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Manual de Combate a Incendio Marinha do Brasil 1

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MARINHA DO BRASIL
CENTRO DE ADESTRAMENTO ALMIRANTE MARQUES DE LEÃO
CBINC – D-001
8a Edição – 2000
MARINHA DO BRASIL
CENTRO DE ADESTRAMENTO ALMIRANTE MARQUES DE LEÃO
MANUAL DE COMBATE A INCÊNDIO
CBINC – D-001
8a Edição – 2000
Centro de Adestramento Almirante Marques de Leão.
 C387m Manual de Combate a Incêndio / Centro de Adestramento Almirante
 Marques de Leão. - 8. ed. - Rio de Janeiro : O Centro, 2000.
 [ 102 ]p. :il.
 CBINC-D-001
 1. Navios - Incêndios e prevenção de incêndios a bordo. 2. Combate a
incêndio a bordo. I. Título.
 CDD 20. ed. 623.865
É VEDADA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE MANUAL COM FIM
COMERCIAL.
PUBLICAÇÃO REGISTRADA NO ESCRITÓRIO DE DIREITOS AUTORAIS DO
MINISTÉRIO DA CULTURA SOB O NÚMERO 143.968 - LIVRO 233 – FOLHA 23.
Manual de Combate a Incêndio
8 a edição Sumário - 1
SUMÁRIO
PÁGINAS
CAPÍTULO 1 - A COMBUSTÃO, FENÔMENOS SECUNDÁRIOS E
MÉTODOS DE TRANSMISSÃO DE CALOR
1.1 - Natureza do Fogo........................................................................... 1-1
1.2 - O Combustível ............................................................................... 1-1
1.3 - O Comburente................................................................................ 1-2
1.4 - A Temperatura............................................................................... 1-2
1.5 - Extinção por Quebra da Reação em Cadeia................................... 1-3
 1.6 - Métodos de Transmissão de Calor................................................. 1-4
1.7 - Intensidade da Combustão.............................................................. 1-6
1.8 - Explosão........................................................................................ 1-6
1.9 - Combustão Espontânea................................................................. 1-6
1.10 - Eletricidade Estática..................................................................... 1-7
1.11 - A Dinâmica do Incêndio a Bordo................................................. 1-7
CAPÍTULO 2 - CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS E DOS AGENTES
 EXTINTORES
2.1- Classificação dos Incêndios............................................................. 2-1
2.2 - Agentes Extintores......................................................................... 2-1
2.3 - Cuidados com os Agentes Extintores............................................. 2-5
2.4 - Medidas Preventivas...................................................................... 2-7
2.5 - Principais Causas de Incêndio a Bordo........................................... 2-9
2.6 - Perigos Adicionais com o Navio em Período de Reparos............... 2-9
2.7 - Perigos Adicionais quando em Combate......................................... 2-10
CAPÍTULO 3 - EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM ÁGUA COMO AGENTE
 EXTINTOR
3.1 - Rede de Incêndio............................................................................. 3-1
3.2 - Tomadas de Incêndio...................................................................... 3-1
3.3 - Válvulas.......................................................................................... 3-2
Manual de Combate a Incêndio
8 a edição Sumário - 2
3.4 - Mangueiras de Incêndio............................................................... 3-2
3.5 - Esguicho Universal e Aplicadores................................................ 3-6
3.6 - Esguichos Variáveis...................................................................... 3-8
3.7 - Esguichos de Cortina de Água (“waterwall”) e de Ataque (“Firefigh-
 ter”).............................................................................................. 3-10
3.8 - Sistema de Borrifo......................................................................... 3-11
3.9 -Canhão de Água............................................................................. 3-13
CAPÍTULO 4 - EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM ESPUMA COMO AGENTE
 EXTINTOR
4.1 - A Espuma como Agente Extintor.................................................. 4-1
4.2 - Equipamentos para Produção de Espuma...................................... 4-2
4.3 - Estações Geradoras de Espuma..................................................... 4-3
4.4 - Misturador Entrelinhas.................................................................. 4-4
4.5 - Esguicho NPU.............................................................................. 4-5
4.6 - Esguicho FB 5X e FB 10X........................................................... 4-6
4.7 - Misturador Tipo “FW”................................................................. 4-7
4.8 - Esguicho Universal para Neblina de Alta e com Aplicador para
 Neblina de Baixa Velocidade......................................................... 4-8
CAPÍTULO 5 - OUTROS EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES
5.1 - Equipamentos que Utilizam o CO2 como Agente Extintor............. 5-1
5.2 - Equipamentos que Utilizam o Halon como Agente Extintor........... 5-2
5.3 - Dispositivo de Duplo Agente.......................................................... 5-5
5.4 - Equipamentos que Utilizam Gases Inertes..................................... 5-6
5.5 - Sistemas de Detecção de Incêndio.................................................. 5-6
5.6 - Sistema Fixo de Pó Químico......................................................... 5-7
CAPÍTULO 6 - EXTINTORES PORTÁTEIS
6.1 - Generalidades............................................................................... 6-1
6.2 - Extintores a Água......................................................................... 6-1
6.3 - Extintores a Espuma..................................................................... 6-3
6.4 - Extintores a Bióxido de Carbono (CO2)........................................ 6-4
Manual de Combate a Incêndio
8 a edição Sumário - 3
6.5 - Extintores a Pó Químico............................................................... 6-5
6.6 - Extintores a Halon......................................................................... 6-6
6.7 - Extintores a Pó Seco (para Metais Combustíveis)........................ 6-7
6.8 - Outros Recursos........................................................................... 6-7
6.9 - Identificação dos Extintores Portáteis.......................................... 6-8
CAPÍTULO 7 - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA
7.1 - Generalidades............................................................................... 7-1
7.2 - Roupas de Proteção...................................................................... 7-1
7.3 - Máscaras contra Gases Irritantes e Tóxicos.................................. 7-3
7.4 - Máscaras com Tambor-Gerador de Oxigênio................................ 7-4
7.5 - Máscaras com Ampolas de Ar Comprimido................................. 7-5
7.6 - Máscara para Escape de Emergência............................................. 7-6
7.7 - Câmera de Imagem Térmica (TIC - Thermal Image Camera)........................... 7-7
7.8 - Capacete de Proteção (STH - Slim Tank Helmet)......................... 7-7
7.9 - Oxímetro (Medidor de Taxa de Oxigênio)..................................... 7-7
7.10 - Explosímetro.................................................................................. 7-8
7.11 - Lâmpada de Segurança.................................................................. 7-8
CAPÍTULO 8 - ORGANIZAÇÃOE FAINA DE COMBATE A INCÊNDIO
8.1 - Requisitos Básicos......................................................................... 8-1
8.2 - Organização do Controle de Avarias.............................................. 8-2
8.3 - Grupos de Reparos........................................................................ 8-2
8.4 - Alarme de Incêndio........................................................................ 8-10
 8.5 - Turma de Ataque Rápido no Mar (TAR)....................................... 8-12
CAPÍTULO 9 - TÁTICAS E TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIO
9.1 - Técnicas de Combate a Incêndios Classe “A”................................ 9-1
9.2 - Tipos de Ataque.............................................................................. 9-1
9.3 - Descompressão e Entrada Forçada ou Compulsória....................... 9-4
9.4 - Técnicas no Ataque Indireto........................................................... 9-5
9.5 - Técnicas de Combate a Incêndios Classe “B”................................ 9-6
9.6 - Técnicas de Combate a Incêndios Classe “C”................................ 9-8
9.7 - Preparação para a Entrada em um Compartimento........................ 9-8
Manual de Combate a Incêndio
8 a edição Sumário - 4
9.8 - Processo de Abertura do Acesso e Entrada em um Compartimento................... 9-9
9.9 - Observações e Recomendações........................................................ 9-13
9.10 - Adestramento................................................................................. 9-14
CAPÍTULO 10 - DOUTRINA DE COMBATE A INCÊNDIO EM PRAÇAS DE
 MÁQUINAS
10.1 - Introdução................................................................................. 10-1
10.2 - Definições.................................................................................. 10-1
10.3 - Grande Vazamento de Óleo........................................................ 10-3
10.4 - Ações em um Grande Vazamento de Óleo com Incêndio.......... 10-4
10.5 - Controle da Fumaça...................................................................... 10-9
10.6 - Isolamento do Compartimento.................................................... 10-10
10.7 - Reentrada no Compartimento..................................................... 10-13
10.8 - Esgoto do Compartimento......................................................... 10-16
10.9 - Remoção da Fumaça e Teste de Atmosfera................................ 10-16
CAPÍTULO 11 - INSTALAÇÕES DE TERRA
11.1 - Introdução................................................................................. 11-1
11.2 - O “Efeito de Chaminé”............................................................... 11-1
11.3 - O Prédio e suas Principais Deficiências..................................... 11-2
11.4 - Proteção contra Incêndio............................................................ 11-2
11.5 - Treinamento e Supervisão.......................................................... 11-3
Manual de Combate a Incêndio
8 a edição
PREFÁCIO
A Política Básica da Marinha (PBM), preconiza a capacitação do pessoal para a
absorção adequada da constante evolução tecnológica, entre um dos seus objetivos
principais com vista ao preparo do Poder Naval.
Os sofisticados meios navais e o progresso da tecnologia exigem que, para a
segurança operativa e eficácia de combate, as tripulações dos navios se mantenham
atualizadas suas técnicas e processos referentes ao emprego dos meios.
