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* * Direito Constitucional III Introdução ao Controle de Constitucionalidade e Tipos de Inconstitucionalidades Professor José Felício Dutra Júnior jose.felicio@udf.edu.br feliciodutra@yahoo.com.br * * Controle de Constitucionalidade – Considerações Iniciais: A Constituição contém as linhas básicas do Estado e estabelece diretrizes e limites ao conteúdo da legislação vindoura. Sistema binário relação que se estabelece entre uma coisa – A Constituição – e outra – um comportamento – que lhe está ou não conforme, que com ela é ou não compatível, que cabe ou não no seu sentido. Trata-se de caráter normativo e valorativo. Hans Kelsen “uma Constituição que não dispõe de garantia para anulação dos atos inconstitucionais não é, propriamente, obrigatória. E não se afigura suficiente uma sanção direta ao órgão ou agente que promulgou o ato inconstitucional, porquanto tal providência não o retira do ordenamento jurídico. Faz-se mister a existência de órgão incumbido de zelar pela anulação dos atos incompatíveis com a Constituição”. * * Defesa e Proteção da Constituição: As formas de controle de constitucionalidade são mais diversas: Quanto ao órgão – quem controla – pode ser: Controle Político; Controle Jurisdicional; Controle misto. Modelo de controle francês exercido por órgão político e não por órgão jurisdicional. Pode-se dizer político o controle de constitucionalidade realizado nas Casas Legislativas, pelas Comissões de Constituição e Justiça ou pelas demais comissões. Também o veto pelo Executivo com fundamento em inconstitucionalidade (CRFB, art. 66, §1°). * * Defesa e Proteção da Constituição: Quanto ao modo ou à forma de controle, ele pode ser: Incidental; ou Principal. No controle incidental a inconstitucionalidade é argüida no contexto de um processo ou ação judicial, em que a questão da inconstitucionalidade configura um incidente, uma questão prejudicial que deve ser decidida pelo Judiciário (via de exceção). Controle incidental modelo difuso (no Brasil, essa possibilidade também se verifica nos julgamentos de processos subjetivos de competência originária do STF). O controle principal permite que a questão constitucional seja suscitada autonomamente em um processo ou ação principal. Mecanismos de impugnação in abstracto da lei ou ato normativo. * * Defesa e Proteção da Constituição: Quanto ao momento do controle, ele pode ser: Preventivo; e Repressivo ou sucessivo. O controle preventivo efetiva-se antes do aperfeiçoamento do ato normativo. Modelo clássico de controle preventivo é o exercido pelo Conselho Constitucional francês. São exemplos também as atividades de controle dos projetos e proposições exercidas pelas Comissões de Constituição e Justiça das Casas do Congresso e o veto pelo Presidente. No sistema brasileiro, admite-se o controle judicial preventivo, nos casos de mandado de segurança impetrado por parlamentar com objetivo de impedir a tramitação de projeto de emenda constitucional lesiva às cláusulas pétreas (STF. MS 24.138, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ de 28.11.2002). Em regra o modelo judicial é de feição repressiva. * * Modelos jurisdicionais de controle de constitucionalidade: Para fins didáticos divide-se o controle de constitucionalidade em modelo difuso e modelo concentrado, ou, às vezes, entre sistema americano e sistema austríaco ou europeu de controle. Essas concepções aparentemente excludentes acabaram por ensejar o surgimento dos modelos mistos, com combinação de elementos dos dois sistemas básicos. * * Modelos jurisdicionais de controle de constitucionalidade: Então, pode ser: Concentrado (também chamado austríaco); Difuso (também chamado americanos); Misto. * * Modelos jurisdicionais de controle de constitucionalidade: Concentrado adota as ações individuais para a defesa de posições subjetivas e cria mecanismos específicos para a defesa dessas posições, como a atribuição de eficácia ex tunc da decisão para o caso concreto que ensejou a declaração de inconstitucionalidade do sistema austríaco. Difuso assegura a qualquer órgão judicial incumbido de aplicar a lei a um caso concreto o poder-dever de afastar a sua aplicação se a considerar incompatível com a ordem constitucional. * * Judicial review americana: Caso Marbury v. Madison Decidido em 1803 pela Suprema Corte dos Estados Unidos, sendo considerado a principal referência para o controle de constitucionalidade difuso exercido pelo Poder Judiciário. Judicial Review possibilidade de o Judiciário rever os atos do Congresso praticados em ofensa à Constituição. * * Caso Marbury v. Madison Na eleição presidencial dos EUA de 1800, Thomas Jefferson derrotou John Adams. Após a derrota, John Adams resolveu nomear vários juízes em cargos relevantes, para manter certo controle sobre o Estado. Entre eles se encontrava William Marbury, nomeado Juiz de Paz. O secretário de justiça de John Adams, devido ao curto espaço de tempo, não entregou o diploma de nomeação a Marbury. Já com Jefferson presidente, seu novo secretário de justiça James Madison, se negou, a pedido de Jefferson, a intitular Marbury. Marbury apresentou um writ of mandamus (Mandado de Segurança) perante a Suprema Corte Norte-Americana exigindo a entrega do diploma. O processo foi relatado pelo Presidente da Suprema Corte, Juiz John Marshall, em 1803 e concluiu, segundo interpretação própria que a lei federal que dava competência à Suprema Corte para emitir mandamus contrariava a Constituição Federal. Como a lei que dava competência