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AULA MAGISTRAL MIGRAÇÃO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS
GRADUAÇÃO EM LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
 Sheyla Santiago
MIGRAÇÃO NO BRASIL: CONTEXTO HISTÓRICO E TENDÊNCIAS ATUAIS
Recife, 2013
Sheyla Santiago
	
MIGRAÇÃO NO BRASIL: CONTEXTO HISTÓRICO E TENDÊNCIAS ATUAIS
	Trabalho apresentado à coordenação do Curso de Geografia da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para obtenção de título de Licenciado em Geografia-UFPE.
 
 Orientador: Ruy Batista Pordeus
RECIFE, 2013
Sheyla Santiago
MIGRAÇÃO NO BRASIL: CONTEXTO HISTÓRICO E TENDÊNCIAS ATUAIS
	Trabalho apresentado à coordenação do Curso de Geografia da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para obtenção de título de Licenciado em Geografia-UFPE.
 BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Profº. Dr. Ruy Batista Pordeus
_____________________________________________________
_____________________________________________________
Recife, __/__/__
 LISTA DE FIGURAS
 AGRADECIMENTOS
 RESUMO
	
 ABSTRACT
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1 O CONCEITO DE MIGRAÇÃO
 
 O termo migração refere-se de forma genérica aos fenômenos de mobilidade espacial, isto é, ao deslocamento de contingentes humanos de uma região para outra, em caráter permanente ou temporário. O conceito se aplica tanto às transferências de população dentro das mesmas fronteiras políticas (migrações internas, ou intranacionais), quanto às que se efetivam através dessas fronteiras. Neste último caso, o fenômeno é chamado distintivamente de emigração e imigração, conforme seja considerado do ponto de vista da origem ou do destino (BRITO.,2006,P.10). 
 O fenômeno de migração ocorre desde que a humanidade era nômade e se deslocava a fim de buscar sobrevivência. Desde então os motivos para migrar são diversos e analisando a fundo esse processo pode se fazer uma divisão em duas categorias distintas: se um ou mais indivíduos sai de um local em direção a outro, ele se caracteriza pela condição de emigrante, em relação de onde saiu e ao chegar a outro município, região, país, ele será um imigrante (GOLGHER, 2001). 
 O fenômeno migração continua sendo comum em várias regiões do planeta, geralmente acompanhada de diversos motivos.
2 PRINCIPAIS MOTIVOS PARA MIGRAR
Questão Econômica
Um dos principais motivos para a migração é a questão econômica do dado local em que se encontra o indivíduo, o desemprego foco da (figura 1), a falta de oportunidade para o crescimento profissional, a impossibilidade de sobrevivência leva populações a migrarem ( ). 
Questão Natural
Desastres naturais é um motivo comum para migração, terremotos, atividade vulcânica (figura 2), tsunamis entre outros são os grandes causadores de migração pelo mundo ( ) 
 Fonte: ES.wikipidia.org
	
Questão Política
Fator comum de deslocamento de populações os problemas políticos como ditaduras militares, disputas entre partidos opositores, guerras civis entre outros acarretam a migração( ).
	Fonte: ES.wikipidia.org
Questão Religiosa 
 Perseguição religiosa foi um fator comum de migração, prosaico durante a reforma religiosa na Europa e repentino no oriente médio nos dias atuais (SOUZA, 1969). Na maioria das vezes a intolerância de convívio que se remete a grupos religiosos de visões distintas.
 FIGURA 4: CONFLITOS NA PALESTINA
	
