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APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 1 APOSTILA DE ECONOMIA DOCENTE: Marta Alves Pereira Discente-____________________________ Faculdade de Ciências Contábeis APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 2 CARO ALUNO: Este material foi elaborado com base na bibliografia citada no final da apostila, e tem por objetivo oferecer material complementar de estudo para fixação da matéria, lembrando que esta não deve ser a única fonte de consulta, pois além dela você deve consultar os livros recomendados ou adotados textos, artigos, cadernos, sites de economias, jornais e revistas entre outros recursos utilizados durante as aulas. Também foi respeitada a lei de direitos autorais, para elaboração deste material. OBJETIVO DA APOSTILA DE ECONOMIA - Capacitar o estudante através de conceitos e instrumentos de análises fundamentais da ciência econômica que facilitem a compreensão do elevado grau de dependência social e política em face aos fenômenos econômicos da realidade que o cerca. BIBLIOGRAFIA BÁSICA GREMAUD, Amaury Patrick; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval; TONETO JR., Rudinei. Economia brasileira contemporânea. 7. ed. São Paulo: Atlas 2011. FONTES, Rosa. Economia: um enfoque básico e simplificado. São Paulo: Atlas 2010. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval. Economia: micro e macro: teoria e exercícios, glossário com os 300 principais conceitos e econômicos. 4. Ed. São Paulo: Atlas2011. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia. Rio de Janeiro: Campus 2001. MENDES, Judas Tadeu Grassi. Economia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Prentice Hall 2004. ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. 18. Ed.São Paulo: Atlas 2000. SINGER, Paul. Aprender economia. 24. Ed. São Paulo: Brasiliense 2008. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval; ENRIQUEZGARCIA, Manuel. Fundamentos de economia. 3. ed. São Paulo: Saraiva 2008. APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 3 1. Introdução a Economia Diariamente vemos nos jornais, revistas, internet, rádios e televisão, inúmeras questões econômicas: Aumento de preços; Desemprego; Setores que crescem mais que outros; Crise na balança comercial; Valorização ou desvalorização do dólar; Diferenças de rendas em várias regiões do país; Taxas de juros; Elevação de impostos e tarifas. Uma família comumente se depara com muitas decisões. Deve decidir quais tarefas cabem a cada membro e o que cada um desses membros recebe em troca: Quem faz o almoço? Quem estuda em escola pública? Quem estuda em escola privada? Quem escolhe o filme que será assistido no DVD? Enfim, a família deve alocar os recursos escassos entre os vários membros, levando em conta a capacidade, esforços e desejo de cada um. Como uma família, a sociedade se depara com muitas decisões. Deve decidir quais tarefas serão executadas e por quem. A sociedade precisa de gente para produzir alimentos, fabricar e criar carteiras, quadros, software. Uma vez que a sociedade tenha alocado as pessoas (aqui incluímos terra, prédios, máquinas e capital) entre as várias tarefas, deve alocar também os bens e serviços que elas produziram. Deve decidir quem comerá o caviar e quem comerá as batatas. Quem andará de Ferrari e quem andará de ônibus. A administração dos recursos da sociedade é importante porque os recursos são escassos. Escassez significa que a sociedade tem menos a oferecer do que aquilo que as pessoas desejam ter. Os recursos (máquinas, trabalho, capital, petróleo, etc.) estão disponíveis em quantidades limitadas. Com esses recursos, mesmo escassos, produzem-se bens e serviços (alimentos, automóveis, saúdes, lazer etc.). A escassez sempre existirá porque as necessidades são superiores aos meios disponíveis para satisfazê-los. Lembre-se: os recursos são limitados e necessidades são virtualmente ilimitadas e sempre se renovam. A maioria das pessoas deseja muito mais do que seus recursos lhes permitem. Isso é escassez: as pessoas querem mais do que podem obter com os recursos disponíveis. As pessoas