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1- CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil consiste no dever jurídico sucessivo de reparação de algum dano causado a outrem através da violação de uma obrigação originária, e nasce exatamente no momento que ocorre essa violação. Sendo assim, conclui-se que a responsabilidade decorre de um ato ilícito.
Encontra-se amparada no Código Civil de 2002, junto do ato ilícito, em seu art. 186, que tem a seguinte redação:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
 
Conjugado com o art. 927 do mesmo diploma legal, temos então a previsão da obrigação de indenizar quem sofreu o dano decorrente do ato ilícito.
 
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”
 
Aqui trataremos da responsabilidade civil extracontratual, que pode ser definida como aquela proveniente da lesão a direito subjetivo em situações onde não existe uma relação jurídica pré-estabelecida.
Esse dano pode ocorrer no âmbito do patrimônio ou da moral do terceiro, e em ambos os casos, será igualmente indenizado, ressaltando-se que inclusive as pessoas jurídicas tem o direito de receber essa reparação em virtude de dano moral, conforme entendimento do STF.
 
 2.1-            RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA
A culpa está intrinsecamente ligada à ideia de responsabilidade, pois não há como se reprovar uma conduta a fim de reparar o dano por ela causado se essa conduta não for merecedora de certo juízo de reprovação. Por este motivo, a culpa é elemento fundamental para a responsabilidade civil subjetiva, também chamada Teoria da Culpa
Além da culpa, outros dois elementos são essenciais para a caracterização dessa espécie de responsabilidade: o nexo causal e o dano, que também são elementos da responsabilidade civil objetiva, e por esse motivo, serão estudados mais a frente.
2.2-            RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
Essa espécie de responsabilidade não necessita da presença de culpa, ou seja, haverá a obrigação de reparar o dano quando restarem comprovadas a conduta, o nexo de causalidade e o próprio dano.
Encontra-se expressa no parágrafo único do at. 927 do Código Civil de 2002:
“Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”
 
O mesmo diploma ainda elenca as hipóteses em a responsabilidade independe de culpa, a saber:
“Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.”
 
Essa é a espécie de responsabilidade que o Estado adota em relação aos cidadãos, e que vamos passar a estudar adiante.
 
      3- A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
 
A responsabilidade civil do Estado encontra-se amparada pela nossa Carta Magna, em seu art. 37, §6º, onde diz:
“§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
Com base neste artigo, entendemos que agente é aquela pessoa que está a serviço do Estado, desempenhando as funções deste. E que pelos atos desse agente é que o Estado será responsabilizado. Pelo fato de haver a expressão “seus agentes”, resta clara a adoção da teoria do risco administrativo, e não a teoria do risco integral.
Vale lembrar, que na responsabilidade civil objetiva o dever de indenizar decorre tanto de atos tanto ilícitos como lícitos também, e de condutas comissivas (ação) ou omissivas (omissão) desde que estes causem um dano a terceiros.
O artigo supracitado revela um conceito amplo de agente do Estado, uma vez que até as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos serão responsabilizadas pelos danos causados a terceiros por seus agentes. Fica clara então, a diferença entre agente estatal e servidor estatal.
Doutrina e jurisprudência têm entendido que a responsabilidade objetiva do Estado só se efetiva em relação a condutas comissivas, onde há a ação do Estado. Quando se trata de condutas omissivas, a responsabilidade passa a ser subjetiva, necessitando assim, que o lesado comprove a culpa do Estado na ocorrência do dano.
 
 4- CAUSAS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE ESTATAL
 
 Já vimos que para configurar a responsabilidade civil é necessário que estejam presentes todos os seus pressupostos, sejam eles, dano, culpa do agente e nexo de causalidade. E que em se tratando de responsabilidade objetiva do Estado, a culpa não é pressuposto.
A obrigação do Estado de indenizar o particular lesado por algum agente seu será extinta no momento em que ocorrer uma das causas que excluem o nexo causal – força maior, caso fortuito, fato de terceiro e culpa exclusiva da vítima, que veremos melhor a seguir.
O parágrafo único do art. 393 do Código Civil de 2002 conceitua o caso fortuito e a força maior:
“Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.”
 