CLASSIFICAÇÃO DE MIGRAÇÃO
 Segundo a ONU existem três variáveis para se classificar os tipos de migração.
Espaço
3.1.1 Migração internacional – que ocorre de um país para outro. 
3.1.2 Migração interna – que ocorre dentro de um mesmo país, subdividindo-se em: 
a) Migração inter-regional: que ocorre de um Estado para outro.
b) Migração intra-regional; que ocorre dentro do mesmo Estado.
3.2 TEMPO:
3.2.1 Migração definitiva – em que a pessoa passa a residir permanentemente no local para o qual migrou. 
Migração temporária – em que o migrante reside apenas por um período pré-determinado no lugar para o qual migrou.
3.3 Forma
3.3.1 Migração espontânea – quando o sujeito planeja, espontaneamente, migrar para outra região, seja por motivo econômico, político ou cultural. 
Migração forçada – quando o indivíduo se vê obrigado a migrar de seu lugar de origem, geralmente ocorrendo por catástrofes naturais, como, por exemplo, a seca que atingiu o nordeste brasileiro no final do século XIX. 
TIPOS DE MIGRAÇÃO
 4.1 Êxodo Rural 
 É a saída do campo para a cidade geralmente em busca de emprego e melhores condições de vida. O IBGE estima que entre 2015/2020 deve haver o fim do êxodo rural no Brasil, com, aproximadamente, 90% da população vivendo nas áreas urbanas. Silva (2001) destaca que 1/3 da população residente rural, segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicilio (PNAD, 2011) tem ocupações rurais não-agrícolas (ORNA) como: serventes de pedreiro, motoristas, caseiros, empregadas domésticas, etc. A Figura 4 mostra como foi o comportamento demográfico da população rural ao longo do tempo.
 
 [...]em decorrência da miséria no campo, a mudança para a cidade e o
 desemprego em atividades urbanas, mesmo em se tratando de atividades não
qualificadas, significam ascensão para o migrante. (CAVALCANTI, 2000,p.09)
 Migração Pendular
 A migração pendular é um fenômeno pelo qual milhares de pessoas saem de suas cidades para cumprir jornada de trabalho em outra cidade é comum em metrópoles. A sua cidade de moradia também é chamada de cidade dormitório, quando esta concentra menor contingente de trabalhadores, (OLIVEIRA 2005).
 Também é considerada uma migração pendular o deslocamento de trabalhadores de um país ao outro, conhecida como commuting. A migração pendular tornou-se mais comum conforme a expansão horizontal das metrópoles, aumentando a distância física da oportunidade de trabalho e de estudos para as pessoas.
 Segundo o Censo de 2000, o Brasil possuía cerca de 7,4 milhões de pessoas que trabalhavam ou estudavam fora de sua cidade diariamente, o que é mostrado na (figura 5) as quais necessitam de transporte para o trajeto diário e o metrô é considerado transporte de massa .
 Migração Sazonal
 
 Migração sazonal é aquela em que o migrante busca trabalho em outra área que não seja a de sua residência normal o que demonstrado na (figura 6), sendo que de modo geral os canaviais e os laranjais do estado de São Paulo são os grandes destinos dessa mão-de-obra temporária, contratada para o período de safra. Terminado este tempo, os migrantes retornam para suas regiões de origem, voltando a sua vida costumeira. “O tempo, agora, é compreendido pelo tempo da migração forçada, especialmente a temporária, mediante a permanência nas fazendas de usinas durante quase nove meses ao ano.”(SILVA, 1999, p.58)
	
 Fonte: stammerfotografia.wordpress.comstmmerfotografia.wordpress.comPRINCIPAIS FLUXOS DE MIGRAÇÃO NO BRASIL COLÔNIA 
 Quadro 1- Principais fluxos migratórios no Brasil
	Período
	Origem
	Destino
	Produto/Evento
	Séc. XVI e XVII
	Europa e África
	 Nordeste
	Cultivo de 
Cana de açúcar
	Séc. XVII e XVIII
	Europa, África, Nordeste e Sudeste
	
 Minas Gerais
	
Ouro e Mineração
	Séc. XIX 
	Europa e África
	Vale do Paraíba
 ( RJ e SP)
	Cultivo de café
Fonte: Andrade,G.,2011. 
 