a Suprema Corte era inconstitucional, não cabia à Suprema Corte decidir o pedido do mandamus. OBS.: John Marshall foi Secretário de Estado de John Adams, e nomeado Chefe de Justiça do Estados Unidos (Suprema Corte) * * Modelo brasileiro: Misto ou Híbrido Gisela Cittadino constitucionalismo “comunitário” no Brasil. * * Modelo brasileiro: Misto ou Híbrido O Poder Judiciário na qualidade de último intérprete da Constituição – já que aqui prevalece o sistema jurisdicional de controle de constitucionalidade – tem um papel proeminente. O constitucionalismo “comunitário” brasileiro defende a figura de um Estado-Juiz, acompanhado, também aqui, o pensamento comunitário na defesa da jurisdição constitucional enquanto regente republicano das LIBERDADES POSITIVAS. MANDADO DE INJUNÇÃO e AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO. * * Modelo brasileiro: Misto ou Híbrido Controle de constitucionalidade das Leis e atos normativos: Difuso reconhece o seu exercício a todos os componentes do Poder Judiciário (art. 5°, XXXV, CRFB – Inafastabilidade do Judiciário). Concentrado deferido a um Tribunal Supremo ou a uma Corte Especial. * * Abertura ao direito internacional Os procedimentos de concretização das democracias, a independência da jurisdição – principalmente da jurisdição constitucional – e os mecanismos de proteção interna e externa dos direitos humanos são decisivos para a consagração de um modelo de cooperação entre Estados (Peter Häberle, 2003). * * Abertura ao direito internacional Tendência contemporânea do constitucionalismo mundial de prestigiar as normas internacionais destinadas à proteção dos direitos fundamentais do homem. Art. 4°, par. único, CRFB. Art. 5°, §3°, CRFB. Controle de convencionalidade Por ex. HC 90450-5/MG, STF prisão civil por dívida, depositário infiel; Convenção Americana de Direito Humano (Norma Supralegal) e o inc. LXVII do art. 5° da CRFB. * * Diferentes tipos de inconstitucionalidades: A doutrina constitucional esforça-se por estabelecer uma adequada classificação dos diferentes tipos ou manifestações de inconstitucionalidade. * * Inconstitucionalidade formal e inconstitucionalidade material: Formal ato normativo singularmente considerado, sem atingir seu conteúdo, referindo-se aos pressupostos e procedimento relativos à formação da lei. Inobservância de princípios de ordem técnica ou violação de regra de competência. STF matéria relativa à interpretação de normas de regimento legislativo é imune à crítica judiciária (ato interna corporis) * * Inconstitucionalidade formal e inconstitucionalidade material: Material próprio conteúdo ou aspecto substantivo do ato, originando-se de um conflito com regras ou princípios estabelecidos na CRFB. Excesso legislativo (necessidade e adequação) Proporcionalidade Proibição de proteção insuficiente garantismo positivo X garantismo negativo o Estado não pode deixar de proteger de forma adequada os Direitos Fundamentais de proteção (art. 5°, inc. LXXI, CRFB). * * Inconstitucionalidade originária e superveniente Diversos momentos da edição das normas constitucionais. Lei editada em compatibilidade com a ordem constitucional pode vir a tornar-se com ela incompatível em virtude de mudanças ocorridas nas relações fáticas ou na interpretação constitucional (processos formais e não-formais de alteração das normas constitucionais). * * Inconstitucionalidade originária e superveniente Vícios formais inconstitucionalidade originária a inconstitucionalidade superveniente refere-se, em princípio, à contradição dos atos normativos com as normas e princípios materiais da Constituição e não à contradição com as regras formais ou processuais do tempo de sua elaboração. Por ex.: Lei Ordinária recepcionada como Lei Complementar. Não há federalização de normas estaduais ou municipais, por força de alteração na regra de competência (eficácia derrogatória à norma constitucional). Matéria legislativa era federal, e passa a ser estadual e municipal? * * Inconstitucionalidade por ação e inconstitucionalidade por omissão: Por ação resulta da incompatibilidade de um ato normativo com a Constituição. Existem vários mecanismos de controle de constitucionalidade que variam conforme os modelos e sistemas, mas todos convergem no objetivo de expurgar do ordenamento jurídico as normas que são incompatíveis com a Constituição. * * Inconstitucionalidade por ação e inconstitucionalidade por omissão: Por omissão relativamente recente (CRFB/88). A omissão legislativa inconstitucional pressupõe a inobservância de um dever constitucional de legislar. Omissão absoluta ou total legislador não empreende a providência legislativa reclamada. Omissão legislativa parcial ocorre quando um ato normativo atende apenas parcialmente ou de modo insuficiente a vontade constitucional. Mandado de injunção e ação direta de inconstitucionalidade por omissão. * * O controle de constitucionalidade da reforma constitucional e as “cláusulas pétreas” STF entende ser possível o controle de constitucionalidade das Emendas Constitucionais. Controle de constitucionalidade contempla o próprio direito de revisão reconhecido ao poder constituinte derivado. Limites explícitos e implícitos do poder de alterar a Constituição. Na experiência brasileira pós-1988 registram-se diversos casos de declaração de constitucionalidade e de inconstitucionalidade de Emendas Constitucionais (ADI 3.367/DF, DJ 17.3.2006; ADI 3.685/DF, DJ 10.8.2006; ADI 3.128/DF, DJ 18.2.2005; ADI 3.105/DF, DJ 18.2.2005; etc).
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