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UNINASSAU 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS 
DISIPLINA: PERÍCIA CONTÁBIL 
PROF: FÁBIO FIRMINO CABRAL 
APOSTILA TEXTO 
 
 
1. FUNDAMENTOS DA PERÍCIA 
 
1.1. HISTÓRIA DA PERÍCIA 
• Confunde-se com a própria origem do Direito. 
• Inicia-se com as primeiras civilizações. 
• Comandante, perito, juiz, legislador e executor. 
• Índia milenar – “Árbitro” – Juiz e perito. 
• Roma antiga - Parecer do perito = sentença. 
• Século XVII – Transformação da arbitragem em perícia. 
• O juiz não fica mais adstrito à opinião do perito. 
• Perito como auxiliar da justiça. 
• Perícia – prova altamente valorizada. 
 
1.2. EVOLUÇÃO ETIMOLÓGICA 
• PERÍCIA deriva do latim PERITIA que significa conhecimento e experiência. 
• Na Roma antiga – passou a designar saber e talento. 
• Tácito, o historiador romano escreveu em “Os Anais” - “ A tecnologia da perícia é a que enseja opinião 
sobre verificação feita, relativa ao patrimônio individualizado de alguém.” 
 
1.3. CONCEITOS 
 
1.3.1. PERÍCIA 
• DICIONÁRIO AURÉLIO B. DE HOLLANDA: 
• Qualidade de Perito; Habilidade, destreza; 
• Vistoria e exame de caráter técnico e especializado; Ação do Perito que faz essa vistoria. 
 
• Perícia é um instrumento especial de constatação, prova ou demonstração, científica ou técnica, da 
veracidade de situações, coisas ou fatos. 
 
 
1.3.2. PERITO 
• DICIONÁRIO AURÉLIO B. DE HOLLANDA: 
• Experimentado, experiente, prático, versátil; 
• Sábio, douto, erudito; Hábil, destro, fino, sagaz; 
• Aquele que é especialista em determinado assunto; experto; 
• Aquele que é nomeado judicialmente para exame ou vistoria. 
 
• PERITO é o profissional detentor de notória especialização chamado a opinar sobre fatos, coisas ou 
situações com o objetivo de orientar uma autoridade formal no julgamento de um fato. 
 
 
1.4. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PROVAS 
 
1.4.1. CONTEXTO 
• DIREITO: Ciência das normas que disciplinam as relações dos homens em sociedade. 
• JUSTIÇA: Atividade de dar, conforme o direito, a cada um aquilo que é seu. 
• JURISDICIONAL: Ação de decidir segundo o direito. 
• INTRUMENTO: É o recurso empregado para se alcançar um objetivo. 
• INDÍCIO: É a prova relativa ou circunstancial. 
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• PRESUNÇÃO:É a aceitação de certeza obtida de um fato conhecido para se admitir como provada a 
existência de um fato desconhecido. 
• CONVICÇÃO: É a certeza baseada nos fatos e provas apresentadas. 
• PROVA: É a demonstração que se faz da existência, autenticidade e veracidade de um ato ou fato. 
 
 
1.4.2. PROVAS ADMITIDAS NO PASSADO 
• ORDÁLIAS: Submeter o acusado a provas desumanas sob o julgamento divino.. 
• JURAMENTO: Invocação do caráter divino das afirmações, como meio de confirmação da verdade. 
• DUELO JUDICIÁRIO: Combate singular para resolver litígios. 
• COMPURGADORES: Atestado de inocência passado por pessoa ilibada. 
 
 
1.4.3. PROVAS ADMITIDAS NO BRASIL 
• Depoimento pessoal; 
• Confissão; 
• Exibição de coisas ou documentos; 
• Documental; 
• Testemunhal; 
• Inspeção Judicial; 
• Pericial. 
 
 
1.5. CARACTERÍSTICAS DA PERÍCIA 
 
1.5.1. CARACTERÍSITICAS GERAIS 
• Surge de um conflito latente e manifesto que se quer esclarecer; 
• Constata, prova ou demonstra a veracidade de alguma situação, coisa ou fato; 
• Fundamenta-se em requisitos técnicos, científicos, legais, psicológicos, sociais e profissionais; 
• Deve manifestar-se, segundo forma especial, à instância decisória, a transmissão da opinião técnica ou 
científica sobre a verdade fática, de modo que a verdade jurídica corresponda àquela. 
 
 
1.5.2. CARACTERÍSITICAS ESPECIAIS 
• A delimitação da matéria cuja apreciação dependa de conhecimento especial ou técnico; 
• A absoluta independência técnica nos processos, métodos e análises que são realizadas; 
• A limitação de pronunciamento em consonância com a matéria examinada; 
• O integral conhecimento técnico ou científico da matéria, complementado, necessariamente, com 
conhecimentos conexos à sua especialização e das disposições legais e normativas aplicáveis ao caso 
examinado e à própria perícia. 
 
 
 1.5.3. CARACTERÍSTICAS DA PROVA PERICIAL 
• RAZÃO: Necessidade de decisão 
• EFEITO: Produção de opinião como prova. 
• FINALIDADE: Serve a determinada causa ou objetivo. 
• TEMPO: Tem caráter de eventualidade e não de perenidade. 
 
 
1.6. CLASSIFICAÇÃO DAS PERÍCIAS 
 
• PERÍCIA JUDICIAL: Ocorre dentro dos procedimentos processuais do Poder Judiciário, quando a 
questão é requerida nos tribunais e tem por finalidade dar elementos ao Juiz de matéria técnica ou 
científica que exija a avaliação de um especialista. 
• PERÍCIA EXTRAJUDICIAL: Ocorre quando partes em litígio, recorrem ao parecer de um especialista. 
• PERÍCIA ADMINISTRATIVA: Ocorre quando é necessário um exame específico em uma entidade, 
cuja complexidade exige a participação de um especialista. 
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• PERÍCIA SEMIJUDICIAL: É aquela realizada dentro do aparato institucional do Estado, porém fora 
do poder judiciário 
• PERÍCIA ARBITRAL: É aquela realizada no juízo arbitral, (por vontade das partes) possuindo 
características especialíssimas de atuar, como se fosse judicial e extrajudicial ao mesmo tempo. 
 
 
2. PERÍCIA JUDICIAL 
 
2.1. CONCEITOS DE PERÍCIA JUDICIAL 
 
• PERÍCIA JUDICIAL É o testemunho de uma ou mais pessoas técnicas (experts) no sentido de fazer 
conhecer um fato cuja existência não pode ser acertada ou juridicamente apreciada, senão apoiada em 
especiais conhecimentos científicos ou técnicos. 
 
• A perícia judicial é o exame hábil realizado por um especialista com o objetivo de resolver questões 
específicas, ordinariamente originárias de controvérsias, dúvidas e de casos específicos determinados ou 
previstos em lei. 
 
• A perícia judicial, segundo a Lei Processual é a medida que vem mostrar o fato, quando não haja meio 
de prova documental para mostrá-lo, ou quando se quer esclarecer circunstâncias, a respeito do mesmo, 
que não se acham perfeitamente definidos. 
 
 
2.2. CONCEITO DE PERITO JUDICIAL E ASSISTENTE TÉCNICO 
 
2.2.1. PERITO JUDICIAL 
• PERITO JUDICIAL é o profissional habilitado e nomeado pelo juiz de um feito para opinar sobre 
questões técnicas de sua especialidade. (NPPJ-1) 
 
• Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de 
classe competente... (CPC art. 145 §1º). 
 
• A perícia judicial, quando pertinente a profissões regulamentadas, será exercida por profissionais 
legalmente habilitados, com títulos registrados nos órgãos fiscalizadores do exercício de suas profissões, 
requeridas ainda reconhecida idoneidade moral, capacidade técnica e experiência profissional. (NPPJ-2) 
 
 
2.2.2. ASSISTENTE TÉCNICO 
• O Assistente Técnico é o perito das partes. 
 
• Deve ter a mesma qualificação técnica que o perito, as mesmas obrigações e responsabilidades, mas seu 
dever de lealdade é para com a parte que o contratou, por quem é indicado e de quem recebe seus 
honorários. 
 
 
 
2.3. ASPECTOS LEGAIS 
 
2.3.1. SISTEMA JUDICIÁRIO 
 
2.3.1.1.MISSÃO E VISÃO DO PODER JUDICIÁRIO 
• Missão do Poder Judiciário 
o Resolver os conflitos de interesses que lhe sejam levados pela população, garantindo as liberdades, 
assegurando os direitos e promovendo a paz social. 
• Visão do Poder Judiciário 
o Entregar a prestação jurisdicional em tempo adequado à natureza dos conflitos propostos, obtendo 
o reconhecimento da sociedade sobre a contribuição do Judiciário para o exercício democrático da 
cidadania e o desenvolvimento harmonioso de todos os segmentos sociais 
 
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2.3.1.2.ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 
 
2.3.1.2.1. STF E TRIBUNAIS SUPERIORES 
• SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF 
o É o órgão de mais alta hierarquiadentro do Poder Judiciário, pois que o mesmo foi consagrado 
como o Guardião da Constituição da República. Seus 11 (onze) ministros possuem Jurisdição em 
todo o país, o que significa que podem resolver conflitos advindos de todos os cantos, sendo apenas, 
em regra, que esses conflitos tratem acerca de alguma matéria que esteja expressa em nossa 
Constituição. 
 
• TRIBUNAIS SUPERIORES 
o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ 
o SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR – STM 
o SUPERIOR TRIBUNAL ELEITORAL – STE 
o TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO - TST 
 
• Esses tribunais são os órgãos máximos das chamadas Justiça Comum, Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho 
e Justiça Militar, respectivamente. 
 
