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ESTUDO DIRIGIDO Antropologia

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Antropologia – estudo dirigido 
 
 
Material de disciplina 
 
ZUCON, Ota vio; BRAGA, Geslline. Introdução às culturas populares no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013 
Vídeoaulas 1 a 6 
Rotas de Aprendizagem 1 a 6 
 
Neste breve resumo, destacamos a importa ncia para seus estudos de alguns temas diretamente relacionados ao 
contexto trabalhado nesta disciplina. Os temas sugeridos abrangem o conteu do programa tico da sua disciplina nesta 
fase e lhe proporcionara o maior fixaça o de tais assuntos, consequentemente, melhor preparo para o sistema 
avaliativo adotado pelo Grupo Uninter. Esse e apenas um material complementar, que juntamente com a Rota de 
Aprendizagem completa (livro-base, videoaulas e material vinculado) das aulas compo em o referencial teo rico que 
ira embasar o seu aprendizado. Utilize-os da melhor maneira possí vel. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atença o! 
 
Esse material e para uso exclusivo dos estudantes da Uninter, e na o deve ser publicado ou 
compartilhado em redes sociais, reposito rios de textos acade micos ou grupos de mensagens. O 
seu compartilhamento infringe as polí ticas do Centro Universita rio UNINTER e podera implicar 
em sanço es disciplinares, com possibilidade de desligamento do quadro de alunos do Centro 
Universita rio, bem como responder aço es judiciais no a mbito cí vel e criminal. 
 
 
 
Sumário 
 
 
Tema: Conceito de Cultura ................................................................................................................................................ 4 
Tema: Evolucionismo e Etnocentrismo e Relativismo Cultural ..................................................................................... 6 
Tema: Cultura de Massas e Cultura Popular .................................................................................................................... 9 
Tema: Globalizaça o, Mundializaça o e Cultura ............................................................................................................... 10 
Tema: Patrimo nio imaterial ............................................................................................................................................ 12 
Tema: Religiosidade e Tradiça o ...................................................................................................................................... 15 
Tema: Mitos, lendas e o folclore brasileiro .................................................................................................................... 17 
Tema: Folkcomunicaça o, Mu sica e Identidade .............................................................................................................. 20 
Tema: Conhecimento Popular e Regionalismo .............................................................................................................. 23 
 
 
 
Tema: Conceito de Cultura 
E comum sermos levados a crer que europeus ou norte-americanos sa o mais “desenvolvidos” que 
no s, brasileiros, tanto em termos econo micos quanto culturais. Esse tipo de concepça o deriva, em 
boa parte, de uma compreensa o do social baseada fundamentalmente no desenvolvimento 
material. Assim, regio es ou paí ses considerados economicamente pobres acabam por ser 
entendidos como culturalmente pobres. No entanto, segundo a Antropologia, a “cultura” define-
se como um conjunto de saberes, comportamentos, crenças e costumes adquiridos e transmitidos 
por um processo coletivo de aprendizagem. Sendo assim, povos que na o possuem escrita ou que 
na o apresentam padro es de organizaça o econo mica como a dos paí ses industrializados 
ocidentais, tambe m seriam produtores de “cultura”, segundo a definiça o antropolo gica. Julgar 
uma sociedade a partir de para metros oriundos de outro agrupamento social e o que os 
antropo logos chamam de “etnocentrismo”. 
 
--- 
 
Para alguns autores, a ana lise das sociedades humanas em sua diversidade pode tambe m enfocar 
as relaço es entre antropologia e histo ria. Um estudo cla ssico nessa direça o e Casa Grande e 
Senzala, livro escrito por Gilberto Freyre em 1933. Esse autor, ao tentar compreender a formaça o 
da sociedade brasileira, analisou o processo de colonizaça o de nosso paí s, problematizando as 
relaço es entre culturas indí genas, europeias e africanas – e as heranças resultantes dessa mistura 
– a luz das abordagens histo rica e antropolo gica. Nesse sentido, a cultura estabeleceria ví nculos 
com a dina mica das sociedades, com base em suas transformaço es no tempo e nos contatos com 
o outro. A cultura de um povo sofre alteraço es ao longo do tempo por conta, de um lado, dos 
contatos com outras populaço es (seus ha bitos e crenças) e, de outro, dos pro prios processos 
internos de mudança econo mica ou polí tica que afetam os valores daquela sociedade. Assim, o 
contato entre europeus, indí genas e africanos, durante o processo de colonizaça o brasileiro, 
gerou alteraço es nas culturas origina rias desses grupos, com trocas de saberes e pra ticas, 
produzindo, dessa forma, uma cultura propriamente brasileira, com elementos em constante 
troca e transformaça o. 
 
--- 
 
“E difí cil definirmos cultura de modo u nico, visto que esta abrange diversas acepço es. Em linhas 
gerais, podemos definir esse termo como o conjunto de saberes, comportamentos, crenças e 
costumes adquiridos e transmitidos por um processo coletivo de aprendizagem”. Existem 
inu meras formas de desenvolvimento do conhecimento, uma delas e o conhecimento popular, a 
cultura popular, que se desenvolve no cotidiano das pessoas, passa de geraça o em geraça o e 
permanece em muitas famí lias como costumes enraizados na rotina, que caminham com muitos 
outros conhecimentos adquiridos ao longo dos anos. Na o e possí vel afirmar que a medicina 
popular invalida a medicina tradicional, e possí vel observar que no Brasil as duas formas de 
tratamento para enfermidades caminham juntas. A utilizaça o de diversos sistemas de 
conhecimento e muito comum na cultura brasileira. Por exemplo para tratar um resfriado e 
comum que muitos brasileiros optem por tomar diversos tipos diferentes de cha , ou de xaropes 
e produtos de medicina popular ao mesmo tempo que tambe m optam por tratar da enfermidade 
com reme dios da medicina tradicional. 
 
--- 
 
E comum sermos levados a crer que europeus ou norte-americanos sa o mais “desenvolvidos” que 
no s, brasileiros, tanto em termos econo micos quanto culturais. Esse tipo de concepça o deriva, em 
boa parte, de uma compreensa o do social baseada fundamentalmente no desenvolvimento 
material. Assim, regio es ou paí ses considerados economicamente pobres acabam por ser 
entendidos como culturalmente pobres. Esse entendimento equivocado costuma desconsiderar 
que aqueles indiví duos que na o sabem ler ou escrever, por exemplo, tambe m te m sua pro pria 
cultura. Uma das mais importantes misso es da antropologia e desfazer esse tipo de perspectiva, 
levando-nos a compreender que qualquer indiví duo ou grupamento humano e , antes de tudo, 
cultural. Outro desdobramento fundamental dos estudos antropolo gicos e permitir-nos observar 
que a cultura e um dos principais elementos de diferenciaça o das sociedades, ou seja, cada grupo 
apresenta uma dina mica interna – maneiras de pensar, fazer e interpretar o mundo a sua volta – 
que e compartilhada entre seus membros e com outros grupos. ZUCON, O.; BRAGA, G. G. 
Introdução às Culturas Populares do Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 12, capí tulo 1, 
adaptado. 
 
 
Tema: Evolucionismo e Etnocentrismo e Relativismo Cultural 
Esse tipo de concepça o prevaleceu nos meios cientí ficos e no imagina rio social ate o iní cio do 
se culo XX, ganhando força tambe m pela influencia das teorias deterministas, como o 
Evolucionismo, segundo as quais a humanidade, apesar de u nica, apresentava escalas diferentes 
de "evoluça o". As populaço es anteriormente consideradas "selvagens" passariam ao estatuto de 
"primitivas", o que significava dizer que representariam uma fase anterior do desenvolvimento 
cultural da espe cie humana, como se ainda na o tivessem passado ao estado de "civilizados". O 
paradigma evolucionista, muito popular ate o iní cio do se culo XX, foi em grande parte 
abandonado pela Antropologia atual por conta de seu cara ter etnoce ntrico, ou seja, por conta da 
desconsideraça o das particularidades sociais e culturais de cada povo e sociedade. Ao conceber 
a histo ria como um “caminho u nico”, o evolucionismo hierarquiza as culturas de acordo com a 
proximidade destas em relaça o ao ideal de “progresso” dos paí ses industriais, deixando de lado 
as noço es particulares que cada sociedade possui a respeito do que significa “progredir”. 
 
