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1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA II PROF. DR. IVO DA COSTA DO ROSÁRIO TIPOS DE PREDICADO, PREDICAÇÃO VERBAL E COMPLEMENTOS VERBAIS Predicado verbal Predicado nominal Predicado verbo-nominal Celso Cunha Tem como núcleo, isto é, como elemento principal da declaração que se faz do sujeito, um VERBO SIGNIFICATIVO (pág. 135) É formado por um VERBO DE LIGAÇÃO + PREDICATIVO (pág. 132) Não são apenas os verbos de ligação que se constroem com predicativo do sujeito. Também verbos significativos podem ser empregados com ele. A este predicado misto, que possui dois núcleos significativos (um verbo e um predicado), dá-se o nome de VERBO-NOMINAL (pág. 137) Rocha Lima Exprime um fato, um acontecimento, ou uma ação, tem por núcleo um verbo, acompanhado, ou não, de outros elementos (pág. 238) Tem por núcleo um nome (substantivo, adjetivo ou pronome) (pág. 238) Predicado verbo-nominal ou misto tem dois núcleos: um, expresso por um verbo, intransitivo ou transitivo; outro, indicado por um nome, chamado, também, predicativo. A razão é que o predicado misto representa a fusão de um predicado verbal com um predicado nominal. Exprimindo um fato, encerra a definição de um ser. (pág. 239) Kury Quando tem como núcleo de sentido um VERBO de significação precisa, sozinho ou em locução verbal (pág. 26) Quando a informação que se dá acerca do sujeito – o seu verdadeiro predicado – está contida num NOME (adjetivo, locução adjetiva, substantivo ou equivalente) ou PRONOME, que de denomina PREDICATIVO; este se liga ao sujeito por intermédio de um verbo sem significação precisa, que por isso mesmo se chama VERBO DE LIGAÇÃO (pág. 26) É o predicado misto, que possui dois núcleos significativos, um VERBO e um NOME PREDICATIVO (pág. 26) Luft Tem por núcleo um verbo (pág. 30) Tem como núcleo, como elemento significativo um nome (substantivo, adjetivo, advérbio) ou um pronome (substantivo, adjetivo, advérbio) (pág. 30) É o predicado complexo, com um núcleo verbal e outro nominal. (pág. 30) Melo A frase verbal (oração de predicado verbal) traduz uma visão dinâmica, movimentada, cinematográfica do mundo. (...) É assim chamado porque nele, à diferença do predicado nominal, o verbo é que contém a significação substancial. (pág. 125) No predicado nominal, (...) não há verbo propriamente: a significação do predicado se encontra num nome (substantivo ou adjetivo) referido ao sujeito. (pág. 124) Trata-se de predicado constituído por um verbo, mas cujo significado só se completa, só se integra com um elemento tipo predicativo, chamado complemento-predicativo. Tal complemento-predicativo tanto pode referir-se ao sujeito como ao objeto, e distingue-se sempre do aposto circunstancial. (pág. 133) Ribeiro Núcleo é verbo intransitivo ou transitivo (pág. 245) Núcleo é nome ou pronome (predicativo do sujeito), e o verbo é de ligação (pág. 245) 2 núcleos. 1º) verbo transitivo ou intransitivo; 2º) predicativo do sujeito ou do objeto (direto ou indireto) – pág. 245 Obs: Cumpre distinguir dois casos (de predicado verbo-nominal): 1) O predicativo se refere ao sujeito da oração: O trem chegou atrasado. / 2) O predicativo se refere ao objeto direto e, mais raramente, ao indireto, exprimindo, às vezes, a consequência do fato indicado no predicado verbal: A Bahia elegeu rui Barbosa senador. / Todos lhe chamavam ladrão. 