precisam alimentar-se, vestir-se, receber uma educação, entre outros, e para isso há os recursos, mas a renda é insuficiente na hora de conseguir todos os bens e serviços desejados para satisfazer suas necessidades. A sociedade (conjunto de pessoas) tem necessidades coletivas, tais como: estradas, defesa, justiça, etc. APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 4 Lembre-se: o fato de existir muito pouco de um bem não quer dizer que ele é escasso. Ele tem que ser desejável. Não confunda escassez com pobreza. Até mesmo os muito ricos querem mais. Pobreza significa ter poucos bens. Escassez significa mais desejos do que bens para satisfazê-los, mesmo que haja muitos bens. Assim como uma família não pode dar a seus membros tudo o que estes desejam, a sociedade não poder dar a cada pessoa o padrão de vida mais alto ao qual ela aspira. Na sociedade moderna, os desejos e necessidades são, em geral, mais amplos do que a disponibilidades de recursos de produção (ou fatores de produção). Isto equivale dizer que não existem limites a priori para os desejos e necessidades humanas frente às claras limitações à produção dos bens e serviços necessários ao atendimento destes desejos. A escassez implica que a sociedade precisa encontrar meios de alocar recursos para a produção de bens e serviços mesmo sabendo que parcela das necessidades (e indivíduos) não será atendida. A escassez é o elemento central que justifica a existência dos mercados. 1.1 - As necessidades humanas O conceito de necessidade humana é a sensação de carência de algo unida ao desejo de satisfazê-la. Assim, o fato real que enfrenta a economia é que em todas as sociedades (tanto ricas como pobres) os desejos dos indivíduos não podem ser completamente satisfeitos. Nesse sentido, bens escassos são aqueles que nunca tem em quantidade suficiente para satisfazer os desejos dos indivíduos. A Economia ocupa-se das questões relativas à satisfação de necessidades dos indivíduos e da sociedade e em geral de toda atividade humana que implique a necessidade de escolha. NECESSIDADES HUMANAS (Desejos de Consumo) Natural - por exemplo: comer. Individual Social – decorrente da vida na sociedade, por exemplo: festa de casamento Coletivas- partem do indivíduo e passam a ser Necessidades: da sociedade, por exemplo: o transporte. Coletivas Públicas - surgem da mesma sociedade, por exemplo: a ordem pública. Necessidades Ilimitadas Recursos de Produção Escassez APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 5 A hierarquia das necessidades, segundo Maslow. Variam em função do estágio de desenvolvimento das sociedades e das pessoas. À medida que se avança na escala hierárquica, a diversidade dos bens e serviços requeridos se amplia. Para satisfação dessas necessidades produzem bens e serviços de que necessitam e distribuem para consumo entre a sociedade. 1.2- Por que indivíduos e empresas fazem escolhas? A escassez de recursos obriga indivíduos e empresas a fazerem escolhas. Estas por sua vez implicam no que chamamos em economia de escolhas mutuamente excludentes. Exemplo: O Sr X decidiu comprar o pacote de turismoA em vez do B pelo fato de o pacote A ser mais barato e proporcionar quase tanto bem estar quanto o pacote B. Note que ao escolher o pacote A o Sr. X excluiu a possibilidade de compra do pacote B. Ela implica em perder algo (pacote B) em troca de outro (pacote A). Comentário: isto é chamado de custo da oportunidade Custo de oportunidade A transferência dos fatores de produção de um bem X para produzir um bem Y implica um custo de oportunidade, que é igual ao sacrifício de se deixar de produzir parte do bem X para se produzir mais do bem Y. O custo de oportunidade também é chamado de custo alternativo, por representar o custo da produção alternativa sacrificada. Esses custos são crescentes, uma vez que, quando aumentamos a produção de determinado bem, os fatores de produção transferidos dos outros produtos se tornam cada vez menos aptos para a nova finalidade, ou seja, a transferência vai ficando onerosa e o grau de sacrifício vai aumentando. APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 6 