 
Mas ocorre que não está pacificado o entendimento do conceito de caso fortuito e de força maior, sendo que vários autores conceituam um como uma coisa e outro como outra coisa, ao passo que outros autores fazem o contrário. Há ainda os autores que encaram as duas expressões como sinônimas.
 
 
Maria Helena Diniz afirma que a força maior é decorrente de um fato da natureza e sendo assim, é conhecido o motivo que deu origem ao fato danoso. Já no caso fortuito esse motivo é desconhecido.
 
Já Sérgio Cavalieri Filho entende que caso fortuito é um evento imprevisível e inevitável, já a força maior é inevitável, ainda que previsível, já que se refere a fato superior as forças do agente.
No tocante a culpa exclusiva da vítima, é certo que só tem o dever de indenizar o lesado, quem de fato concorreu para o acontecimento do evento danoso, sendo assim, entende-se que se a vitima deu causa ao evento, e o agente foi um simples instrumento para tanto, não há que se falar em responsabilidade civil, já que fica excluído o nexo causal.
Exatamente por se tratar da esfera do nexo causal, e não da culpa, o autor Sérgio Cavalieri Filho defende que se deve falar em fato exclusivo da vítima, e não culpa exclusiva.
O Código Civil de 2002 trata apenas na culpa concorrente, em seu art. 945, e fica omisso em relação ao fato exclusivo da vítima, sendo este disciplinado por construções doutrinárias e jurisprudenciais.
Para ilustrar o que foi dito, temos a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em julgamento da Apelação Cível nº 2005.001.21578:
“EMENTA: Responsabilidade Civil do Estado. A teoria do risco administrativo não se confunde com a do risco integral. Atropelamento, seguido de morte, de companheira e filhos menores, na Av. Brasil, por viatura policial durante a noite. Culpa exclusiva das vítimas, a afastar a incidência do art.37, 6° da CF, ao não se utilizarem de passarela, preferindo a travessia da referida artéria, de grande movimento de veículos e que permite alta velocidade. Confirmação, em apelação, da sentença que julgou o pedido improcedente. (2005.001.21578 - APELAÇÃO CÍVEL DES. HUMBERTO DE MENDONÇAMANES - Julgamento: 23/08/2005 - QUINTA CÂMARA CÍVEL.)”
           Quando houver culpa concorrente da vítima, e não exclusiva, a responsabilidade do Estado será atenuada, e não extinta, sendo assim, em geral, nossos ilustríssimos magistrados tem entendido que a indenização devida pelo Estado, será reduzida, até pela metade, em virtude dessa atenuação. O art. 945 do Código Civil de 2002 assim determina:
“Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.”
Por ultimo, falamos em fato de terceiro, e para tanto conceituamos o terceiro como qualquer pessoa que além da vítima e do responsável, também concorreu para a ocorrência do fato danoso.
Para excluir a responsabilidade do agente, e transferi-la ao terceiro, é necessário que haja uma quebra do nexo de causalidade por este ultimo, ou seja, que realmente o ato praticado pelo terceiro elimine a relação de causalidade entre o evento danoso e o ato do agente.
Da mesma maneira que ocorre quando a vitima concorre para o evento danoso, se o terceiro concorrer com o agente, eles serão solidariamente responsáveis pela obrigação de indenizar, ficando a critério da vítima escolher quem vai ser acionado para pagamento dessa indenização. Assim dita o art. 942 do Código Civil de 2002:
“Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932.”
Para Carlos Roberto Gonçalves, o fato de terceiro se equipara ao caso fortuito, por ser imprevisível e inevitável e o agente ser somente um instrumento para a produção do evento, já que este fora causado unicamente pelo ato do terceiro.
 