2 Verbo intransitivo Verbo transitivo direto Verbo transitivo indireto Verbo bitransitivo ou biobjetivo Celso Cunha “A ação está integralmente contida nas formas verbais (...) Tais verbos são, pois INTRANSITIVOS, ou seja, não TRANSITIVOS: a ação não vai além do verbo” (pág. 135) “A ação transmite-se a outros elementos (...) diretamente, ou seja, sem o auxílio de preposição. São por isso, chamados VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS, e o termo da oração que se lhes integra o sentido recebe o nome de OBJETO DIRETO” (pág. 136) “A ação expressa pelo verbo transita para outros elementos da oração indiretamente, isto é, por meio da preposição. (...) O termo da oração que completa o sentido de um verbo TRANSITIVO INDIRETO denomina- se OBJETO INDIRETO” (pág. 136) “A ação expressa pelo verbo transita para outros elementos da oração a um tempo, direta e indiretamente. Por outras palavras: estes verbos requerem simultaneamente OBJETO DIRETO e INDIRETO para completar-lhes o sentido” (pág. 137) Rocha Lima “Verbos há que são suficientes para, sozinhos, representar a noção predicativa. Chamam-se intransitivos” (pág. 239) (Objeto direto) É o complemento que, na voz ativa, representa o paciente da ação verbal. Identifica-se facilmente a) porque pode ser o sujeito da voz passiva; b) porque corresponde, na 3ª pessoa, às formas pronominais átonas o, a, os, as. O objeto direto indica: a) o ser sobre o qual recai a ação (Castigar os filhos); b)o resultado de uma ação (Construir uma casa); c) o conteúdo da ação (Discutir política) – pág. 243 (Objeto indireto) Representa o ser ANIMADO a que se dirige ou destina a ação ou estado que o processo verbal expressa. O objeto indireto pode figurar em qualquer tipo de predicado. Morfologicamente, caracteriza- se por vir encabeçado pela preposição a (às vezes, para) e corresponder, na terceira pessoa, às formas nominais átonas lhe, lhes. Sintaticamente, desaceita – salvo exceções raríssimas – passagem para a função de sujeito na voz passiva – pág. 248-249 - Kury “São os verbos que podem conter em si toda a significação do predicado sem acréscimo de complemento” (pág. 28) “São os verbos que têm seu sentido integralizado por um complemento não introduzido por preposição obrigatória, ou ocasionalmente pela preposição a, denominado OBJETO DIRETO” (pág. 30) “São os verbos que têm seu sentido integralizado por um OBJETO INDIRETO, isto é, um complemento que, quando substantivo, ou pronome substantivo, vem obrigatoriamente regido de preposição sem valor circunstancial” (pág. 30) “Outros verbos transitivos há que, em certas frases, além do objeto direto, requerem simultaneamente o acréscimo de outro complemento, o OBJETO INDIRETO, que, quando substantivo, vem obrigatoriamente precedido de preposição (a, mais raramente para), e que designa o ser a quem a ação beneficia ou prejudica” (pág. 31) Luft É o verbo de “predicação completa”, o que não necessita de “complemento”. (pág. 36) Tem o sentido completado por um objeto ‘direto’, assim chamado por se ligar ao verbo sem preposição. Pode-se verificar a transitividade direta (dos) verbos, convertendo-os em passivos. (pág. 34) É o verbo que requer um complemento (objeto) indireto, i.e., um nominal (sintagma substantivo) regido obrigatoriamente de preposição. (pág. 35) É o verbo que se constrói com dois complementos, um direto e outro indireto. (pág. 36) 3 * Celso Cunha • VERBO DE LIGAÇÃO - O verbo de ligação pode expressar (pág. 132-133): o Estado permanente (natural ou habitual): Eu sou tua sombra. o Estado transitório (estado adquirido): Você não anda um pouco fatigado pelo excesso de trabalho? o Mudança de estado (estado permansivo): Amaro ficou muito perturbado. o Continuidade de estado (aspecto durativo): Calada estava, calada permaneceu. o Aparência de estado (aspecto aparente): Ela parecia uma figura de retrato. • “Os verbos de ligação (ou copulativos) servem para estabelecer a união entre duas palavras ou expressões de caráter nominal. Não trazempropriamente ideia nova ao sujeito; funcionam apenas como elo entre este e o seu predicativo” (pág. 133) • “Como há verbos que se empregam ora como copulativos, ora como significativos, convém atentar sempre no valor que apresentam em determinado texto a fim de classificá- los com acerto” (pág. 133) Verbo copulativo Verbo significativo Estavas triste. Estavam em casa. Andei muito preocupado. Andei muito hoje. Fiquei pesaroso. Fiquei no meu posto. Continuamos silenciosos. Continuamos a marcha. * Rocha Lima • COMPLEMENTO