 Os primeiros movimentos migratórios no Brasil foram de fora para dentro, ou seja, o fenômeno de imigração que começou no século XV , com as grandes navegações o Brasil foi descoberto pelos portugueses que se apropriaram do território e começaram o processo de colonização. Para tal um dos primeiros atos dos portugueses foi ocupar trazendo vários imigrantes. 
 De acordo com o quadro 1, o período que corresponde aos séculos XVI e XVII foi marcado pela imigração da população européia e africana, sendo essa última denominada como “migração-primitiva” ou forçada por se tratar da utilização da mão-de-obra negra não assalariada no plantio e produção da cana de açúcar no Brasil ( OLIVEIRA, 2006, p 12). 
 Os primeiros povoados de população não indígenas surgem em solo brasileiro, principalmente na costa nordestina, a partir da inserção dessa cultura no Brasil. Cabe salientar, que historicamente, esta cultura foi trazida da Índia, por colonos europeus e implementada no Brasil, configurando-se, então, como uma das principais economias da época, a qual atraiu populações de várias áreas.
A Migração no ciclo do ouro
 As migrações pelo território brasileiro estão associadas, como nota-se ao longo da história, a fatores econômicos, desde o tempo da colonização pelos europeus. Quando terminou o ciclo da cana-de-açúcar na região Nordeste e teve o início do ciclo do ouro, em Minas Gerais, houve um enorme deslocamento de pessoas em direção ao novo centro econômico do país (ALBUQUERQUE, 2001).
 Entre o século XVII e XVIII o território das Minas Gerais se tranformou num centro atrativo, para o trabalho nas minas de ouro e pedras preciosas era utilizados desde trabalhadores livres e homens livres como mostra a figura 8.
 Albuquerque (2001) salienta que no Brasil os migrantes que se destinavam a realizar atividade de extração eram originários de diversas regiões, porém com predomínio de nordestinos, em virtude da redução da atividade canavieira. Dessa forma, inicia-se a ocupação do centro do país, com transferência do núcleo principal da atividade econômica do Norte e Nordeste para o Centro e o Sul.
 
 FIGURA 8- CICLO DO OURO
	Fonte : infoescola.com
Migração no ciclo do café 
 Outro momento de relevância para a migração no Brasil foi no século XIX, a partir da consolidação do império no Brasil, um novo processo de migratório é desencadeado a partir da produção do café (figura 9), no Vale do Paraíba ( São Paulo/ Rio de Janeiro). De acordo com Furtado (1963), a ascensão da atividade cafeicultora acontece após um período de decadência de lavouras tradicionais como a cana de açúcar, algodão e tabaco, conferindo às regiões do Centro-Sul posição privilegiada no cultivo do café, que se torna o principal produto de exportação brasileira.
 Essa nova configuração econômica no Brasil faz a população se concentrar na região Sul e Sudeste, quando a mão de obra escrava é liberta essa mesma região torna-se centro de atração para imigrantes fugidos da guerra na Europa, dentre os povos que vem para o Brasil os italianos são maioria e substituem a mão de obra escrava.
FIGURA 9- CULTIVO DE CAFÉ
 Fonte: infoescola.com
 Com a decadência escravidão e substituição por trabalhadores assalariados advindos da Europa Patarra (2003,p.11) mostra que:
 No período em que cessou o tráfego negreiro, mas se manteve a escravidão (1850/1888), o comércio interno de escravos assumiu o papel de fornecedor de mão de obra, que tornou possível a rápida expansão da economia cafeeira em estados do Centro Sul nesse período. A partir de então, uma conjugação de fatores externos e internos, incluindo-se o esgotamento do estoque de escravos, conduziu a solução da imigração subsidiada de trabalhadores europeus, que se tornou a principal fonte de mão de obra para a cafeicultura.
 A autora salienta que, além dos aspectos mencionados, a imigração estrangeira ocorre com veemência neste período devido, também, à insuficiência de mão de obra, dado que a população em economia se subsistência era muita pequena para propiciar a quantidade suficiente à economia de mercado em expansão. A imigração estrangeira, para o cultivo do café, colaborou para configuração do chamado colonato do café, com implicações demográficas específicas e novas modalidades de reprodução dos grupos sociais envolvidos. 
 Segundo Albuquerque (2001) é em meados do séc. XIX que a cultura do café se desloca com mais força para o interior de São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto, seguindo posteriormente para o Paraná. Nesta época, o estado de São Paulo se destaca por absorver grande de migrantes tanto estrangeiros, como nacionais, estes últimos advindos de diferentes regiões do país. 
 Autores como Merrick e Granham (1981), apontam como principais motivos para esses substancias movimentos migratórios, de caráter inter- regional, os continuados declínios na economia do Nordeste, as secas, a alta mortalidade e as necessidades emergentes de mão de obra, para atender as demandas regionais. São os processos de ascensão e declínio dessas economias que se estrutura e se redistribui a população pelo território nacional.
MIGRAÇÃO NO SÉCULO XX
Quadro 2- Fluxos migratórios no Brasil do Séc. XX
	Período
	Origem
	Destino
	Produto/evento
	