--- 
A partir da virada do se culo XIX para o XX, o evolucionismo passou a ser mais sistematicamente 
contestado, ocorrendo uma transformaça o tanto nas concepço es quanto nos me todos de 
trabalho dos antropo logos. Com essa transformaça o, um elemento essencial se colocava em 
pauta: para compreender outras culturas, e preciso vivencia -las de maneira direta, ou seja, entrar 
em contato com os grupos sociais que se pretende estudar. Com base nessa premissa, surgiu o 
que se chama ate hoje de pesquisa de campo. A pesquisa de campo permite romper com teorias 
demasiadamente etnoce ntricas, como o evolucionismo, ao frisar a necessidade de que o 
pesquisador se insira fisicamente entre os membros do grupo pesquisado, a fim de captar a lo gica 
interna e contextual daquela cultura e de utilizar os pro prios referenciais “nativos”, como mitos 
e rituais, em suas descriço es. O produto final da pesquisa de campo deve ser um retrato, portanto, 
da singularidade das culturas, e na o o estabelecimento de hierarquias entre elas, como fazia o 
evolucionismo ate o iní cio do se culo XX. 
 
--- 
 
Estudar uma sociedade e penetrar num mundo que, se, de um lado, pode parecer familiar, de 
outro, pode ser muito diferente. Outra definiça o que nos estimula a pensar nessa direça o nos e 
dada pela antropo loga Ruth Benedict, ao propor que a cultura e “uma lente atrave s da qual o 
homem ve o mundo”. Uma das caracterí sticas universais das sociedades humanas e o 
“etnocentrismo”, ou seja, o fato de julgarmos os fatos do mundo natural ou social a partir de 
crite rios culturais pro prios e especí ficos a nossa cultura. Isso faz com que os ha bitos, pra ticas e 
valores alheios sejam vistos como algo “exo tico” ou radicalmente “diferente” dos nossos. O 
estranhamento e , assim, um produto do etnocentrismo, ou seja, de enxergarmos o mundo atrave s 
da “lente” de nossa cultura. 
 
--- 
 
O Etnocentrismo po e como central a forma como um indiví duo ve o mundo e e com base nessa 
perspectiva que esse indiví duo julga e enxerga as demais culturas. Isso cria conflitos e 
distanciamentos entre pessoas, grupos e classes sociais e faz com que determinados grupos se 
considerem "melhores" e se sintam no direito de menosprezar o outro. Por exemplo, a noça o de 
progresso e elaborada com base em referenciais que estabelecem um ponto a que todos os povos 
deveriam chegar, em termos de desenvolvimento econo mico e intelectual. A noça o de “progresso” 
pode ser considerada uma noça o etnoce ntrica por ser definida em funça o dos valores, ha bitos e 
pra ticas das sociedades industriais do mundo ocidental, como Estados Unidos e Europa, por 
exemplo. Sendo aplicada a contextos sociais diversos, essa definiça o acaba por hierarquizar as 
diversas culturas quanto ao grau de proximidade em relaça o ao ideal de “progresso” estabelecido 
por aquelas sociedades. O resultado final desse processo e a classificaça o – etnoce ntrica – de 
alguns paí ses como “desenvolvidos” e de outros, como “subdesenvolvidos”, desconsiderando as 
particularidades sociais e culturais de cada um. 
 
--- 
 
Existem no Brasil dezenas de matrizes religiosas (catolicismo, protestantismo, espiritismo, 
islamismo, budismo, umbandismo, entre inu meras outras) e, apesar de a concepça o geral das 
religio es prever a existe ncia de um Deus, essa "força superior" e compreendida de maneiras 
diversas, e cada matriz religiosa relaciona-se ritualmente tambe m de va rias formas. Contudo, na o 
e incomum encontrarmos pessoas que valorizam sua religia o e menosprezam ou criticam as 
outras, sem, no entanto, conhece -las na pra tica. Etnocentrismo significa a tende ncia que temos a 
julgar o outro segundo os nossos pro prios para metros culturais, quer dizer, os para metros do 
grupo social ao qual pertencemos e em que fomos socializados. A atitude destacada no trecho da 
questa o ilustra essa tende ncia etnocentrista no confronto com experie ncias religiosas alheias: 
norteado pelos valores de sua pro pria religia o e desconhecendo em grande parte a lo gica interna 
das religio es de outros grupos, o indiví duo sente-se compelido a menospreza -las ou critica -las, 
pois as julga segundo crite rios que lhes sa o externos. A antropologia, como “cie ncia da 
alteridade”, colabora para o entendimento das culturas como singularidades dotadas de lo gica 
pro pria, a qual so se pode chegar a compreender por meio de um processo de observaça o 
participante e do exercí cio de uma atitude relativista, tanto diante da cultura alheia quanto da 
pro pria. 
 
--- 
 
A maneira como pensamos e desenvolvemos nossas pra ticas cotidianas na o e fruto de processos 
biolo gicos, mas sim socioculturais. Assim como a lí ngua que começamos a falar quando ainda 
somos bebe s, nossas atitudes diante das situaço es mais corriqueiras tambe m sa o parte do nosso 
entorno social. O trecho citado chama a atença o para o cara ter social de nossas atitudes diante 
do mundo, ou seja, como os nossos valores sa o aprendidos em um processo de socializaça o. 
Sendo aprendidos e relativos a um grupo social especí fico, esses valores mudam com o tempo e 
de acordo com cada sociedade. O relativismo cultural parte desse reconhecimento: o de que a 
cultura e um produto da histo ria de uma dada sociedade, possuindo, portanto, uma lo gica 
pro pria, que so pode ser compreendida por meio do conví vio direto com os membros daquele 
grupo. Julgar um grupo a partir de valores culturais que lhes sa o estranhos seria, assim, incorrer 
em etnocentrismo, a atitude oposta ao relativismo cultural. 
 
--- 
 
Com o desenvolvimento das pesquisas de campo, a antropologia ficou conhecida como a Cie ncia 
da Alteridade por excele ncia. Alteridade significa colocar-se no lugar do outro e, assim, 
compreende -lo em suas particularidades; e ver a si mesmo e compreender determinados 
aspectos de sua pro pria cultura como u nicos. Assim, ao deixar de lado o etnocentrismo das 
teorias evolucionistas, o pesquisador deve se esforçar para entender a natureza, a dina mica, os 
porque s das sociedades, sem avalia -las ou julga -las por seus pro prios referenciais. Alteridade e 
uma postura oposta a quela do evolucionismo e dos diversos tipos de etnocentrismo. Significa 
na o apenas colocar-se no lugar do outro, apreendendo a lo gica de suas aço es e valores, mas 
tambe m a relativizaça o da pro pria cultura do pesquisador, que na o podera , segundo essa 
perspectiva, ser usada como medida ou para metro para o julgamento das culturas alheias. 
Significa, dessa forma, enxergar que toda cultura possui uma singularidade irredutí vel, que so 
pode ser acessada caso se abra ma o de uma postura etnoce ntrica ou evolucionista. 
 
--- 
 
Uma das principais caracterí sticas do pensamento antropolo gico e a sua tende ncia ao relativismo 
cultural, ou seja, a “entender o outro apartir de sua pro pria o ptica, ver sob o ponto de vista do 
outro, tentando entender suas nuances e sutilezas culturais”. O relativismo cultural e a tentativa 
de compreender o ponto de vista de um indiví duo ou grupo pertencentes a outra cultura, levando 
em conta a histo ria e o contexto em que esta o inseridos. Significa, portanto, neutralizar a 
tende ncia ao etnocentrismo, ou seja, a tende ncia a julgar as culturas alheias – seus ha bitos e 
prefere ncias – a partir de crite rios que lhes sa o exteriores. 
 
Tema: Cultura de Massas e Cultura Popular 
Conforme o historiador Roger Chartier [...], a cultura popular e uma categoria erudita. Ao estudar 
a cultura da Europa Ocidental dos se culos XVII e XVIII, o autor localiza um processo social de 
repressa o a cultura popular promovido pelas elites e pela Igreja, no sentido do enaltecimento de 
valores considerados “civilizados”. A expressa o “cultura popular” foi inventada pelas elites 
europeias, a fim de desvalorizar os ha bitos e pra ticas culturais do “povo” e de diferencia -los da 
“cultura erudita”, ou seja, dos valores e ha bitos da pro pria elite. Nasce assim, a partir do 
etnocentrismo dos estratos sociais dominantes, a oposiça o persistente entre a “alta cultura” e a 
“baixa cultura”: a primeira, erudita e civilizada, e a segunda, tida como popular e inculta. 
 