Consciente dessa realidade, o Centro de Adestramento “Almirante Marques de
Leão” (CAAML) elaborou o Manual de Combate a Incêndio, com base nas técnicas de
extinção das várias classes de incêndio, adequando o seu conteúdo incorporação de
novas Unidades Navais e aos processos da modernização dos meios da Marinha do
Brasil à utilização de modernos equipamentos.
Esta publicação se divide em onze capítulos, dispostos na ordem das aulas do
Projeto Específico do Curso de Combate a Incêndio deste Centro. Adicionalmente,
foram inseridos assuntos complementares relacionados ao Curso Expedito de Combate
a Incêndio Avançado para a Marinha Mercante.
ANTONIO ALBERTO MARINHO NIGRO
 Capitão-de-Mar-e-Guerra
Comandante
8a edição 1-1
Capítulo 1
A COMBUSTÃO, FENÔMENOS SECUNDÁRIOS E MÉTODOS
DE TRANSMISSÃO DE CALOR
1.1 - NATUREZA DO FOGO
Há fogo quando há Combustão.
Combustão - é uma reação química que ocorre com a presença do combustível, do
comburente, da temperatura de ignição, com desprendimento de luz e calor.
Combustível - é todo material capaz de entrar em combustão: madeira, papel, pano,
estopa, tinta, alguns metais etc.
Comburente - é todo elemento que, associando-se quimicamente ao combustível, é capaz
de fazê-lo entrar em combustão. O oxigênio é o comburente mais facilmente encontrado
na natureza.
Temperatura de Ignição - é a temperatura necessária para que a reação química ocorra
entre o combustível e o comburente, produzindo gases capazes de entrarem em
combustão.
Para facilitar a compreensão, costuma-se representar os elementos básicos da combustão
por um triângulo equilátero, conhecido por “triângulo do fogo” (Fig. 1.1).
Fig.1.1 - Triângulo do Fogo
1.2 - O COMBUSTÍVEL
Dentre as diversas classificações que podemos atribuir aos combustíveis, interessam ao
nosso estudo as seguintes:
- Quanto ao estado físico.
Sólidos (carvão, madeira, pólvora, etc.);
Líquidos (gasolina, álcool, éter, óleo de linhaça, etc.) e
 Gasosos (metano, etano, etileno, butano, etc.).
- Quanto à volatividade.
8a edição 1-2
Voláteis - são os combustíveis que, nas condições normais de temperatura e pressão,
desprendem vapores capazes de se inflamarem (álcool, éter, benzina, etc.) e
Não-voláteis - são os combustíveis que desprendem vapores inflamáveis após
aquecimento acima da temperatura ambiente (óleo combustível, óleos lubrificantes, óleo
de linhaça, etc.), considerando as condições normais de pressão.
- Quanto à presença do comburente.
Com comburente (pólvoras, cloratos, nitratos, celulóide e metais combustíveis, tais
como: lítio, zircônio, titânio, etc.) e
Sem comburente (madeira, papel, tecidos, etc.).
1.3 - O COMBURENTE
Comburente é o elemento químico que se combina com o combustível, possibilitando a
combustão. Na grande maioria dos casos, o comburente é o oxigênio. O oxigênio existe
no ar atmosférico em uma quantidade aproximada de 21%.
Normalmente, não ocorre chama quando a concentração de oxigênio no ar é inferior a
16%. Por isso, o primeiro método básico de extinção de incêndios é o abafamento, que
consiste em reduzir a quantidade de oxigênio para abaixo do limite de 16% (Fig 1.2).
Fig.1.2 - Extinção por abafamento pela retirada do comburente
1.4 - A TEMPERATURA
Os vapores emanados de um combustível inflamam-se na presença do comburente, a partir
de determinada temperatura.
Ponto de Fulgor: é a temperatura mínima na qual um combustível desprende gases
suficientes para serem inflamados por uma fonte externa de calor, mas não em quantidade
suficiente para manter a combustão. A chama aparece, porém logo se extingue, não
mantendo a combustão (Fig. 1.3).
Ponto de Combustão: é a temperatura do combustível, acima da qual, ele desprende gases
em quantidade suficiente para serem inflamados por uma fonte externa de calor e
continuarem queimando, mesmo quando retirada esta fonte.
Ponto de Ignição: é a temperatura necessária para inflamar os gases que estejam se
desprendendo de um combustível, só com a presença do comburente.
8a edição 1-3
Fig.1.3 - Determinação do ponto de fulgor
Retirando-se a temperatura, não teremos fogo. Assim, o segundo método básico de
extinção de incêndios é o resfriamento. É o métodomais antigo de se apagar incêndios,
sendo seu agente universal a água.
O resfriamento consiste em reduzirmos a temperatura de um combustível abaixo da
temperatura de ignição, ou da região onde seus gases estão concentrados, extinguindo o
fogo.
Raciocinando com o triângulo do fogo, isto consiste em afastar o lado referente à
temperatura de ignição. Com apenas dois lados (combustível e comburente), não há fogo
(Fig. 1.4).
Fig. 1.4 - Extinção por resfriamento pela retirada da temperatura
Cabe ressaltar que somente por resfriamento podem ser extintos os incêndios de
combustíveis que tenham comburente em sua estrutura íntima (pólvora, celulóide, metais
combustíveis, etc.). Esses incêndios não podem ser extintos por abafamento.
1.5 - EXTINÇÃO POR QUEBRA DA REAÇÃO EM CADEIA
Atualmente vem sendo considerado um novo processo de extinção de incêndios, em que
determinadas substâncias são introduzidas na reação química da combustão com o
propósito de inibi-la. Neste caso não há abafamento ou resfriamento. Apenas é criada uma
condição especial (por um agente que atua em nível molecular) em que o combustível e o
comburente perdem, ou têm em muito reduzida, a capacidade de manter a cadeia da
reação. A reação só permanece interrompida enquanto houver a efetiva presença do agente
extintor. Assim, requer que ele seja ali mantido até o natural resfriamento da área, ou que
se proceda o resfriamento por um dos meios conhecidos.
8a edição 1-4
Considerada a afinidade química entre o combustível e o comburente como mais uma
condição para a existência do fenômeno da combustão, o triângulo do fogo evolui para o
quadrilátero do fogo (Figs. 1.5 e 1.6).
 Fig.1.5 - O quadrilátero do fogo Fig.1.6 - Triângulo do fogo e a interação entre seus lados
 
Para os efeitos práticos deste manual, vamos considerar que o quarto lado (“Reação em
Cadeia”) do quadrilátero do fogo seja a interação entre os três lados do nosso triângulo.
1.6 - MÉTODOS DE TRANSMISSÃO DE CALOR
Há três métodos de transmissão de calor: Irradiação, Condução e Convecção. O estudo
desses métodos permite a visualização de vários fenômenos peculiares aos incêndios,
principalmente no que diz respeito a sua propagação.
Irradiação - é a transmissão de calor que se processa sem a necessidade de continuidade
molecular entre a fonte calorífica e o corpo que recebe calor. É a transmissão de calor que
acompanha geralmente a emissão de luz (Fig. 1.7). O caso típico de calor radiante é o
calor do Sol.
Fig.1.7 - Transmissão de calor por irradiação
Condução - é a transmissão de calor que se faz de molécula para molécula, através de um
movimento vibratório que as anima e permite a comunicação de uma pra outra (Fig. 1.8).
8a edição 1-5
 
 Fig.1.8 - Transmissão de calor por condução através da 
 antepara comum entre dois compartimentos
As anteparas e pisos que limitam os compartimentos incendiados atingem temperaturas
que ultrapassam a de ignição da maioria dos materiais encontrados a bordo. É por isto que,
quando ocorre um incêndio em um compartimento, devem ser inspecionados
imediatamente os compartimentos adjacentes, principalmente os que ficam acima. Todo
material existente nesses compartimentos deve ser retirado ou afastado das anteparas, ao
mesmo tempo em que estas devem ser resfriadas, visto que a própria tinta que as reveste se
inflama com facilidade.
Convecção - é o método de transmissão de calor característico dos líquidos e gases.
Consiste na formação de correntes ascendentes no seio da massa fluida, devido ao
fenômeno da dilatação e conseqüente perda de densidade da porção de fluido mais
próximo da fonte calorífica (Fig. 1.9).
Fig.1.9 - A convecção transportando o ar aquecido,
 gases e fumaça através do navio
Porções mais frias ocupam o lugar próximo à fonte calorífica, antes ocupado pelas porções
que subiram, formando-se assim o regime contínuo das correntes de convecção. Quanto ao
aspecto da propagação de incêndios, a convecção pode ser responsável pelo alastramento
de incêndios a compartimentos bastante distantes do local de origem do fogo. Em
edifícios, este fenômeno se dá através dos poços dos elevadores ou vãos de escadas,
8a edição 1-6
atingindo muitos andares acima de onde está ocorrendo o incêndio, especialmente onde
houver portas ou janelas abertas que permitam a passagem da coluna ascendente de gases
aquecidos. A legislação que rege a construção civil determina que as escadas internas, de
acesso aos pavimentos de um prédio, sejam isoladas por portas à prova de fogo, de forma a
evitar tais efeitos.
Nos navios, essas correntes de convecção ocorrem através dos dutos de ventilação que,
por esse motivo, devem ter suas válvulas de interceptação fechadas nas seções que
atravessam a área incendiada. Muitas vezes, devido a falta dessa providência, incêndios
aparentemente inexplicáveis, longe do foco principal, poderão se formar e inutilizar todo
o trabalho de extinção realizado no compartimento no qual o fogo se originou.