 
 
5- RESPONSABILIDADE DO ESTADO PELO SISTEMA PRISIONAL
O fato de um indivíduo estar preso não significa que seus direitos devem ser negligenciados. O Estado, que é responsável pela efetiva aplicação da pena com o cerceamento da liberdade, é o mesmo que deve ter a responsabilidade pelos que estão cumprindo pena, devendo ser tratados com a mesma dignidade e respeito que os demais seres humanos. Na Carta Magna, o direito dos presos a sua integridade já está elencado no artigo 5º, inciso XLIX, “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral” (www.planalto.gov.br).
Recentemente, uma declaração feita pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em São Paulo, provocou diversos comentários, onde disse que se fosse necessário cumprir muitos anos numa prisão brasileira preferia morrer. Além disso, ele reconheceu ainda que há um sistema prisional medieval, que não só desrespeita os direitos humanos como também não possibilita a reinserção dos condenados (informação verbal) [1].
O intuito da pena privativa de liberdade é preparar o preso para a ressocialização, servindo como uma preparação do indivíduo para voltar ao convívio social. Deve haver o incentivo ao trabalho e estudo, onde o Estado deve proporcionar as ferramentas.
A responsabilidade do Estado por uma atitude comissiva é um assunto já pacificado pelos operadores do Direito e a omissiva depende da comprovada culpa por parte de quem sofreu a injustiça agressão. Discute-se, então, como aplicá-la no Direito Penitenciário e, de que forma, estão sendo desrespeitados os princípios constitucionais, como a dignidade da pessoa humana. Desse modo, para Rosa (2004), a responsabilidade do Estado “alcança também os atos decorrentes da omissão do Poder Público na preservação dos direitos e garantias fundamentais, sem os quais o status de dignidade a todos assegurado perde o seu sentido” (www.advogado.adv.br/direitomilitar/ano2004/pthadeu/responsabilidadeestado).
O Supremo Tribunal Federal também traz decisões levando em consideração a superlotação no sistema penitenciário, como em seu Habeas Corpus 109.244, in verbis:
... não havendo vaga no semiaberto, não se pode manter alguém preso em um regime mais rigoroso, sob pena de constituir-se em excesso de execução, nos termos do art. 185 da Lei de Execução Penal. Se no título executivo foi consignado que o regime prisional para o cumprimento da pena deve ser o semiaberto, cabe ao Estado o aparelhamento do Sistema Penitenciário para atender à sua própria determinação. Daí porque a falta de local adequado para a execução da reprimenda fixada abre a possibilidade de os condenados aguardarem em regime mais benéfico, até a abertura de vaga, e não em outro mais rigoroso (www.stf.gov.br).
Há ainda um agravo regimental em recurso extraordinário 700.927 que traz em seu texto o seguinte trecho do Ministro Gilmar Mendes, in verbis:
o Estado tem o dever objetivo de zelar pela integridade física e moral do preso sob sua    custódia, atraindo, então, a responsabilidade civil objetiva, em razão de sua conduta omissiva, motivo pelo qual é devida a indenização decorrente da morte do detento, ainda que em caso de suicídio (www.stf.gov.br).
Na doutrina já está consolidado o entendimento de que atinente aos danos provocados por ação do Estado deve ser aplicada a teoria objetiva. Assim, uma vez admitida à aplicação de tal teoria, quem foi lesado está isento de provar a culpa ou dolo do agente (PRASERES, 2012). Quanto à responsabilidade do Estado no que diz respeito a uma ação de seus agentes, não há qualquer discussão, o entendimento é de que aquele responde pelos danos causados a terceiros. Na Apelação Cível - Remessa Ex Officio 20050110364727APC, há o seguinte entendimento do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios:
... a responsabilidade objetiva diz respeito aos atos comissivos. No caso dos autos, a lesão ou o dano sofrido pela autora não foi praticado diretamente pelos agentes estatais, e desse modo, se a conduta foi omissiva, consoante a doutrina e a jurisprudência predominantes, a responsabilização do Estado é subjetiva. Significa isso que, para fazer brotar a obrigação de indenizar, deverá ser demonstrado o dever de evitar a ocorrência do dano ou que houve culpa do agente público. Nessa hipótese há necessidade de comprovar a omissão culposa da Administração, a fim de configurar a obrigatoriedade de indenizar. Colhe-se do magistério do prof. José dos Santos Carvalho Filho, na sua obra Manual de Direito Administrativo, 12ª ed. p. 504: ‘O Estado causa danos a