 
2.3.1.2.2 STJ e TST 
• SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ 
o JUSTIÇA FEDERAL 
o TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS 
o JUÍZES FEDERAIS 
o JUSTIÇA ESTADUAL 
o TRIBUNAIS DE JUSTIÇA 
o JUÍZES ESTADUAIS 
• TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO – TST 
o TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 
o JUÍZES DO TRABALHO 
 
 
2.3.1.2.3. JUSTIÇA ESTADUAL 
• 1ª INSTÂNCIA: Decisões realizadas pelos Juízes de Direito (estaduais); 
• 2ª INSTÂNCIA: Decisões realizadas pelos Desembargadores do Tribunal de Justiça Estadual 
• JUIZADOS ESPECIAIS : Ações de baixo valor. Os casos são julgados por juízes de direito e os recursos 
pelo Colégio Recursal 
 
2.3.2. LEGISLAÇÃO PERTINENTE - CPC 
• A perícia judicial surge no Direito brasileiro a partir do Decreto-Lei 1.608 de 18.09.39, quando foi 
promulgado o Código de Processo Civil (CPC) de 1939. 
• O Exame Pericial e a prova pericial foram previstas nas partes VII e VIII do CPC de 1939. 
• O Decreto-Lei n.º 8.570 de 08.01.46, realizou modificações importantes nas normas previstas no CPC de 
1939, notadamente em relação à pluralidade de peritos. 
• O CPC de 1973 (Lei 5.869 de 11.01.73) trouxe finalmente toda uma legislação específica sobre a perícia 
contábil. 
• Leis complementares como a Lei 5.925/73, Lei 7.270/84 e, principalmente a Lei 8.455 de 24.08.92, 
introduziram alterações importantes no CPC de 1973. 
 
 
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CPC 1973 E LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR 
Artigo 138, Inciso III Trata dos motivos de impedimento e suspeição do perito. 
Artigo 145 § 1º a 3º Trata da nomeação do perito, forma como será escolhido e 
comprovação de sua capacidade técnica. 
Artigo 146 e § único Trata do prazo para cumprimento e da possibilidade de escusa. 
Artigo 147 Trata da responsabilidade do perito sobre informações inverídicas 
e da penalidade: inabilitação por dois anos. 
Artigos 200, 201 e 202 § 2º Tratam de perícia por carta precatória (nacional) ou rogatória 
(estrangeira) 
Artigo 261 Trata do auxílio do perito ao juiz para determinar o valor de uma 
causa. 
Artigo 383 Trata do exame pericial quando alguma reprodução de documento 
for impugnada. 
Artigos 420 a 439 Legislação sobre perícia Judicial 
Artigo 420, § único, incisos I a III Trata da prova pericial, e de seu indeferimento pelo magistrado. 
Artigo 421, § 1º, I e II e § 2º Tratam da nomeação do perito, prazo da perícia, indicação de 
assistentes técnicos e formulação de quesitos. 
Artigos 422 Trata do compromisso do perito seu impedimento ou suspeição. Os 
assistentes técnicos não sofrem essas sanções. 
Artigo 423 Trata da escusa ou recusa (por impedimento ou suspeição) do 
perito. 
Artigo 424 e Incisos I e II Trata da substituição do perito, por falta de conhecimento técnico 
ou descumprimento do compromisso no prazo fixado. 
Artigo 425 Trata da apresentação de quesitos suplementares. 
Artigo 426, incisos I e II Tratam da competência do Juiz de indeferir quesitos impertinentes 
e formular os que julgar necessários. 
Artigo 427 Trata da dispensa da prova pericial quando as partes na inicial 
apresentarem pareceres técnicos julgados suficientes. 
Artigo 428 Trata da nomeação de perito e AT por carta precatória. 
Artigo 429 Trata da possibilidade do perito e assistentes técnicos obterem todo 
o tipo de prova necessário, instruindo o laudo com as mesmas. 
Artigo 430 e 431 Revogados 
Artigo 432 Trata da prorrogação do prazo (uma única vez). 
Artigo 433 Trata da apresentação do laudo no prazo, 20 dias antes da 
audiência. 
Artigo 434 e § único Tratam da preferência por funcionário público, quando a perícia 
recair sobre autenticidade de documentos ou assunto médico-legal, 
além de exame grafológico. 
Artigo 435 e § único Tratam da solicitação de esclarecimento das partes aos perito e 
assistentes técnicos, e do prazo de intimação de 5 dias antes da 
audiência. 
Artigo 436 Informa que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo 
formar sua convicção com outros elementos. 
Artigos 437 Trata da realização de nova perícia, quando a matéria não lhe 
parecer suficientemente esclarecida. 
Artigo 438 Informa que a nova perícia se rege pelos mesmos objetivos da 
primeira e se destina a corrigir eventual omissa. 
Artigo 439 e § Único Informa que a segunda perícia não substitui a primeira, cabendo 
ao Juiz apreciar uma e outra. 
Artigo 440 e 441 Trata da assistência de perito ao juiz no caso de inspeção de 
pessoas ou coisas. 
Artigo 452, Inciso I Trata da ordem pela qual as provas serão produzidas em 
audiência, determinando em primeiro lugar os peritos e assistentes 
técnicos a responderem aos quesitos suplementares conforme 
artigo 435. 
Artigo 681 Trata do prazo e descrição do laudo do avaliador. 
Artigo 683 Trata dos casos em que se repetirá a avaliação: (1) erro ou dolo, (2) 
redução do valor dos bens e (3) fundada dúvida sobre o valor 
atribuído ao bem. 
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Artigo 846 Trata da produção antecipada de prova, na qual uma das provas 
possíveis é a pericial. 
Artigo 849 Trata da prova pericial nos casos de antecipação de prova quando 
há fundado receio de tornar-se difícil a verificação de certos fatos. 
Artigo 850 Determina que a perícia se faça conforme disposto nos artigos 420 
a 439. 
Artigo 851 Trata da disposição dos autos aos interessados após o exame 
pericial. 
Artigo 1003 e § único Trata da nomeação de perito para avaliar o valor dos bens, se na 
comarca não existir avaliador judicial e da nomeação de contador 
para levantar balanço ou apurar haveres. 
Artigo 1004 Trata da forma pelo qual o perito deverá avaliar os bens do 
espólio, conforme disposto nos artigos 681 a 683. 
Artigo 1071 § 1º Trata da nomeação de perito para avaliar o valor do bem em casos 
de mora do comprador. 
Artigos 1072 até 1.102 Tratam de juízo arbitral (REVOGADOS PELA LEI 9307/96) 
 
 
 
2.4. PROCEDIMENTOS DE PERÍCIA 
 
2.4.1. CICLO OPERACIONAL DA PERÍCIA JUDICIAL 
O ciclo operacional da perícia Judicial ou sua processualística compreende três momentos distintos 
denominados: 
• Fase preliminar; 
• Fase operacional; 
• Fase final. 
 
 
2.4.1.1. FASE PRELIMINAR 
• A Perícia é requerida ao juiz pela parte interessada na mesma; 
• O juiz defere a perícia e escolhe o seu perito (nomeação); 
• As partes formulam quesitos e indicam seus assistentes técnicos (indicação); 
• Os peritos são cientificados da indicação (intimação); 
• Os peritos aceitam ou recusam (declinam) a indicação; 
o São condições para o declínio: Impedimento legal, suspeição, não ser especialista na matéria 
objeto da perícia, e força maior. 
• Os peritos propõem honorários e requerem o depósito judicial; 
• O juiz estabelece prazo, local e hora para o início. 
 
 
2.4.1.2. FASE OPERACIONAL 
• Inicio da perícia e diligências; 
• Realização de exames e avaliações; 
• Elaboração do laudo; 
 
 
2.4.1.3. FASE FINAL 
• Revisão do laudo; 
• Assinatura do laudo; 
• Entrega do laudo; 
• Levantamento dos honorários; 
• Esclarecimentos (se requeridos); 
 
 
2.4.2. NOMEAÇÃO,ngh INDICAÇÃO E INTIMAÇÃO DOS PERITOS 
• Nas perícias judiciais três são os peritos: um do juiz e um de cada parte litigante (autor e réu). 
• Na verdade sãotrês peritos: o juiz nomeia o seu e cada parte indica o seu representante. 
• Os peritos das partes devem ser indicados no prazo de cinco dias, contados do despacho de intimação do 
perito. 
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• Aceita a indicação, o perito do juiz deve conectar-se com os assistentes indicados. 
• A perícia judicial pode ser realizada em conjunto ou separadamente. 
 
 
 
 
 
2.4.3. RECUSA E SUBSTITUIÇÃO DO PERITO 
• O perito pode recusar sua indicação por diversos motivos, entre eles: (1) Estado de saúde; (2) 
Impedimentos éticos; (3) Indisponibilidade de tempo. 
• A recusa deve ser comunicada ao juiz dentro do prazo de cinco dias da intimação, através de uma 
petição que será anexada aos autos. 
• O juiz então, nomeará outro perito, sendo permitido às partes que também substituam seus assistentes 
técnicos. 
• É também lícito às partes recusarem o perito do juiz por suspeição, provando os motivos da não 
aceitação do mesmo. 
• Sobre os peritos das partes (assistentes técnicos), entretanto, não ocorrem impedimentos. 
• Pode ainda ser substituído o perito quando após intimado, não cumpre sua tarefa em tempo hábil, ou 
ainda caso não tenha capacidade técnica para o exercício de seu trabalho. 
• Os peritos das partes, porém, só podem ser substituídos antes da entrega do laudo, pois após isso não é 
mais possível a substituição dos assistentes técnicos. 
 
 
2.4.4. PROPOSTA DE HONORÁRIOS – DEPÓSITO PRÉVIO 
• Aceita a perícia, o perito deve requerer seus honorários (fazem parte das custas e quem deve pagar é 
quem pede a perícia). 
• O pedido de honorários pode ter cláusula de correção monetária. 
• Em caso de aumento de carga de trabalho do perito é permitido o pedido de um reajuste. 
• O perito pode fazer a proposta de honorários e solicitar o depósito prévio (depósito judicial) 
concomitantemente. 
• Cabe a quem requereu a perícia adiantar as despesas, mas quem perder a ação, acaba arcando com 
todas as custas, inclusive honorários do perito. 
• Os honorários podem ser contestados pelas partes. Nesse caso, usualmente o juiz arbitra um valor. 
• O depósito prévio, fica à disposição do juiz e deve ser levantado após a entrega do laudo. 
• Há casos, entretanto, em que o perito solicita um adiantamento (máximo de 50%) antes do início dos 
trabalhos. 
• Os honorários dos assistentes técnicos são ajustados entre as partes e pagos por quem o indicou. 
 