Início do séc. XX
	 
 Nordeste 
	
 Amazônia
	Produção da borracha
	
Metade do séc. XX
	
 Nordeste
	São Paulo e Rio de Janeiro
	
 Industrialização
	Fim dos anos 50 do séc. XX
	Nordeste e
Sudeste
	
Goiás
	Construção de Brasília
	Anos 70 do séc. XX
	Nordeste e
Sudeste
	
Centro-Oeste
	Expansão da fronteira agrícola
	Segunda metade dos anos 80 do séc. XX
	
Metrópoles
	Médias e pequenas cidades
	Processo de desmetropolização
Fonte: Andrade, G.,2011	 
 O quadro acima trás o processo de migração durante o séc. XX no Brasil, demonstrando todos os períodos, origem e destino da população migrante. 
 
O ciclo da borracha 
 
 Ocorrido no fim do séc. XIX e começo do séc. XX a borracha foi o produto que levou milhares de migrantes de várias áreas do Brasil, principalmente os nordestinos, a migrarem para a Amazônia em busca do chamado ouro branco. 
 Com a descoberta do látex diversos migrantes saíram de suas terras em busca de oportunidade de emprego e qualidade de vida, dessa forma a Amazônia foi invadida por populações que tiveram grande importância para o crescimento econômico da região. No período mais intenso da exploração da borracha, entre 1860 e 1910, foram sendo criadas vilas nos altos rios à margem direita do rio Amazonas, ao mesmo tempo foi diminuindo o povoamento do vale do rio Negro que por volta de 1890 contava com apenas dezoito povoados dos trinta e dois existentes no final do século XVIII. Esse processo embora tenha se acentuado com a exploração do látex já aparece como tendência desde meados do século XIX. Barcellos, que teve grande importância por ter sido a primeira sede da Capitania, contava, em 1845, com apenas 72 habitantes, embora 50 anos antes a sua população tivesse atingido 640. Em todo o vale do rio Negro, em meados do século XIX, não havia mais de 7.000 habitantes não indígenas, com um decréscimo de aproximadamente 20% da população em 60 anos (Loureiro, 1978, p. 184).
Industrialização como fator de Migração
 Na metade do séc. XX começaa ocorrer o processo de industrilaização no Brasil, inicialmente no sudeste do país. Rangel (2005) considera que nosso processo de industrialização tem sua própria lógica interna, ou seja, inversa à ordem geral da industrialização em dois aspectos: baseada, sobretudo, nas substituições de importações em tempos de crise internacional e das indústrias leves para as pesadas. Tais fatos marcaram todo processo de industrialização brasileira. 
 No nosso caso [a industrialização] se manifestou através da modernização escalonada, isto é, setorial, de todo o organismo econômico, seguindo uma ordem fácil de determinar e que pode ser inferida de sua própria motivação primária, isto é, do fato de resultar de um esforço de substituição, a saber: uma ordem inversa. Noutros termos, nossa industrialização começou por onde, pela ordem natural das coisas, devera terminar, isto é, pelo suprimento interno de bens de consumo ou, mais precisamente, de bens finais, abordando, escalonadamente, através de sucessivos ciclos, os suprimentos de produtos e de infra-estrutura. (Rangel, 2005, p. 542).
 
 Com o processo de industrialização acelerada no sudeste do Brasil, ocorre novamente a migração para esse centro econômico, percebe-se a presença de migrantes nordestinos, que procuravam emprego, levando a um substancial presença nordestina no sudeste, principalmente no eixo São Paulo- Rio de janeiro ( Rangel, 2005).
 
Construção de Brasília como fator de migração
 Segundo Camargo e Abramovay (1998), as décadas de 50 e 60 caracterizaram-se como sendo os períodos de maior migração inter-regional do país. Nesta época houve um direcionamento dos fluxos migratórios para o Centro-Oeste, em virtude do deslocamento da capital do país, localizada no estado do Rio de Janeiro, para o estado de Goiás, onde se iniciava a construção de Brasília-DF.
 A mão de obra utilizada nesta construção foi em sua maioria provenientes das regiões Nordeste e Sudeste. De acordo com Paviani (2003), os inícios de Brasília são marcados por contradições, pois de um lado a cidade representava a visão do progresso e ao mesmo tempo refletia os contrastes das condições de vida dos trabalhadores operários encarregados da edificação da cidade. 
 Os imigrantes eram conhecidos como candangos (figura 10), termo tido com depreciativo, com o passar do tempo esse trabalhador tornou-se admirado no Brasil. 
 FIGURA 10- CANDANGOS NA CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA
	Fonte: Brasil.gov.br
Expansão da fronteira agrícola 
 Nos finais dos anos 60 e início dos anos 70, do século XX, outro fenômeno importante surge a desencadear novos fluxos migratórios internos, trata-se da expansão das áreas de fronteiras agrícolas, direcionadas principalmente para o Centro-Oeste. Os investimentos realizados pelo governo federal na fundação de Brasília, bem como em obras de infraestrutura, como os grande eixos rodoviários, impulsionaram a ocupação demográfica de áreas do Centro-Oeste. Assim, para Pichinin (2006), essas áreas passam a ser consideradas, de um modo geral, pelos poderes públicos, como uma “Região Solução” para a maioria dos problemas no Brasil. 
 