particulares por ação ou por omissão. Quando o fato administrativo é comissivo, podem os danos ser gerados por conduta culposa ou não. A responsabilidade objetiva do Estado se dará pela presença dos seus pressupostos – o fato administrativo, o dano e o nexo causal. Todavia, quando a conduta estatal for omissiva, será preciso distinguir se a omissão constitui, ou não, fato gerador da responsabilidade civil do Estado. Nem toda conduta omissiva retrata um desleixo do Estado em cumprir um dever legal; se assim for, não se configurará a responsabilidade estatal. Somente quando o Estado se omitir diante do dever legal de impedir a ocorrência do dano é que será responsável civilmente e obrigado a reparar os prejuízos. A conseqüência, dessa maneira, reside em que a responsabilidade civil do Estado, no caso de conduta omissiva, só se desenhará quando presentes estiverem os elementos que caracterizam a culpa. A culpa origina-se, na espécie, do descumprimento do dever legal, atribuído ao Poder Público, de impedir a consumação do dano. Resulta, por conseguinte, que, nas omissões estatais, a teoria da responsabilidade objetiva não tem perfeita aplicabilidade, como ocorre nas condutas comissivas’ (www.jusbrasil.com.br).
Vê-se, portanto, que os atos comissivos não há o que discutir, já que o Estado tem a obrigação de reparar os danos causados por seus agentes, cabendo a ele entrar com ação de regresso contra estes quando for comprovado dolo ou culpa. Já nos atos omissivos, o dever de indenizar do Estado ainda existecaso haja dolo ou culpa por parte deste. Logo, o dano material ou moral sofrido pela vítima, não devendo ser pleiteada a ação contra o agente, pois este responderá regressivamente perante o Estado nos casos de dolo ou culpa. Também é preciso destacar a necessidade de nexo causal, ou seja, a conduta do agente tem que estar diretamente ligada ao fato que provocou o dano.
6-A Dignidade da Pessoa Humana
O respeito a dignidade da pessoa humana implica para o Estado não só abster-se da prática de atos lesivos, como também o cumprimento discussões positivas de inclusão. Sendo que, no âmbito punitivo, é proibida aplicação de pena indigna ao condenado (GOMES; MOLINA, 2012). O princípio da dignidade da pessoa humana está na Constituição Federal de 1988 fundamentada já em seu artigo 1º, III, que diz:
art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana (www.planalto.gov.br).
Tal princípio deve ser respeitado pelo Estado, tendo o indivíduo o direito a lutar por qualquer ato que possa lhe prejudicar e que atinja a sua paz social. O propósito dos Direitos Humanos é garantir ao indivíduo seu desenvolvimento como pessoa, com o intuito de realizar seus objetivos pessoais, econômicos, políticos e sociais, amparando contra a arbitrariedade do Estado (CUNHA; DELGADO, 2006).
Castilho (2012) faz uma definição acerca do tema:
Dignidade vem do latim dignitas, que significa homem, virtude. A dignidade da pessoa humana está fundada no conjunto de direitos inerentes à personalidade da pessoa (liberdade e igualdade) e também no conjunto de direitos estabelecidos para a coletividade (sociais, econômicas e culturais). Por isso mesmo, a dignidade da pessoa não admite discriminação, seja de nascimento, sexo, idade, opiniões ou crença, classe social e outras. A dignidade é um valor em si mesmo. E é dever do Estado garantir as condições mínimas de existência propiciando aos indivíduos uma vida digna (CASTILHO, 2012, p.193).
Os direitos humanos originariamente foram criados para a proteção do homem perante o Estado, sendo este sujeito passivo em se tratando de uma questão que envolve Direitos Fundamentais. Extrai-se da própria natureza humana, antes da criação de qualquer contrato social, o caráter de inviolável, imprescritível e universal. Sua validade afeta a todos, independente de cor, raça, religião etc. (BUCCI; CAMPOS; SALA, 2012). Todos têm o direito de ser respeitados, independente de opiniões ou crenças, desde que não afete negativamente o próximo.
A Declaração Internacional de Direitos Humanos, que foi adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em 10 de dezembro de 1948, já traz em seu preâmbulo:
considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo. Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum. Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão (www.portal.mj.gov).
