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Caso 174

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Caso 174
Sandro Barbosa do Nascimento
Sandro, o assaltante, tinha 21 anos. 
Foi abandonado pelo pai. 
Aos 8 anos viu sua mãe ser assassinada, o motivo que o levou a morador de rua.
Aos 13, sobreviveu à chacina da candelária. – 8 Meninos foram assassinatos por policiais na calçada da candelária.
Aos 14 se envolveu com traficantes. Até 17, teve passagens por instituições de menores infratores por roubos e furtos. 
Aos 21 foi condenado a 3 anos e 6 meses por assalto a mão armada. 
Durante o assalto, gritou por Yvonne Bezerra de Mello, que trabalha com menores há anos.
http://nemtaocerto.blogspot.com.br/2010/07/historia-real-de-sandro-barbosa.html
“A história está manchada pelas invenções da mídia. O dia de hoje quase não foi citado pelos jornais. São 17 anos de uma tragédia. Enfim, anos depois, a polícia parecia querer encerrar o serviço. Um sobrevivente da chacina que morreu nas mãos de policiais ou que esqueceu de soltar a respiração. Gostaria de deixar bem claro que não estou defendendo Sandro. Porém, me vejo na obrigação da verdade. Para uma coisa, porém, não há contradição. Se a covardia dos policiais da Candelária nunca tivesse acontecido, um garoto não teria sido tão psicologicamente abalado, não teria cruzado com outro garoto na FEBEM, não teria sido expulso de casa, não teria pego um ônibus, não teria sequestrado um ônibus, não teria matado por acidente uma mulher e não teria morrido. No final, a culpa, foi de uma polícia que se vendeu muitos anos antes. A culpa, foi dos policiais covardes responsáveis pela chacina que hoje completa 17 anos. A chacina da Candelária. ” 
(Caso 174) O sequestrador já apresentava má índole?
Sandro Barbosa do Nascimento, antes de se tornar o sequestrador do ônibus 174 e assassino de Geísa Gonçalves, foi uma criança negra, na barriga de uma mãe solteira, também negra e pobre. Sandro nasceu em São Gonçalo, município do Rio de Janeiro. Ainda na barriga sofreu, inconscientemente, a dor do abandono de seu pai meses antes do seu nascimento. O menino foi criado por sua mãe até os seus 8 anos, idade a qual presenciou seu assassinato. Após o triste ocorrido, Sandro foi morar nas ruas, dormia na calçada da Candelária, onde recebia alimento. Nesse ínterim, fez amizade com outros moradores que, assim como ele, tiveram que se virar por conta própria. Aos 13 anos, presenciou a Chacina da Candelária e viu seus amigos serem assassinados. Logo esta criança se tornou um dependente químico, e como uma forma de alimentar seu vício, roubava e furtava. Consequentemente, até seus 17 anos, obteve diversas passagens por instituições de menores infratores. Aos 21, foi condenado a 3 anos e 6 meses por assalto a mão armada. Aos 21, assaltou o ônibus 174 e assassinou Geísa Gonçalves. E aos 21, morreu asfixiado no carro da PM. 
Em um estudo realizado por Chalub e Telles (2006), a maior parte das pesquisas aponta a presença de associação entre transtornos do uso de substâncias e álcool e a criminalidade. É fato, Sandro estava sobre o efeito de substancias químicas quando decidiu assaltar o ônibus. Entretanto, o nosso objetivo não é procurar motivos que tiram a responsabilidade deste jovem, mas compreender os motivos que o levaram a chegar naquele ponto. Durante o sequestro, ele pediu para que uma das vítimas escrevesse algumas mensagens para os policiais, uma delas dizia: “ Quem não tem nada a perder, não sabe quando parar. “ Nesse contexto, é fundamental discutirmos o papel do Estado, falho. Este, deveria ter posto em prática, não só com Sandro, mas com todas as crianças que passam e passaram pelas mesmas adversidades que ele, o artigo 227 da Constituição Federal, que diz: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” 
Por fim, torna-se evidente que o verdadeiro culpado não é o menino que foi abandonado pelo pai. Mas sim, as circunstâncias que o levaram a assassinar Geísa.

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