2.4.5. RETIRADA DOS AUTOS 
• Para bem conhecer todo o processo e realizar o plano de perícia, o perito precisa retirá-lo do cartório. 
• Este ato é simples, bastando para tanto a apresentação das credenciais e a assinatura de um protocolo. 
• Caso o perito seja pouco conhecido, pode ser necessário uma petição específica. 
• Após devolver o processo ao cartório com seus pedido de honorários, o perito aguarda a decisão das 
partes sobre sua remuneração. 
• Aprovados os honorários, o perito deve retirar o processo para iniciar as diligências e as respostas aos 
quesitos. 
• Todas as vezes que o perito devolver o processo ao cartório, deve solicitar a baixa da entrega, pois pode 
haver extravio e o perito vir a ser responsabilizado, o que seria falta grave. 
 
 
2.4.6. INÍCIO DO TRABALHO PERICIAL E DILIGÊNCIAS 
• Em data, hora e local determinados pelo juiz, os peritos devem iniciar seu trabalho. 
• É dever do perito do juiz comunicar-se com os peritos das partes para comporem a metodologia do 
trabalho. Caso o perito não procure os assistentes, estes devem fazê-lo. 
• Devem, em tese, estar os três no início dos trabalhos. Entretanto, os assistentes podem combinar com o 
perito para somente examinar alguns aspectos em conjunto. 
• Em casos complexos, é dever dos assistentes acompanhar o perito nas diligências, ou pelo menos, os 
referentes aos quesitos mais relevantes. 
• Quando o perito inicia seu trabalho já deve estar de posse do seu plano de trabalho. 
• Os objetos e documentos necessários ao exame devem ser solicitados por escrito, previamente, evitando-
se perda de tempo. 
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2.4.7. RESISTÊNCIAS E DIFICULDADES IMPOSTAS PELAS PARTES 
• A parte examinada pode criar obstáculos ao perito, sonegando informações ou procrastinando a entrega 
de documentos e livros. 
• Nesse caso, o perito deve agir com muita habilidade para tentar demover os obstáculos, alertando a 
parte sobre os problemas que daí advirão. 
• Não conseguindo, deve imediatamente cientificar o juiz sobre a resistência e, conforme o caso, requerer 
a busca e apreensão judicial dos elementos necessários ao trabalho. 
• Tal medida, porém, só deve ser tomada em casos extremos e depois de esgotadas todas as formas 
amigáveis de convencimento da parte. 
• O perito tem plenos poderes de investigação, inclusive, de produzir os anexos que desejar para ilustrar o 
seu trabalho, bem como de ouvir testemunhas. 
• Deve, entretanto, evitar esse tipo de prova, pois o perito não é um investigador, mas aquele que usa 
métodos científicos. 
 
 
2.4.8. COMPORTAMENTO ÉTICO ENTRE OS PERITOS 
• Como a perícia judicial é feita com a participação de três profissionais é necessário que haja um 
comportamento ético entre eles. O Trabalho precisa ser harmônico. 
• Não deve haver a mentalidade que os assistentes técnicos são partes litigantes ou inimigos e que o perito 
do juiz é superior aos demais, sendo estes seus subalternos. 
• Todos tem influência no trabalho e o princípio deve ser o da igualdade. 
• Não são raras as vezes em que o laudo de um perito da parte é utilizado pelo juiz ou pelos 
desembargadores, abandonando-se o do perito oficial. 
• A expressão “perito auxiliar” ou “assistente técnico” não é das mais felizes. Trata-se, na verdade, de três 
peritos, cada um cuidando dos interesses de quem o nomeou. 
• Com um tratamento de recíproco respeito, os peritos podem valorizar o trabalho um do outro, 
buscando-se o consenso. 
• Um aspecto que deve ser observado e que valoriza a relação entre os profissionais é o envio, por parte do 
Perito para os Assistentes Técnicos, da minuta do laudo, antes da conclusão final, visando aparar arestas 
e reduzir resistências, além de ser um gesto de cortesia. 
 
 
2.4.9. USO DO TRABALHO DE TERCEIROS 
• O perito pode necessitar do trabalho de auxiliares ou de especialistas, a quem pode solicitar um parecer. 
• Nesse caso, deve acautelar-se quanto à qualidade do especialista. Deve também, mencionar no laudo que 
se fundamentou na opinião do especialista. 
 
 
2.4.10. RESPONSABILIDADE CRIMINAL DO PERITO 
• O Perito pode ser responsabilizado pela falta de veracidade de seu laudo, se comprovado dolo ou má fé, 
quer em juízo, quer perante os conselhos profissionais. Tal responsabilidade envolve: 
o Indenização à parte prejudicada; 
o Inabilitação por dois anos para o exercício de prova pericial; 
o Sanção penal por crime. 
• Além dessas sanções, pode sofrer também aquelas advindas do Tribunal de Ética Profissional dos 
Conselhos Profissionais. 
 
 
2.4.11. SIGILO PROFISSIONAL DO PERITO 
• O sigilo profissional é um dever ético para qualquer tarefa técnica ou científica, mas essencial na perícia. 
• A lei protege o sigilo; A ética impõe o sigilo. 
• O que o profissional vier a conhecer por força do que lhe é exibido ou narrado não deve ser dado a 
conhecer a terceiros. 
• Somente em juízo o perito deve revelar os fatos que conhece, mas ainda assim, deve se restringir aos 
fatos relevantes ao processo, evitando informar sobre fatos que tomou conhecimento durante o exame e 
que nada tem a ver com a lide. 
 
 
2.4.12. PERÍCIA EM LOCAIS DIFERENTES 
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• Uma perícia pode abranger agências, filiais ou fábricas de um mesmo litigante, em diversas localidades 
do país ou até do exterior. 
• Neste caso, o perito terá de deslocar-se. 
• Tal deslocamento exige cuidados, pois o perito deverá levar identificação e autorização paravisitar tal 
estabelecimento. 
• O perito, nesse caso, deve levar em mãos os quesitos que requeiram exame de documentação deste 
estabelecimento, tendo o cuidado de tê-los solicitado previamente. 
• As despesas de viagens devem estar previstas no pedido de honorários ou, caso tenha surgido no 
decorrer do processo, ser solicitado ao juiz um complemento de honorários para atender a esta despesa 
adicional. 
2.4.13. LITISCONSÓRCIO DE PERITOS ASSISTENTES 
• Se uma parte entra no processo, com litisconsórcio e há interesses diferentes das outras partes litigantes, 
entende a justiça que podem, independentemente de sorteio, nomearem seus peritos assistentes. 
• Neste caso, deixa-se de aplicar o que estabelece o artigo 421 § 2º do CPC. 
• Em tal situação, pode ocorreu um número maior do que três peritos, isto é, pode haver o perito do juiz e 
mais de dois assistentes. 
 
 
2.4.14. PERÍCIA EM DOCUMENTOS DE TERCEIROS 
• Pode ocorrer, em um processo, que a perícia em uma das partes não seja suficiente, sendo necessária a 
perícia em outra empresa que não é parte do processo. 
• Isto pode ocorrer, por exemplo se houverem três sócios em um empreendimento e houver litígio entre 
dois deles, mantendo-se o terceiro afastado do processo. Pode haver necessidade de se examinar 
documentos deste terceiro, para comprovar, ou negar, indícios apontados por uma das partes em litígio. 
• Nesse caso, o perito, tão logo seja autorizado pelo juiz, deve deslocar-se para realizar a diligência, 
devendo contudo, restringir-se especificamente, à matéria de que trata o quesito. 
• O perito deve lidar com terceiros com toda a ética possível, evitando invadir sua privacidade. 
 
 
2.4.15. PRECAUÇÕES DO PERITO 
O Perito não deve errar, pois seu erro pode produzir uma prova falsa, lesando o direito de terceiros. Para tanto, 
o perito deve tomar precauções, principalmente em relação aos seguintes assuntos: 
• Tempo: Só aceitar tarefa com tempo hábil para que possa desempenhá-la com rigor; 
• Planejamento: Elaborar um plano de trabalho escolhendo os melhores critérios para desempenhar sua 
execução; 
• Autoridade: Utilizar a autoridade que lhe foi atribuída pelo juiz para obter todas as informações relevantes 
para a execução de sua tarefa; 
• Sigilo: Manter todas as informações obtidas em rigoroso sigilo, salvo se forem requeridos pelo juiz. 
• Provas correlatas: Quando couber, o perito deve obter provas de outras fontes que possam auxiliar na 
elucidação do assunto em exame; 
• Declarações: Quando necessário o perito deve solicitar declarações sobre exclusividade ou fidedignidade de 
informações obtidas;. 
 
 
2.5. CARÁTER DA PERÍCIA JUDICIAL 
• Caráter fundamental da perícia é a especificidade de exame e de opinião; 
• Uma perícia pode ser integral ou parcial sobre os fatos que esteja examinando; 
• Uma perícia pode ensejar outra perícia se o interesse de opinião abrange um objetivo que requer amplo 
esclarecimento de uma questão formulada; 
• A especificidade exige do trabalho pericial a perseguição plena, pelo exame, do objetivo para o qual se deseja 
a opinião; 
• Tudo o que for pertinente à opinião a ser emitida deve ser objeto de exame pericial; 
• A perícia deve lastrear-se em elementos confiáveis e nenhum elemento útil deve ser desprezado. 
 
 
2.6. CARACTERÍSITICAS DA PERÍCIA JUDICIAL 
• JUSTIFICATIVA – Só se justifica, se a prova depender de conhecimentos especiais; 
• DECISÃO – Ainda que requerida, a decisão é exclusiva do Juiz., que pode dispensá-la. 
• RITO – O Juiz decide pela prova pericial nomeando um perito de sua confiança e facultando às partes a 
indicação de Assistentes Técnicos; 
• PRAZOS - A indicação dos Assistentes Técnicos e o rol de quesitos devem ser juntados aos autos em 5 dias; 
 10 
• COMPETÊNCIA – O Juiz pode indeferir uns ou todos os quesitos e acrescentar outros; 
• AGENTE ATIVO – O Perito, sempre nomeado pelo Juiz; 
 
2.7. OBJETO ( CAMPO DE AÇÃO) 
• O objeto geral da perícia judicial é atender ao que foi requerido pelo Juiz; 
• Cada perícia possui um objeto específico, que deve ser detectado pelo perito. Este objeto é o que deve 
nortear o trabalho do perito; 
• A perícia deve ser orientada pelo objeto da matéria. Isto quer dizer que a perícia deve obedecer ao assunto 
que está sendo tratado. 
• A Perícia deve ater-se ao objeto para o qual foi requerida; 
• A essência do objeto da perícia é o pleno alcance da realidade, ou seja, deve perseguir a realidade. 
 