 
 (...) o território pouco povoado, a “disponibilidade” de terras e a possibilidade de se “avançar sempre para o Oeste” estimularam o avanço da fronteira agrícola que Representa um componente ideológico fundamental do consenso social, largamente manipulado pelos governantes(...) (PICHININ,2006, P.72)
 Dessa forma, os migrantes que se dirigiam para essas áreas eram provenientes das regiões Sudeste e, notadamente, do Nordeste, região de maior emigração do país, considerando os períodos analisados. Oliveira (2006) destaca que ale, do Centro-Oeste, as regiões Norte, Sul e o interior de São Paulo, também registram movimentos migratórios ocorridos em virtude da expansão agrícola. 
Anos 80 do século XX
 Andrade, G. (2011), aborda os anos 80 como o período em que os estudiosos tratam o fenômeno migratório no Brasil, que passa pro um processo de mudança na mobilidade espacial da população. “Aqueles movimentos que tinham, de modo geral, como características básicas migrações para os grandes centros, passaram a ter destinos as cidades médias e serem cada vez mais de curta duração” (OLIVEIRA, 2011, p.02). Desmetropolização seria, de acordo com Andrade, G.(2011), o termo utilizado para definir este novo processo que se intensifica a partir da década de 90. Segundo Brito (2009, p.15):
Na atual fase da transição demográfica, onde a fecundidade hoje alcança o nível de reposição, não há mais possibilidade de se gerar, nas tradicionais regiões de origem migratória, os mesmos excedentes populacionais do passado e, conseqüentemente, suas enormes transferências interestaduais. As condições demográficas se associam às econômicas e sociais, para tornarem as migrações menos prováveis e necessárias do que previa o antigo paradigma.
Este “antigo paradigma” tratado por Brito corresponde aos padrões migratórios que historicamente conduziram os fluxo de migrantes. Para ele:
O padrão migratório prevalecente anteriormente no Brasil é típico da transição demográfica, quando fecundidade alta e mortalidade em forte declínio possibilitavam altas taxas de crescimento populacional nos grandes reservatórios de mão-de-obra, como o Nordeste e Minas Gerais. Anteriormente, a transferência dos enormes excedentes populacionais para as áreas urbanas, somadas aos altos generalizados níveis de fecundidade, foram decisivos para a notável sincronia entre urbanização, concentração urbana e metropolização. ( BRITO,2009, p.16)
 Sendo assim, de acordo com as análises do autor, a busca do migrante pelas metrópoles, têm diminuído significativamente, a partir da década de 80, gerando uma redução na velocidade do crescimento dos grande aglomerados metropolitanos, com um redirecionamento de parte das migrações internas para as cidades médias não metropolitanas. 
 Esta mudança quanto ao sentido das correntes migratórias é apenas um dos exemplos dos novos eixos de deslocamentos populacionais no Brasil, outros como: inversão nas correntes principais, a redução da atratividade migratória exercida por São Paulo, aumento da importância dos deslocamentos pendulares e a migração de retorno constituem momentos importantes que marcam as novas formas de direcionamento da população no Brasil, rompendo assim com as antigas estruturas que permaneceram desde início do século XX, mostrando as mudanças ocorridas ao longo dos séculos das rotas de atração para os migrantes. Levando a uma nova configuração migratória pelo Brasil.
 