--- 
 
Apesar de as inter-relaço es culturais entre povos ocorrerem ha mile nios, nos u ltimos 200 anos – 
e mais violentamente a partir do se culo XX –, o cada vez mais acelerado processo de 
industrializaça o trouxe significativas conseque ncias. O desenvolvimento de produtos e meios de 
difusa o de massa propiciou a certos paí ses mais avançados em termos materiais e tecnolo gicos a 
disseminaça o em escala mundial dos elementos de sua pro pria cultura e o contato com outras. 
Esse interca mbio tem evoluí do e acompanhado o desenvolvimento, principalmente nas u ltimas 
de cadas, de meios como telefone, ra dio, cinema, televisa o e internet, entre outras formas 
modernas de comunicaça o, que penetram cada vez mais fortemente no cotidiano das 
comunidades, ate mesmo daquelas mais distantes e isoladas geograficamente. Uma das 
principais caracterí sticas do mundo globalizado (ou mundializado, segundo alguns autores) e a 
troca constante de refere ncias e valores culturais entre diferentes povos e regio es do globo. Nesse 
processo de troca, as culturas populares tradicionais acabam defrontando-se com um novo tipo 
de produça o cultural, aquela das sociedades de massa, propagada pelos meios contempora neos 
de comunicaça o, como a televisa o e a Internet. A cultura de massas refere-se a produça o em larga 
escala de bens culturais e a difusa o destes pelos meios contempora neos de comunicaça o, como a 
televisa o e a Internet. Diferentemente das chamadas “culturas populares”, cujas caracterí sticas 
ligam-se ao ritmo e a organizaça o social de uma dada comunidade e apresentam um cara ter 
enraizado e cí clico, a chamada “cultura de massas” destaca-se pela rapidez de seu ritmo, pela 
busca constante da novidade, pela espetacularizaça o e por ser voltada principalmente ao 
consumo em grande escala. 
 
--- 
 
Em "(...) uma festividade de cara ter ritual como o tambor de crioula, comum no Maranha o, em 
que ha a unia o de mu sica (taro bom e cantos) e dança (realizada so por mulheres), pode haver 
ladainhas, atestando a caracterí stica religiosa dessa manifestaça o. No interior de uma 
comunidade na qual a realizaça o dessa festividade faz parte de um ritual local, esta na o tera o 
mesmo sentido simbo lico quando realizada em um audito rio de um centro urbano, para um 
pu blico alheio a tal tradiça o, apesar de as estruturas formais serem muito semelhantes”. (ZUCON, 
Ota vio; BRAGA, Geslline. Introduça o a s culturas populares no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013, 
p. 68.) Bosi (2002, p. 11) estabelece uma diferenciaça o fundamental entre a cultura de massas e 
a popular ao afirmar que a u ltima, diferente da primeira, possui tempo cí clico e enraizamento; 
assim, mante m relaço es com a e poca da colheita, com o tempo das mare s, os perí odos de trabalho 
e o o cio e conserva os ví nculos com seus realizadores. Em geral as manifestaço es culturais 
populares conectam-se aos feno menos ligados a s comunidades em que ocorrem, respeitando as 
dina micas como as funço es sociais que cumprem e o tempo e a maneira como morrem. 
 
Tema: Globalização, Mundialização e Cultura 
O termo globalizaça o, de acordo com alguns autores, refere-se a um processo que ocorre ao 
menos desde as chamadas Grandes Navegaço es, a partir dos se culos XV-XVI, quando foram 
dinamizadas as condiço es de surgimento do capitalismo e estreitados os contatos entre os povos 
em termos mundiais. Desde enta o, as complexas interaço es econo micas, sociais e culturais 
passaram, cada vez mais intensamente, a transformar o perfil das populaço es, assinalando um 
contexto de interca mbios de proporço es ine ditas, que propiciou, de forma cada vez mais estreita, 
a comunicaça o e a conexa o entre regio es e povos de diversas partes do mundo. Ortiz diferencia 
os termos global e mundial, tomando o primeiro para referir-se aos processas econo micos e 
tecnolo gicos e o segundo para a ana lise da cultura. Na o nos interessa abordar diretamente os 
aspectos econo micos – apesar da importa ncia que as atividades de produça o, distribuiça o e 
consumo de bens e serviços - articulados internacionalmente – te m no a mbito da cultura. Para 
Ortiz (2000), o termo mundializaça o nos traz a perspectiva de interpretar os contatos globais 
como feno menos que nem sa o homoge neos nem tendem a tornar o mundo culturalmente 
semelhante. As transformaço es decorrentes da intercomunicaça o planeta ria, em processo cada 
vez mais intenso, propiciam um grande conjunto de mudanças. Os indiví duos, as comunidades e 
os povos, a medida que tomam contato com o "outro”, podem vir a adaptar suas refere ncias 
culturais de acordo com novos desejos ou novas necessidades. Por exemplo, urna festa popular 
normalmente restrita a pro pria comunidade que a produz começa a atrair o movimento de 
turistas, e e comum que algumas caracterí sticas de sua realizaça o possam se adaptar ao gosto 
desses espectadores. 
 
--- 
 
A globalizaça o (ou mundializaça o) intensificou as trocas econo micas e culturais entre diferentes 
paí ses e povos, agora mais facilmente conectados por conta do advento dos meios de 
comunicaça o de massa e do incremento dos meios de transporte. Esse processo permitiu que as 
diferentes culturas (locais, regionais ou nacionais) fossem mais facilmente divulgadas ao redor 
do mundo, gerando um aumento dos contatos com valores e ha bitos distintos e obrigando a uma 
redefiniça o constante das identidades culturais no mundo contempora neo. Assim, alguns paí ses 
te m conseguido difundir em escala global o seu estilo de vida e suas produço es culturais, 
alterando, por essa via, culturas muitas vezes bastante distantes. Estas, por sua vez, na o recebem 
essa cultura massificada de maneira passiva, mas sim adaptando-a a um novo contexto e a novas 
necessidades e interesses. A constante difusa o e adaptaça o de produtos e ha bitos culturais e , 
assim, a grande marca do mundo globalizado. 
 
--- 
 
Stuart Hall chama a atença o para o tema da mundializaça o, utilizando como exemplos a difusa o 
de valores culturais ocidentais entre as sociedades asia ticas, assim como a ressignificaça o de 
elementos culturais tradicionais, como a culina ria indiana, apo s a sua inserça o em uma cultura 
de massa: as pessoas que moram em aldeias pequenas, aparentemente remotas, em paí ses 
pobres, do "Terceiro Mundo", podem receber, na privacidade de suas casas, as mensagens e 
imagens das culturas ricas, consumistas, do Ocidente, fornecidas atrave s de aparelhos de TV ou 
de ra diosporta teis, que as prendem a "aldeia global" das novas redes de comunicaça o. Jeans e 
abrigos — o "uniforme" do jovem da cultura juvenil ocidental — sa o ta o onipresentes no sudeste 
da A sia quanto na Europa ou nos Estados Unidos, na o so devido ao crescimento da 
mercantilizaça o em escala mundial da imagem do jovem consumidor, mas porque, com 
freque ncia, esses itens esta o sendo realmente produzidos em Taiwan ou em Hong Kong ou na 
Core ia do Sul, para as lojas finas de Nova York, Los Angeles, Londres ou Roma. E difí cil pensar na 
"comida indiana" como algo caracterí stico das tradiço es e tnicas do subcontinente asia tico 
quando ha um restaurante indiano no centro de cada cidade da Gra -Bretanha. 
 