RELATIVO – “É o complemento que, ligado ao verbo por uma preposição determinada (a, com, de, em etc.) integra, com o valor de objeto direto, a predicação de um verbo de significação relativa. Distingue-se nitidamente do objeto indireto pelas seguintes circunstâncias: a) Não representa a pessoa ou coisa a que se destina a ação, ou em cujo proveito ou prejuízo ela se realiza. Antes, denota, como o objeto direto, o ser sobre o qual recai a ação. b) Não corresponde, na 3ª pessoa, às formas pronominais átonas lhe, lhes, mas às formas tônicas ele, ela, eles, elas, precedidas de preposição: assistir a um baile; depender de despacho; precisar de conselhos; anuir a uma proposta; gostar de uvas; reparar nos outros” (pág. 252) • COMPLEMENTO CIRCUNSTANCIAL – “Complemento de natureza adverbial – tão indispensável à construção do verbo quanto, em outros casos, os demais complementos verbais (pode ser preposicionado ou não)”. É expresso: a) por um nome regido das preposições a ou para, indicativas de direção: Irei a Roma; b) por um nome sem preposição, ou com ela, que exprime tempo, ocasião: Viver muitos anos / Trabalhar toda a vida. c) Por um nome sem preposição, que indique peso, preço, distância no espaço e no tempo: Pesar dois quilos / Valer uma fortuna / Custar mil cruzeiros / Recuar três léguas / Envelhecer vinte anos.” (pág. 252-253) * Kury • VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS - “Os verbos transitivos diretos, quando pessoais (isto é, com sujeito), possuem as seguintes características próprias” (pág. 30): o Exprimem ação e, por isso, têm um AGENTE, que na VOZ ATIVA é o sujeito da oração. o O seu objeto direto representa o ser que, recebendo a ação, é o seu PACIENTE. o Pelo fato mesmo de possuírem agente e paciente (este sem preposição necessária), admitem, além da construção habitual, a ‘voz ativa’, outra forma, a ‘voz passiva’, em que o paciente passa a exercer a função de sujeito. 4 • OBJETO INDIRETO - Recebe o nome de objeto indireto o termo da oração que, sem caracterização lógica perfeitamente definida, pode exprimir” (pág. 47-48) o O ser para o qual se dirige a ação de um verbo transitivo indireto, podendo ter, pois, neste caso, valor análogo ao do objeto direto – Gosto de música (= Aprecio músico). o Nos verbos bitransitivos, o ser a quem se destina o objeto direto: Entreguei o livro ao aluno. o O ser em benefício ou em prejuízo de quem se realiza a ação: Falou carinhosamente a todos. o O ser em que se manifesta a ação: Aconteceu a fulano uma desgraça. o O possuidor de alguma coisa: Beijou as mãos à dama. • “Convém notar que a existência obrigatória de preposição no objeto impede que os verbos transitivos indiretos se construam na voz passiva analítica, o que é próprio dos transitivos diretos. Uns poucos verbos, atualmente transitivos indiretos, admitem, entretanto, a voz passiva, muitas vezes pelo fato de se construírem, no português antigo, como transitivos diretos. Tais são, por exemplo, obedecer, perdoar, pagar, visar etc.” (pág. 31) • VERBOS TRANSITIVOS RELATIVOS - Pelo fato de não corresponder (em alguns casos) a LHE, LHES, autores como Rocha Lima preferem criar nova categoria de verbos, os ‘transitivos relativos’, e a esse complemento denominam ‘complemento relativo’. Gladstone Chaves de Melo, seguindo nisso Sousa da Silveira, também se limita a considerar objeto indireto ‘o complemento que indica o ser em favor do qual ou em relação ao qual se realiza a ação expressa pelo verbo; ... quando representado por um sustantivo, vem regido da preposição a (ou para), podendo ser substituído pelo pronome lhe ou lhes’. A complementos como ‘em ti’, na frase ‘Uma noite eu pensava em ti’, diz que é um ‘complemento verbal sem nome especial’. Nem doutrinária, nem, muito menos, didaticamente, nos parece aconselhável tal separação; em primeiro lugar, não se fez ainda, em nossa língua, o estudo definitivo que está por merecer o objeto indireto (...); e a presença