 
2.8. OBJETIVO ( RESULTADO) 
• O objetivo de qualquer perícia é apresentar uma opinião que oriente a decisão do magistrado; 
• Cada perícia possui um objetivo específico que deve ser detectado pelo perito. Este objetivo deve ser 
alcançado pelo perito; 
• A conclusão deve responder ao objetivo específico de cada perícia. 
 
 
 
3. PERÍCIA EXTRAJUDICIAL 
 
 
3.1. CONCEITO DE PERÍCIA EXTRAJUDICIAL 
• É aquela que ocorre fora do ambiente judicial. Isto é, ocorre quando é necessário um exame específico 
cuja complexidade exige o conhecimento de um especialista. Normalmente, ocorre em situações de litígio 
ou quando se quer provar se algum fato ocorreu ou não. 
 
Na área contábil, muitas vezes se confunde, erradamente, com auditoria. 
 
 
3.2. CARACTERÍSTICAS DA PERÍCIA EXTRAJUDICIAL 
• A perícia extrajudicial é realizada por um especialista no assunto de quem se requer uma opinião 
abalizada. Este especialista deve estar habilitado com curso superior e devidamente registrado no seu 
órgão de classe. 
• É realizada através de acordo entre as partes, tal como ocorre com a contratação de qualquer 
profissional especializado. 
• O interessado informa o que deseja e o profissional escolhido apresenta um plano de trabalho detalhado, 
no qual informa os recursos que utilizará, o tempo necessário para a execução do trabalho e o valor dos 
honorários requeridos. 
• Caso o interessado concorde com os termos fixados pelo perito, o contrato é assinado e o trabalho é 
realizado. 
• Neste caso, a obrigação do perito é para com a empresa ou pessoa que o contratou. 
 
 
3.3. EXECUÇÃO DO TRABALHO 
• O trabalho deve ser executado conforme foi planejado. 
• Nada impede que o perito utilize auxiliares e colaboradores para obter maior eficiência e eficácia dos 
recursos utilizados e possa, efetivamente, cumprir os prazos contratuais. 
• Pode também, o perito, utilizar especialistas em áreas que não domina, ainda que esta pertença à sua 
área geral de conhecimento. A atuação dos especialistas, entretanto, não exime a responsabilidade do 
perito perante seu contratante. 
 
 
 
 
4. PERÍCIA ARBITRAL 
 
 
 11 
4.1. CONCEITO DE PERÍCIA ARBITRAL 
• É a perícia realizada no juízo arbitral – instância decisória criada por vontade das partes – não se 
confundindo com qualquer outra, em virtude de suas características especialíssimas de atuar como 
judicial e extrajudicial. 
• A arbitragem, instituto regulamentado pela Lei 9.307 de 23 de setembro de 1996, consiste em um método 
de resolução de conflitos ou controvérsias ágil, eficaz e sigilosa no que tange a conflitos sobre direitos 
patrimoniais disponíveis. 
 
 
 
 
4.2. CARACTERÍSTICAS DA PERÍCIA ARBITRAL 
• A arbitragem, sempre imparcial, deverá, via de regra, ser convencionada por acordo de ambas as partes. 
Com este propósito, existem dois modos de se levar a termo uma arbitragem: 
o Pela forma "Ad Hoc", onde as partes convencionam as regras e métodos de administração do 
procedimento arbitral. Nessa modalidade também é possível que as regras sejam determinadas pelo 
próprio árbitro independentemente das regras de uma instituição arbitral; 
o Pela forma institucional, ou seja, adotando e prevendo, na cláusula compromissória ou ainda no 
compromisso arbitral, que o regulamento e o procedimento de uma instituição arbitralseja o 
adequado para resolver quaisquer problemas oriundos daquela relação contratual. 
• Em ambas as formas serão, sempre, respeitados os princípios jurídicos determinados pela lei, ressaltando-se, 
ainda, que o procedimento poderá ser conduzido por árbitro único (arbitragem expedita) ou por tribunal 
arbitral, com 3 (três) ou mais árbitros (sempre em número ímpar). 
 
OBS: Segundo o dicionário AD HOC significa: 
• Para isso 
• De propósito 
• Designado, por ser perito; 
• Argumento forjado a partir do fato que pretende justificar 
 
 
4.3. CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA 
• A cláusula compromissória é uma cláusula que pode ser inserida em qualquer tipo de contrato, 
instituindo o procedimento da arbitragem como o procedimento competente para a solução da 
controvérsia ou desacordo entre as partes na relação contratual, excluindo-se, aí, a jurisdição estatal. 
• Não havendo a cláusula compromissória no contrato, podem as partes, de comum acordo, firmar um 
compromisso arbitral elegendo a arbitragem. 
• A sentença que se resultará da arbitragem é irrecorrível, não há instância superior para re-analisar o 
mérito da questão. Com caráter de título executivo judicial, o não cumprimento da sentença arbitral 
acarretará em um processo de execução. 
 
 
4.4. VANTAGENS DA ARBITRAGEM EM RELAÇÃO À JUSTIÇA 
• Sigilo: o procedimento arbitral, via de regra, sempre será sigiloso, sendo divulgado apenas se as partes 
assim o solicitarem; 
• Rapidez: Permite que as partes estabeleçam um prazo para o árbitro ou árbitros julgarem a questão, 
até o prazo máximo de 06 (seis) meses, determinado pela Lei de Arbitragem; 
• Ajuste de interesses: podem as partes, fixar o método de julgamento do conflito, podendo optar por 
legislação vigente, equidade e/ou usos e costumes; 
• Escolha dos árbitros: cabe as partes a escolha do árbitro ou árbitros, sempre em número ímpar, se 
quiserem uma arbitragem colegiada. O Árbitro pode ser um perito na área em que existir o conflito. 
 
 
4.5. LEI 9.307 DE 23 DE SETEMBRO DE 1996 – LEI DE ARBITRAGEM 
A lei 9.307/96 revogou os artigos 1072 a 1102 do CPC que regulavam o assunto. 
LEI DE ARBITRAGEM 
Lei n° 9.307, de 23 de setembro de 1996 
 
O Presidente da República: 
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS 
 12 
 
Art. 1° - As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a 
direitos patrimoniais disponíveis. 
 
Art. 2° - A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes. 
§ 1° - Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde 
que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública. 
§ 2° - Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de 
direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio. 
 
 
CAPÍTULO II - DA CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM E SEUS EFEITOS 
 
Art. 3° - As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção 
de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral. 
 
Art. 4° - A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se 
a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato. 
§ 1° - A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou 
em documento apartado que a ele se refira. 
§ 2° - Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa 
de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em 
documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula. 
 
Art. 5° - Reportando-se as partes, na cláusula compromissória, às regras de algum órgão arbitral institucional 
ou entidade especializada, a arbitragem será instituída e processada de acordo com tais regras, podendo, 
igualmente, as partes estabelecer na própria cláusula, ou em outro documento, a forma convencionada para a 
instituição da arbitragem. 
 
Art. 6° - Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir a arbitragem, a parte interessada manifestará à 
outra parte sua intenção de dar início à arbitragem, por via postal ou por outro meio qualquer de 
comunicação, mediante comprovação de recebimento, convocando-a para, em dia, hora e local certos, firmar o 
compromisso arbitral. 
 
Parágrafo único. Não comparecendo a parte convocada ou, comparecendo, recusar-se a firmar o compromisso 
arbitral, poderá a outra parte propor a demanda de que trata o art. 7° desta Lei, perante o órgão do Poder 
Judiciário a que, originariamente, tocaria o julgamento da causa. 
 
Art. 7° - Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto à instituição da arbitragem, poderá a 
parte interessada requerer a citação da outra parte para comparecer em juízo a fim de lavrar-se o 
compromisso, designando o juiz audiência especial para tal fim. 
§ 1° - O autor indicará, com precisão, o objeto da arbitragem, instruindo o pedido com o documento que 
contiver a cláusula compromissória. 
§ 2° - Comparecendo as partes à audiência, o juiz tentará, previamente, a conciliação acerca do litígio. Não 
obtendo sucesso, tentará o juiz conduzir as partes à celebração, de comum acordo, do compromisso arbitral. 
§ 3° - Não concordando as partes sobre os termos do compromisso, decidirá o juiz, após ouvir o réu, sobre seu 
conteúdo, na própria audiência ou no prazo de dez dias, respeitadas as disposições da cláusula compromissória 
e atendendo ao disposto nos arts. 10 e 21, § 2°, desta Lei. 
§ 4° - Se a cláusula compromissória nada dispuser sobre a nomeação de árbitros, caberá ao juiz, ouvidas as 
partes, estatuir a respeito, podendo nomear árbitro único para a solução do litígio. 
§ 5° - A ausência do autor, sem justo motivo, à audiência designada para a lavratura do compromisso arbitral, 
importará a extinção do processo sem julgamento de mérito. 
§ 6° - Não comparecendo o réu à audiência, caberá ao juiz, ouvido o autor, estatuir a respeito do conteúdo do 
compromisso, nomeando árbitro único. 
§ 7° - A sentença que julgar procedente o pedido valerá como compromisso arbitral. 
 
Art. 8° - A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que estiver inserta, de tal sorte que 
a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da cláusula compromissória. 
Parágrafo único. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as questões acerca da 
existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula 
compromissória. 
 13 
 
Art. 9° - O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de 
uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial. 
§ 1° - O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem 
curso a demanda. 
§ 2° - O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito particular, assinado por duas 
testemunhas, ou por instrumento público. 
 