Fonte: VASCONCELLOS. GARCIA, 2008, P.6 2- Etimologia, definições de Economia e objetivo da ciência econômica. Etimologicamente a palavra ECONOMIA vem do grego OIKOS (casa) e NOMOS (norma, lei). Seria a “administração da casa”, que pode ser entendida como “administração da coisa pública”, e foi Aristóteles que, provavelmente, cunhou pela primeira vez o termo. A seguir são apresentadas algumas definições de economia: Troster e Mochón: “a economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade”. Vasconcellos e Garcia: “é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar (alocar) recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade a fim de satisfazer as necessidades humanas”. Passos e Nogami: “Economia é a ciência social que estuda como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilização alternativa, na produção de bens e serviços de modo a distribuí- los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.” OBJETIVO DA CIÊNCIA ECONÔMICA Formular propostas para resolver ou minimizar os problemas econômicos, de forma a melhorar a qualidade de vida das pessoas. 3- Os Problemas de Natureza Econômica O problema fundamental da economia é a impossibilidade de se produzir bens e serviços em quantidades ilimitadas para satisfazer as necessidades humanas permanentemente ampliadas, pois os fatores de produção existem em quantidades limitadas. Este fato também é conhecido como lei da escassez. APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 7 QUATRO PERGUNTAS FUNDAMENTAIS Diante da impossibilidade do atendimento pleno das necessidades humanas em virtude da escassez de recursos, quatro questões são levantadas, sendo que suas respostas envolvem o problema fundamental da economia, isto é, o problema da escassez. A primeira pergunta diz respeito à natureza das necessidades humanas: O que produzir? ? (ENFOQUE ECONÔMICO) A resposta significa identificar as necessidades e, consequentemente, o que irá satisfazê-las. Dessa forma, a sociedade deve saber que precisa produzir, por exemplo, alimentos, roupas, casas, estradas, escolas, etc. A segunda pergunta implica determinar quantitativamente o produto necessário à satisfação das necessidades. Quanto produzir? (ENFOQUE ECONÔMICO) Esta questão complementa a anterior e tem sua importância definida na medida em que, como já vimos, é impossível produzir em quantidades ilimitadas todos os bens necessários. Se imaginarmos que todos os recursos disponíveis de uma economia estão sendo utilizados no processo produtivo, atingiremos um limite na produção de bens e serviços. Nesse caso, se quisermos aumentar a produção de um bem qualquer, teremos de diminuir a quantidade de produção de outros ou outros bens. A terceira questão envolve um problema de ordem técnica: Como produzir? (ENFOQUE TECNOLÓGICO) Para que se obtenha um determinado bem, ou serviço, é necessário empregar os fatores trabalho, capital e recursos naturais. Entretanto, a proporção em que esses recursos serão combinados vai depender da abundância ou da escassez de cada um deles. Portanto, é natural imaginar que, numa economia em que o fator trabalho seja mais abundante que o fator capital, a produção empregue uma quantidade proporcionalmente maior de trabalho. A quarta questão está diretamente relacionada ao consumo, à satisfação das necessidades dos indivíduos: Para quem produzir? (ENFOQUE SOCIAL) A resposta a essa pergunta resolve o último problema da questão da satisfação das necessidades humanas, ela vai nos dizer de que forma será distribuído o produto do trabalho coletivo aos elementos das sociedades. 