obrigatória de preposição sem valor circunstancial é suficiente para a caracterização estrutural dessa função sintática” • VERBOS TRANSITIVOS ADVERBIAIS - “Certos verbos de movimento ou de situação (como chegar, ir, partir, seguir, vir, voltar; estar, ficar, morar, etc.), quando pedem um COMPLEMENTO ADVERBIAL DE LUGAR que lhes integre o sentido, embora tradicionalmente classificados como intransitivos, devem ser considerados transitivos, desde que se entenda por TRANSITIVIDADE a necessidade de um complemento ‘que vem acabar uma ideia insuficiente em si mesma’ (A. Sechehaye, de quem transcrevemos a passagem a seguir, que subscrevemos integralmente): ‘Chama-se na gramática tradicional ‘verbo transitivo’ a qualquer verbo que é comumente seguido de um objeto direto, como tomar, comprar, trazer, etc. (...) Há, como o fizeram notar os que se ocuparam da terminologia escolar, uma quantidade de verbos que não são seguidos de objeto direto e que nem por isso estão menos estreitamente unidos ao seu ‘objeto’: servir-se de, aspirar a etc. Estes verbos (...) têm necessidade do seu complemento como de uma determinação que vem acabar uma ideia insuficiente em si mesma. (...) Ora, se definirmos a transitividade pela incompletação da ideia principal, vemos logo abrir-se diante de nós uma perspectiva muito mais ampla. Os verbos transitivos já não serão necessariamente verbos de ação que pedem um objeto, no sentido especial do termo. (...) Levando em conta esse fato, vários autores têm incluído esses verbos entre os transitivos: José Oiticica os denomina “verbos adverbiados”; Rocha Lima lhes chama “transitivos circunstanciais”; Evanildo Bechara sugere o nome “transitivos adverbiais”, observando que, numa oração como “Irei à cidade”, à cidade é COMPLEMENTO, e não ADJUNTO. Antenor Nascentes, embora os inclua entre os intransitivos, adverte: ‘Tratando-se de verbos intransitivos de movimento, o complemento de direção não pode ser considerado elemento meramente acessório.’ Considerando esses motivos, incluímos entre os verbos transitivos os ADVERBIAIS. Exemplos: ‘Ela IA à igreja todas as manhãs.’; ‘MORO no Rio de Janeiro.’; ‘O Presidente VOLTOU da China.’” (pág. 32-33) • Complemento adverbial – “É o termo de valor circunstancial que completa a predicação de um verbo transitivo adverbial. É expresso por um advérbio, locução ou expressão adverbial” (pág. 50): Onde estavas? / Venho de casa. / Fique aí. / Vou lá agora. • Objeto direto preposicionado: “Eis os principais casos em que ocorre o objeto direto preposicionado” (pág. 45-46): o a) em certas expressões da língua em que aparecem substantivos próprios: Louvemos a Deus; o b) quando o substantivo indica pessoa: Estimo a meus pais; 5 o c) quando é pronome pessoal tônico (uso obrigatório): Ofendeste a ele, não a nós; o d) com pronomes substantivos demonstrativos, indefinidos, interrogativos: Apreciei mais a este. / Ofendeu a todos. / A quem preferes? o e) com pronome de tratamento: Muito estimamos a Vossa Senhoria. o f) com numerais substantivos: Aprovei a ambos. o g) quando vem antecipado: Aos maus, não os temo. o h) para evitar ambigüidade: Venceram aos chineses os japoneses. / Respeitava-o como à sua mãe. o i) na expressão de reciprocidade um ao outro: Amai-vos uns aos outros. • Duplo objeto indireto - “Em casos bastante limitados, podemaparecer dois objetos indiretos referidos ao mesmo verbo. Isso ocorre, por exemplo” (pág. 49): 1º) Em virtude de um cruzamento de regência, com verbos como ajudar, ensinar (um dos verbos é oracional) – Ajudei-lhes a pôr o selo e despedimo-nos. 2º) Pelo uso simultâneo de dois objetos indiretos de valor diverso – Só hoje lhe respondo à carta de janeiro findo. * Henriques Tipos de predicado Tem verbo de ligação? Tem predicativo? PN sim sim PV não não PVN não sim • Objeto direto preposicionado – Nas horas difíceis, só consultavam a mim / Estamos hospedando a quem agora? / Ao Guarani venceu recentemente a Ponte Preta. / Enalteço a