Art. 10 - Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbitral: 
I - o nome, profissão, estado civil e domicílio das partes; 
II - o nome, profissão e domicílio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o caso, a identificação da entidade à 
qual as partes delegaram a indicação de árbitros: 
III - a matéria que será objeto da arbitragem; e 
IV - o lugar em que será proferida a sentença arbitral. 
 
Art. 11 - Poderá, ainda, o compromisso arbitral conter: 
I - local, ou locais, onde se desenvolverá a arbitragem; 
II - a autorização para que o árbitro ou os árbitros julguem por equidade, se assim for convencionado pelaspartes; 
III - o prazo para apresentação da sentença arbitral; 
IV - a indicação da lei nacional ou das regras corporativas aplicáveis à arbitragem, quando assim 
convencionarem as partes; 
V - a declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários e das despesas com a arbitragem; e 
VI - a fixação dos honorários do árbitro, ou dos árbitros. 
Parágrafo único. Fixando as partes os honorários do árbitro, ou dos árbitros, no compromisso arbitral, este 
constituirá título executivo extrajudicial; não havendo tal estipulação, o árbitro requererá ao órgão do Poder 
Judiciário que seria competente para julgar, originariamente, a causa que os fixe por sentença. 
 
Art. 12 - Extingue-se o compromisso arbitral: 
I - escusando-se qualquer dos árbitros, antes de aceitar a nomeação, desde que as partes tenham declarado, 
expressamente, não aceitar substituto; 
II - falecendo ou ficando impossibilitado de dar seu voto algum dos árbitros, desde que as partes declarem, 
expressamente, não aceitar substituto; e 
III - tendo expirado o prazo a que se refere o art. 11, inciso III, desde que a parte interessada tenha notificado o 
árbitro, ou o presidente do tribunal arbitral, concedendo-lhe o prazo de dez dias para a prolação e 
apresentação da sentença arbitral. 
 
CAPÍTULO III - DOS ÁRBITROS 
 
Art. 13 - Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes. 
§ 1° - As partes nomearão um ou mais árbitros, sempre em número ímpar, podendo nomear, também, os 
respectivos suplentes. 
§ 2° - Quando as partes nomearem árbitros em número par, estes estão autorizados, desde logo, a nomear mais 
um árbitro. Não havendo acordo, requererão as partes ao órgão do Poder Judiciário a que tocaria, 
originariamente, o julgamento da causa a nomeação do árbitro, aplicável, no que couber, o procedimento 
previsto no art. 7° desta Lei. 
§ 3° - As partes poderão, de comum acordo, estabelecer o processo de escolha dos árbitros, ou adotar as regras 
de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada. 
§ 4° - Sendo nomeados vários árbitros, estes, por maioria, elegerão o presidente do tribunal arbitral. Não 
havendo consenso, será designado presidente o mais idoso. 
§ 5° - O árbitro ou o presidente do tribunal designará, se julgar conveniente, um secretário, que poderá ser um 
dos árbitros. 
§ 6° - No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade, independência, 
competência, diligência e discrição. 
§ 7° - Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral determinar às partes o adiantamento de verbas para despesas e 
diligências que julgar necessárias. 
 
Art. 14 - Estão impedidos de funcionar como árbitros as pessoas que tenham, com as partes ou com o litígio 
que lhes for submetido, algumas das relações que caracterizam os casos de impedimento ou suspeição de juízes, 
aplicando-se-lhes, no que couber, os mesmos deveres e responsabilidades, conforme previsto no Código de 
Processo Civil. 
 14 
§ 1° - As pessoas indicadas para funcionar como árbitro têm o dever de revelar, antes da aceitação da função, 
qualquer fato que denote dúvida justificada quanto à sua imparcialidade e independência. 
§ 2° - O árbitro somente poderá ser recusado por motivo ocorrido após sua nomeação. Poderá, entretanto, ser 
recusado por motivo anterior à sua nomeação, quando: 
a) não for nomeado, diretamente, pela parte; ou 
b) o motivo para a recusa do árbitro for conhecido posteriormente à sua nomeação. 
 
Art. 15 - A parte interessada em argüir a recusa do árbitro apresentará, nos termos do art. 20, a respectiva 
exceção, diretamente ao árbitro ou ao presidente do tribunal arbitral, deduzindo suas razões e apresentando as 
provas pertinentes. 
Parágrafo único. Acolhida a exceção, será afastado o árbitro suspeito ou impedido, que será substituído, na 
forma do art. 16 desta Lei. 
 
Art. 16 - Se o árbitro escusar-se antes da aceitação da nomeação, ou, após a aceitação, vier a falecer, tornar-se 
impossibilitado para o exercício da função, ou for recusado, assumirá seu lugar o substituto indicado no 
compromisso, se houver. 
§ 1° - Não havendo substituto indicado para o árbitro, aplicar-se-ão as regras do órgão arbitral institucional ou 
entidade especializada, se as partes as tiverem invocado na convenção de arbitragem. 
§ 2° - Nada dispondo a convenção de arbitragem e não chegando as partes a um acordo sobre a nomeação do 
árbitro a ser substituído, procederá a parte interessada da forma prevista no art. 7° desta Lei, a menos que as 
partes tenham declarado, expressamente, na convenção de arbitragem, não aceitar substituto. 
 
Art. 17 - Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam equiparados aos 
funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal. 
 
Art. 18 - O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a 
homologação pelo Poder Judiciário. 
 
CAPÍTULO IV - DO PROCEDIMENTO ARBITRAL 
 
Art. 19 - Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se for único, ou por 
todos, se forem vários. 
Parágrafo único. Instituída a arbitragem e entendendo o árbitro ou o tribunal arbitral que há necessidade de 
explicitar alguma questão disposta na convenção de arbitragem, será elaborado, juntamente com as partes, um 
adendo, firmado por todos, que passará a fazer parte integrante da convenção de arbitragem. 
 
Art. 20 - A parte que pretender argüir questões relativas à competência, suspeição ou impedimento do árbitro 
ou dos árbitros, bem como nulidade, invalidade ou ineficácia da convenção de arbitragem, deverá fazê-lo na 
primeira oportunidade que tiver de se manifestar, após a instituição da arbitragem. 
§ 1° - Acolhida a argüição de suspeição ou impedimento, será o árbitro substituído nos termos do art. 16 desta 
Lei, reconhecida a incompetência do árbitro ou do tribunal arbitral, bem como a nulidade, invalidade ou 
ineficácia da convenção de arbitragem, serão as partes remetidas ao órgão do Poder Judiciário competente 
para julgar a causa. 
§ 2° - Não sendo acolhida a argüição, terá normal prosseguimento a arbitragem, sem prejuízo de vir a ser 
examinada a decisão pelo órgão do Poder Judiciário competente, quando da eventual propositura da demanda 
de que trata o art. 33 desta Lei. 
 
Art. 21 - A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, que 
poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada, facultando-se, ainda, 
às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o procedimento. 
§ 1° - Não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao árbitro ou ao tribunal arbitral discipliná-lo. 
§ 2° - Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igualdade das 
partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento. 
§ 3° - As partes poderão postular por intermédio de advogado, respeitada, sempre, a faculdade de designar 
quem as represente ou assista no procedimento arbitral. 
§ 4° - Competirá ao árbitro ou ao tribunal arbitral, no início do procedimento, tentar a conciliação das partes, 
aplicando-se, no que couber, o art. 28 desta Lei. 
 
Art. 22 - Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral tomar o depoimento das partes, ouvir testemunhas e 
determinar a realização de perícias ou outras provas que julgar necessárias, mediante requerimento das partes 
ou de ofício. 
§ 1° - O depoimento das partes e das testemunhas será tomado em local, dia e hora previamente comunicados, 
 15 
por escrito, e reduzido a termo, assinado pelo depoente, ou a seu rogo, e pelos árbitros. 
§ 2° - Em caso de desatendimento, sem justa causa, da convocação para prestar depoimento pessoal, o árbitro 
ou o tribunal arbitral levará em consideração o comportamento da parte faltosa, ao proferir sua sentença; se a 
ausência forde testemunha, nas mesmas circunstâncias, poderá o árbitro ou o presidente do tribunal arbitral 
requerer à autoridade judiciária que conduza a testemunha renitente, comprovando a existência da convenção 
de arbitragem. 
§ 3° - A revelia da parte não impedirá que seja proferida a sentença arbitral. 
§ 4° - Ressalvado o disposto no parágrafo 2°, havendo necessidade de medidas coercitivas ou cautelares, os 
árbitros poderão solicitá-las ao órgão do Poder Judiciário que seria, originariamente, competente para julgar a 
causa. 
§ 5° - Se, durante o procedimento arbitral, um árbitro vier a ser substituído fica a critério do substituto repetir 
as provas já produzidas. 
 
CAPÍTULO V - DA SENTENÇA ARBITRAL 
 
Art. 23 - A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o 
prazo para a apresentação da sentença é de seis meses, contado da instituição da arbitragem ou da substituição 
do árbitro. 
Parágrafo único. As partes e os árbitros, de comum acordo, poderão prorrogar o prazo estipulado. 
 
 
 
 
Art. 24 - A decisão do árbitro ou dos árbitros será expressa em documento escrito. 
§ 1° - Quando forem vários os árbitros, a decisão será tomada por maioria. Se não houver acordo majoritário, 
prevalecerá o voto do presidente do tribunal arbitral. 
§ 2° - O árbitro que divergir da maioria poderá, querendo, declarar seu voto em separado. 
 
Art. 25 - Sobrevindo no curso da arbitragem controvérsia acerca de direitos indisponíveis e verificando-se que 
de sua existência, ou não, dependerá o julgamento, o árbitro ou o tribunal arbitral remeterá as partes à 
autoridade competente do Poder Judiciário, suspendendo o procedimento arbitral. 
Parágrafo único. Resolvida a questão prejudicial e juntada aos autos a sentença ou acórdão transitados em 
julgado, terá normal seguimento a arbitragem. 
 
Art. 26 - São requisitos obrigatórios da sentença arbitral: 
I - o relatório, que conterá os nomes das partes e um resumo do litígio; 
II - os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões de fato e de direito, mencionando-se, 
expressamente, se os árbitros julgaram por equidade; 
III - o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões que lhes forem submetidas e estabelecerão o prazo 
para o cumprimento da decisão, se for o caso; e 
IV - a data e o lugar em que foi proferida. 
Parágrafo único. A sentença arbitral será assinada pelo árbitro ou por todos os árbitros. Caberá ao presidente 
do tribunal arbitral, na hipótese de um ou alguns dos árbitros não poder ou não querer assinar a sentença, 
certificar tal fato. 
 