--- 
 
Os indiví duos, as comunidades e os povos, a medida que entram em contato com o outro, podem 
vir a adaptar a suas refere ncias culturais de acordo com novos desejos ou novas necessidades. 
Apesar desse contato acontecer a mile nios, essas relaço es interculturais te m crescido apo s a 
industrializaça o, o que trouxe significativas conseque ncias como o desenvolvimento de produtos 
e meios de difusa o de massa como telefone, ra dio, cinema, televisa o, internet e proporcionou aos 
paí ses desenvolvidos a disseminaça o dos seus elementos culturais em escala mundial. Desta 
forma, as identidades culturais te m passado por transformaço es em funça o das influe ncias 
externas e chegam por meio de cabos e antenas. 
 
Tema: Patrimônio imaterial 
“O aceleramento dos processos de industrializaça o, urbanizaça o e modernizaça o dos meios de 
comunicaça o – em todas as suas implicaço es transformadoras das culturas – demandou atença o 
cada vez maior de pesquisadores e o rga os governamentais para com a preservaça o das 
manifestaço es culturais, particularmente as tradicionais, aquelas que se acreditava estarem 
desaparecendo”. (ZUCON, Ota vio; BRAGA, Geslline. Introduça o a s culturas populares no Brasil. 
Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 76) Patrimo nio Imaterial e o patrimo nio cultural que abrange as 
manifestaço es culturais de tudo o que e considerado folclore, com a preocupaça o de manter-se o 
registro de todas essas manifestaço es para que na o ocorra a extinça o das pra ticas tradicionais. 
Existem va rios me todos para documentar e preservar os elementos das culturas populares, no 
Brasil a maneira escolhida para a preservaça o do patrimo nio imaterial e via polí tica pu blica. 
Existe uma instituiça o de ní vel nacional chamada Instituto do Patrimo nio Histo rico e Artí stico 
Nacional (Iphan) para trabalhar com o patrimo nio imaterial, e paralelamente foram criados leis 
e o rga os estaduais e municipais que atendem ao propo sito. 
 
--- 
 
Apesar de as leis e de as instituiço es voltadas a pesquisa das manifestaço es culturais brasileiras 
— sobretudo nas primeiras de cadas de existe ncia — assinalarem uma forte valorizaça o do 
patrimo nio material edificado, espe cie de refere ncia simbo lica de uma memo ria das elites, houve 
tambe m um fomento das manifestaço es na o materiais, que guardou estrita ligaça o com as 
identidades culturais — regionais e brasileira — cuja fonte principal era o popular. Desta forma, 
o “patrimo nio cultural imaterial” refere-se aos saberes, festividades e calenda rios, lugares e 
formas de expressa o que compo em a memo ria coletiva de uma dada populaça o, mas que na o 
necessariamente esta o materializados em objetos concretos ou edificaço es. Uma dada forma de 
preparaça o de alimentos ou um estilo de dança e canto, quando tradicionais e passados de 
geraça o a geraça o, por exemplo, podem compor esse tipo de “patrimo nio intangí vel” que os 
institutos de preservaça o cultural buscam proteger. 
 
--- 
 
Em 2004, surgiu o Departamento do Patrimo nio Imaterial do Iphan, criado com o intuito de fazer 
valer um aspecto considerado historicamente caracterí stico da cultura brasileira: a diversidade. 
Esse departamento, ao qual se subordinou o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular 
(CNFCP), que existe desde 1958, te m incumbe ncias que levam em conta questo es antropolo gicas 
e sociais, como o "respeito a diversidade cultural do Brasil", a "valorizaça o da diferença" e a 
“ampliaça o do acesso ao patrimo nio cultural como direito de cidadania e base para o 
desenvolvimento sustenta vel do paí s" (Iphan, 2006, p. 14). Com a intensificaça o das trocas 
econo micas e culturais promovidas pela globalizaça o (ou mundializaça o, segundo alguns 
autores) e da consequente difusa o em larga escala de produtos culturais oriundos dos paí ses 
economicamente dominantes, tornou-se uma preocupaça o do Estado brasileiro preservar 
elementos da memo ria coletiva de nossas populaço es, como os saberes pra ticos, as formas de 
expressa o e as festividades tí picas, elementos esses que compo em o chamado “patrimo nio 
cultural imaterial” do paí s e que colaboram para a manutença o de nossa diversidade. 
 
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“A Organizaça o das Naço es Unidas para a Educaça o, a Cie ncia e a Cultura nasceu no dia 16 de 
novembro de 1945. A missa o da UNESCO consiste em contribuir para a construça o de uma 
cultura da paz, para a erradicaça o da pobreza, para o desenvolvimento sustenta vel e para o 
dia logo intercultural, por meio da educaça o, das cie ncias, da cultura e da comunicaça o e 
informaça o”. (ORGANIZAÇA O DAS NAÇO ES UNIDAS. UNESCO. Unesco: o que e ? O que faz?. 
Disponí vel em <http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001887/188700por.pdf>. Acesso em 
19.10.2017.) A UNESCO, na primeira metade do se culo XX, considera o folclore como um ponto 
chave da diversidade cultural, fruto da preocupaça o do desaparecimento dessa diversidade em 
raza o da globalizaça o e da mundializaça o. O folclore seria uma ferramenta de diversidade cultural 
e transforma a cultura em uma categoria polí tica. A relaça o da UNESCO com a diversidade 
cultural foi uma resposta a Alemanha Nazista, totalizante e excludente do diferente, com a 
promoça o de ferramentas de polí tica patrimonial. 
 
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“Mestres sa o considerados ‘tesouros humanos vivos’”, reconhecidos como tais pela UNESCO. A 
transmissa o oral de saberes significa que a memo ria na o existe no passado, mas que ela existe 
porque ela e uma reinterpretaça o do passado no tempo presente. Geralmente quando se faz 
inventa rio do passado se busca quem dete m o conhecimento oral vivido do bem. Essas pessoas 
sa o chamadas de “mestres”. O passado, assim, passa a ser a reconstruça o do passado nos dias de 
hoje, tornando o bem imaterial algo mo vel, pore m preservados de suas caracterí sticas. 
 
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O tombamento e o ato administrativo de registrar um determinado patrimo nio como “especial” 
pelo Estado, dotando-o de proteça o especí fica pela legislaça o pro pria. Ou seja, o Estado interve m 
na propriedade privada sob o argumento de necessidade de preservaça o por motivos histo ricos, 
sociais, culturais ou mesmo cientí ficos. Quando um patrimo nio e tombado, ele esta 
representando a histo ria sob o olhar de uma populaça o ou de uma parcela especí fica da 
populaça o de um paí s – que e a perspectiva da elite. Quando vemos um conjunto arquiteto nico 
desse nos dias atuais reparamos na sua beleza e na sua amplitude. E quando valorizamos esse 
espaço esquecemos das relaço es por tra s / implí citas nesse patrimo nio: as relaço es de 
exploraça o e ate mesmo de possí vel escravida o que sa o apagadas quando o patrimo nio e 
preservado. 
 
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O Instituto do Patrimo nio Histo rico e Artí stico Nacional Brasileiro (IPHAN) e autarquia federal 
vinculada ao Ministe rio da Cultura, e sua funça o e a de preservar o patrimo nio nacional, com 
vistas a proteça o e a promoça o dos bens culturais para as presentes e futuras geraço es. Em 1937 
surgiu uma instituiça o de ní vel nacional batizada inicialmente como Serviçodo Patrimo nio 
Histo rico Nacional (Sphan), atual Instituto do Patrimo nio Histo ricos Artí stico Nacional (IPHAN). 
No contexto da polí tica nacionalista da Era Vargas, esse o rga o foi um importante elo entre a 
perspectiva de desenvolvimento econo mico e industrial do paí s, em “direça o ao futuro” e um 
“olhar atento” a importa ncia das refere ncias histo ricas nacionais, expressas nos monumentos 
edificados e nas manifestaço es culturais e folclo ricas. Paralelamente, foram criados leis e o rga os 
estaduais e municipais, em moldes semelhantes, que atendem, ao mesmo tempo, a construça o de 
uma memo ria nacional e regional, congregada a interesses polí ticos locais. O Instituto na o se 
preocupou inicialmente, quando de sua criaça o em 1937, com a cultura popular. Sua preocupaça o 
restringia-se a preservaça o de edifí cios histo ricos e obras eruditas. 
 