Deus por gratidão / Ao povo ninguém engana – pouco... / Essas medidas beneficiarão a todos. / Os filhotes iam comendo do prato da mãe. / Os bravos soldados cumpriram com o seu dever. • Objeto direto interno – Sonhei que estava sonhando um sonho sonhado. / Meus filhos dormiam um sono tranquilo. o “Verbos intransitivos podem trazer complemento representado por substantivo do mesmo radical, contanto que este venha acompanhado de adjunto” (Rocha Lima, pág. 248) • Objeto direto pleonástico – Os meus votos, os derrotados pretendem anulá-los. / Aos eleitos desejamos a eles sucesso e honestidade. • Duplo objeto indireto – O infeliz vivia se desculpando de sua fraqueza aos amigos. • Objeto indireto de interesse – Nunca me apareças aqui sem avisar. o Tabela das funções dos pronomes Átonos (ou clíticos) Tônicos (acompanhados obrigatoriamente de preposição) o/a/os/as – sempre objeto direto Prep + mim/ti/si/ele(s)/ela(s)/nós/vós – objeto direto preposicionado ou objeto indireto (conforme o verbo) lhe/lhes – sempre objeto indireto me/te/se/nos/vos – objeto direto ou indireto (conforme o verbo) 6 * Luft • TRANSITIVIDADE - “O epíteto de transitivo, do latim transire ‘passar’, era dado aos verbos de predicação incompleta, porque tais verbos podem ‘passar’ para a voz passiva, com o objeto (acusativo) transformado então em sujeito (nominativo). Já os intransitivos são permitiam essa ‘transição’ ou ‘passagem’. Na conceituação atual, vê-se que tal definição etimológica não serve mais, já que, a rigor, só o transitivo direto é transformável em passivo; ‘a rigor’ porque também há passivação de transitivos indiretos... Alguns interpretam: verbo transitivo é aquele em que a ação ‘passa’ direta ou indiretamente a um complemento” (pág. 33) • “Alguns verbos transitivos não admitem voz passiva, ou por serem impessoais (Há problemas. Faz calor), ou por terem já sentido passivo (Levou uma surra), ou ainda por não comportarem ideia passiva (Minha terra tem palmeiras / A mala pesa vinte quilos / A casa custa uma fortuna / O incêndio durou uma hora). (pág. 34-35) • VERBOS TRANSITIVOS INDIRETOS - “Podemos distinguir três tipos de verbos transitivos indiretos” (pág. 35): o Verbos como acudir, agradar, agradecer, aprazer, escrever, falar, interessar etc. que pedem complemento regido de a, transformável em lhe. São semelhantes aos transitivos diretos: há um agente e um paciente (permitindo, alguns, o apassivamento: o pai é obedecido, o médico foi pago, o infrator foi perdoado). o Verbos que, exigindo complemento regido de preposição obrigatória, não admitem, normalmente, apassivação, nem pronome lhe (mas ele regido de preposição): com a preposição a (aludir, aspirar, assistir etc.); com a preposição de (arrepender-se, carecer, depender, duvidar, desconfiar, gostar etc.); com a preposição em (incorrer, insistir, pensar, reparar, recair etc.). o Verbos que se completam com um locativo que não pode ser considerado ‘adjunto’ (adverbial de lugar) e sim ‘complemento’: morar/residir em; ir para; chegar a; entrar em/sair de etc. • VERBO TRANSITIVO-PREDICATIVO – “Verbo que tem objeto direto e um predicativo para este, constituindo o predicado (complexo) verbo-nominal: a gente – julga – alguém – X (X = sintagma substantivo, sintagma adjetivo, sintagma preposicional – na função de predicativo); outros verbos: considerar, achar, crer, supor, declarar; chamar, apelidar, tachar; fazer, criar, tornar etc.” (pág. 36) • “A transitividade e a intransitividade, ou predicação verbal, para grande parte dos verbos, manifesta-se alterada no discurso (pág. 37): 1) verbos transitivos podem ser usados intransitivamente, por omissão do(s) objeto(s): Ele já não bebe. / Quem está falando? / Ouço perfeitamente. 2) Verbos intransitivos podem ser usados transitivamente. Ele viveu uma vida pacata. / Morreu de morte violeta. / Chorou lágrimas de sangue. 3) Alguns verbos intransitivos podem receber objeto indireto. Quem é que lhe sucede? / Aconteceu-lhe um desastre / Sobreveio-lhe uma doença. 