Art. 27 - A sentença arbitral decidirá sobre a responsabilidade das partes acerca das custas e despesas com a 
arbitragem, bem como sobre verba decorrente de litigância de má-fé, se for o caso, respeitadas as disposições 
da convenção de arbitragem, se houver. 
 
Art. 28 - Se, no decurso da arbitragem, as partes chegarem a acordo quanto ao litígio, o árbitro ou o tribunal 
arbitral poderá, a pedido das partes, declarar tal fato mediante sentença arbitral, que conterá os requisitos do 
art. 26 desta Lei. 
 
Art. 29 - Proferida a sentença arbitral, dá-se por finda a arbitragem, devendo o árbitro, ou o presidente do 
tribunal arbitral, enviar cópia da decisão às partes, por via postal ou por outro meio qualquer de comunicação, 
mediante comprovação de recebimento, ou, ainda, entregando-a diretamente às partes, mediante recibo. 
 
Art. 30 - No prazo de cinco dias, a contar do recebimento da notificação ou da ciência pessoal da sentença 
arbitral, a parte interessada, mediante comunicação à outra parte, poderá solicitar ao árbitro ou ao tribunal 
arbitral que: 
I - corrija qualquer erro material da sentença arbitral; 
 16 
II - esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença arbitral, ou se pronuncie sobre ponto 
omitido a respeito do qual devia manifestar-se a decisão. 
Parágrafo único. O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá, no prazo de dez dias, aditando a sentença arbitral e 
notificando as partes na forma do art. 29. 
 
Art. 31 - A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida 
pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo. 
 
Art. 32 - É nula a sentença arbitral se: 
I - for nulo o compromisso; 
II - emanou de quem não podia ser árbitro; 
III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei; 
IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem; 
V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; 
VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva; 
VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e 
VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2°, desta Lei. 
 
Art. 33 - A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a decretação da 
nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei. 
§ 1° - A demanda para a decretação de nulidade da sentença arbitral seguirá o procedimento comum, previsto 
no Código de Processo Civil, e deverá ser proposta no prazo de até noventa dias após o recebimento da 
notificação da sentença arbitral ou de seu aditamento. 
§ 2° - A sentença que julgar procedente o pedido: 
I - decretará a nulidade da sentença arbitral, nos casos do art. 32, incisos I, II, VI, VII e VIII; 
II - determinará que o árbitro ou o tribunal arbitral profira novo laudo, nas demais hipóteses. 
§ 3° - A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser arguida mediante ação de embargos 
do devedor, conforme o art. 741 e seguintes do Código de Processo Civil, se houver execução judicial. 
 
CAPÍTULO VI - DO RECONHECIMENTO E EXECUÇÃO DE SENTENÇAS ARBITRAIS 
ESTRANGEIRAS 
 
Art. 34 - A sentença arbitral estrangeira será reconhecida ou executada no Brasil de conformidade com os 
tratados internacionais com eficácia no ordenamento interno e, na sua ausência, estritamente de acordo com os 
termos desta Lei. 
Parágrafo único. Considera-se sentença arbitral estrangeira a que tenha sido proferida fora do território 
nacional. 
 
Art. 35 - Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentença arbitral estrangeira está sujeita, unicamente, 
à homologação do Supremo Tribunal Federal. 
 
Art. 36 - Aplica-se à homologação para reconhecimento ou execução de sentença arbitral estrangeira, no que 
couber, o disposto nos arts. 483 e 484 do Código de Processo Civil. 
Art. 37 - A homologação de sentença arbitral estrangeira será requerida pela parte interessada, devendo a 
petição inicial conter as indicações da lei processual, conforme o art. 282 do Código de Processo Civil, e ser 
instruída, necessariamente, com: 
 
I - o original da sentença arbitral sou uma cópia devidamente certificada, autenticada pelo consulado brasileiro 
e acompanhada de tradução oficial; 
II - o original da convenção de arbitragem ou cópia devidamente certificada, acompanhada de tradução oficial; 
 
Art. 38 - Somente poderá ser negada a homologação para o reconhecimento ou execução de sentença arbitral 
estrangeira, quando o réu demonstrar que: 
I - as partes na convenção de arbitragem eram incapazes; 
II - a convenção de arbitragem não era válida segundo a lei à qual as partes a submeteram, ou, na falta de 
indicação, em virtude da lei do país onde a sentença arbitral foi proferida; 
III - não foi notificado da designação do árbitro ou do procedimento de arbitragem, ou tenha sido violado o 
princípio do contraditório, impossibilitando a ampla defesa; 
IV - a sentença arbitral foi proferida fora dos limites da convenção de arbitragem, e não foi possível separar a 
parte excedente daquela submetida à arbitragem; 
V - a instituição da arbitragem não está de acordo com o compromisso arbitral ou cláusula compromissória; 
 17 
VI - a sentença arbitralnão se tenha, ainda, tornado obrigatória para as partes, tenha sido anulada, ou, ainda, 
tenha sido suspensa por órgão judicial do país onde a sentença arbitral for prolatada. 
 
Art. 39 - Também será denegada a homologação para o reconhecimento ou execução da sentença arbitral 
estrangeira, se o Supremo Tribunal Federal constar que: 
I - segundo a lei brasileira, o objeto do litígio não é suscetível de ser resolvido por arbitragem; 
II - a decisão ofende a ordem pública nacional. 
Parágrafo único. Não será considerada ofensa à ordem pública nacional a efetivação da citação da parte 
residente ou domiciliada no Brasil, nos moldes da convenção de arbitragem ou da lei processual do país onde se 
realizou a arbitragem, admitindo-se, inclusive, a citação postal com prova inequívoca de recebimento, desde 
que assegure à parte brasileira tempo hábil para o exercício do direito de defesa. 
 
Art. 40 - A denegação da homologação para reconhecimento ou execução de sentença arbitral estrangeira por 
vícios formais, não obsta que a parte interessada renove o pedido, uma vez sanados os vícios apresentados. 
 
CAPÍTULO VII - DISPOSIÇÕES FINAIS 
 
Art. 41 - Os arts. 267, inciso VII; 301, inciso IX; e 584, inciso III, do Código de Processo Civil passam a ter a 
seguinte redação: 
 
"Art. 267 - ...................... 
VII - pela convenção de arbitragem;" 
"Art. 301 - ...................... 
IX - convenção de arbitragem;" 
"Art. 584 - ...................... 
III - a sentença arbitral e a sentença homologatória de transação ou de conciliação;" 
 
Art. 42 - O art. 520 do Código de Processo Civil passa a ter mais um inciso, com a seguinte redação: 
"Art. 520 - ...................... 
VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem." 
 
Art. 43 - Esta Lei entrará em vigor sessenta dias após a data de sua publicação. 
 
Art. 44 - Ficam revogados os arts. 1.037 a 1.048 da Lei n° 3.071, de 1° de janeiro de 1916, Código Civil 
Brasileiro; os arts. 101 e 1.072 a 1.102 da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil; e 
demais disposições em contrário. 
 
Brasília, 23 de setembro de 1996; 175° da Independência e 108° da República. 
Fernando Henrique Cardoso 
Nelson A. Jobim 
 
 
 
5. PERÍCIA CONTÁBIL 
 
5.1. FUNDAMENTOS DE PERÍCIA CONTÁBIL 
 
5.1.1. TECNOLOGIAS CONTÁBEIS 
• Técnicas Contábeis – Conhecimento empírico 
• Tecnologias Contábeis – Conhecimento científico 
o Escrituração; 
o Elaboração das demonstrações contábeis; 
o Análise de balanços 
o Auditoria e perícia; 
 
• Obra de João Luiz dos Santos (1921) – Perícia em Contabilidade Comercial. 
 
 
5.1.2. CONCEITOS 
 
5.1.2.2. CONCEITOS DE PERÍCIA CONTÁBIL 
 18 
 
• Perícia Contábil é a verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado visando oferecer opinião, 
mediante questão proposta. Para tal opinião realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações, 
avaliações, arbitramentos, em suma todo e qualquer procedimento necessário à opinião. 
 
• Conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de laudo sobre questões contábeis, 
mediante exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação ou certificação. (CFC 
731/92). E completa: A Perícia contábil judicial, extrajudicial e arbitral é de competência exclusiva de 
Contador. 
 
• Trabalho que exige notória especialização no seio das Ciências Contábeis, com o objetivo de esclarecer o 
Juiz de Direito, ao Administrador Judicial (Síndico ou Comissário) e a outras autoridades formais, fatos 
que envolvam ou modifiquem o patrimônio de entidades nos seus aspectos quantitativos. 
 
 
5.1.2.3. CONCEITO DE PERITO CONTÁBIL 
• Contador escolhido dentre os mais capacitados na sua área de atuação e detentor de ilibada reputação, 
que é designado ou solicitado para realizar tarefa que exija elevados conhecimentos técnicos e científicos 
sobre Ciências Contábeis e que através de exame, avaliação, indagação, investigação, arbitramento ou 
avaliação, tem por objetivo emitir opinião ou parecer através de um laudo pericial. 
 
 
5.2. METODOLOGIA EM PERÍCIA CONTÁBIL 
• O método depende sempre do objeto do exame. 
• Quando a matéria é parcial, examina-se tudo, ou seja a globalidade do universo de exame; 
• Quando a matéria é demasiadamente ampla, utiliza-se a amostragem (mas sempre como exceção); 
• Ao contrário da auditoria, o método básico da perícia é o analítico e de maior abrangência. Por este 
motivo é necessário que: 
o O objetivo seja bem identificado; 
o O trabalho seja planejado de forma competente; 
o A execução deve ser baseada em evidências inequívocas, plenas e totalmente confiáveis; 
o A conclusão deve ser emitida somente com absoluta segurança e com muita cautela; 
o O laudo deve ser redigido de forma clara, precisa e inequívoca. 
 