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“Acredita-se que ta o importantes quanto as aço es de preservaça o e fomento das manifestaço es 
de cara ter imaterial sejam as iniciativas de visibilizaça o e conscientizaça o pu blica da importa ncia 
desse tipo de patrimo nio, sendo, de fato, imprescindí veis. A continuidade necessita tanto de seus 
realizadores quanto de um reconhecimento perante a sociedade sobre sua riqueza e releva ncia”. 
(ZUCON, Ota vio; BRAGA, Geslline. Introduça o a s culturas populares no Brasil. Curitiba: 
Intersaberes, 2013, p. 84.) Um campo de atuaça o da a rea de patrimo nio, que faz uma ponte entre 
as manifestaço es culturais e os processos educativos, e a chamada educaça o patrimonial. Com 
base no envolvimento de educadores dos diversos ní veis, alunos, instituiço es de pesquisa e/ou 
visitaça o e comunidade, e possí vel desenvolver uma enorme quantidade de projetos. A utilizaça o 
de ví deos, as visitas de campo, as oficinas envolvendo mestres e a pro pria atividade de pesquisa 
podem ser ferramentas de conhecimento para todas as idades. 
 
Tema: Religiosidade e Tradição 
“(...) os cultos e os ritos das religiosidades populares brasileiras caracterizam-se, de maneira 
acentuada, por formos diretas de mediaça o com o sagrado e pelo desejo de interferir na realidade 
de maneira ma gica, com a pretensa o de melhorar / promover a vida terrena de alguma maneira”. 
(ZUCON, Ota vio; BRAGA, Geslline. Introduça o a s culturas populares no Brasil. Curitiba: 
Intersaberes, 2013, p. 116.) No Brasil, religiosidade e sabedoria populares muitas vezes se 
confundem, pois sa o comuns os ritos e os cultos que te m por finalidade a cura do corpo fisico. 
Simpatias, retas, benzeduras, ervas e unguentos sa o de uso corrente, fazendo parte de nosso dia 
a dia. De ta o usuais que sa o, nem sempre sa o conotados e muitas vezes passam despercebidas de 
seu contexto original e da origem na religiosidade popular. Esse "tocar" entre religiosidade e 
saber popular poderia simplesmente ser aplicado pala onipresença do catolicismo portugue s e 
pela forte presença ma gico-religiosa africana e indí gena. 
 
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“O tra nsito religioso talvez seja a caracterí stica mais comum das religiosidades populares”. 
(ZUCON, Ota vio; BRAGA, Geslline. Introduça o a s culturas populares no Brasil. Curitiba: 
Intersaberes, 2013, p. 118) De acordo com Hall, uma das caracterí sticas da modernidade tardia - 
perí odo no qual estamos inseridos - a fragmentaça o das identidades, ou seja, a possibilidade de 
podermos exercer diferentes identidades, supostamente antago nicas, ao mesmo tempo. Como 
exemplo, podemos citar uma pessoa professada cato lica, que, nos momentos de problemas de 
sau de ou financeiros pode buscar ajuda em outras religio es, coma o espiritismo, que diverge do 
catolicismo em seus dogmas. Assim, o tra nsito religioso pode ser apenas uma possibilidade para 
a fragmentaça o da identidade, mas inscreve-se no cotidiano de maneira que possamos notar o 
quanto as religiosidades populares sa o marcadas por certo afrouxamento de seus limites. 
 
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“Na perspectiva da histo ria e da antropologia, a noça o de tradiça o difere da assumida pelo senso 
comum ao se constatar que as tradiço es esta o em transformaça o”. (ZUCON, Ota vio; BRAGA, 
Geslline. Introduça o a s culturas populares no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 112.) Os 
historiadores Eric Hobsbawm e Terence Ranger utilizaram o termo "invença o da tradiça o", para 
salientar que em alguns momentos essas tradiço es foram estabelecidas ou impulsionadas para 
criar coesa o ou reforçar sentimento de identidade em grupos sociais. Em oposiça o ao conceito 
de invença o da tradiça o o antropo logo Sahlins usa o termo inversa o da tradiça o para destacar 
que as tradiço es na o sa o simplesmente inventadas, mas, sim, sa o sempre reforçadas por meio de 
uma refere ncia ja existente. A 'inversa o' e uma forma de resiste ncia cultural e de afirmaça o da 
identidade cultural. 
 
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 “Artesa o e a pessoa que faz a ma o objetos de uso frequente na comunidade. Seu aparecimento 
foi resultado de pressa o da necessidade sobre a intelige ncia aliada ao poder de inovar, 
possibilitando tambe m ligar o passado ao presente, mediante a linguagem; possibilitou as 
geraço es mais novas receber das mais velhas, suas te cnicas e demais experie ncias acumuladas”. 
(Disponí vel em <http://www.eba.ufmg.br/alunos/kurtnavigator/arteartesanato/artesanato.html>. 
Acesso em 19.10.2017). Diferentes autores ponderam que ha dois crite rios para pensar essa 
diferenciaça o: o primeiro afirma na arte o predomí nio da forma sobre a funça o, ao contra rio do 
artesanato, supostamente mais ligado a utilidade; ja a segunda parte do crite rio de que o 
artesanato e feito em se rie, ainda que artesanalmente, enquanto a arte produz obras u nicas, na o 
repetitivas. 
 
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Num passado relativamente recente, antes de os bens industrializados invadirem a penetrarem 
boa parte da vida cotidiana, as pessoas eram obrigadas a construir muitos de seus artefatos: 
cestos, facas, panelas, redes de pesa, roupas etc. Malinowski (1978) afirma que nas sociedades 
sem manufaturas a feitura dos objetos os personalizava ao ma ximo, a ponto de os roubos quase 
na o existirem, pois, se algue m fosse apanhado com algo que na o lhe pertencesse, prontamente 
seria identificado em virtude das particularidades do objeto. As moradias tambe m eram feitas 
pelas ma os do pro prio dono, com a mate ria prima disponí vel na regia o, atendendo a s 
necessidades clima ticas e respeitando os referenciais culturais e as condiço es socioecono micas 
do indiví duo, da famí lia e da comunidade. Essas sa o as caracterí sticas comuns ao que podemos 
definir como arquitetura popular. Podemos elencar no Brasil diversas te cnicas construtivas, 
oriundas de saberes seculares – como em certas construço es indí genas – ou da engenhosidade 
pessoal de alguns construtores – caso comum das moradias urbanas em que se reutilizam sobras 
de materiais diversos. Temos, portanto, um vasto e heteroge neo conjunto de habitaço es 
populares: casas de ta bua de madeira, construí das por imigrantes europeus na Regia o sul do 
Brasil ha mais de cem anos; edificaço es de pedra erigidas na regia o da Chapada Diamantina, 
Bahia, na e poca da mineraça o de diamantes; construço es urbanas feitas de madeira, tijolos, ou 
outros materiais, chamadas pejorativamente de barracos; casos de barro, encontradas em muitas 
regio es do Brasil, feitas por meio de te cnicas como adobe, pau a pique e taipa. ZUCON, O.; BRAGA, 
G. G. Introdução às Culturas Populares do Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 149, capí tulo 6, 
adaptado. 
 
Tema: Mitos, lendas e o folclore brasileiro 
“Voce conhece a Mula sem Cabeça? O Curupira? O Chupa Cabra? O lobisomem? Sabia que eles 
fazem parte do folclore brasileiro? Sabia ne ? Mas talvez voce na o saiba que na o e so de 
assombraça o que e feito o mundo do folclore na o. Te m tambe m os costumes,tradiço es, mu sicas, 
linguagem, brinquedos, brincadeiras, mitos, contos, superstiço es, artesanato, festas populares… 
Daí nas festas tem as danças folclo ricas como o baia o, o frevo, o maracatu, a quadrilha… E . Isso 
tudo e folclore brasileiro e da melhor qualidade!”. (Disponí vel em < 
http://www.smartkids.com.br/trabalho/folclore>. Acesso em 29.02.2016) Sendo assim, 
enquanto o folclore esta preocupado com o resgate de tradiço es culturais, a cultura esta 
preocupada com a diversidade da experie ncia humana e esta em permanente construça o, ou seja, 
e permanentemente construí da. 
 
