mas também serem os afetos dissociados e projetados, assim como as ansiedades pré-edípicas, os responsáveis pela atuação do sujeito. O autor traz como exemplo as memórias de sentimentos colocadas por Melanie Klain, essas memórias podem transformarem-se em atuação. Ainda sobre uma releitura de Melanie Klain, outro aoutro nos tras a questão do acting parcial ou total, que são relativos ao grau de agressividade do paciente, quando este se distanciou dos seus primevos objetos de desejo. Dependendo dessa hostilidade, esse pode ser um fator decisivo na análise, onde o acting total poderá ser um prenúncio do fim do processo de análise. 
Bion, destaca 5 aspectos do acting, sendo eles: evacuação do elementos beta, onde o paciente transforma em atuação elementos que não puderam ser pensados, que estão a espera da função continente da mãe ou do analista no caso do processo analítico, para que esses elementos possam, através da função alfa, serem pensados em vez de atuados. A forma de comunicação primitiva é vista por Bion, como uma forma de evitar o julgamento negativo por parte do analista, fazendo-o nutrir uma curiosidade singular pela manifestação do ato, antes que ele seja verbalizado. O acting como manifestação da parte psicótica da personalidade, resulta na ausência de um continente, onde o paciente usa de identificações projetivas que aumentam á medida que esse continente é negado, levando o paciente a atuar ao invés de nomear. O acting resultante da função K, acontece quando o paciente está num latente estado de negação acerca das verdade penosas que podem leva-lo a atuação, como substituição do conhecimento. O atcting por meio de uma não comunicação verbal me parece o mais interessante de todos esses, pois esse tem o intuito de ludibriar e enganar o analista, fazendo com que ele siga pistas falsas, dada pela comunicação que o paciente disponibiliza.. 
Sobre o acting na prática analítica, todos os tópicos são importante, mas alguns merecem um maior destaque, como no caso da dramatização. Nesse tópico o autor descreve a etmologia da palavra dramatização, que segundo Zimerman é “sentimentos que se concretizam em figuras que agem com movimento e ação”. Ou seja, o paciente desenvolve papéis que dependem de um cenário que seria o seu cenário inconsciente e de outros personagens que seriam seus objetos de desejo, o traço marcante desse acting é que o enredo e o papel do paciente são sempre o mesmo, mudando apenas os personagens. Outro modo de atuar, é quando o paciente, de forma quase maquiavélica, faz com que outras pessoas atuem por ele, levando para o setting essas atuações “alheias” na sua fala, acerca do analista, deixando-o em situação desconfortável, este acting caracteriza-se como “uma escolha de pessoas que atual pelo paciente. 
Partimos para um ponto crucial dos actings, que adentra na questão da contratransferência. O acting devido à inadequação do analista acontece quando, por algum motivo, o analista interpreta erroneamente alguma fala do paciente, fazendo-o sentir-se ainda mais incompreendido, ou quando a interpretação do analista é de cunho moral e lança o paciente para um sentimento de culpa e desqualificação, afetando assim o processo e o lavando a atuar. Outro modo de inadequação, é quando o analista, de forma inconsciente e desconhecida por ele, leva o paciente a atuar por ele. O contra-acting acontece quando o analista é afetado pela demanda do paciente que o leva a atuar fora do seting, porém o autor deixa claro que o contra acting sempre reflete no processo analítico paciente/terapeuta, mesmo que seja inócuo. Acredito que aqui caberia muito bem a clássica frase de Lacan “O que te afeta, te pertence” É importante ressaltar que o acting está entre o campo da transferência e da resistência e pode ser benéfica, maléfica ou inócua. A principal origem ou ponto de partida do acting são as revivencias dos traumas no setting analítico. Como: angustia de separação, renúncia as ilusões narcísicas, entrada numa posição depressiva e os momentos catastróficos. O acting, apesar de amenizar o sofrimento, se dá de forma artificial, porém para o paciente que está numa busca desesperada de algo que preencha seus vazios, o acting cai como uma luva. No que diz respeito ao analista, é preciso sempre estar atento para saber distinguir se está acontecendo um contra-acting, ou um acting por parte do analista que leva o paciente a atuar, ou se existe um conluio inconsciente de atuações entre ambos. 
Por fim, e muitíssimo importante ressaltar, é de suma importância estar atento a todos esses movimentos do paciente e também do analista. Além dessas questões e pormenores citados acima, vale salientar que de nada adianta saber distinguir os actings em categorias se não souber distinguir um acting de uma ação. O autor é bem categórico e esclarecedor em fazer a distinção entre ação e atuação. Na ação, o desejo passa por várias etapas, até chegar ao ato, entre desejo e ação, está o pensamento, a reflexão e a consciência de suas consequências e finalmente a decisão. Na atuação, o paciente vai do desejo para o ato sem que seja refletido ou sem que leve em consideração suas consequências. Antes de tudo, é essencial que primeiro se saiba discernir uma ação de um acting, para que em seguida seja possível identificar e manejar todos esses movimentos.

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