 
5.3. DIFERENÇA ENTRE PERÍCIA, AUDITORIA E DEVASSA 
• Perícia não é o mesmo que auditoria. São três, as principais diferenças entre perícia e Auditoria: 
o Objetivo – Enquanto a auditoria se caracteriza em uma revisão e atestação, a perícia é 
produção de prova; 
o Método - enquanto a Auditoria consagra o exame por amostragem a Perícia tem como escopo a 
totalidade do universo para produzir prova; 
o Periodicidade – Enquanto a auditoria é cíclica (anual) a perícia é eventual e pode nunca mais se 
repetir. 
• Existem muitos pontos em comum, mas são diferentes na essência. 
• A perícia contábil pode se transformar em devassa, mas também não se confunde com tal tarefa.. 
• A devassa é um exame integral, sem nada excluir, com maior tempo de execução, interessada em 
conhecer todas as irregularidades que um evento tenha provocado. 
 
 
5.4. RAZÕES PARA SE FAZER PERÍCIA CONTÁBIL 
• A necessidade de se fazer perícia se manifesta em virtude de existirem irregularidades, imperfeições ou 
inadequações na realização de algo, praticadas por alguém. 
• As principais razões para se realizar a perícia são: 
o ERRO: Vício involuntário causado por imprudência, imperícia e negligência. Se divide em: 
� Erro de Essência: Erro relevante que pode alterar o resultado; 
� Erro de forma: Erro de menor relevância que pouco ou nada altera o resultado. 
o FRAUDE: Erro intencional causado por simulação, adulteração e falsificação 
 
 
5.5. ELEMENTOS MATERIAIS DO EXAME PERICIAL 
• DOCUMENTAL: 
 19 
o Todos os elementos ao alcance do perito devem ser utilizados, preferencialmente, os que tenham 
capacidade legal de prova. 
o Assim, livros comerciais e fiscais, listagens de computador e documentos em geral, são 
elementos essenciais para exame. 
o Os documentos precisam estar revestidos das características legais e de acordo com os 
princípios e normas contábeis. 
o Indícios, suspeitas e tendências devem ser analisadas para que se confirmem ou não como 
provas. 
 
• PESSOAL: 
o O Perito pode utilizar auxiliares e especialistas, porém, não transfere sua responsabilidade por 
delegar tarefas. 
o O Perito deve ter o máximo de cautela e rigor na escolha de especialistas ou auxiliares, pois 
corre todos os riscos. 
 
 
5.6. QUALIDADES DO PERITO E DA PERÍCIA 
 
 
5.6.1. DO PERITO 
 
• Conjunto de capacidades necessárias ao Perito: Legal – Profissional – Ética – Moral 
o Legal – Formação em Ciências Contábeis e habilitação no CRC; 
o Profissional - Caracterizado por: 
� Conhecimento teórico de contabilidade; 
� Conhecimento prático das tecnologias contábeis; 
� Experiência em perícias; 
� Conhecimento geral de ciências afins à Contabilidade; 
� Criatividade, intuição, perspicácia, perseverança e sagacidade. 
o Ética – De acordo com o código de ética do CFC. 
o Moral – Atitudes pessoais do profissional. 
• O Perito precisa ser um profissional habilitado, legal, cultural e intelectualmente, e exercer virtudes 
morais e éticas com total compromisso com averdade. 
 
 
5.6.2. DA PERÍCIA 
• Uma perícia de qualidade precisa possuir os seguintes requisitos: 
o Objetividade – precisão – clareza – fidelidade – concisão 
o Confiabilidade inequívoca baseada em materialidades; 
o Plena satisfação da finalidade. 
• A opinião do perito deve ser: 
o Justificada; 
o Lastreada em elementos sólidos; 
o Ao alcance de quem dela vai se utilizar. 
 
 
5.7. JUIZ COM CULTURA CONTÁBIL 
• Ainda que o juiz tenha formação contábil não pode indeferir a perícia baseado apenas nessa condição. 
• O juiz não pode acumular a função de juiz e de perito, pois a justiça veda a acumulação. 
• A função de perito é pois, específica. 
 
 
5.8. OPINIÃO INTERPRETATIVA EM PERÍCIA 
• A Contabilidade não é só registro e demonstrações, aliás, isto é a parte “instrumental e informativa”, 
mas não a “científica”. Um perito deve conhecer de ciência e tecnologia. 
• Em vista disso, consagrou-se solicitar ao perito sua “interpretação” sobre fatos que a lei não detalha. 
• Por exemplo um quesito indagando se uma determina despesa é “dedutível” do imposto de renda. 
 20 
• O perito terá de oferecer conceitos de autoridades da profissão, de obras especializadas e de normas e 
princípios contábeis, se existirem, sobre o fato em questão. 
• Pode inclusive, solicitar um parecer de autoridade contábil de notório reconhecimento. 
• O juiz pode até dispensar a perícia se estiver esclarecido por um parecer técnico competente. 
 
 
5.9. PLANO DE TRABALHO EM PERÍCIA CONTÁBIL 
 
 
5.9.1. CONCEITO DE PLANO DE TRABALHO 
Plano de trabalho em perícia contábil é a previsão, racionalmente organizada, para a execução das tarefas, no 
sentido de garantir a qualidade dos serviços, pela redução dos riscos sobre a opinião ou resposta. 
 
 
5.9.2. ETAPAS DO PLANO DE TRABALHO 
• Pleno conhecimento da questão (se for judicial, pleno conhecimento do processo, incluindo os quesitos); 
• Pleno conhecimento de todos os fatos que motivam a tarefa; 
• Levantamento dos elementos disponíveis para exame; 
• Prazo para a execução da tarefa e para a entrega do Laudo ou parecer; 
• Acessibilidade aos dados necessários (diligências, deslocamentos, etc.); 
• Pleno conhecimento dos sistemas contábeis adotados e confiabilidade na documentação; 
• Natureza dos apoios, caso sejam necessários. 
 
 
 
 
 
 
 
5.9.2.1. PLENO CONHECIMENTO DA QUESTÃO 
• O Pleno conhecimento das razões pelas quais a perícia se realiza deve determinar a filosofia e a política 
do plano de trabalho a ser elaborado como guia. 
• Toda a perícia enseja uma questão, isto é, uma opinião de quem é competente para dar. 
• A perícia decorre de um litígio, isto é, uma parte reclama direitos e a outra parte defende-se com seus 
argumentos. 
• O objetivo é identificar a razão essencial que motivou a perícia. Ela direcionará o caminho a ser 
percorrido 
 
 
5.9.2.2. PLENO CONHECIMENTO DOS FATOS 
• Os fatos são ocorrências que não se confundem com as razões que motivaram uma perícia, mas é 
preciso conhecer a ambos para planejar. 
• O conhecimento dos fatos permite ao perito verificar se as razões do litigante são sustentadas por fatos 
ou se são contrários a ele. 
• Existem pois razões e fatos; nem sempre as razões são apoiadas pelos fatos. Algumas vezes a perícia 
pode reverter os fatos outras, apoiar as razões. 
 
 
5.9.2.3. ELEMENTOS DISPONÍVEIS PARA EXAME 
• É necessário conhecer-se os elementos disponíveis para exame, para se elaborar um plano de trabalho 
pericial. 
• Nem sempre os elementos que se encontram à disposição do perito são suficientes para se realizar a 
tarefa. 
• Se por exemplo for solicitado pela parte um exame de custos e a empresa não possui contabilidade de 
custos, faltarão elementos para a realização do trabalho. 
 
 
5.9.2.4. PRAZO PARA EXECUÇÃO DAS TAREFAS 
• É comum nas perícias, os juizes, os administradores e os interessados fixarem prazos para a realização 
do trabalho. 
• No caso das perícias judiciais, os prazos são fatais. A lei fixa esses limites. 
 21 
• Em vista disso, além de conhecer as razões, os fatos e os elementos é preciso mensurá-los diante do 
tempo disponível. 
• O melhor critério é realizar um cronograma, comparando o tempo necessário para a execução, com o 
prazo estipulado. 
 
 
5.9.2.5. ACESSO AOS DADOS NECESSÁRIOS 
• Para planejar o trabalho pericial é necessário conhecer a facilidade ou dificuldade que se pode ter para 
chegar até os dados que são objeto de exame, assim como a qualidade para leitura e manuseio desses 
elementos. 
• Nem sempre os dados necessários se acham no mesmo local onde reside o perito. Às vezes se espalham 
por vários locais distantes. 
• Outras vezes esses mesmos dados se encontram em péssimo estado de conservação, dificultando seu 
manuseio. 
• Outras vezes ainda, dependem de informes de terceiros não implicados na questão que procrastinam ou 
tendem a procrastinar o seu fornecimento. 
 
 
5.9.2.6. SISTEMAS CONTÁBEIS ADOTADOS E CONFIABILIDADE 
• Para um plano pericial surtir efeito é necessário conhecer os sistemas contábeis adotados e o grau de 
confiabilidade na documentação, para que se possa identificar os recursos tecnológicos que deverão ser 
empregados. 
• O Perito precisa ter um conhecimento razoável de sistemas contábeis, principalmente em relação à 
informática, utilizado na maioria das entidades. 
• Não havendo confiabilidade é preciso encontrar o caminho que a ela conduza, ou então, declarar a 
impossibilidade de obtenção de elementos que produzam uma opinião de qualidade. 
 
 
5.9.2.7. NATUREZA DOS APOIOS 
• Muitas perícias necessitam de ajuda de auxiliares ou de técnicos especialistas, notadamente quando a 
matéria a ser examinada é muito grande. 
• O Perito deve fazer um elenco dos apoios de que necessita e onde poderá encontra-los, para depois 
realizar o plano. 
 