ATUAL CONFIGURAÇÃO DA MIGRAÇÃO NO BRASIL
 O Brasil do século XXI apresenta vários motivos para a migração, tais motivos tem como base a característica e finalidade do migrante. Uma pesquisa do PNAD (2001) foi elaborada para demonstrar as evidências empíricas dos motivos que levam a migração, para tal foi analisados dados como perfil etário, sexo, tipos de deslocamentos migratórios segundo origem e destino.
 
Quadro 3 – Distribuição dos migrantes, por sexo, segundo motivos declarados para o último deslocamento Brasil- 2001
	Motivos Declarados
	
Homens 
	
Mulheres
	
Total em %
	Total
	100,0
	100,0
	100,0
	Trabalho da pessoa
	34,7
	11,8
	23,1
	Estudo da pessoa
	2,7
	3,2
	2,9
	Saúde da pessoa
	1,6
	1,6
	1,6
	Moradia
	11,0
	9,4
	10,2
	Acompanhar a família
	39,6
	63,0
	51,5
	Dificuldade no relacionamento familiar
	
1,5
	
2,4
	
2,0
	Outro motivo
	8,9
	8,5
	8,7
	Ignorado
	0,1
	0,1
	0,1
 Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de domicílios- PNDA 2001.
 O quadro 3 apresenta um estudo sobre a distribuição dos migrantes a partir dos motivos que os impulsionaram a migrar, percebe-se que o maior motivo de migração é acompanhar a família que entre homense mulheres é mais de 50% dos migrantes, o trabalho é o segundo maior motivo declarado para migração, como na gênese a questão econômica impera no momento de decidir em migrar. A importância dos fatores microssociais como a necessidade de acompanhar a família já havia sido identificada por Ântico (1997) a partir dos dados da pesquisa de campo do projeto “Migrações, emprego e projeções populacionais” (PATARRRA et al., 1997). Por meio de entrevistas com os chefes de famílias migrantes residentes em 1993 no estado de São Paulo, identificou-se que trabalho e motivos relacionados a família constituíam-se as justificativas mais citadas para a mudança para o município em que residiam por ocasião da pesquisa.
Quadro 4- Distribuição dos migrantes, por região de residência, segundo motivos declarados para o último deslocamento Brasil- 2001
	Motivos Declarados
	
Norte
	
Nordeste
	
Sudeste
	
Sul
	Centro-
Oeste
	
RMRJ
	
RMSP
	Interior de SP
	Total
	100,0
	100,0
	100,0
	100,0
	100,0
	100,0
	100,0
	100,0
	Trabalho da pessoa
	
22,9
	
18,4
	
24,2
	
26,0
	
26,2
	
21,8
	
26,6
	
25,6
	Estudo da pessoa
	5,0
	3,1
	2,3
	2,8
	3,5
	1,6
	3,2
	1,6
	Saúde da pessoa
	1,2
	2,0
	1,4
	1,7
	1,4
	1,2
	1,0
	1,0
	Moradia
	6,8
	11,1
	11,3
	9,2
	7,3
	18,0
	14,6
	6,4
	Acompanhar a família
	
54,6
	
51,5
	
50,0
	
52,1
	
53,7
	
42,1
	
45,8
	
56,2
	Dificuldade no relacionamento familiar
	
2,4
	
2,3
	
1,8
	
1,7
	
1,8
	
3,1
	
1,8
	
1,1
	Outro motivo
	7,0
	11,7
	8,6
	6,5
	6,0
	10,9
	7,1
	8,1
	Ignorado
	0,1
	_
	0,3
	_
	_
	1,5
	_
	_
Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios- PNAD 2001.
 O quadro 4 trás uma abordagem a partir da região demonstrando assim 
O particular de cada área até atingir o geral. Percebe-se que os números gerais não se alteram sendo os principais motivos de migração o fato de acompanhar a família e a questão do trabalho.
Tendências migratórias atuais 
Com base no censo realizado no Brasil em 2000 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE), verifica-se o crescimento no número de estrangeiros e de naturalizados brasileiros que fixaram residência no país. Analisando somente a década de 1990, esse número dobrou nos últimos cinco anos dessa década em relação aos cinco primeiros anos ( Quadro 5).
 