Dessa forma, os governos dos diversos países se comprometem a tomar medidas que visam garantir o reconhecimento e cumprimento dos direitos humanos, anunciados na Declaração. O Brasil é signatário de tratados que falam sobre direitos. Todos eles proíbem o tratamento degradante do preso. Inclusive o Supremo Tribunal Federal está representado na ONU na busca de soluções para a população carcerária. O então vice-presidente do STF, ministro Cezar Peluso já foi eleito presidente e relator de uma comissão das Nações Unidas criada para estudar mudanças nas regras sobre tratamento dos presos ((DIREITOS ..., 2009).
Como, então, conviver com a superlotação, a falta de estrutura carcerária e de perspectiva de vida dentro e fora das celas? Iniciativas são tomadas no sentido de buscar melhores condições de vida para os detentos e os egressos do sistema prisional. Exemplos disso são os programas “Começar de Novo” e o “Mutirão Carcerário”, desenvolvidos pelo Conselho Nacional de Justiça (DIREITOS ..., 2009).
Apesar de o Conselho Nacional de Justiça orientar os presos e ajudá-los a entender seus direitos, é a minoria alcançada por tais projetos. A iniciativa tenta conscientizar os órgãos públicos e, até mesmo, a sociedade para as necessidades dos que estão com sua liberdade cerceada. O fato de estar nesta condição, não exime o Estado de seu dever como responsável pelo controle social, devendo garantir a eficiência no serviço público.
7-  A Realidade do Sistema Prisional Brasileiro
A realidade das prisões brasileiras é assunto polêmico. O sistema prisional brasileiro tem sido tema de várias discussões nos campos do Direito Público, como também, discussão entre os vários profissionais ligados ao tema. A população prisional aumenta gradativamente e o número de estabelecimentos para abrigá-los não cresce proporcionalmente. Diante disso, constata-se que a tendência é a superlotação e a falta de condições para suportar os condenados com o mínimo de estrutura. Verifica-se que o ordenamento jurídico brasileiro admite decisões contraditórias sobre um mesmo assunto, o que torna o Poder Judiciário lento e até injusto. A crise no sistema penitenciário atribui ao Estado à responsabilidade de atuar diretamente para resolver o problema, pois a nossa Constituição Federal atribui a este a responsabilidade objetiva pelos danos causados, em seu artigo 37, §6º:
as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa (www.planalto.gov.br). 
Zippin Filho (s.d.) divulgou um artigo em que ele expressa sua opinião sobe o caso, mas de forma objetiva exprime a real situação:
submeter os presos a condições subumanas constitui violação à Constituição, a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Manter os presos maltratados e desamparados impossibilita a sua readaptação e ressocialização. Calamos sobre os direitos humanos, quando uma parcela considerável da população tem seus direitos humanos desprezados, dentro dos cárceres para os quais, nós os civilizados, os remetemos sob o pretexto de conter a violência, de reprimir a criminalidade e, entretanto invocamos estes mesmos direitos humanos, para levantar a voz contra a violência que sofremos. A defesa dos Direitos Humanos transformou-se em sinônimo de defesa do crime, pois diante da grave crise enfrentada por toda a população que sofre a violência estrutural, a defesa dos direitos dos infratores soa como ultraje. As penas privativas e restritivas de liberdade são cumpridas em estabelecimentos que longe de preservarem a incolumidade física do apenado, o expõem a sevícias, ambientes infectos e promíscuos, violando os princípios constitucionais que assegura aos presos o respeito à integridade física e moral (www.joaoluizpinaud.com).
O InfoPen -Sistema Nacional de Informação Penitenciária Estatística é o registro de indicadores gerais e preliminares sobre a população penitenciária do país, que, com sua continuidade em exercícios futuros, fornecerá subsídios informacionais aos órgãos responsáveis na proposição de políticas públicas voltadas para o Sistema Penitenciário. A última atualização no site do Ministério da Justiça é de junho de 2012 e traz a informação da população carcerária brasileira: 549.577 (era de 471.254em dezembro de 2011), quando o número de vagas é de apenas 309.074. O quadro mostra ainda, além de tantas outras informações, o déficit de 164.624 no ano de 2010. O site tenta mostrar de forma mais aprimorada as estatísticas de acordo com as informações de cada estado, além de mostrar os presos provisórios, qual o regime adotado, número de fugas, entre outros  (www.portal.mj.gov.br).