 
5.9.3. CONTEÚDO DOS PLANOS PERICIAIS 
• Os planos periciais têm o conteúdo compatível com o objeto de exame, adaptando-se a cada caso de 
acordo com os sistemas contábeis, a documentação existente e a natureza do serviço. 
• Por exemplo: Uma Empresa com três sócios em partes iguais, em determinado momento há uma 
divergência séria de um deles contra os demais, levando-o a querer sair da sociedade. A proposta dos 
dois sócios remanescentes para o sócio dissidente é, segundo este, inferior ao que julga ter direito. Em 
vista disso, inicia uma ação judicial para apuração de haveres, na qual é solicitada a perícia, que é aceita 
pelo juiz. 
• O Plano de trabalho desta perícia seria o seguinte: 
 
 
ETAPAS AÇÕES CORRELATAS 
Questão principal Apuração de haveres. 
Isto implica em adotar-se uma série de exames, tais como: 
Inventário de estoques, inventário de ativos fixos, reconciliação 
bancária, circularização de compras e de vendas, avaliação das 
vendas passadas e perspectivas de vendas futuras, resultado de 
exercícios passados e futuros, etc. 
Conhecimento dos fatos Leitura do processo e documentos anexos. 
Verificar se os quesitos versam sobre a questão principal. 
Caso os fatos observados sustentem a pretensão do autor, deve-se 
relacionar os itens necessários para exame. 
Elementos disponíveis Verificar se a empresa possui e está disponível: 
Contabilidade regular (livros diário, razão, livros fiscais), 
documentação adequada (notas de compras, de vendas, impostos 
pagos, folha de pagamento), Balanços Patrimoniais e 
 22 
demonstração de resultados. 
Prazo para execução Determinar o prazo necessário para o exame de cada item 
relevante. 
Acesso aos dados Caso os dados acima relacionados existam, verificar onde podem 
ser obtidos e quem pode disponibilizá-los. 
Sistema contábil e confiabilidade Testar o sistema e verificar a confiabilidade dos documentos e dos 
controlesinternos. 
Natureza dos apoios Muitas perícias necessitam de ajuda de auxiliares ou de técnicos 
especialistas, notadamente quando a matéria a ser examinada é 
muito grande. 
O Perito deve fazer um elenco dos apoios de que necessita e onde 
poderá encontrá-los, para depois realizar o plano. 
Elaboração do plano Determinar as ações, prazo para sua execução e valor dos 
honorários. 
 
 
5.9.4. CONTROLES DOS PLANOS PERICIAIS 
• Quanto mais deficientes forem os controles internos mais riscos tendem a agravar a opinião dos peritos, 
exigindo cautelas especiais. 
• Nem todas as perícias precisam que se façam verificações no grau de confiabilidade dos controles 
internos. 
• Nos casos em que isto ocorrer, é preciso que o perito adote procedimentos semelhantes aos de auditoria e 
faça sondagens nos itens mais vulneráveis do sistema para estabelecer o grau de confiabilidade sobre 
esses controles internos. 
 
 
5.10. LAUDO PERICIAL 
 
 
5.10.1. CONCEITO DE LAUDO PERICIAL 
• Laudo é uma palavra que provém da expressão latina laudare que significa pronunciar. 
• O Laudo é um pronunciamento ou manifestação de um especialista sobre uma ou diversas questões 
submetidas à sua apreciação. 
 
 
 
 
5.10.2. ESTRUTURA DOS LAUDOS PERICIAIS 
• Não existe um padrão de laudo, mas existem formalidades que compõem a estrutura dos mesmos. 
• Em geral, um laudo deve ter em sua estrutura os seguintes elementos: 
o Prólogo ou histórico; 
o Objeto ou Objetivo 
o Quesitos; 
o Respostas; 
o Conclusão; 
o Assinatura do perito; 
o Anexos: 
o Pareceres (se houverem). 
 
 
5.10.3. FORMALIDADES DO LAUDO 
• Os laudos periciais devem ser redigidos com absoluta clareza e com o máximo possível de referências. 
• As respostas devem ser objetivas e concisas, mas evitando-se os monossilábicos “Sim” e “não”. Devem 
ser esclarecedoras e apresentar razões. 
• As respostas aos quesitos devem obedecer à ordem numérica, iniciando pelos dos autores, seguindo-se os 
dos réus. 
• A cada quesito se faz suceder a resposta. 
 
 
5.10.4. REQUISITOS DE UM LAUDO PERICIAL 
 23 
• Para que um laudo possa ser considerado de qualidade, precisa atender aos seguintes requisitos 
mínimos: 
o Objetividade; 
o Rigor tecnológico; 
o Concisão; 
o Argumentação; 
o Exatidão; 
o Clareza. 
• Um laudo não DEVE basear-se em suposições, mas apenas em fatos concretos. 
• Um laudo pericial contábil não pode ser baseado em opiniões e testemunhos de terceiros. Deve basear-se, 
principalmente, em materialidades de natureza contábil 
• Um laudo exige respostas que esgotem os assuntos dos quesitos e que não necessitem mais de 
esclarecimentos. 
 
 
5.10.5. ESPÉCIES DE LAUDOS 
• Os Laudos podem ser de diversas espécies. 
• As principais são: 
 
o Laudos coletivos ou consensuais; 
o Laudos discrepantes ou discordantes; 
o Laudos Insuficientes; 
 
 
5.10.5.1. LAUDOS COLETIVOS 
• Laudo coletivo é aquele que é realizado por uma junta de peritos, ou seja, por mais de um profissional e 
pode provocar concordância ou discordância entre eles. 
• Nos casos judiciais pode ocorrer o laudo coletivo, quando há concordância entre o perito do juiz e os 
peritos das partes. 
• Nos casos extrajudiciais, como na avaliação de bens para aumento de capital, a lei obriga que sejam três 
os peritos. 
• Em inquéritos administrativos, conforme o volume, podem funcionar diversos peritos. 
• Havendo trabalho coletivo pode ocorrer: 
o Concordância plena: Quando todos os peritos assinam o mesmo laudo; 
o Concordância parcial: os peritos assinam o mesmo laudo, mas o perito discordante acrescenta 
uma (ou mais) ressalva; 
o Discordância total: cada perito apresenta seu laudo em separado. 
 
 
 
 
5.10.5.2. LAUDOS DISCREPANTES 
• Diante de laudos discrepantes o juiz pode adotar uma média de opiniões; O juiz não é obrigado a limitar-se a 
um laudo específico. 
• Caso haja laudos divergentes entre o perito e os assistentes técnicos, se todos estiverem bem fundamentados, 
o juiz pode optar por estabelecer uma média entre os resultados apurados pelos peritos. 
• Há assuntos que pela sua própria natureza, geram polêmica, possibilitando que existam conclusões 
discrepantes. 
• Tal fato é natural e não deve ser fator de preocupação. O importante é que cada perito fundamente bem suas 
conclusões. 
 
 
5.10.5.3. LAUDO INSUFICIENTE 
• Um laudo será insuficiente quando suas opiniões não forem satisfatoriamente esclarecedoras para quem 
o requereu ou dele vai necessitar como prova. 
• Pode ocorrer que um laudo não satisfaça; pode ocorrer que seja questionável e omisso. 
• Um laudo pode satisfazer a uma parte e não satisfazer a outra; a uma pode interessar a omissão e à 
outra isto pode prejudicar. 
• Quando ocorre a “insuficiência” é aconselhável outra perícia. 
• Um outro perito pode chegar a conclusões mais amplas e satisfatórias. 
• É inequívoco que as capacidades não são iguais entre todos os profissionais. 
 24 
• O laudo insuficiente, então pode existir, e a própria lei prevê isso. 
 
 
5.10.6. LAUDOS MAIS COMUNS 
Os laudos variam de acordo com suas finalidades que podem ser de diversos tipos. Os mais comuns são: 
• Desfalques; 
• Corrupção; 
• Desempenho ou gestão; 
• Aumentos salariais; 
• Decisões administrativas diversas; 
 
5.10.7. PROCESSOS EM QUE SE UTILIZA PERÍCIA 
Os processos em que usualmente se utiliza perícia contábil são: 
Na área Cível Na Área de Família e Sucessões 
• Apuração de haveres • Inventários 
• Busca e apreensão • Ação de alimentos 
• Desapropriações • Separação judicial 
• Dissolução de sociedades • Divisão de bens 
• Ordinária em geral • Busca de paternidade 
Na área Comercial Na Área Trabalhista 
• Consignação em pagamento • Indenizações; 
• Concordatas e falências • Encargos trabalhistas; 
• Negatória de renovação de contrato • Horas extras e outros encargos; 
• Ordinária em geral • Reclamações trabalhistas em geral 
Na área Tributária Na Área Penal 
• Negativa de débito fiscal • Falsificação 
• Contestação de multas • Estelionato 
• Prestação de contas • Malversação de fundos 
 
 
5.10.8. ENTREGA DOS LAUDOS 
• A entrega do laudo é feita mediante formalidade, isto é, petição solicitando juntada aos autos. 
• Antes da entrega do laudo o mesmo deve ser revisto, para evitar que erros cometidos pelo perito possam 
prejudicar uma das partes. 
• O perito e os assistentes técnicos devem guardar a cópia do laudo e também da petição que o 
encaminhou. 
• O laudo deve ser entregue no prazo fixado, mas pelo menos dez dias antes da audiência marcada. 
 
 
5.10.9. ESCLARECIMENTOS DA PERÍCIA 
• Faz-se necessário o esclarecimento de um laudo todas as vezes que uma das partes interessadas entender 
que as respostas permitem dupla interpretação ou forem vagas, ou ainda sem objetividade. 
• O juiz pode, não só, formular quesitos que entenda necessários como pode também, em audiência, ouvir 
o perito. 
• As partes também podem requerer a presença do perito em audiência, desde que respeitado o prazo de 
cinco dias antes da audiência. 
• Não sendo respeitado o prazo, o perito não é obrigado a comparecer. 
• O perito pode apresentar os esclarecimentos por escrito ou apresentá-los em depoimento em juízo, sendo 
o mesmo anotado pelo escrivão. 
• Recomenda-se, contudo, que os esclarecimentos sejam feitos por escrito. 
• Há uma diferença fundamental entre o laudo insuficiente e o laudo que precisa de esclarecimento. No 
primeiro caso, geralmente ocorre distorção ou omissão, no segundo caso, não. Ocorrendo a necessidade 
de esclarecimento, podem as partes e o próprio juiz ficarem satisfeitos com as explicações adicionais. 
• Não se trata, no caso, de fazer-se nova perícia, mas somente de objetivar respostas aos laudos. 
 
 25 
 
5.10.10. QUESITOS

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