 
 Migração nas regiões Brasileiras entre- 2000; 2004 e 2009
 De acordo com Oliveira (2004) o censo demográfico de 2000 confirmou algumas tendências já apontadas nos últimos anos da década de 1980 e 1990, no que compreende as migrações no Brasil. O autor disserta sobre o censo de 2000 que demonstrou que aproximadamente 3,3 milhões de pessoas haviam mudado de região, nos cinco anos anteriores. A pesquisa nacional de amostras por domicílio (PNAD), apontou que no ano de 2004, houve uma diminuição de 2,8 milhões, sendo revelado para o ano de 2009 que aproximadamente 2 milhões de pessoas haviam escolhido outra região para morar. 
 Encontra-se uma explicação no trabalho de Carvalho (2006), onde a justificativa para tal redução esta na melhoria de vida apresentadas na região Norte e Nordeste, bem como o crescimento das cidades médias em todas as regiões, com maiores oportunidades de trabalho, o que fez com que deslocamentos, antes mais comuns entre grandes regiões, fossem substituídos por uma migração de pequena distância, de caráter intra-regional. O quadro 6 trás dados sobre os deslocamentos entre as regiões brasileiras nos anos de 2000, 2004 e 2009.
Quadro 6 – Saldo migratório por grandes Regiões- 2000/2004/2009
	Regiões
	2000
	2004
	2009
	Norte
	62.685
	63.741
	- 35.159
	Nordeste
	- 764.048
	- 86.587
	-187.869
	Sudeste
	458.587
	- 215.308
	- 12.415
	Sul 
	- 19.195
	34.586
	98.853
	Centro-Oeste
	261.971
	203.568
	136.590
 Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009
 Os resultados visualizados no quadro 6 apontam uma possível reversão na tendência migratória, notadamente nas regiões Norte e Sudeste, que historicamente possuíam saldos, passaram a apresentar uma reversão desta convergência, tendo a região Sudeste como destaque que passou a possuir saldos negativos nos anos de 2004 e 2009. No entanto, a região sul passou a apontar nos últimos anos, situação de atração de migrantes, contrastando com os dados apontados no ano de 2000.
 A região Nordeste apresenta saldos negativos em todo período analisado conservando sua situação de centro de expulsão, porém, cabe identificar que a emigração destacada nessa área passou a ser em menor ritmo, o que reflete na diminuição dos saldos negativos no ano de 2004.
 Segundo Queiroz (2011) como fator importante, as trocas ocorridas atualmente entre as regiões, a perda da capacidade de atração populacional da região sudeste, a qual apresentou saldo negativo em 2004 e em 2009. Destaca que, mesmo que não seja possível identificar a região sudeste como perdedora de população, o que se pode afirmar é que a capacidade atrativa da região diminuiu significativamente, enquanto o Nordeste perde população com uma redução em relação ao passado.
8 MOTIVOS DE MIGRAÇÃO DE RETORNO: O CASO DO NORDESTE
 O nordeste brasileiro tem-se caracterizado como uma área de intensos fluxos emigratórios, considerado um centro de expulsão durante séculos. No centro dos motivos que levava os nordestinos a migrarem está a questão econômica que passou a se considerada estagnada após o declínio do açúcar, aliada a isso sempre houve diversas manifestações de desigualdades sociais, sobretudo os elevados níveis de desemprego nas áreas urbanas da região.
 Dados do censo de 2000 revelaram uma mudança no quadro histórico do Nordeste desde 2000, quando cerca de 1,335 mil indivíduos tomaram a decisão de regressar aos seus estados de origem entre os anos de 1995 e 2000. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de domicílios (PNAD) de 2004 cruzados com o censo de 2000 mostraram que pela primeira vez mais nordestinos saíram do que entram em estados como São Paulo e Rio de janeiro. Segundo Cunha; Baeninger (2000), o processo de desconcentração econômica, amparado pelas políticas de incentivo ao investimento industrial no Nordeste, influencia o comportamento de migração Nordestina, onde se destacam os fluxos de retorno. Na década de 90, a migração originada do nordeste reaquece o comportamento do período que se estende até os dias atuais,no qual se destacam os fluxos pra Sudeste e Centro-oeste. Nas últimas décadas percebe-se a construção de uma nova configuração regional, de que são exemplos os espaços produtivos modernos como o complexo petroquímico de Camaçari (BA), o pólo têxtil e de confecções de fortaleza (CE), o complexo mínero-metalúrgico de Carajás (MA), o pólo agroindustrial de Petrolina (PE)/ Juazeiro (BA), a fruticultura do Rio Grande do Norte e a pecuária intensiva no agreste pernambucano ( ARAÚJO,2000a).
 O quadro 7 abaixo demonstra os números dos fluxos de migração de retorno ao Nordeste segundo o PNAD de 2001.
Quadro 7- Distribuição dos migrantes, por principais origens de fluxos de retorno para o Nordeste, segundo motivos declarados para o último deslocamento Brasil-2001
Origem do Retorno
	Motivos declarados
	