1.7 - INTENSIDADE DA COMBUSTÃO
É conhecido por intensidade da combustão o volume de chamas que se desprende de um
incêndio. Naturalmente, um palito de fósforo apresentará uma intensidade de combustão
muito menor do que uma pilha de lenha, devido à menor quantidade de combustível. Além
da quantidade de combustível, devemos, também, considerar a área superficial do
combustível, porque a concentração da mistura combustível e ar (oxigênio) produzirá uma
intensidade de combustão maior ou menor em função dessa mistura. Assim, quanto maior
a área superficial, maior será a concentração da mistura ar/combustível e, em
conseqüência, maior será a intensidade da combustão.
A concentração do comburente é outro fator que devemos considerar. É o que se observa
quando um incêndio está ocorrendo com pequena intensidade num ambiente confinado
(onde a concentração de oxigênio já atingiu níveis reduzidos) e uma porta é bruscamente
aberta. Subitamente, sob o impacto do aumento da concentração de oxigênio ambiente, o
fogo se reanima e aumenta de intensidade.
1.8 - EXPLOSÃO
Há combustíveis que, por sua altíssima velocidade de queima e enorme produção de gases,
quando inflamados dentro de um espaço confinado, produzem o fenômeno da explosão. Os
explosivos, tais como o TNT, a nitroglicerina e outros mais, apresentam enorme perigo
quando ameaçados por um incêndio. A providência imediata a tomar será sempre afastá-
los das proximidades do fogo ou alagar com água os paióis onde se encontram
armazenados.
1.9 - COMBUSTÃO ESPONTÂNEA
Certos materiais orgânicos, em determinadas circunstâncias, podem, por si só, entrar em
combustão. Entre as substâncias mais suscetíveis de combustão espontânea destacam-se a
alfafa, o carvão, o óleo de peixe, o óleo de linhaça, os tecidos impregnados de óleo, os
8a edição 1-7
vernizes, o óleo de milho, o óleo de semente de algodão, certos fertilizantes orgânicos e
inorgânicos, as misturas contendo nitratos e material orgânico, o feno, os pós metálicos, o
óleo de pinho, a juta, o sisal, o cânhamo, a madeira e a serragem. Os materiais fibrosos
tornam-se particularmente perigosos quando impregnados com óleos animais ou vegetais.
Embora seja um fenômeno pouco falado, a combustão espontânea é mais comum do que se
poderia pensar. Ela ocorre freqüentemente durante o verão, quando há longos períodos sem
chuva, nos terrenos cobertos pelo capim nos morros do Rio de Janeiro.
1.10 - ELETRICIDADE ESTÁTICA
Eletricidade estática é o acúmulo de potencial elétrico de um corpo em relação a outro,
geralmente em relação à terra. Forma-se, na grande maioria dos casos, por atrito, sendo
praticamente impossível de ser eliminada. A providência que pode ser tomada é impedir o
seu acúmuloantes que atinja potenciais perigosos (capazes de fazer produzir uma faísca),
aterrando-se o equipamento a ela sujeito; isto é, ligando-se a carcaça do equipamento à
terra, por meio de um condutor. Quase todos os equipamentos estão sujeitos a atrito e,
portanto, a formação de eletricidade estática.
A faísca da descarga elétrica, em si, nada de mau apresenta. Apenas, havendo
combustíveis ou misturas explosivas nas proximidades, é que se pode temer um sinistro.
Por isso mesmo, no transporte e manuseio de líquidos voláteis é que deverão ser tomados
maiores cuidados. Antigamente, os caminhões-tanque transportadores desses líquidos
levavam correntes na parte traseira que, ao se arrastarem pelo chão, descarregavam a
eletricidade estática formada. Modernamente, não se usam mais tais correntes. Antes de
ser iniciada a faina de carga ou descarga do líquido, o chassis do caminhão é ligado à terra
por um fio metálico.
As mangueiras, que descarregam líquidos e gases combustíveis, devem ser dotadas de
bocal metálico que, por sua vez, deve ser conectado eletricamente ao tanque receptor antes
de ser iniciada a descarga. Evita-se, assim, que a eletricidade estática gerada pelo atrito do
fluido com a mangueira possa originar uma centelha entre o bocal e o tanque.
1.11- A DINÂMICA DO INCÊNDIO A BORDO
Os incêndios a bordo podem ser separados em quatro diferentes estágios: Fase inicial;
Fase de desenvolvimento; Incêndio desenvolvido e Fase de queda de intensidade.
- Fase Inicial
A temperatura média do compartimento ainda não está muito elevada, e o fogo
está localizado próximo ao foco do incêndio. As altas temperaturas concentram-se
próximas ao foco do incêndio, e a fumaça proveniente da combustão forma uma
camada quente apenas na parte superior do compartimento. Caso não ocorra a
8a edição 1-8
extinção do incêndio poderá ocorrer o “ROOLOVER”, que é o fenômeno no qual
os gases da combustão não queimados no incêndio misturam-se ao ar e se
inflamam na parte superior do compartimento devido à alta temperatura naquela
área.
- Fase de Desenvolvimento
É a fase de transição entre a fase inicial e a do incêndio totalmente desenvolvido.
Ocorre em um período relativamente curto de tempo e pode ser considerado um
evento do incêndio. Trata-se do momento no qual a temperatura da camada
superior de fumaça atinge 600ºC .
A característica principal desta fase é o repentino espalhamento das chamas a
todo o material combustível existente no compartimento. Este fenômeno é
conhecido pelo nome de "flashover". A sobrevivência do pessoal que esteja no
local é improvável.
- Incêndio Desenvolvido
Todo o material do compartimento está em combustão, sendo a taxa de queima
limitada pela quantidade de oxigênio remanescente. Chamas podem sair por
qualquer abertura, e os gases combustíveis na fumaça se queimam assim que
encontram ar fresco. O acesso a esse incêndio é praticamente impossível, sendo
necessário um ataque indireto ao mesmo. Incêndios em praças de máquinas ou
provocados pelo impacto de armamento inimigo atingem este estágio
rapidamente.
- Fase de Queda de Intensidade
Quase todo o material combustível já foi consumido e o incêndio começa a se
extinguir.
Após a extinção do incêndio, em casos específicos, pode ocorrer o fenômeno do
reaparecimento. Em um incêndio que tenha se extinguido por ausência de
oxigênio, como por exemplo, em um compartimento estanque que tenha sido
complemente isolado, vapores combustíveis podem estar presentes. Quando ar
fresco é admitido nessa atmosfera rica em vapores combustíveis / gases
explosivos e com temperatura próxima à de ignição, os três elementos do
triângulo do fogo estarão novamente presentes e pode ocorrer uma explosão.
Manual de Combate a Incêndio
8ª edição 2 - 1
Capítulo 2
CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS E DOS AGENTES EXTINTORES
2.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS
Com a finalidade de facilitar a seleção dos melhores métodos de combate a um
incêndio, optou-se por dividi-los em quatro classes principais, a saber:
· Classe “A” são os que se verificam em materiais fibrosos ou sólidos, que formam
brasas e deixam resíduos. São os incêndios em madeira, papel, tecidos, borracha e
na maioria dos plásticos.
· Classe “B” são os que se verificam em líquidos inflamáveis (óleo, querosene,
gasolina, tintas, álcool etc.) e também em graxas e gases inflamáveis.
· Classe “C” são os que se verificam em equipamentos e instalações elétricas,
enquanto a energia estiver alimentada.
· Classe “D” são os que se verificam em metais (magnésio, titânio e lítio).
2.2 - AGENTES EXTINTORES
Agente extintor é qualquer material empregado para abafar ou resfriar as chamas,
oriundas de uma combustão, proporcionando sua extinção.
Os agentes extintores de uso mais difundidos a bordo são: Água; Espuma; CO2; Vapor;
Pó Químico; Halon e Solução Aquosa de Carbonato de Potásio (APC).
· ÁGUA –
É o agente extintor de uso mais comum, sendo utilizado sob três formas básicas: Jato
Sólido, Neblina de Alta Velocidade e Neblina de Baixa Velocidade. O Jato Sólido
consiste em um jorro de água, lançado à alta pressão, por meio de um esguicho com
orifício circular de descarga. Sob esta forma, a água atinge o material incendiado com
violência e penetra fundo em seu interior. É o meio por excelência para a extinção de
incêndios classe “A”, onde o material tem de ser bem encharcado de água para
garantir a extinção total do fogo e impedir seu ressurgimento (Fig. 2.1).
Fig. 2.1 – Jato Sólido
Em alguns casos, como incêndios em colchões e travesseiros, é conveniente que o
material seja mergulhado na água garantindo-se, assim, que não permaneçam brasas
no seu interior.
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As neblinas, tanto de alta como de baixa velocidade, consistem no borrifamento da
água por meio de pulverizadores especiais. A água, assim aplicada sob a forma de
gotículas, tem aumentada, em muito, sua superfície de contacto com o material
incendiado, propiciando um rápido decréscimo da temperatura no ambiente em que
ocorre o fogo (extinção por resfriamento). As neblinas podem ser utilizadas para
auxiliar a extinção de incêndios classe “A”, reduzindo as chamas superficiais e
permitindo que as equipes se aproximem mais do foco do incêndio, o que facilitará
sua extinção definitiva com jato sólido. As neblinas, na ausência de espuma, são
altamente eficientes na extinção de incêndios classe “B”, onde o jato sólido não tem a
menor ação extintora; pelo contrário, aumenta o vulto dos incêndios pelo
turbilhonamento que provoca no seio do líquido inflamado (Fig. 2.2 e 2.3).