O Estado que tortura ou humilha a pessoa, mesmo usando a justificativa de vencer o crime, iguala-se ao criminoso e perde a legitimidade adotando como política punitiva a mesma lógica do delinquente com a sua vítima. A pena pode ser uma inciativa que não condiz com o respeito à dignidade humana, seja pela sua péssima qualidade, seja pela sua falta de atenção ao tempo fixado na pena e o que é realmente cumprido (GOMES; MOLINA, 2012).
A conclusão é que a situação das prisões brasileiras está abaixo das condições mínimas em que seja respeitada a dignidade do ser humano e, em sua maioria, não respeita qualquer lei ou tratado acerca do tema. O intuito de ressocializar não está sendo efetivamente cumprido e aqueles que estão indo cumprir suas penas, ao invés de encontrarem condições dignas para se redimirem de seus crimes, encontram um lugar onde há proliferação de criminosos.
O ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
O STF, recentemente se pronunciou, acerca da Responsabilidade Civil, por Omissão do Estado no caso de morte de preso(custodiado):
 Estado tem responsabilidade sobre morte de detento em estabelecimento penitenciário
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em sessão nesta quarta-feira (30), que a morte de detento em estabelecimento penitenciário gera responsabilidade civil do Estado quando houver inobservância do seu dever específico de proteção. Por unanimidade, os ministros negaram provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 841526, interposto pelo Estado do Rio Grande do Sul contra acórdão do Tribunal de Justiça local (TJ-RS) que determinou o pagamento de indenização à família de um presidiário morto. O recurso tem repercussão geral reconhecida e a solução será adotada em pelo menos 108 processos sobrestados em outras instâncias.
No caso dos autos, o estado foi condenado ao pagamento de indenização pela morte de um detento ocorrida na Penitenciária Estadual de Jacuí. Segundo a necropsia, a morte ocorreu por asfixia mecânica (enforcamento), entretanto, não foi conclusivo se em decorrência de homicídio ou suicídio. Em primeira instância, o Rio Grande do Sul foi condenado a indenizar a família do detento. Ao julgar recurso do governo estadual, o TJ-RS também entendeu haver responsabilidade do ente estatal pela morte e manteve a sentença.
Em pronunciamento da tribuna, o procurador de Justiça gaúcho Victor Herzer da Silva sustentou que, como não houve prova conclusiva quanto à causa da morte, se homicídio ou suicídio, não seria possível fixar a responsabilidade objetiva do estado. No entendimento do governo estadual, que abraça a tese de suicídio, não é possível atribuir ao estado o dever absoluto de guarda da integridade física dos presos especialmente quando não há qualquer histórico anterior de distúrbios comportamentais.
Na qualidade de amicus curiae (amigo da Corte), o representante da Defensoria Pública da União (DPU) João Alberto Simões Pires Franco afirmou que embora a prova não tenha sido conclusiva quanto à causa da morte, o Rio Grande do Sul falhou ao não fazer a devida apuração, pois não foi instaurado inquérito policial ou sequer procedimento administrativo na penitenciária para este fim. Em seu entendimento, o fato de um cidadão estar sob a custódia estatal em um presídio é suficiente para caracterizar a responsabilidade objetiva em casos de morte.
Relator
Para o relator do recurso, ministro Luiz Fux, até mesmo em casos de suicídio de presos ocorre a responsabilidade civil do Estado. O ministro apontou a existência de diversos precedentes neste sentido no STF e explicou que, mesmo que o fato tenha ocorrido por omissão, não é possível exonerar a responsabilidade estatal, pois há casos em que a omissão é núcleo de delitos. O ministro destacou que a Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XLIX, é claríssima em assegurar aos presos o respeito à integridade física e moral.
No caso dos autos, o ministro salientou que a sentença assenta não haver prova de suicídio e que este ponto foi confirmado pelo acórdão do TJ-RS. Segundo ele, em nenhum momento o estado foi capaz de comprovar a tese de que teria ocorrido suicídio ou qualquer outra causa que excluísse o nexo de causalidade entre a morte e a sua responsabilidade de custódia.
“Se o Estado tem o dever de custódia, tem também o dever de zelar pela integridade física do preso. Tanto no homicídio quanto no suicídio há responsabilidade civil do Estado”, concluiu o relator.
Tese
Ao final do julgamento, foi fixada a seguinte tese de repercussão geral: “Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte de detento”. Sitio do STF

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