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Para a antropologia a cultura e um importante ponto de estudo, poderia ser definido como “um 
conjunto de saberes, comportamento, crenças e costumes adquiridos e transmitidos por um 
processo coletivo de aprendizagem”. Partindo desse ponto a disciplina abordou diversos pontos, 
como a possibilidade de perceber que existe uma diferença entre o erudito e o popular. Da mesma 
forma que existe uma dista ncia entre o erudito e o popular existe um distanciamento entre a 
crença popular e as doutrinas oficiais. (ZUCON, Ota vio; BRAGA, Geslline. Introduça o a s culturas 
populares no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013. p. 12.) As crenças populares sempre ocorreram 
em paralelo as doutrinas oficiais, muitas vezes opondo-se a elas. Crença popular aplicado a 
realidade popular, existem elementos variados entre a doutrina oficial e a crença aplicada no 
cotidiano. Um bom exemplo esta no catolicismo popular, o catolicismo popular vincula diversos 
elementos, elementos da cultura popular, com elementos da experie ncia pra tica da rotina o 
conhecimento empí rico, do dia-a-dia, elementos simbo licos, com fatos naturais. E a aplicaça o da 
doutrina cato lica com a soma de mais elementos variados da cultura popular. A crença popular 
ajuda a favorecer o dia logo entre o mundo sobrenatural e a vida cotidiana. Existem dois 
movimentos entre cultura popular e a cultura erudita, movimentos de encontro e movimentos de 
embate entre elas, como por exemplo o movimento que originou a conhecida guerra de canudos. 
O Brasil e rico na fusa o de va rios elementos religiosos em uma doutrina so , por exemplo: 
umbanda, candomble . 
 
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O conhecimento de um povo, esse e um dos conceitos dados ao termo folclore, no Brasil as 
primeiras pesquisas feitas sobre folclore foram feitas por Jose de Alencar e Sí lvio Romero, que ja 
buscavam uma identidade nacional com base nas manifestaço es populares, esses autores 
procuraram estudar e documentar realizaço es como a literatura de cordel, as danças, mu sicas e 
folguedos produzidos pelo povo. Toda identidade e uma construça o simbo lica, ou seja, toda 
identidade necessita de elementos construí dos historicamente que sa o representaça o do grupo 
social e no Brasil a identidade brasileira e construí da pela ligaça o entre povo, cultura e 
miscigenaça o. O primeiro grande elemento da identidade brasileira e o samba, que se torna o 
ritmo nacional. Outro elemento que foi construí do e faz parte da identidade brasileira e o 
carnaval. Ale m disso, intelectuais da a rea tambe m afirmam que a identidade brasileira e formada 
pela diversidade, o “caldeira o cultural” representado pelas etnias formadoras do povo brasileiro 
e um elemento a ser valorizado. 
 
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Certas narrativas, marcadas pelas interfere ncias causadas pelos contatos culturais, trazem a 
visa o indí gena sobre esses contatos, como no relato apresentado por Sa ez (2006, p.195-196) 
sobre os Yaminawa , grupo indí gena que habita a Terra Indí gena Cabeceiras do Rio Acre, na cidade 
de Assis Brasil: Os Jaminawa [Ynaminawa ] antigamente na o tinham machado, tinha [algo] como 
um machado de pedra. Comiam sem sal. Na o tinham aldeia: andavam constantemente de um 
canto para o outro. Quando conheceram os brancos, de primeiro estes matavam os homens, 
levavam as mulheres e as crianças. Agora os jovens Jaminawa ja na o te m mais medo do branco; 
va o para a cidade, para estudar com eles, ja na o te m mais medo. Podemos compreender que os 
mitos se relacionam a busca de explicaço es alego ricas sobre determinadas caracterí sticas da 
sociedade. Assim como os processos culturais se transformam ao longo do tempo, os mitos 
tambe m se atualizam. Por um lado, as narrativas tentam da conta de processos histo ricos – e o 
caso do impositivo, e por vezes, truculento contato com a cultura “dos brancos”. Por outro lado, 
os mitos procuram abarcar transformaço es mais recentes, relativas a elementos da cultura de 
massas. Ao analisarmos os mitos, com seus relatos fanta sticos e, muitas vezes, fora dos padro es 
explicativos da cie ncia, devemos considerar tanto seus aspectos simbo licos quanto suas 
caracterí sticas alego ricas. Portanto na o devemos julgar essas narrativas como “falsas” ou 
“exageradas”. A perspectiva do antropo logo ou do historiador da cultura deve levar em 
consideraça o o que se tenta representar por meio dos relatos, como estes podem ser resultado 
de processos culturais e histo ricos, ou ainda, por que motivos se transformam. ZUCON, O.; BRAGA, 
G. G. Introdução às Culturas Populares do Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 144, capí tulo 6, 
adaptado. 
 
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Entre as comunidades caiçaras paranaenses, sa o comuns personagens lenda rios que 
intermediam as relaço es entre ser humano e natureza. Algumas lendas inspiram temores e 
indicam simpatias. Na Ilha das Peças, litoral do Parana , existe um personagem – comum em 
diversos lugares do Brasil – que ali recebe o nome de pai do mato e, em outras localidades, e 
referido como caapora ou caipora. Todas as denominaço es se referem a um ser que habita as 
matas e tem como funça o primordial proteger as a rvores e regular a caça dos animais, zelando 
por eles. Assim, a entidade aparece para afugentar o caçador que mata mais animais do que o 
necessa rio. As lendas se apresentam tambe m com narrativas orais, mas, diferentemente dos 
mitos, na o tem a funça o de primordial de explicar a origem das coisas; ale m disso, conte m 
elementos e personagens fanta sticos e, muitas vezes, te m a funça o de reguladoras da vida 
cotidiana. E importante percebermos que as lendas podem ter um cara ter local, ou seja, esta o 
ligadas a determinada comunidade, mas tambe m podem ocorrer em diversas regio es de um paí s 
ou mesmo deslocar-se de um continente para outro. Assim como os mitos, as lendas sofrem 
modificaço es, variando no tempo e no espaço de acordo com os contextos sociocultural e 
histo rico. ZUCON, O.; BRAGA, G. G. Introdução às Culturas Populares do Brasil. Curitiba: 
Intersaberes, 2013, p. 145, capí tulo 6, adaptado. 
 
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Em muitas comunidades, observa-se a decade ncia do ha bito de contar histo rias. A esse ncia do 
universo das lendas e a transmissa o “ao pe do ouvido”, apesar de podermos encontra -las em 
registros escritos (...) Uma histo ria do lobisomem contada a beira da fogueira por algue m que 
afirma ter visto tal criatura difere de uma histo ria contada na escola, relatada por uma professora 
que a leu num livro e pretende fazer um trabalho a respeito com seus alunos. As lendas, assim 
como os mitos, sa o fontes orais que devem ser consideradas documentos histo ricos das culturas 
populares. Na medida em que na o ha uma transmissa o oral das histo rias, elas tendem a ser a se 
desconectar do sentido que tinham outrora. A se tentar apreender as lendas fora de seu contexto 
social, de suas motivaço es implí citas, e sem a intensidade interpretativa do contador, acaba-se 
por fazer com que estas percam parte de sua força no imagina rio social. Os povos indí genas 
estabelecidos no Brasil muito antes da chegada dos europeus na o tinham um sistema de escrita. 
A oralidade era (e ainda e , em muitos casos) a forma de comunicaça o mais importante. Com base 
nessa comunicaça oopera-se a transmissa o dos saberes e da pro pria histo ria, contada por meio 
dos mitos de maneira alego rica e fanta stica, sem perder as suas caracterí sticas simbo licas e de 
ligaça o com o social e o cultural. ZUCON, O.; BRAGA, G. G. Introdução às Culturas Populares do 
Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 149, capí tulo 6, adaptado. 
 
Tema: Folkcomunicação, Música e Identidade 
“A mu sica talvez seja a manifestaça o artí stica popular mais significativa no Brasil. Espalhada por 
todo o territo rio nacional, temos uma enorme diversidade de ritmos e sonoridades, cada qual 
com sua histo ria, caracterí sticas e inter-relaço es pro prias”. (ZUCON, Ota vio; BRAGA, Geslline. 
Introduça o a s culturas populares no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 100.) Nesse campo, a 
definiça o do popular carece de alguns esclarecimentos. Em primeiro lugar, a mu sica popular na o 
deve ser confundida com o conceito de mu sica popular brasileira (MPB), disseminado a partir da 
de cada de sessenta. Este termo foi criado fundamentalmente por meio do engajamento de artista, 
com intelectuais, preocupados com as relaço es entre as artes e os problemas sociais e polí ticos, 
durante o peitado da ditadura militar no Brasil. A partir dos debates sobre uma musicalidade 
legitimamente popular e brasileira o samba emergiu como uma grande refere ncia para os 
mu sicos engajados. Contudo, os artistas-intelectuais, fossem de esquerda, fossem de direita, 
foram tutelares em relaça o a s classes populares. Desse modo, a denominaça o MPB na o se refere 
necessariamente a uma manifestaça o propriamente popular, mas a um conceito construí do 
historicamente por meio da intelectualidade e da mí dia ligados direta ou indiretamente a 
indu stria da mu sica. 
 