 
Fig. 2.2 – Neblina de alta velocidade
 
Fig. 2.3 – Neblina de baixa velocidade
A água, especialmente a água salgada, é boa condutora de eletricidade e não deve,
portanto, ser utilizada na extinção de incêndios classe “C”. No entanto, na total
ausência de agentes extintores adequados, ela poderá ser usada, sob a forma de
neblina de alta velocidade, devendo-se manter uma distância de pelo menos dois
metros dos equipamentos elétricos. Desta forma, são menores os riscos de choque
elétrico para o pessoal envolvido na faina.
A água, sob qualquer das três formas em que é empregada, extingue incêndios por
resfriamento, isto é, diminuindo a temperatura das substâncias abaixo de sua
temperatura de ignição. No entanto, quando se joga água sobre uma substância em
combustão, parte desta água se transforma em vapor. O vapor, como veremos adiante,
tem uma ação de abafamento. Dizemos, então, que a água extingue incêndios
principalmente por resfriamento e, secundariamente, por abafamento.
· ESPUMA –É um agente extintor específico para incêndios para classe “B”. Na MB (Marinha
do Brasil) há dois tipos de espuma: Química e Mecânica. Ambos os tipos de
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espuma atuam da mesma forma, flutuando sobre a superfície do líquido inflamado
e isolando-o da atmosfera (Fig. 2.4).
Espuma Química – Normalmente é encontrada em extintores portáteis.
Espuma Mecânica – Empregada para produção de grandes volumes de espuma
por meio de equipamentos que misturam proporcionalmente o líquido gerador
com ar e água.
A água entra com aproximadamente 85% (em peso) na composição da espuma,
tendo um efeito secundário na extinção do incêndio. Concluímos então que a
espuma extingue o incêndio principalmente por abafamento e, secundariamente ,
por resfriamento.
 Fig. 2.4 – Espuma 
CO2 – 
Por ser o CO2 um gás inerte, isto é, um gás que não alimenta a combustão, ele é
empregado como agente extintor por abafamento, criando, ao redor do corpo em
chamas, uma atmosfera rica em CO2 e, por conseguinte, pobre em oxigênio. O
CO2 é também um gás mau condutor de eletricidade e, por isso, é especialmente
indicado para incêndios classe “C”. Na Marinha, atualmente, o CO2 é o agente
extintor por excelência para extintores portáteis, sendo empregado em incêndios
das classes “B” e “C”.
· VAPOR –
O vapor de água pode ser utilizado como agente extintor, por abafamento. Eviden-
temente, por sua temperatura normalmente elevada, não tem nenhuma ação de
resfriamento.
Usa-se o vapor para extinguir incêndios classe “B”, principalmente em porões de
praças de caldeiras e praças de máquinas de navios a vapor, quando esses incêndios
se mostram insensíveis a outros métodos. O uso de vapor obriga ao isolamento do
compartimento, que fica inoperante.
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· PÓ QUÍMICO SECO –
Na MB os três tipos mais utilizados são : Pó Químico Seco (PQS), Bicarbonato de
Potássio (PKP) e Pó Seco (MET – L – X).
Pó Químico Seco (PQS) – É empregado para combate a incêndios em líquidos
inflamáveis, (classe “B”) podendo ser utilizado também em incêndios de
equipamentos elétricos energizados (classe “C”).
(PKP) – É um agente extintor à base de bicarbonato de potássio, muito eficiente
na extinção de incêndios em líquidos inflamáveis em forma pulverizada e em
gases inflamáveis, atacando a reação em cadeia necessária para sustentar a
combustão. Pode ser utilizado para combater incêndios classe “C”. Em incêndios
classe “C”, deixará resíduos de difícil remoção. O PKP pode ser empregado para
o combate a incêndio em copas, cozinhas, dutos, fritadeiras e chapas quentes.
Pó Seco – (MET-L-X) – É empregado exclusivamente no combate a incêndios
em metais combustíveis (classe “D”).
· HALON –
O halon pode ser encontrado em extintores portáteis e sistemas fixos. Quando
liberado, o halon forma uma nuvem de gás, com aspecto incolor, inodoro e com
densidade cinco vezes maior que a do ar.
Ele extingue o fogo através do método da quebra da reação em cadeia. Existem
dois tipos: o halon 1211 e o 1301.
O BCF (Halon 1211) é o agente ideal para a extinção de incêndios em módulos de
motores e turbinas. O BCF é mais tóxico que o Halon 1301, não podendo ser usado
em um compartimento ainda guarnecido.
· SOLUÇÃO AQUOSA DE CARBONATO DE POTÁSSIO –
O Aqueous Potassium Carbonate (APC) é usado a bordo de alguns navios para
extinguir incêndios em óleos comestíveis e gorduras em geral, nas fritadeiras,
ventilações da cozinha e dutos de extração.
A técnica freqüentemente usada no combate a fogo de gorduras líquidas,
envolvendo óleos e banhas não-saturadas de origem animal ou vegetal, é a
aplicação de solução alcalina como o APC, que em contato com a superfície em
chamas, gera uma espuma parecida com a do sabão, impedindo o contato do ar
com a superfície em chamas. A espuma leve de sabão contém vapor e causa bolhas
de CO2 e glicerina que flutuam na superfície do óleo em chamas.
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8ª edição 2 - 5
2.3 - CUIDADOS COM OS AGENTES EXTINTORES
Todos os agentes extintores apresentam efeitos secundários sobre o material ou sobre o
pessoal, requerendo cuidados adicionais para sua seleção e emprego, de forma que sejam
evitados acidentes, ou que o material venha sofrer danos maiores do que aqueles que já
possam haver sofrido pela ação do fogo.
– ÁGUA
· Requer providências efetivas quanto ao esgoto.
Fainas prolongadas podem causar a redução da reserva de flutuabilidade por
excesso de peso da água embarcada, bem como dar origem à formação de
superfície livre, banda permanente ou redução de estabilidade por acréscimo de
peso alto.
· Quando utilizada em jato sólido, pode avariar equipamentos frágeis, tais como
equipamentos eletrônicos.
· Reduz a resistência de isolamento de equipamentos e circuitos, principalmente em se
tratando de água salgada.
· Pode originar acidentes se, sob a forma de jato sólido, for dirigida sobre o pessoal à
curta distância, principalmente se atingir o rosto.
· Se dirigida sobre equipamentos elétricos energizados, pode causar choque elétrico ao
pessoal que guarnece a mangueira.
– ESPUMA
· Sendo condutora de eletricidade, pode causar acidentes se utilizada contra
equipamentos elétricos energizados.
· Reduz a resistência de isolamento de equipamentos e circuitos elétricos e eletrônicos.
· Alguns tipos possuem propriedades corrosivas sobre diversos materiais.
· Produz irritação na pele e, principalmente, nos olhos.
– CO2
· Pode causar acidentes por asfixia quando utilizado em ambientes fechados e sem
ventilação.
· Pode causar queimaduras na pele e principalmente nos olhos, em face de sua baixa
temperatura, se dirigido à curta distância sobre o pessoal.
· A descarga das ampolas de CO2 pode dar origem a formação de cargas de
eletricidade estática. Não é indicada, portanto, a utilização das ampolas de CO2 para
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saturação de ambientes onde existam misturas inflamáveis, mas apenas para combate
a incêndios já em evolução.
– AGENTES EM PÓ
· Os produtos empregados na sua composição são não-tóxicos. Entretanto a descarga
de grandes quantidades pode causar uma dificuldade temporária de respiração,
durante e imediatamente após a descarga, podendo também interferir seriamente com
a visibilidade.
· Podem dar origem a maus contatos e baixas de isolamento em equipamentos elétricos
e eletrônicos.
– VAPOR
· Requer a retirada de todo o pessoal do compartimento.
· Submete todos os equipamentos contidos no compartimento a uma temperatura
elevada.
– HALON
· Os agentes halogenados apresentam baixa toxidez quando armazenados em
condições normais, ditadas pelos fabricantes.
· O Halon 1301, numa concentração entre 5 e 7%, não causará efeito danoso caso a
exposição seja de até cinco minutos. Em uma concentração entre 7 e 10 % por um
período de um minuto, alguns sintomas se fazem notar, como perda da coordenação
motora e redução da acuidade mental sem, contudo, incapacitar a pessoa. Para
concentração acima de 10%, durante um minuto de exposição, a pessoa ficará
totalmente incapacitada. Se o período for maior que um minuto, ocorrerá o desmaio
e possivelmente a morte.
· Para o Halon 1211, em uma concentração de até 4%, é aceitável a permanência no
ambiente por cinco minutos, no máximo. Em concentração de 4 a 5%, o máximo
aceitável é um minuto de permanência. Acima de 5%, é recomendável evitar
qualquer contacto ouexposição ao agente. Se alguma pessoa sofre os efeitos de ter
respirado o Halon, deve ser removida para um local de ar fresco até que uma pessoa
qualificada dê o devido socorro médico.