4) O mesmo verbo pode apresentar regência variada. Ajudei-o ou Ajudei-lhe. * Melo • Objeto indireto – “É o complemento verbal que indica o ser em favor do qual ou em relação ao qual se realiza a ação expressa pelo verbo. Corresponde ao dativo latino” (pág. 127). “Entendemos que é imprescindível manter nítido o verdadeiro conceito de objeto indireto, para que o discente o identifique perfeitamente com o dativo latino. Confundindo-se todos os complementos preposicionados sob o nome genérico de objeto indireto, não vemos bem como se possa levar o aluno a reconhecer prontamente o dativo em latim” (pág. 133) 7 * Bechara • ESTRATÉGIAS PARA A IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO – Em primeiro lugar, o sujeito pode ser substituído pelos pronomes sujeitos ele, ela, eles, elas, que marcam o gênero e o número do substantivo sujeito. Além disso, o sujeito está em concordância com o verbo em número e pessoa. O sujeito responde às perguntas quem (se for pessoa) e que ou o que (se for coisa) feitas antes do verbo. Ex: O caçador feriu o leão. Quem feriu? (pág. 34) • ESTRATÉGIAS PARA A IDENTIFICAÇÃO DO OBJETO DIRETO – O objeto direto pode ser substituído pelos pronomes átonos o, a, os, as, que marcam o gênero e o número do substantivo objeto direto. Na transformação da voz ativa para a passiva, o sujeito passa a agente da passiva precedido da preposição por, e o objeto direto passa a sujeito, à esquerda do verbo. Outra estratégia é verificar que o objeto direto responde às perguntas a quem? (para pessoa) e que ou o que? (para coisa) feitas depois do verbo. Ex: O tiro acertou o muro. O tiro acertou o quê? (pág. 35) • COMPLEMENTO RELATIVO x OBJETO INDIRETO o Complemento relativo: a) possibilidade de acompanhamento por qualquer preposição exigida pela significação do verbo; b) impossibilidade de se substituir o complemento preposicionado pelo pronome pessoal átono lhe: a construção só é possível mediante pronome pessoal tônico ele, ela, eles, elas (com marca de gênero e número do substantivo substituído) precedido da preposição pedida pelo verbo. (pág. 37) Ex: Diva gosta de Teresópolis. o Objeto indireto: a) denota o destinatário ou beneficiário do processo designado pelo verbo; b) há o aparecimento exclusivo da preposição a (raramente para) como introdutor de tais complementos; c) possibilidade de se substituir este complemento verbal preposicionado pelo pronomes pessoal átono lhe, que marca apenas o número do substantivo comutado. (pág. 37). Ex: O escritor dedicou o romance à sua esposa. • PREDICADO COMPLEXO COM DOIS COMPLEMENTOS o “O objeto indireto pode ocorrer com complemento relativo, de modo que teremos aqui dois complementos verbais preposicionados” (pág. 39): O professor queixou- se da turma ao diretor. o “Mais rara é a concorrência de objeto direto com complemento relativo caso em que o complemento relativo”. (pág. 39). Ex: Os rapazes disseram verdades da vizinha. Referências bibliográficas: BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003. CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley. A NovaGramática do Português Contemporâneo. 3ª edição revista. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. HENRIQUES, Cláudio Cezar. Sintaxe Portuguesa para a linguagem culta contemporânea. Rio de Janeiro: Oficina do autor, 2003. KURY, Adriano da Gama. Novas lições de análise sintática. São Paulo: Ática, 2003. LUFT, Celso Pedro. Moderna Gramática Brasileira. São Paulo: Globo, 1998. MELO, Gladstone Chaves de. Gramática Fundamental da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 2001. RIBEIRO, Manoel Pinto. Nova gramática aplicada da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Metáfora, 2004. ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999. ******************************************** Material organizado pelo Prof. Dr. Ivo da Costa do Rosário (UFF)
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