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“Tradicionalmente, a comunicaça o de massa e entendida como o campo de atuaça o de 
profissionais de mí dia – jornalistas, publicita rios, redatores, repo rteres, foto grafos, te cnicos de 
ví deo e a udio, entre outros – que, com formaça o acade mica ou na o, atuam em grandes veí culos 
de comunicaça o, como jornais, revistas, ra dios e TVs”. (ZUCON, Otavio. Introduça o a s culturas 
populares no Brasil. Curitiba: InterSaberes: 2013. p.12). Assim, a folckcomunicaça o valoriza a 
informaça o oral como importante feno meno comunicativo. A cultura popular incorpora outros 
meios de comunicaça o em seu cotidiano, atrave s das novelas, internet, a cultura popular se 
adapta a outros meios de comunicaça o para reproduzir a sua pro pria experie ncia. Por exemplo, 
as benzedeiras que ja utilizam a internet e o telefone para realizar seu trabalho. 
 
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A Cança o de Exí lio, de Gonçalves Dias, apresenta va rios elementos culturais que sa o elementos 
da cultura popular brasileira. Conforme visto ao longo da disciplina, existe um processo de 
construça o cultural em que os principais elementos da cultura passam a se destacar nas 
manifestaço es culturais, como por exemplo, nas mu sicas. No exemplo da mu sica de Gonçalves 
Dias e possí vel perceber va rios elementos da cultura brasileira como por exemplo: a refere ncia 
as palmeiras, que remete as praias brasileiras; Sabia , que e considerada a ave sí mbolo do Brasil e 
que tem remete as inu meras espe cies de aves que temos no Brasil; as estrelas, va rzeas e flores 
fazendo mença o a vasta natureza brasileira e suas riquezas; “nossa vida mais amores” refere ncia 
a vida amorosa brasileira e sua fama de ser agitada. 
 
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“Brasil, meu Brasil brasileiro meu mulato inzoneiro vou cantar-te nos meus versos. O Brasil, 
samba que da Bamboleio que faz gingar o Brasil, do meu amo (...)”. O trecho da mu sica de Ary 
Barroso nos remete a identidade brasileira. O povo brasileiro foi construí do por uma 
miscigenaça o de raças e culturas, pela incorporaça o de elementos dos mais variados. Para 
conseguir entender essa miscigenaça o e importante relembrar o perí odo de descobrimento do 
Brasil. Os primeiros elementos sa o da cultura indí gena, que ja estava presente no territo rio com 
a chegada dos portugueses, depois disso, podemos perceber que foram incorporados elementos 
da cultura africana com a vinda dos escravos africanos ao territo rio brasileiro e tambe m 
elementos da cultura europeia com a vinda dos colonizadores. Essa miscigenaça o e conhecida 
como o mito das tre s raças, esse e apenas o iní cio da miscigenaça o de raças e culturas da 
identidade brasileira. 
 
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A composiça o “Cavalgada das Valquí rias” do maestro Richard Wagner e uma opera que apresenta 
elementos da cultura no rdica e vincula a identidade a origem do povo alema o para uma cultura 
ja morta: a do povo viking. Esse e um exemplo de romantismo. Com os processos da 
industrializaça o e urbanizaça o promovidos pela revoluça o industrial passa-se a se ter medo, 
receio do desaparecimento de manifestaço es culturais, medo de que o mundo seja 
homogeneizado e o romantismo surge como a preocupaça o de externar as diferenças, externar a 
riqueza das riquezas. Romantismo foi o movimento litera rio e artí stico que procura resgatar a 
cultura popular e trazer para ela o proseio da cultura refinada e erudita. No romantismo o povo 
e a tradiça o tornam-se objeto de interesse intelectual. Tudo que era rejeitado e discriminado na 
idade me dia passa a ser visto como algo positivo, como as raí zes de um povo, e um movimento 
inverso que vem de encontro com os movimentos nacionalistas, e a busca por uma identidade. 
 
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O rap (abreviatura, do ingle s, de ritmo e poesia), ge nero musical diretamente associado ao hi-
hop, em muitos casos e construí do com base em fragmento de outras mu sicas gravadas (isso 
recebe o nome de sambple – “amostra”, em ingle s). Nas apresentaço es, os grupos contam com um 
DJ (disj jockey), que “toca” as bases pre -gravadas por meio de aparelhos (CD players, toca-discos, 
computadores e outros) e trabalha, simultaneamente, com efeitos sonoros. Sobre a base cantam 
um ou mais MC’s (mestres de cerimo nia) que escrevem os seus versos previamente e, em va rios 
momentos, utilizam-se de improvisaço es. Os fragmentos sonoros utilizados no rap podem 
derivar, por exemplo, de um samba, traduzindo a apropriaça o moderna de refere ncias 
tradicionais e nacionais. A facilidade dos recursos eletro nicos de ediça o de som – aliada a um 
canto que soa quase como uma declamaça o – faz com que jovens sem formaça o musical formal 
nem recursos financeiros para a aquisiça o de equipamentos possam se expressar livremente. O 
conjunto de elementos este ticos que compo em o hip-hop, bem como sua ligaça o com as camadas 
populares urbanas, indica o seu pertencimento a uma categoria: e uma manifestaça o cultural 
popular moderna. Aqui cabe ponderar que a cultura popular pode estar no universo urbano e 
utilizar de elemento urbanos-industriais, ao contra rio do que aludem alguns teo ricos que 
consideram o popular essencialmente ligados aos saberes e aos fazeres tradicionais e 
essencialmente rurais. O hip-hop transitou das ruas e dos bailes da periferia para as ra dios e as 
TVs comerciais e agregou, ale m dos produtos de consumo, a ele associadas (CDs, roupas, etc.), 
um conjunto heteroge neo de indiví duos de classes sociais distintas – tanto na produça o quanto 
na recepça o. ZUCON, O.; BRAGA, G. G. Introdução às Culturas Populares do Brasil. Curitiba: 
Intersaberes, 2013, p. 75, capí tulo 3, adaptado. 
 
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Tanto a indu stria fonogra fica quanto o ra dio permitiram o registro e a reproduça o em se rie de 
mu sicas, trouxeram a possibilidade de um interca mbio mundial que levou as manifestaço es 
musicais aos lares mais distantes e possibilitaram que essas mu sicas pudessem ser ouvidas em 
praticamente todos os tipos de meio de reproduça o – ra dios de carro, telefones celulares, MP3 
players etc. Nas culturas populares, a mu sica podeservir como elemento que compo e ritos 
religiosos. Nos terreiros de umbanda ou candomble o soar dos tambores e de outros 
instrumentos percussivos, acompanhados ou na o de cantos em coro, evocam a relaça o com 
entidades e orixa s; nas culturas indí genas, a mu sica tem uma grande importa ncia em diversos 
momentos da vida coletiva – entre os í ndios do Mato Grosso e considerada um elemento central 
do ritual, constituindo a forma ideal de expressa o dos afetos. No Maranha o o tambor de crioula e 
uma expressa o popular festiva que tem na mu sica e na dança elementos fundamentais. Sa o, em 
geral, tre s tambores feitos de troncos ocos, tocados por homens que se revezam na atividade; ha 
um solista que canta e um coro, tambe m masculino; a s mulheres reserva-se a exclusividade da 
dança, que termina com uma “punga” ou umbigada – ato para a troca da dançarina. E uma 
manifestaça o da mobilizaça o comunita ria, de origem afro-brasileira, sem data fixa, sendo 
realizada, em muitos casos, em homenagem a Sa o Benedito. Pode haver o entoar de ladainhas 
entre os toques de tamborim, e comidas e bebidas sa o oferecidas aos brincantes. ZUCON, O.; 
BRAGA, G. G. Introdução às Culturas Populares do Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 105, 
capí tulo 3, adaptado. 
 