· Quando um incêndio é extinto por um agente qualquer derivado de hidrocarbonetos
halogenados, alguns cuidados devem ser tomados, pois, além dos subprodutos
comuns oriundos da combustão, o Halon se decompõe a 5000 C (9000 F), formando
diversos elementos tóxicos entre os quais ácido clorídrico, ácido fluorídrico e ácido
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bromídrico. Esses subprodutos são altamente nocivos à vida humana, podendo causar
a morte quase instantaneamente. Portanto, sabendo-se que o halon foi utilizado para
extinguir incêndio em um compartimento, para se efetuar a reentrada, será
obrigatoriamente necessário o uso de um equipamento autônomo de respiração,
observando-se um tempo mínimo de quinze minutos após ter sido comprovada a
extinção do incêndio pela redução da temperatura no compartimento.
2.4 - MEDIDAS PREVENTIVAS
Considerando-se que, na prática, a eclosão de um incêndio a bordo não pode ser
definitivamente impedida, especialmente em situações de guerra, é necessário que se
adotem providências não só de prevenção de incêndios, mas também aquelas que
venham a atenuá-lo, quando ele for inevitável.
Algumas dessas providências fazem parte das próprias normas de construção naval,
enquanto outras se fazem intimamente ligadas à doutrina do Controle de Avarias – CAV,
cabendo ao pessoal de bordo zelar pelo seu cumprimento. É de responsabilidade do
Encarregado do CAV, dos Encarregados de Divisão, dos Fiéis de CAV de Divisão e do
pessoal de serviço – fiéis de CAV e patrulhas – a detecção e correção de irregularidades
observadas que venham a apresentar risco de incêndio a bordo.
Uma adequada prevenção de incêndio deve incluir, conforme já visto, a limitação da
presença de materiais combustíveis a bordo, bem como o controle daqueles que podem
ser introduzidos para o atendimento de determinadas conveniências ou exigências do
serviço, observadas ainda as situações de guerra e de paz.
As providências de prevenção e limitação de incêndios a bordo, no que diz respeito ao
material inflamável, abordadas nas diversas publicações de Controle de Avarias, podem,
então, ser resumidas em cinco aspectos básicos:
– Eliminação do material desnecessário à operação do navio
O navio deve ter conhecimento dos riscos decorrentes da existência desse material e
de material estranho a bordo, sua localização e das medidas especiais a serem tomadas
caso ocorra alguma avaria, confeccionando, para tal, uma lista de inflamáveis. Todo
material introduzido a bordo deve ser relacionado e a sua localização informada ao
Encarregado do Controle de Avarias – ENCCAV.
A faina de preparar o navio para o combate deve prever a utilização dessa lista de
inflamáveis, para que estes sejam removidos de bordo, ou sejam reduzidas as suas
quantidades.
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– Especificação do material de bordo
O projeto das unidades navais deve prever a mínima utilização de equipamentos e
acessórios compostos por materiais combustíveis.
– Limitação da quantidade de materiais inflamáveis ao mínimo necessário à
operação em vista
Essa limitação será mais fácil de ser planejada em tempo de paz, quando a duração de
cada comissão pode ser estimada com rigor.
– Armazenamento e proteção do material combustível
Não armazenar, se possível, material combustível acima da linha d’água, inclusive no
convés principal.
Quando não puder ser evitado o armazenamento de material combustível no convés
principal ou superestrutura, o mesmo deverá ser acondicionado e posicionado de
forma que possa ser lançado facilmente ao mar. Deverá, também, ficar localizado o
mais a ré possível, a fim de que a fumaça e as chamas, no caso de incêndio, não
venham a interferir com a manobra do navio.
É essencial que não seja deixado nenhum combustível volátil nas proximidades das
aspirações dos compartimentos de máquinas.
Os locais adequados para armazenar material combustível são os compartimentos
localizados abaixo da linha d’água. Para aumentar a proteção devem ser usados
compartimentos localizados junto ao casco e o material deverá ser armazenado
afastado das anteparas, para evitar o perigo de calor irradiado no caso de incêndio no
compartimento adjacente.
Todos os combustíveis líquidos, particularmente aqueles que desprendem vapores
altamente inflamáveis ou explosivos, devem ser guardados em recipientes próprios
com tampa hermética.
A armazenagem de líquidos inflamáveis tais como tintas, vernizes, óleos e graxas
deve ser feita em compartimento apropriado, com ventilação forçada.
A armazenagem de materiais nos dutos de descarga de gases de Praças de Máquinas
deve ser proibida.
Deve-se ter especial atenção ao material dos invólucros de sobressalentes, geralmente
feitos de material combustível. Logo que possível esses sobressalentes devem ser
desempacotados para serem armazenados e os invólucros jogados fora.
– Manutenção do navio nas suas melhores condições de resistência ao fogo
Pode ser alcançado através:
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8ª edição 2 - 9
· da realização de freqüentes inspeções, de modo a manter os riscos de incêndio
reduzidos ao mínimo e
· do contínuo endoutrinamento da tripulação quanto à necessidade de manter o navio
seguro, o que é alcançado através do adestramento individual, por equipes e para os
quartos de serviço e de notas em Plano de Dia.
2.5 - PRINCIPAIS CAUSAS DE INCÊNDIO A BORDO
Podemos afirmar, com segurança, que o mais eficiente método de combater incêndios é
evitar que eles tenham início.
Excetuados, evidentemente, os incêndios originados por danos em combate, a grande
maioria de ocorrências de fogo a bordo é derivada de falhas humanas, pela não-
observância dos cuidados na utilização do material, pela manutenção deficiente dos
equipamentos e pelo desconhecimento das precauções de segurança.
As principais causas de incêndios a bordo de navios, segundo dados estatísticos de fontes
oficiais, são as seguintes:
· cigarros e fósforos atirados em locais impróprios;
· trapos e estopas embebidos em óleo ou graxa;
· acúmulo de gordura nas telas e dutos de extração da cozinha;
· serviços com equipamento de solda elétrica ou oxi-acetileno;
· porão com acúmulo de óleo ou lixo;
· vasilhames destampados contendo combustíveis voláteis;
· uso desnecessário de materiais combustíveis;
· instalações e equipamentos elétricos deficientes;
· materiais inflamáveis ou combustível de bordo, tais como óleos, graxas, tintas,
solventes etc., armazenados indevidamente;
· presença de vazaments em sistemas de óleo combustível e lubrificante;
· partes aquecidas de máquinas próximas a redes de óleo;
· uso de ferramentas manuais ou elétricas em tanques não devidamente
desgaseificados, ou nos compartimentos adjacentes a esses tanques;
· fritadores elétricos superaquecidos e
· descuido com lâmpadas desprotegidas.
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2.6 - PERIGOS ADICIONAIS COM O NAVIO EM PERÍODO DE REPARO
Os principais perigos adicionais com o navio em período de reparo são os seguintes:
· grande quantidade de fainas de corte e solda simultâneas e falta de controle e
supervisão durante esse tipo de serviço;
· numerosos painéis energizados e cabos elétricos com muitas emendas;
· existência de grande quantidade de acessóriosde CAV retirados, afetando a
estanqueidade do navio, prejudicando o estabelecimento da condição de fechamento
do material;
· guarnição reduzida a bordo e interrupção de comunicações interiores, com
conseqüente demora na disseminação do alarme;
· realização de obras e serviços em compartimentos, prejudicando o trânsito de homens
e o acesso a acessórios e sistemas de CAV e
· rede de incêndio, sistemas de esgoto, comandos à distância, sistemas fixos de
extinção de incêndios, etc. em reparo, ou operando com restrições.
2.7 - PERIGOS ADICIONAIS QUANDO EM COMBATE
Os principais perigos adicionais quando em combate são os seguintes:
· ondas de calor e deslocamento de ar devido às explosões externas e internas;
· estilhaços aquecidos;
· alagamentos progressivos, com grande quantidade de óleo combustível, entrando em
contato com as superfícies aquecidas;
· centelhas de equipamentos elétricos avariados, superaquecimento e ignição de
isolamento térmico e elétrico;
· rompimento de trechos de redes de sistemas vitais;
· baixas de pessoal e
· interrupção momentânea ou permanente de energia elétrica ou comunicações, em
parte ou em todo o navio.
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Capítulo 3
EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM ÁGUA COMO AGENTE EXTINTOR
3.1 - REDE DE INCÊNDIO
A rede de incêndio consiste em um sistema de canalizações que alimenta tomadas de
incêndio e sistemas de borrifo. Em um navio, costuma, também, alimentar a rede
sanitária e a de resfriamento das máquinas auxiliares.
A fim de assegurar a máxima proteção à rede de incêndio contra avarias de combate,
sempre que possível, as suas canalizações e bombas ficam localizadas na parte mais
protegida do navio. No convés principal, procura-se reduzir ao mínimo o número de
canalizações horizontais.
A pressão da rede de incêndio é da ordem de 150 libras/pol.2, sendo que é necessária
uma pressão mínima de 70 libras/pol.2 no terminal das mangueiras para a operação de
quase todos os equipamentos produtores de espuma.
3.2 - TOMADAS DE INCÊNDIO
As tomadas de incêndio a bordo são instaladas nas canalizações horizontais da rede de
incêndio ou nas extremidades das derivações verticais. Nos contratorpedeiros ou navios
maiores essas tomadas são de 2½" de diâmetro reduzidas, quando necessário, para 1½".
Nesses navios, as tomadas poderão ser duplas. Nos navios menores, salvo algumas
exceções, todas as tomadas são de 1½".