4 - Os Bens Bem é tudo aquilo que satisfaz direta ou indiretamente os desejos e necessidades dos seres humanos. Os bens podem ser classificados: Segundo seu caráter: Livres: são ilimitados em quantidade ou muito abundantes e não são apropriáveis. Ex. o ar, o sol etc. Econômicos: caracterizam-se pela utilidade, são escassos em quantidade, dada sua procura, e transferíveis. Ë o objeto de estudo da economia. APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 8 Segundo sua natureza: De capital: não atendem diretamente às necessidades. De consumo: destinam-se à satisfação direta de necessidades. Duradouros ou duráveis: permitem um uso prolongado. Não duradouros ou Não duráveis: acabam com o tempo. Segundo sua função: Intermediários: devem sofrer novas transformações antes de se converterem em bens de consumo ou de capital Finais: Já sofreram as transformações necessárias para seu uso ou consumo. Por isso, pode-se dizer que as necessidades são ilimitadas ou ainda, de outra forma, que sempre existirão necessidade que os indivíduos não poderão satisfazer, ainda que seja somente pelo fato de os desejos tornarem-se refinados. 5 - Os serviços Os serviços são aquelas atividades que, sem criar objetos materiais, se destinam direta ou indiretamente a satisfazer necessidades humanas. Ex: os serviços oferecidos por: um banco ou segurador; um pedreiro; um professor entre outros. 6 - OS FATORES DE PRODUÇÃO Para a satisfação das necessidades humanas é necessário produzir bens e serviços. Para isso, exige-se o emprego de recursos produtivos e de bens elaborados. Os fatores de produção são os recursos ou elementos básicos utilizados na produção de bens e serviços. Tradicionalmente, esses fatores se dividem em três categorias: Terra: em economia, é utilizado no sentido amplo, indicando não só a terra cultivável e urbana, mas também os recursos naturais que contém como, por exemplo, os minerais. Tipo de remuneração: aluguel. Trabalho: refere-se às faculdades físicas e intelectuais dos seres humanos que intervêm no processo produtivo. O trabalho é o fator de produção básico. Os trabalhadores se servem das matérias-primas obtidas na natureza. Com a ajuda da maquinaria necessária, transformam-nas até convertê-las em matérias básicas, aptas a outros processo ou bens de consumo. Tipo de remuneração: salário. Capital: compreende as edificações, as fábricas, a maquinaria e os equipamentos, a existências de meios elaborados e demais meios utilizados no processo produtivo. Tipo de remuneração: Juros. Alguns autores também consideremcomo fatores de produção: Tecnologia: É a transmissão constante de conhecimentos entre as pessoas e/ou empresas. Normalmente, quando falamos em tecnologia, o primeiro pensamento nos leva as máquinas robotizadas, computadores etc., porém, esses APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 9 equipamentos modernos representam apenas inovações tecnológicas aplicadas a alguma coisa já existente ou já inventadas anteriormente. Tipo de remuneração: royalties (Direitos autorais). Capacidade empresarial: Trata-se de DOM natural, que algumas pessoas possuem, mesmo sem o desenvolvimento cultural. Observamos casos de pessoas que não tiveram a oportunidade do estudo científico, que se sobressaem nas atribuições normalmente desenvolvidas por grandes empreendedores. Tipo de remuneração: lucro. 7- A Economia como ciência e relações com as outras ciências “A Economia é uma ciência social que usa métodos de análise de outras ciências. Ela formula seus modelos, ou teorias, para representar a realidade de forma simplificada e descrever e interpretar os fatos a fim de realizar previsões econômicas. Um modelo econômico utiliza-se de variáveis, as mais relevantes e parte de um conjunto de argumentos considerados verdadeiros, e estabelece um conjunto de hipóteses de relacionamento entre variáveis”. -Economia positiva – argumentos positivos: “ao que é” (descrição da realidade). Ex.: maior renda gera maior consumo; maior oferta, menor preço. -Economia normativa - argumentos normativos: “ao que deve ser” (política econômica) - juízo de valor. Ex.: mais desemprego, menos inflação; o preço da gasolina não deve subir. A Economia se relaciona com diferentes ramos das ciências, por exemplo: a) Biologia: ideias de crescimento e mudança, fluxo de renda e riqueza; b) Física: noções de estática e dinâmica (equilíbrio geral e parcial); c) Psicologia: comportamento racional dos agentes econômicos; d) História: fatos passados, reflexos no futuro; e) Estatística: amostragem, séries temporais; f) Matemática: formulação de teorias e modelos econômicos; g) Geografia: as relações econômicas ocorrem num espaço; mobilidade das pessoas, dos fatores de produção, dos bens e serviços; h) Sociologia: participação das classes sociais no produto global; i) Direito: aspectos jurídicos das políticas econômicas; contratos de trabalho, leis de salário mínimo, taxa de câmbio, etc. j) Ciência Política: considera variáveis econômicas, sociais, jurídicas e políticas (regime democrático, ações do governo, estrutura partidária). 