Norte
	
Nordeste
	
Sudeste
Exceto SP
	
SP
	
Sul
	
Centro-Oeste
	
 %
 
	
Nº
Absolutos
	Total Nº absoluto
	
119.919
	
255,001
	
169,642
	
537,502
	
12,187
	
139,357
	
	
1,233.608
	
Total
	
100,0
	
100,0
	
100,0
	
100,0
	
100,0
	
100,0
	
100,0
	
	Trabalho da pessoa
	
21,3
	
20,0
	
18,3
	
22,2
	
24,9
	
13,2
	
20,1
	
248,128
	Estudo da pessoa
	
3,0
	
3,5
	
1,4
	
1,1
	
0,0
	
2,4
	
2,0
	
24,086
	Saúde da pessoa
	
4,7
	
1,3
	
3,8
	
3,2
	
0,0
	
3,6
	
3,1
	
37,698
	Moradia
	
9,0
	
10,1
	
12,0
	
12,513,7
	
8,9
	
11,2
	
137,779
	Acompanha a família
	
51,1
	
44,8
	
39,1
	
35,7
	
37,2
	
44,1
	
40,5
	
499,699
	Dificuldade no relacionamento familiar
	 
2,1
	
3,9
	
4,9
	
2,9
	
12,4
	
3,0
	
3,4
	
41,763
	
Outro motivo
	
8,8
	
16,5
	
20,6
	
22,5
	
11,8
	
24,8
	
19,8
	
244,455
Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD 2001.
 Valendo-se das observações do quadro 7 referentes à participação relativa de cada motivo, segundo fluxos de retorno, observa-se que acompanhar a família é o principal motivo de migração, como já foi assinalado para todos os demais fluxos estudados, em função das características do levantamento (realizado junto a todas as pessoas da família migrante). Considerando as áreas originárias dos fluxos de retorno, o peso desse motivo apresenta-se maior na região Norte, sendo observado cerca de 51,1% dos mais de 119 mil retornados a essa região. Nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, esse motivo foi apontado por cerca de 44% dos retornados, enquanto que, dos originados do estado de São Paulo, 35,7% apontaram esse motivo.
 O item trabalho é apontado como a segunda principal motivação para a migração de retorno, sendo informado 20,1% do total dos retornados, valor essa que assume valores um pouco mais altos dentre os da região sul, São Paulo e região Norte. 
 O fator moradia esta em terceiro lugar no motivo de migração, é notado que dos mais de 1,2 milhão de pessoas consideradas como migrantes de retorno ao Nordeste, mais de 11% apontaram esse motivo merecendo destaque em sentido regional o Sul.
 Estudo aparece com pequena importância o que pode ser entendido pela idade avançada dos migrantes de retorno e pelo relativo atraso do sistema educacional nordestino.
 O quadro 7 revela que uma das motivação mais citadas dentre as questionadas é a de outros motivos. Percebe-se que é citada pelo migrante de retorno ao Nordeste, em especial de áreas tradicionalmente receptoras de nordestinos, para lá deslocados por motivos de trabalho ou acompanhamento da família. Sendo assim os migrantes do Centro-Oeste declararam outros motivos para justificar o retorno; entre os que retornaram do Estado de São Paulo, a cifra equivalente é de 22,5%. 
 
 
Fonte: FEE (2001)
FIGURA 5 - INDICADOR DE ÊXODO RURAL
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FIGURA 7: MOVIMENTOS SAZONAIS
FIGURA 6: ESTAÇÃO SÉ DO METRÔ EM HORÁRIO DE PICO
Fonte: aprendizferroviario.wordpress.comaprendizrodoviario.wordpress.comaprendizferroviario.wordpress.comaprendizferroviario.wordpress.com
FIGURA 1: CHARGE SOBRE DESEMPREGO
Fonte: Ática, 2000. 
FIGURA 2: ATIVIDADE VULCÂNICA
FIGURA 3: GUERRA CÍVIL EM RUANDA
Fonte: ES.wikipidia.com

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