A localização das tomadas de incêndio obedece aos seguintes critérios: nos
contratorpedeiros ou navios maiores são posicionadas de modo que qualquer ponto do
navio possa ser alcançado com duas mangueiras de 15,25 m (50 pés). Nos navios
menores, são dispostas de modo que se possa alcançar qualquer ponto do navio com
uma mangueira de 15,25 m (50 pés) de comprimento. As tomadas do convés principal
ficam elevadas de 0,30 m do piso e dispostas horizontalmente.
Em alguns navios, as tomadas de incêndio podem ter um ralo especial que permite sua
limpeza automática (Fig. 3.1). Tais ralos têm a descarga com diâmetro igual ao da
tomada onde são instalados.
As vantagens do emprego desses ralos são de fácil compreensão. A rede de incêndio está
sujeita a incrustações diversas e, com a trepidação do navio e os choques provocados pelas
explosões e disparos da artilharia, esses corpos soltam-se da rede e vão obstruir os esguichos
e pulverizadores, caso não sejam retirados pelo ralo. Recomenda-se abrir e fechar
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8ª edição 3- 2
periodicamente os ralos, com a máxima pressão na rede, de modo a descarregar as
incrustações que estejam em início de formação. Havendo oportunidade, as seções da rede
de incêndio devem ser retiradas para inspeção e limpeza.
 
Fig. 3.1 - Ralo auto-limpável
3.3 - VÁLVULAS
As válvulas normalmente instaladas na rede de incêndio são as de interceptação,
redutora e de segurança.
As válvulas de interceptação são encontradas na própria rede e nas suas derivações
verticais ou horizontais. Têm por finalidade permitir a segregação da rede em partes
independentes e, o isolamento de seções avariadas, visando o reparo e o contorno.
Algumas dessas válvulas podem ser manobradas à distância.
Em qualquer ocasião, a rede deve estar na condição de fechamento estabelecida, e isto
deverá ser do perfeito conhecimento do pessoal do CAV. Esse pessoal deve também ter
exato conhecimento das manobras a executar para prontamente isolar ou restabelecer a
alimentação de qualquer parte da rede. Quando necessário, as bombas portáteis são
utilizadas para alimentar partes segregadas da rede de incêndio.
As válvulas redutoras são instaladas nas derivações da rede de incêndio que alimentam
a rede sanitária. A pressão normal da rede sanitária é de 35 lb/pol.2, sendo as válvulas
redutoras ajustadas para esse valor. As válvulas de segurança instaladas na rede
sanitária, em geral, disparam com uma pressão 10% acima da prevista.
3.4 - MANGUEIRAS DE INCÊNDIO
As mangueiras adotadas na Marinha são as de borracha e lona dupla nos diâmetros de
1½", 2", 2½" e 3½" . As seções são de 15,25 m (50 pés) de comprimento, com união
macho em uma extremidade e fêmea na outra. Ao ser feita referência a uma seção de
mangueira, fica estabelecido que se trata desse comprimento padrão de 15,25 m.
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O revestimento interno de borracha é liso, para reduzir ao mínimo as perdas por atrito.
As figuras 3.2 e 3.3 mostram uma tomada de 2½" situada no convés principal e em uma
das cobertas do navio. No segundo caso, torna-se sempre necessário o emprego da
redução especial Y, onde ficarão permanentemente ligadas uma ou duas seções de 1½".
Mesmo em convés aberto, a manipulação das mangueiras de 2½" sob pressão é bastante
difícil. Elas são mais utilizadas para dar maior extensão a linhas de mangueiras,
alimentando duas outras de 1½" com emprego de uma redução em Y.
Navios dotados com estações de alta capacidade para geração de espuma utilizam
também mangueiras de 3½".
As mangueiras devem ser colhidas como mostram as figuras 3.2 e 3.3. Quando ao lado
da tomada há dois suportes para mangueiras, cada uma com duas seções, em geral,
somente uma das mangueiras fica ligada, como na figura 3.3.
Fig. 3.2 – Tomada de incêndio no convés
 
Fig. 3.3 - Tomada de incêndio cobertas abaixo
As mangueiras só devem ser pressurizadas, após levadas o mais próximo possível do
local de início do ataque, pois é mais fácil seu manuseio enquanto sem pressão.
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As mangueiras, após terminada a preparação, são pressurizadas e o equipamento é testado.
Quando houver a necessidade de se estender longas linhas de mangueiras, devido às
rupturas da rede de incêndio ou existência de grande quantidade de fumaça, deve-se
estender linhas de mangueiras de 2½". Apenas próximo à área sinistrada são colocadas
reduções em “Y” para adaptar linhas de mangueira de 1½".
Quando as mangueiras forem aduchadas em cabides especiais ou nos paióis, o seguinte
procedimento deverá ser obedecido: estende-se a mangueira no convés, dobra-se as
mesmas, até que a união macho, vindo por cima, chegue a cerca de 1,20 m da
extremidade fêmea. Colhe-se então a mangueira, enrolando-a a partir da extremidade do
seio. Ao terminar a aducha, a união fêmea estará por fora e, no fim da segunda volta, a
união macho estará com a rosca devidamente protegida (Fig. 3.4).
 
Fig. 3.4 - Como aduchar a mangueira
A figura 3.5mostra a forma de transportar a mangueira e a figura 3.6, a forma correta de
fazer seu lançamento.
 
 Fig. 3.5 - Transporte da mangueira
 Fig. 3.6 - Lançando a mangueira
As mangueiras deverão ser conservadas limpas, não sendo, porém, indicado lavá-las, a
não ser no caso de ficarem sujas de óleo ou graxa (estes produtos atacam a borracha).
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Nesses casos, deverão ser lavadas com água doce, escova macia e sabão ou detergente
neutro. Não utilizar escova de arame ou qualquer produto abrasivo.
Após a lavagem, as mangueiras deverão ser bem enxaguadas e postas a secar
estendidas, preferencialmente ao sol. Todas as mangueiras deverão ser inspecionadas
semanalmente, a fim de se verificar a presença de umidade. Devem ser retiradas dos
seus suportes, pelo menos uma vez por mês e novamente colhidas, de modo que as
dobras não fiquem no mesmo ponto em que se encontravam. A parte inferior da
mangueira, quando no cabide, deve ficar pelo menos a 15 cm do piso.
A união dupla fêmea é utilizada especialmente para unir duas mangueiras ligadas à
tomada de incêndio (que têm rosca macho), para efeito de contorno da rede.
A redução em “Y” é empregada para o desdobramento de uma mangueira de 2½" em
duas de 1½"; ou para permitir que duas mangueiras de 1½" sejam conectadas a uma
tomada de 2½" (Fig. 3.7).
Fig. 3.7 - Reduções e uniões
As uniões são confeccionadas em bronze, o que as torna naturalmente dotadas de certa
resistência à corrosão. Isso porém não dispensa a limpeza e proteção, por um
lubrificante adequado. As uniões não devem sofrer choques que possam deforma-las
ou causarem mossas aos seus fios de rosca. As uniões macho são mais sujeitas à avaria
nos fios de rosca, já a união fêmea tende ao emperramento do seu anel deslizante. A
limpeza das uniões não visa o aspecto estético e, portanto, não devem ser utilizados
materiais abrasivos para limpeza, no propósito de “polir os amarelos”. As roscas devem
ser protegidas por uma leve camada de graxa macia (do tipo utilizado para rolamentos),
com o cuidado de evitar que o lubrificante atinja as partes de lona e borracha. A graxa
deve ser substituída sempre que se verifique indícios de ressecamento ou aderência de
poeira.
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As uniões fêmeas possuem em seu interior um anel de borracha que é responsável pela
perfeita vedação. É importante que essa junta seja mantida no alojamento e que esteja
sempre em bom estado, sem sinais de ressecamento. Ao ser efetuada a limpeza e a
lubrificação dos fios de rosca, retire a junta para exame e recoloque-a no lugar antes de
aplicar o novo lubrificante. A graxa não deve atingir a junta de borracha.
3.5 - ESGUICHO UNIVERSAL E APLICADORES
Um dos tipos de esguicho adotado na Marinha é o universal. O esguicho universal,
fornecido nas dimensões de 1½" e 2½", possui uma válvula de três posições,
comandada por uma alavanca, e dois orifícios de descarga. Mediante manobra da
alavanca, o esguicho poderá produzir um jato sólido pelo orifício superior, ou uma
cortina de neblina pelo orifício inferior, onde se adapta um bico pulverizador (Fig. 3.8).
Fig. 3.8 - Esguicho universal - posições da alavanca
Os jatos de água produzidos pelo esguicho universal devem obedecer a determinadas
características. Estas são padronizadas, quanto à forma, consistência e alcance. Quando
tal não acontecer, deve-se verificar se existe alguma coca, dobra ou amassamento na
mangueira ou obstrução no orifício de descarga. Se não for constatada nenhuma dessas
irregularidades, é possível que a pressão na tomada esteja baixa. Isso pode ser
conseqüência de obstrução no ralo. Se a limpeza do ralo não melhorar a situação, deve-
se passar imediatamente as mangueiras para outra tomada.
Outro ponto a ser considerado é a queda de pressão causada pela excessiva extensão da
linha de mangueira, ou pelo grande número de mangueiras derivando de uma só
tomada. As tomadas de incêndio são, a bordo, posicionadas de modo que tais fatos não
ocorram. Porém, caso julgado necessário esses arranjos podem ser utilizados, porém
devem ser pesadas suas vantagens e desvantagens, tendo em vista que abaixo de
determinados limites de pressão, os equipamentos têm o seu rendimento muito
reduzido, ou mesmo tornam-se inoperantes.