7-DIVISÃO BÁSICA DO ESTUDO DA ECONOMIA A Economia divide-se em: Economia descritiva, Teoria econômica e Economia Aplicada. Economia Descritiva: estuda fatos particularizados, sem lançar mão da análise teórica. Ela utiliza basicamente dados empíricos e análise comparativa. APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 10 Teoria Econômica: analisa, de forma, simplificada, o funcionamento de um sistema econômico, utilizando um conjunto de suposições e hipóteses acerca do mundo real, procurando obter as leis que o regulam. Ela divide-se em microeconomia e macroeconomia. a) Microeconomia: trata do comportamento das firmas e dos indivíduos ou famílias, preocupando-se com a formação dos preços e o funcionamento do mercado de cada produto individual. b) Macroeconomia: diz respeito aos grandes agregados nacionais, estuda o funcionamento do conjunto da Economia de um país, envolvendo o nível geral dos preços, formação da renda nacional, mudanças na taxa de desemprego, taxa de câmbio, balanço de pagamentos, etc. Economia Aplicada: utiliza a estrutura geral de análise fornecida pela Teoria Econômica, para explicar as causas e o sentido das ocorrências relatadas pela Economia Descritiva. 7.1 - A MICROECONOMIA E A MACROECONOMIA A microeconomia ocupa-se da análise do comportamento das unidades econômicas, como as famílias, ou consumidores, e as empresas. Estuda também os mercados em que operam os demandantes e ofertantes de bens e serviços. A perspectiva microeconômica considera a atuação das diferentes unidades econômicas como se fossem unidades individuais. Assim, quando explicamos o aumento do preço do petróleo como consequência de aumento na demanda de energia, estamos fazendo uma colocação tipicamente microeconômica. A microeconomia é aquela parte da teoria econômica que estuda o comportamento das unidades, tais como os consumidores, as indústrias e empresas, e suas inter-relações. A macroeconomia, pelo contrário, ocupa-se do comportamento global do sistema econômico refletido em um número reduzido de variáveis, como o produto total de uma economia, o emprego, o investimento, o consumo, o nível geral de preço etc. Se o Ministério da Fazenda, por exemplo, anuncia que a inflação caiu 0,5% em relação ao mês anterior e que o número de empregos aumentou, está destacando o que, em sua opinião, são os aspectos mais significativos da evolução global da economia. A macroeconomia estuda o funcionamento da economia em seu conjunto. Seu propósito é obter uma visão simplificada da economia que, porém, ao mesmo tempo, permita conhecer e atuar sobre o nível da atividade econômica de um determinado país ou de um conjunto de países. De qualquer forma, deve-se ressaltar que a microeconomia e a macroeconomia são dois ramos da mesma disciplina, a economia, e como tais se ocupam das mesmas questões, ainda que se fixem em aspectos distintos. 8- O SISTEMA ECONÔMICO 8.1 – Definição de Sistema Econômico APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 11 Nas sociedades modernas, onde é produzido um grande número de bens e serviços, podemos observa que o consumo de uma pessoa é composto por bens e serviços produzidos em áreas de atividade econômica diferentes daquela em que exerce seu trabalho. Um operário que trabalhe em uma metalúrgica, por exemplo, produz chapas de aço, mas necessita de alimentos, roupas, uma casa, transporte etc. Entretanto, na economia em que esse operário vive, é permitido que ele troque sua força de trabalho por um salário que lhe permita adquirir os bens e serviços de que necessita. Isto ocorre em razão do funcionamento daquilo que chamamos de sistema econômico. O sistema econômico é uma reunião dos diversos elementos participantes da produção e do consumo de bens e