Tema: Conhecimento Popular e Regionalismo 
“As pessoas esta o com a barriga inchada, passo o reme dio e a pessoa volta: - Doutor, eu perdi tre s 
quilos, (...) eu vim buscar mais. Enta o e porque a coisa funciona” (‘Doutor’ Raiz, 12/09/2012). Em 
nossa disciplina de antropologia foi possí vel perceber a importa ncia do conhecimento popular 
no Brasil. Ao pensar essa importa ncia um grande tema e debatido, a importa ncia da medicina 
popular frente a medicina tradicional. A utilizaça o de diversos sistemas de conhecimento e muito 
comum na cultura brasileira como por exemplo a medicina popular. A medicina popular pode ser 
entendida como o conhecimento popular para o tratamento de enfermidade, como o tratamento 
com cha s para dores de estomago, dores de cabeça. A pessoa em sua enfermidade na o procura 
um u nico sistema de tratamento, ao mesmo tempo que a pessoa vai ao me dico tradicional ela 
utiliza diversos sistemas como curandeira, benzedeira, toma cha s e garrafadas. Um exemplo e o 
mercado ver o’peso no Para que e conhecido por ter para vender inu meras ervas, garrafadas, 
cha s, infuso es para tratamentos terape uticos. Outro exemplo e o denominado Doutor Raiz, que e 
um profundo conhecedor das ervas. Dr. Raiz na o e doutor, mas e reconhecido como tal por suas 
pra ticas de medicina popular, a efica cia esta no efeito pra tico vistos nos corpos dos pacientes. 
Dessa maneira, isso mostra como o conhecimento popular e importante na cultura brasileira. 
 
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O termo popular se originou no final da idade de me dia, com o surgimento dos Estados Naça o, 
para diferenciar classes sociais, sendo elas: clero, aristocracia e povo. Esses tre s segmentos na o 
se misturavam, ou quando o faziam, eram por relaço es bem claras e hiera rquicas. A aristocracia 
e o clero tinham mecanismos de controle da cultura letrada, restringindo o acesso ao 
conhecimento. O povo ao final da idade me dia, iní cio da civilizaça o moderna era composto 
majoritariamente por camponeses. Esses camponeses tinham o conhecimento empí rico, ou seja, 
cultivo da terra, ciclo das estaço es do ano e o relacionamento com o plantio, era o conhecimento 
empí rico. Tinham o conhecimento cotidiano, a apreensa o intuitiva da realidade e tambe m o 
conhecimento compartilhado. Enquanto o conhecimento erudito era um conhecimento teo rico. 
Era um conhecimento baseado na reflexa o intelectual e sistematizada, que previa a 
racionalizaça o do mundo sensí vel e o acesso restrito ao conhecimento. A cultura erudita e aquela 
aprendida em cole gios e academias. 
 
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“Boa parte da intelectualidade defendeu historicamente a concepça o de uma cultura popular 
brasileira, intimamente ligada ao triângulo racial. Contudo, os regionalismos tambe m foram, e 
ainda o sa o, expressa o da alteridade de alguns grupos em oposiça o a imposiça o de valores 
estrangeiros, de elite ou de uma cultura nacional unificada. Alguns movimentos, em momentos 
especí ficos, puseram-se a refletir sobre a importa ncia das particularidades locais”. (ZUCON, 
Ota vio; BRAGA, Geslline. Introduça o a s culturas populares no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013. 
p. 53.) Os regionalistas, em especial Gilberto Freyre, tinham preocupaça o com os modismos que 
vinham do exterior principalmente trazidos pela classe me dia e classe alta brasileira que 
poderiam ameaçar as tradiço es populares brasileiras. E possí vel perceber isso com a publicaça o 
de Freyre “Manifesto Regionalista” que expo e a necessidade de valorizar os elementos da cultura 
popular e cuidar com a vinda dos elementos externos, como por exemplo, o Papai Noel em um 
clima tropical. Outro autor importante para a argumentaça o da valorizaça o da cultura regional 
foi Ariano Suassuna, que se preocupava em enaltecer a riqueza das tradiço es populares e 
manifestaço es populares. O movimento regionalista propunha a arte popular como elemento de 
inspiraça o para artistas. 
 
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No Brasil, algumas polí ticas pu blicas te m como foco nos chamados mestres, indiví duos cujos 
saberes sa o considerados importantes e, assim, passí veis de transmissa o para geraço es mais 
novas por meio de projetos de incentivo, como os Grio s – Mestres dos Saberes. Entretanto, o 
sistema de preservaça o do patrimo nio cultural imaterial em nosso paí s na o tem os mestres como 
foco principal, pois leva mais em consideraça o a coletividade, os grupos, as mudanças, e as 
adaptaço es que nos sa o peculiares. Os indiví duos ou os grupos detentores de saberes 
tradicionais, conforme a normativa da Unesco, de 1993, sa o considerados tesouros humanos 
vivos. A instituiça o recomenda aos paí ses-membros que que considerem a releva ncia desses 
tesouros, os quais tem capacidades ou habilidades para criar ou reproduzir determinados 
elementos do patrimo nio imaterial. A ideia fundamenta-se na importa ncia e na necessidade de 
transmissa o de saberes, mais uma vez ancorada na noça o de preservaça o. Nesse caso, preservar 
e transmitir o conhecimento, e os grupos as comunidades e os indiví duos com tal importa ncia e 
capacidade, segundo essa perspectiva, deveriam ate mesmo receber auxí lio financeiro dos 
governos para desenvolver suas atividades. ZUCON, O.; BRAGA, G. G. Introdução às Culturas 
Populares do Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 83, capí tulo 3, adaptado. 
 
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A espada-de-sa o-jorge, a pimenta, o comigo-ningue m-pode, entre outros tipos de planta, sa o 
usados simbolicamente nas religio es de matriz africana como forma de proteça o contra maus 
agouros, mau olhado, olho gordo, olho grande e inveja. Ao refletirmos sobre tal ha bito, e possí vel 
notarmos que a utilizaça o dessas plantas implica necessariamente, crença na inveja vinda por 
meio dos olhos de outrem, e que quando utilizadas, afastam os efeitos dos olhares invejosos. O 
uso da espada-de-sa o-jorge por exemplo, e ma gico, pore m a sua utilizaça o na o e conotada pelos 
usua rios como ma gico-religiosa; no entanto ela o e . Explicando melhor: e ma gica porque implica 
atribuir poderes a uma planta e acreditar que te -la a porta pode interferir de forma pra tica na 
realidade e e religiosa porque as origens dessa pra tica e seu uso simbo lico esta o nas religio es. 
Em muitas regio es do Brasil sa o comuns as benzedeiras, os benzedores, os raizeiros, os 
curandeiros, as costureiras e os arrumadores, que sa o especialistas de cura que atuam por meio 
de saberes populares, em geral herdados. Em alguns estudos consta que os benzedores e os 
curandeiros eram procurados apenas em lugares onde na o existiam me dicos ou por populaço esmuito pobres. Outras pesquisas mostram que, se no contexto rural onde ha falta de me dicos os 
benzedores sa o a primeira opça o, no contexto urbano sa o a opça o para os casos em que a 
medicina na o obteve resultado. Em geral, as benzedeiras iniciam seu atendimento com uma 
pergunta sobre o problema do consulente. Elas apresentam diagno sticos comuns, que podem ser 
doenças do corpo ou da alma, ma sorte ou “atrapalhos” na vida – como olho gordo, olho grande, 
mau olhado e quebranto –, que sa o curados por meio de be nça os ou simpatias. Determinadas 
doenças te m nomes particulares, como “bichas” (lombriga), “doença de macaco” (mal de 
simioto), “cobreiro” (alergia provocada por planta/herpes-zo steres), “ar” (paralisia facial) e 
“susto” (trauma provocado pelo medo). Ale m desses males tambe m benzem patologias me dicas 
contempora neas, como depressa o e estresse. ZUCON, O.; BRAGA, G. G. Introdução às Culturas 
Populares do Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013, p. 122, capí tulo 5, adaptado.

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