Com a alavanca na posição avançada, o esguicho estará fechado e, na posição oposta,
para trás, produzirá o jato sólido. Com a alavanca na posição intermediária, vertical, a
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descarga será pelo orifício inferior, em forma de neblina de alta ou baixa velocidade,
conforme o pulverizador adotado.
Para a produção de neblina de alta velocidade é utilizado um pulverizador de alta
velocidade, que fica normalmente preso ao esguicho por um pequeno fiel de corrente.
Para obtenção de neblina de baixa velocidade, retira-se o pulverizador de alta
velocidade, colocando-se em seu lugar um aplicador, onde existe um pulverizador de
baixa velocidade (Fig.3.9). Qualquer desses acessórios se adapta rapidamente ao
esguicho por acoplamento tipo baioneta.
Fig. 3.9 – Aplicadores
A neblina, em qualquer dos casos, é produzida por pequenos orifícios abertos em
direção convergente que, subdividindo o jato, provocam o entrechoque das partículas de
água.
A pressão necessária para produzir neblina em qualquer dos tipos de pulverizador é a
mesma, 70 lb/pol.2. Para se obter melhores resultados, porém, a pressão d’água no
esguicho deverá ser próxima de 100 lb/pol.2.
A neblina de baixa velocidade é produzida por orifícios menores e de tal maneira
dispostos que a água fica dividida em partículas muito pequenas e com alcance
reduzido.
O pulverizador de baixa velocidade não é conectado diretamente ao esguicho, mas ao
tubo aplicador. Existem três tipos de aplicadores:
· 1" de diâmetro, 1,2 m (4 pés) de comprimento e ponta recurvada de 60°.
· 1" de diâmetro, 3,0 m (10 pés) de comprimento e ponta recurvada de 90°.
· 1½" de diâmetro, 3,6 m (12 pés) de comprimento e ponta recurvada de 90°.
Os dois primeiros são utilizados com esguicho de 1½", e o terceiro com o esguicho de 2½".
Comparando-se a neblina de alta velocidade com a de baixa, verifica-se que a de baixa
possui menor alcance e maior difusão das partículas de água. Assim, a neblina de baixa,
pela maior difusão, apresenta mais facilidade de absorção de calor. Em ambos os tipos
de neblina, porém, seus efeitos são, em maior ou menor grau, os de resfriamento e
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abafamento. O efeito de abafamento é obtido quando as partículas de água, ao
absorverem o calor, transformam-se em vapor. Este, por sua vez, atua como agente
abafador.
Ambos os tipos de neblina podem ser empregados no combate ao fogo.
Os aplicadores de neblina de baixa velocidade, deixaram de ser usados na proteção das
Turmas de Incêndio, após a entrada em serviço do esguicho variável que é, também
capaz de produzir neblina para a linha de proteção.
Os aplicadores ainda são úteis para aplicação de neblina por cima de obstáculos que
eventualmente impeçam a passagem do pessoal para combater as chamas a menor
distância. Podem, também, ser introduzidos em compartimentos incendiados, através de
furos abertos nos pisos e anteparas, quando não houver possibilidade de penetração do
pessoal no compartimento para combate às chamas.
3.6 – ESGUICHOS VARIÁVEIS
Os esguichos variáveis, denominação derivada doinglês “VARI – NOZZZLES” são
equipamentos empregados para a proteção do pessoal e no combate a incêndio.
Os primeiros modelos desse tipo apresentam um anel de controle de vazão que pode ser
regulado em 60, 95 ou 125 galões por minuto (gpm). Esses esguichos não produzem
jato sólido, apenas neblinas de espuma em diversos formatos e débitos. Devido a seu
uso ser específico para a produção de espuma, cujo agente é a ESPUMA
FORMADORA DE PELÍCULA AQUOSA – AFFF (“AQUEOUS FILM FORMING
FOAM”), esses esguichos receberam o nome de “esguicho AFFF”. Por apresentar o
recurso de controle do débito de espuma (60, 95 ou 125 gpm), os “esguichos AFFF”
passaram a ser conhecidos, também, como “esguichos de vazão variável” (Fig. 3.10).
Fig. 3.10 - Esguicho de Vazão Variável
Com o aprimoramento das técnicas e o surgimento de novas necessidades, os
“esguichos AFFF” receberam duas alterações:
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· possibilidade de produzir jato sólido; e
· vazão constante, pré-designada de 95 ou 125 gpm.
Os esguichos com anel regulador foram alterados e passaram a ser fornecidos apenas
com 95 gpm ou 125 gpm, ambos de 1½". O esguicho de 2½" é fornecido somente em
250 gpm. Os esguichos de 95 gpm deverão ser utilizados nas praças de máquinas, em
mangueiras simples com misturador entrelinha ou estação geradora, ou nos dispositivos
de “duplo agente”. Os esguichos de 125 gpm deverão ser utilizados nos convôos e
hangares.
Com essas alterações introduzidas nos esguichos, eles perderam a propriedade de
controlar o débito. Passaremos a chamá-los, então, de “esguicho variável” para
distingui-lo dos demais esguichos em uso na MB (Fig. 3.11 e 3.12).
Fig. 3.11 - Esguicho AFFF com punho e gatilho
 
Fig. 3.12- Esguicho Variável com Neblina e
Jato Sólido
As principais diferenças entre os modelos existentes dizem respeito à existência ou não
de punho e quanto à sua confecção em latão ou plástico, ou seja, não afetam seu
funcionamento. Todos apresentam o mesmo princípio. O difusor dispõe de um
movimento de aproximação e afastamento do corpo do esguicho pela rotação de uma
luva roscada na extremidade de saída. Esse movimento permite uma variação da forma
dada à neblina, desde um leque de 110° até jato sólido (alguns ainda não têm jato
sólido, apenas uma neblina com um leque menor). O fechamento, em sua maioria, é
feito por uma alavanca, porém, em alguns desses esguichos, pode-se fechar a água pela
luva roscada do difusor.
O esguicho variável (de 1½" ou 2½") foi introduzido na Marinha com o recebimento de
novos navios provenientes da Marinha Norte-Americana. Esse esguicho praticamente
substituiu o esguicho universal naquela Marinha e, como conseqüência, eliminou o uso
do aplicador de neblina. Uma grande vantagem é possibilitar a produção de espuma,
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quando usando um esguicho variável de 1½" a 95 gpm associado a um misturador
entrelinha (de 1½"). O esguicho variável produz padrões desde jato sólido até neblina
larga (cone de 90º a 110º, dependendo do fabricante), passando por neblina estreita
(cone de 30º) e neblina média (cone de 60º), semelhante à neblina de alta velocidade.
CARACTERÍSTICAS DO ESGUICHO VARIÁVEL
DIMENSÃO
PRESSÃO
1 ½”
50
1 ½”
60
1 ½”
70
JATO SÓLIDO
VAZÃO (GPM) 65 70 77
ALCANCE (FT) 58 68 70
NEBLINA ESTREITA
VAZÃO (GPM) 64 70 77
ALCANCE (FT) 25 25 28
DIÂMETRO DA
BASE DO CONE,
NO MÁXIMO
ALCANCE (FT)
5 5 5
NEBLINA LARGA
VAZÃO (GPM) 64 70 77
ALCANCE (FT) 11 11 11
DIÂMETRO DA
BASE DO CONE,
NO MÁXIMO
ALCANCE (FT)
17 16 15
 GPM - Galões por minuto
 FT - Pés
 TABELA 3.1
3.7 - ESGUICHOS DE CORTINA DE ÁGUA (“WATERWALL”) E DE ATAQUE
(“FIREFIGHTER”)
Os esguichos de cortina de água e de ataque são semelhantes ao esguicho variável. O
de cortina de água é empregado para a proteção do pessoal envolvido na faina e possui
uma vazão de cerca de 45 ton/h (Fig. 3.13).
 Fig. 3.13 - Esguichos de ataque (“Firefighter”) e de cortina de água (“Waterwall”)
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3.8 - SISTEMA DE BORRIFO
São de diversos tipos os sistemas de borrifo existentes. Serão descritos a seguir, em
linhas gerais, os comumente empregados nos navios da MB e outros de emprego geral.
Destinam-se, genericamente, a proteger áreas contra o fogo e, quando operando
automaticamente, possuem a vantagem de atuar logo no início do incêndio, impedindo
assim que o fogo alcance maiores proporções.
A bordo, o tipo mais antigo de sistema fixo de borrifo consiste em uma derivação da
rede de incêndio e se destina à proteção dos paióis de munição, praças de
municiamento, etc. Entre a rede de incêndio e os compartimentos protegidos existe uma
válvula de interceptação, normalmente aberta e travada por um cadeado. A seguir, há
uma válvula com comando à distância, pela qual se faz a operação do sistema. Logo
após essa válvula, há um dispositivo que permite o teste de operação da rede. A rede de
borrifo pode ser constituída por simples tubulações perfuradas em espaços regulares, ou
dispor de pulverizadores especiais.
Em alguns navios mais modernos, a rede de borrifo pode ser operada automaticamente,
sendo a válvula de controle atuada por um sistema de servo-comando, sensível ao
aumento de temperatura.
Sistemas semelhantes, de operação manual, dotados de controle local e comando à
distância, são instalados nos hangares dos navios aeródromos ou outros locais onde o
manuseio de gasolina ou outros inflamáveis torne a área potencialmente perigosa.