serviços que satisfazem às necessidades da sociedade, organizados não apenas do ponto de vista econômico, mas também social, jurídico, institucional, etc. Observe que os elementos integrantes de um sistema econômico não são apenas pessoas, mas todos os fatores de produção. Os atos econômicos dão vida ao sistema econômico. Os agentes econômicos são os responsáveis pelas ações econômicas que desenvolvem em um sistema econômico: a) Famílias (ou indivíduos) – fornecem os recursos de fatores (trabalho, capital, recursos naturais etc.) de sua propriedade aos outros agentes. Atuam como consumidores: empresas (privadas e públicas) – são os agentes produtores de bens e serviços, que compõem o aparelho de produção da economia nacional. Organizam fatores produtivos e destinam o resultado de sua atividade ao mercado (onde a produção atinge seu destino final). b) Governo (administração pública) – são órgãos que se dedicam a prestar serviços à sociedade, que são consumidos pela coletividade. Seus produtos são indivisíveis. Administrações públicas: federais, estaduais e municipais. c) Resto do Mundo – (comércio exterior) – registra as transações econômicas ocorridas com agentes econômicos pertencentes a outros países. Para que os fatores de produção façam parte do processo produtivo,eles precisam estar organizados de tal forma que a sua combinação resulte em algum bem ou serviço. As instituições em que são organizados os fatores de produção são denominadas unidades produtoras. Uma fábrica de automóveis, um banco e uma fazenda são exemplos de unidades produtoras, pois em cada um desses lugares os fatores de produção trabalho, capital e recursos naturais estão organizados para a produção de algum bem ou serviço. No entanto, não devemos pensar que tudo aquilo que for obtido pelas unidades produtoras será destinado diretamente ao consumo pelas pessoas. Uma fábrica de chapas de aço, por exemplo, não tem as pessoas, em geral como consumidores diretos dos seus produtos, o que também ocorre com uma empresa de tecnologia da informação. As chapas de aço e os serviços da tecnologia da informação são apenas um bem e um serviço que entram na produção de outros bens e serviços. APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 12 Essa complexidade de produção é uma característica fundamental dos modernos sistemas econômicos e explica como as pessoas que desempenham uma tarefa específica, podem adquirir os bens e serviços necessários à satisfação de suas necessidades. A produção econômica pode ser classificada em três categorias, de acordo com a sua destinação: Bens e serviços de consumo – são aqueles bens e serviços que satisfazem às necessidades das pessoas quando consumidas no estado em que se encontram como alimentos, roupas, serviços médicos etc. Bens e serviços intermediários - são os bens e serviços que não atendem diretamente às necessidades das pessoas, pois precisam ser transformados para tingir sua forma definitiva. Como exemplo, podemos citar as chapas de aço que são empregadas na produção de automóveis: os serviços de computação que preparam folhas de pagamentos para empresa etc. Bens de capital – também não atendem diretamente às necessidades dos consumidores, mas destinam-se a aumentar à eficiência do trabalho humano no processo produtivo, como as máquinas, as estradas etc. 8.2 – COMPOSIÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO No sistema econômico de uma nação, encontramos um grande e diversificado número de unidades produtoras, que podem ser agrupadas em setores de produção que é formando por um conjunto de unidades de produção que é caracterizado pelo produto produzido, classificado conforme sua produção principal. Utilizando esse critério, veremos que as unidades produtoras podem ser agrupadas em três setores básicos: a. Setor primário (agropecuária): vinculado aos recursos naturais, como a agricultura, a pesca, a pecuária e extrativa. b. Setor secundário (indústria): atividades industriais que transformam matérias-primas em bens finais ou intermediários, tais como: siderurgia, refino de petróleo, abate de carne, construção civil, fabricação de