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O STF, no mês de agosto de 2016, decidiu os recursos extraordinários n. 848.826 e 729.744, que tinham por objeto o procedimento para o julgamento das contas dos prefeitos e as conseqüências do parecer prévio do tribunal de contas pela rejeição das contas do chefe do poder executivo estadual.
4) Analise e relacione o julgamento das contas do presidente da república segundo o procedimento previsto na Constituição Federal, art. 71, I, na leitura do STF constante da decisão proferida no MS 33.729 e o julgamento das contas dos prefeitos. O que distingue tais julgamentos de contas.
RESPOSTA
 O parecer prévio sobre as contas anuais do Presidente da República constitui uma das principais funções do TCU, prevista no art. 71, I da Constituição Federal de 1988, mas ainda esse parecer não é definitivo, pois de acordo com o artigo 49 , IX da nossa Constituição Federal o julgamento definitivo cabe ao Congresso Nacional. Entretanto, quem efetivamente irá julgar as contas da Presidente será o Congresso, tendo como base o parecer prévio emitido pelo TCU. Porém desde 2002 os congressistas não votam as contas do governo, embora o TCU envie seu parecer todos os anos. A Constituição define prazo para o TCU emitir o parecer prévio (60 dias a contar do recebimento das contas), mas não estipula prazo para o Congresso efetuar o julgamento. Ressalte-se que, embora o parecer prévio constitua importante subsídio técnico para o julgamento, o Congresso não precisa, necessariamente, seguir o parecer, ou seja, poderá decidir diferente do recomendado pelo TCU. O julgamento do Congresso possui caráter político.
 O fato de o parecer prévio não possuir força deliberativa não exonera o TCU do dever de observar o devido processo legal quando de sua emissão, em especial a necessidade de garantir o direito de defesa aos possíveis prejudicados pela decisão da Corte de Contas.
De acordo com o relator do recurso, ministro Gilmar Mendes, quando se trata de contas do chefe do Poder Executivo, a Constituição confere à Casa Legislativa, além do desempenho de suas funções institucionais legislativas, a função de controle e fiscalização de suas contas, em razão de sua condição de órgão de Poder, a qual se desenvolve por meio de um processo político-administrativo, cuja instrução se inicia na apreciação técnica do Tribunal de Contas. No âmbito municipal, o controle externo das contas do prefeito também constitui uma das prerrogativas institucionais da Câmara de Vereadores, que o exercerá com o auxílio dos Tribunais de Contas do estado ou do município, onde houver. “Entendo, portanto, que a competência para o julgamento das contas anuais dos prefeitos eleitos pelo povo é do Poder Legislativo (nos termos do artigo 71, inciso I, da Constituição Federal), que é órgão constituído por representantes democraticamente eleitos para averiguar, além da sua adequação orçamentária, sua destinação em prol dos interesses da população ali representada. Seu parecer, nesse caso, é opinativo, não sendo apto a produzir consequências como a inelegibilidade prevista no artigo 1º, I, g, da Lei complementar 64/1990”, afirmou o relator, ressaltando que este entendimento é adotado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
 Colocado por meio de um mandado de segurança, a questão versada no MS 33.729 é sobre o processo de análise das contas presidenciais que, ainda mais, diz respeito ao papel do Legislativo e do próprio STF na guarda da Constituição e a forma como se encara o devido processo legislativo em tempos de crise institucional e política. Impetra-se o “writ” em face de 
ato da Mesa da Câmara dos Deputados consistente na inserção de Projetos de Decretos Legislativos de análise de contas dos ex-presidentes da República, especificamente os Projetos de Decreto Legislativo 384/1997, 1.376/2009, 40/2011, 42/2011 para apreciação da Câmara dos Deputados em sessão separada do Senado Federal.
 Ora, a impetração vislumbra que há flagrante violação ao devido processo legislativo que, nos termos do art. 57, §§ 3° e 5° da Constituição Federal, exige que a apreciação das contas presidenciais se dê em sessão conjunta do Congresso Nacional, entendido como a sessão em que as duas casas se unam em conjunto de tal forma que permita a influência recíproca entre os parlamentares. Em decisão liminar, o ministro Luís Roberto Barroso reconhece que a matéria é de competência e afeta o Congresso Nacional, consoante os arts. 49, inc. IX; art. 71, I e art. 84, inc. XXIV da Constituição Federal. A questão, a saber, é se a competência deve ser exercida em conjunto por ambas as casas ou, então, separadamente. Segundo sua decisão, o art. 166, § 1º, inc. I, da Constituição exerce um forte indicativo de que a competência deve ser exercida em conjunto. Segundo o texto constitucional, cabe a uma comissão mista permanente de deputados e senadores examinar e emitir parecer sobre as contas apresentadas pelo presidente da República. Embora o parecer da comissão mista permanente de deputados e senadores não seja vinculativo, a competência do julgamento das contas previsto no art. 49, inc. IX, da CF/88 deve se cifrar nos pareceres da referida comissão mista.
 Também, além do indicativo da existência da Comissão Mista anteriormente citada, o ministro Luís Roberto Barroso argumenta que, no caso de sessão conjunta, deve ser possível o diálogo e a interlocução entre deputados e senadores, muito embora as votações ocorram separadamente para a Câmara dos Deputados e Senado. É que as contas só serão rejeitadas quando ambas as Casas tenham pronunciamento neste sentido, não bastando que uma Casa as aprove, e a outra as rejeite. Ambas deverão rejeitar as contas ou, então, as contas serão consideradas aprovadas.
 Em síntese, o Ministro Barroso considerou que, apesar de ter reconhecido a inconstitucionalidade da prática da análise de contas em separado, apenas “sinalizou” e “não determinou” para a Câmara dos Deputados em sua decisão liminar que, no futuro, a prática deveria ser revista.No fundo, há uma incompreensão do Supremo Tribunal Federal na extensão da garantia do Mandado de Segurança e no próprio pedido de segurança realizado no caso. Impossível se conceber a análise separada dos requisitos fumus bonis iuris e periculum in mora.

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