Podem ser dotados de pulverizadores destinados a formação de neblina de baixa
velocidade, ou de pulverizadores do tipo “chuveiro”, destinados a formar uma cortina
de água. No caso dos hangares, as redes de borrifo são dispostas transversalmente, de
forma a facilitar a limitação da área incendiada.
Um sistema muito utilizado, tanto a bordo como em instalações de terra, é o que utiliza
os chuveiros automáticos. A rede de borrifo, nesse caso, é mantida sob pressão no
compartimento a proteger. Os chuveiros entram em ação independentemente, quando
sensibilizados pelo calor. Assim, somente entram em operação aqueles pulverizadores
próximos ao fogo. No instante em que qualquer chuveiro é acionado, o fluxo da água na
rede faz soar o alarme do sistema. Tal sistema tem como vantagem, além da pronta ação
de combate ao fogo, logo em seu início, o fato de somente serem utilizados os
pulverizadores necessários, o que evita prejuízos adicionais gerados pelo alagamento
generalizado do compartimento. A ação do alarme, na maior parte das vezes, é informar
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da necessidade de ser fechada a água, visto que o incêndio propriamente dito já deve ter
sido debelado.
As Fragatas Classe “NITERÓI”, por exemplo, empregam esse sistema em paióis de
munição, praças de carregamento e outros paióis de armamento. A rede de borrifo é
mantida carregada com água doce através de uma mangueira flexível, procedente da
rede de aguada, no propósito de reduzir os problemas de corrosão. As Fragatas
possuem, ainda, sistemas manuais de borrifo no paiol de tintas e de outros inflamáveis.
Os chuveiros automáticos são conhecidos como "SPRINKLERS". Basicamente,
consiste em uma válvula que é mantida na posição de fechada através de um elemento
sensível ao calor. O rompimento desse elemento permite a abertura da válvula, cuja
descarga se faz sob forma de borrifo. O tipo mais conhecidopossui como elemento
sensível uma ampola de vidro. A ampola contém um líquido cuja expansão faz com que ela
se rompa ao ser atingida a temperatura nominal de funcionamento (Fig. 3.14).
 
Fig. 3.14 - Chuveiro automático com elemento sensível tipo ampola de vidro
Outros tipos de chuveiros podem utilizar ligas metálicas de baixo ponto de fusão como
elemento sensível (fusível). O rompimento dessa peça por ocasião do aumento de
temperatura faz operar o sistema (Fig. 3.15).
 
Fig. 3.15 - Chuveiro automático com elemento sensível, tipo fusível
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3.9 - CANHÃO DE ÁGUA
Os navios de socorro e rebocadores são dotados de canhões de água, que servem para prestar
auxílio a navios sinistrados.
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Capítulo 4
EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM ESPUMA COMO AGENTE EXTINTOR.
4.1 - A ESPUMA COMO AGENTE EXTINTOR
A espuma é o agente indicado para extinção de incêndios classe “B”, em especial os de
grande vulto.
Como já visto, a espuma extingue incêndios por abafamento.
O jato de espuma deve ser dirigido para uma antepara, de onde ela escorrerá para a
superfície do líquido inflamado. Nunca deve-se dirigir o jato diretamente sobre as
chamas. Quando o incêndio for em líquidos derramados, como pode ocorrer no convés
de um navio, torna-se mais eficiente represar o líquido com a própria espuma,
empurrando-a aos poucos sobre o líquido inflamado. Há, também, a possibilidade de se
empregar a neblina de espuma, altamente eficiente nesses tipos de incêndio.
A produção de espuma pode se processar de dois modos: Químico (resultante da reação
química de dois elementos em contato com o ar) e Mecânico (obtido pela mistura
forçada de água e líquido gerador). A espuma química é mais consistente que a espuma
mecânica; seu emprego é mais eficaz nos combustíveis leves (gasolina, por exemplo).
Por outro lado, a espuma mecânica, sendo mais fluida, contorna obstáculos com maior
facilidade, sendo, mais indicada para incêndios em praças de caldeiras e de máquinas,
ou onde a superfície do líquido em chamas for interrompida por muitos obstáculos.
Pode-se empregar os dois tipos de espuma simultaneamente para combater um
incêndio.
O líquido gerador da espuma mecânica, quando misturado com água, provê três
vantagens na extinção de fogo:
· uma película é formada na superfície do combustível impedindo que este desprenda
vapores de hidrocarbonetos;
· a camada de espuma efetivamente isola o oxigênio da superfície do combustível; e
· a água contida na espuma permite contornar obstáculos, dando mais flexibilidade ao
combate ao incêndio.
A principal finalidade do uso de espuma em CBINC é a extinção de incêndios em
combustíveis ou na maioria dos líquidos inflamáveis, tendo excelentes características de
penetração além de ser superior à água na extinção de incêndios da classe "B", por sua
característica de resfriamento e abafamento.
Manual de Combate a Incêndio
8º edição 4-2
A espuma pode ser obtida de várias formas, dependendo do material existente nas
diversas classes de navios. Borrifo de porões, borrifo de teto ou lançamento de espuma
usando FB 5X/NPU, como adequado, também são outras formas de utilizar a espuma,
fazendo a selagem dos vapores combustíveis e prevenindo o ressurgimento do incêndio.
Pelo menos uma das linhas de mangueira para combate a incêndio classe “B” deve ser
com espuma, a menos que a mesma tenha se esgotado, quando então deve ser utilizada
água em neblina de alta velocidade, tomando o devido cuidado para não romper a
película de espuma produzida anteriormente.
Os esguichos FB 5X e NPU não conferem proteção ao homem, devendo ser utilizada,
conforme a situação, outra linha de mangueira com neblina de alta ou baixa velocidade.
Os esguichos do tipo variável produzem espuma e dão proteção ao mesmo tempo.
A espuma mecânica, de uso mais comum na MB, é obtida pela simples mistura do
agente espumante (líquido gerador) com água, a qual é agitada em presença do ar.
Para produção de espuma mecânica, na MB, são empregados basicamente dois tipos de
líquido gerador: o mais antigo e difundido é aquele tradicionalmente conhecido como
“Aerofoam”, o outro, de uso mais recente, e que apresenta algumas vantagens quanto ao
desempenho, é o AFFF, também conhecido como água leve.
A espuma, de um modo geral, é constituída, em peso, de cerca de 85% de água e cerca
de 90% em volume de ar ou CO2. Há dois tipos básicos de líquido gerador para espuma
mecânica de acordo com a percentagem em que os mesmos devem ser utilizados: os a
3% e os a 6%. Na MB, de um modo geral, é utilizado o segundo tipo.
4.2 - EQUIPAMENTOS PARA PRODUÇÃO DE ESPUMA
Para produção de espuma há um grande número de equipamentos práticos e eficientes.
Os de uso mais comum na Marinha são os seguintes:
- Para espuma química
· extintores portáteis.
- Para espuma mecânica
· esguicho variável;
· esguichos de cortina d’água e de ataque;
· esguicho NPU (Navy Pick-Up Unity) com tubo de aspiração;
· esguicho FB 5X e FB 10X;
· esguicho universal para neblina de alta e com aplicador para neblina de baixa
velocidade;
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· misturador tipo “FW”;
· estações geradoras de espuma e
· misturador Entrelinhas.
4.3 - ESTAÇÕES GERADORAS DE ESPUMA
Locais de grande risco de incêndios classe “B”, tais como os existentes a bordo de
navios aeródromos, exigem recursos de maior vulto para geração de espuma. Estações
centrais, de alta capacidade, produzem a mistura água-líquido gerador, que é canalizada
para os canhões e as tomadas de incêndio especiais localizadas em diversos pontos de
bordo, especialmente no hangar, convôo e praças de máquinas (Fig. 4.1).
As características básicas de uma das estações existentes na MB são as seguintes:
· um tanque com capacidade para armazenagem e pronta utilização do líquido
gerador de espuma;.
· um filtro instalado entre a rede de incêndio e a estação;.
· uma válvula de tipo especial, instalada entre o filtro e o misturador. Ela pode ser
aberta por uma válvula piloto acionada por solenóide;
· um misturador e
· uma bomba de recalque de água que eleva a pressão da rede de incêndio.
 Fig. 4.1 - Estação Geradora de Espuma
- Operação da Estação
Quando o equipamento produtor de espuma de alta capacidade é posto a funcionar,
todas as bombas de incêndio deverão ser utilizadas, para assegurar o máximo
suprimento de água. A pressão na entrada do misturador deverá ser mantida entre
100 e 150 lb/pol.2.
Uma pressão mínima de 70 lb/pol.2 é necessária nos esguichos de espuma para que
se produza espuma com a consistência desejada para o combate a incêndios. As
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estações de espuma são projetadas para suprir quatro esguichos de 2½" ou dois de
3½", operando simultaneamente. Os esguichos são do tipo variável ou NPU. Podem
existir recursos para acionamento remoto do sistema junto das tomadas de espuma.
As mangueiras devem estar conectadas às válvulas, para pronta utilização.
As estações fixas produtoras de espuma devem ser sempre guarnecidas em postos de
combate e de vôo, por no mínimo três homens.
Tão logo a estação entre em funcionamento será iniciada a alimentação do tanque com
líquido gerador e isto deverá ser mantido de forma contínua. Caso o seu
funcionamento se prolongue por muito tempo deverá der providenciado reforço de
pessoal. É necessário que se mantenha constante vigilância sobre o indicador de nível do
tanque, para mantê-lo convenientemente abastecido.
Se for considerado que todas as bombonas de reserva de líquido gerador possam vir a ser

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