automóveis, farmacêuticos, indústria têxtil etc. c. Setor terciário (serviços): formado pelas unidades produtoras que prestam serviços tais como: instituições bancárias, empresas de transporte, hospitais, escolas, comércio, comunicações, administração pública etc. Podemos ter uma ideia do grau de desenvolvimento de um país se observarmos a importância relativa dos três setores em seu sistema econômico. Uma economia em que o setor primário tem maior peso revela, quase sempre, um baixo nível de desenvolvimento, enquanto aquelas em que os setores secundário e terciário são preponderantes apresentam maior grau de desenvolvimento. 8.3 – OS FLUXOS DO SISTEMA ECONÔMICO Num sistema econômico existem dois fluxos: o fluxo do produto ou fluxo real, formado pelos bens e sérvios produzidos no sistema econômico; e o fluxo de renda ou fluxo monetário, formado pelo pagamento que os fatores de produção recebem durante o processo produtivo, também chamado de fluxo nominal. APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 13 SISTEMA ECONÔMICO ___________________________________________________________________ Exportações de bens e serviços Importações de bens e serviços FLUXOS FUNDAMENTAIS: o funcionamento do sistema econômico se caracteriza: pela obtenção de recursos (ou fatores de produção) em si, e pela obtenção de recursos financeiros e sua utilização. Dois mercados: fatores de produção e bens e serviços finais. Fluxo Real: obtenção dos fatores de produção, produção e distribuição de bens e serviços. Dá vida a atividade real da economia. Empresas Famílias (unidades familiares) Governo (Administrações Públicas) Resto do Mundo Fornecimento de recursos de produção Remuneração dos recursos empregados Fornecimento de bens e serviços Pagamentos pelos bens e serviços Pagamentos de impostos e Fornecimentos de bens e serviços Pagamentos de impostos e Fornecimentos de recursos de produção Pagamentos pelos bens e serviços Remuneração dos recursos de produção Famílias Empresas Fatores de produção Bens e serviços finais APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 14 Fluxo Nominal (ou monetário): processo de remuneração dos fatores de produção e dos pagamentos pelos bens e serviços comercializados na economia. O fluxo circular de renda (real e monetário) pode ser representado da seguinte maneira: 1 – as famílias cedem às empresas os fatores de produção de que são proprietárias e, em troca, recebe das empresas uma renda, ou seja, uma remuneração sob forma de dinheiro; 2 – as empresas combinam esses fatores num processo denominado processo de produção e obtêm como resultado, um conjunto de bens e serviços; 3 – com a renda recebida em troca da utilização, na produção, dos fatores de que são proprietárias, as famílias compram das empresas os bens e serviços por estas produzidos; 4 – as famílias consomem os bens e serviços. FLUXO REAL DA ECONOMIA Famílias Empresas Remuneração (Renda) Renda despendida Mercado de bens e serviços Demanda Oferta Famílias Empresas Oferta Demanda Mercado de fatores de produção APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 15 FLUXO MONETÁRIO DA ECONOMIA Pagamento dos bens de serviços Remuneração dos fatores de produção Famílias Empresas APOSTILA DE ECONOMIA – Profa Ms Marta Alves Pereira 16 Fluxo Circular de Renda Fluxo real Fluxo monetário Mercado de Bens e Serviços Mercado de Fatores de Produção Empresas Famílias Procura por bens Oferta de bens Procura por fatores produtivos Oferta de fatores produtivos Remuneração dos fatores produtivos Renda das famílias Pagamento por bens e serviços Receita das empresas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E OUTRAS MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia: Princípios de micro e macroeconomia. Rio de Janeiro: Campus, 2005. MOCHON, Francisco, TROSTER, Roberto Luiz. Introdução à economia. São Paulo: Makron Books, 2002. SILVA, César Roberto Leite & LUIZ, Sinclayr. Economia e Mercados: Introdução à Economia. São Paulo: Saraiva 2001. VASCONCELLOS, Marco Antônio S. e GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva 2004.
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