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Al Qaeda 2

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Sayyid Qutb (1906-1966) chegou à América em 1948, três anos após o final da Segunda Guerra Mundial. Nascido e criado em uma aldeia no Alto Egito, aos 42 anos já era reconhecido no campo da educação em sua terra natal. Ele era o Ministro da Educação para o governo, mas sua crítica literária ao governo egípcio o forçou a exilar para a América. Qtub fixou residência em Nova York, uma cidade rica em desejos sexuais e tensões raciais, o que serviu apenas para reforçar sua crença de que o mundo ocidental pregava uma cultura de perversão e imoralidade. Sua aspiração maior era que os ideais islamitas predominassem e que o mundo fosse regido pelas rígidas diretrizes morais do Alcorão.
	O assassinato do líder da Irmandade Muçulmana, Hasan al-Banna em 12 de fevereiro de 1949, representou um ponto de inflexão na vida de Qutb e foi o ponto decisivo para a associação de Qutb e a Irmandade Muçulmana. Após uma temporada nos EUA, Qtub retornou ao Egito ainda mais radical e conservador do que quando saiu. Ele considerava a América como uma região de degradação tanto sexual quanto espiritual e pensava que Deus discordava da maneira como as coisas eram conduzidas naquele país. Assim, ao retornar ao Egito, Qutb não hesitou em anunciar que o inimigo número um do egípcio era o homem branco e que a modernidade a qual eles vendiam ao outros países significaria a queda da cultura islâmica. 
	Enquanto isso, no Egito, uma guerra estava se iniciando. Os egípcios tentavam derrubar o governo britânico liderados pela Irmandade Muçulmana. Durante esse período, o grupo agindo em prol dos interesses da população criaram seus próprios hospitais, escolas, fábricas, sociedades assistenciais e até mesmo seu próprio exército. Em 1948, no entanto, temendo o poder crescente da organização, o governo egípcio dissolveu oficialmente a Irmandade. 
	A Revolução de Julho ocorreu no contexto do surgimento do movimento de libertação nacional dos povos árabes após a Segunda Guerra Mundial e do enfraquecimento do imperialismo britânico no Oriente Médio. Suas causas eram a opressão feudal e colonial e a falta de vontade dos círculos governantes do Egito para impulsionar as tarefas imediatas de libertação e regeneração nacional e para aliviar a miséria sem esperança das massas trabalhadoras. Outra força motriz da revolução foi o ódio da população para com os partidos políticos burgueses tradicionais que defendiam os interesses da elite governante e do imperialismo britânico. A revolução de julho foi apressada pela derrota do Egito na guerra árabe-israelense de 1948-1949 e a intensificação do movimento de massas contra a tirania dos senhores feudais e os colonialistas britânicos, um movimento que se transformou em guerrilha contra as tropas britânicas na Zona do Canal de Suez (GELVIN, 2008).
	Na noite do dia 23 de julho, um grupo de militares do Movimento Oficiais Livres, liderado por Gamal Abdel Nasser, perpetrou um golpe revolucionário e derrubou o regime monarquista feudal do rei Farouk. Em 26 de julho, o monarca deposto abdicou do posto e deixou o país. O Conselho de Comando Revolucionário (RCC) assumiu o poder.
	Os jovens oficiais que assumiram o poder após o golpe militar se basearam principalmente no exército. Seus objetivos foram a libertação nacional completa do Egito e a criação das condições para seu desenvolvimento independente. Os primeiros passos importantes do governo revolucionário incluíram uma reforma agrária, anunciada em setembro de 1952, que limitava a grande propriedade da terra feudal e a abertura de negociações com a Grã-Bretanha sobre a evacuação das tropas britânicas do Egito. O programa e as medidas do RCC foram apoiadas pela esmagadora maioria do povo egípcio e pela União Soviética e outros países socialistas (GELVIN, 2008).
	Em 1954, Qutb tornou-se o editor da revista Muslim Brothers. Como editor da revista, Qutb começou a escrever editoriais promovendo a jihad contra os britânicos. Em agosto do mesmo ano a revista foi encerrada porque a opinião de Nasser divergia da de Qutb quanto a Revolução Islâmica e sua aliança secreta com comunistas egípcios que estavam tentando derrubar Nasser (WRIGHT, 2006). Em 26 de outubro de 1954, durante um discurso em Alexandria, um membro da Irmandade atirou contra Nasser na tentativa de matá-lo, sem sucesso. Qutb foi acusado de ser um membro secreto da organização e foi preso por seu envolvimento.
	Durante o período que esteve preso, Qutb, escreveu dois livros: Na sombra do Alcorão e Milestones, que foi banido quando publicado em 1964. Em suas obras, Qutb defende que a humanidade é ameaçada não só pela aniquilação nuclear, mas também pela ausência de valores. Segundo ele, o Ocidente perdeu sua vitalidade, e o marxismo falhou. A humanidade não pode ser salva, a menos que os muçulmanos retomassem a glória de sua expressão mais antiga e pura. Qtub argumentava ser necessário iniciar o movimento do avivamento islâmico em algum país muçulmano para criar o exemplo que acabaria por levar o Islã ao seu destino da dominação mundial. 
	Ayman al Zawahiri e sua irmã gêmea, Umnya, nasceram em 19 de junho de 1951 em Maadi, um subúrbio de classe média próximo a Cairo, no Egito. Criado em uma família religiosa e devotada, Ayman al Zawahiri começou seus estudos religiosos muito cedo rezava várias vezes ao dia. Apesar de Ayman ter optado por seguir uma carreira na área médica – toda sua família por parte de pai tinha esta formação – ele sempre teve muito interesse nas questões políticas, influência clara da família de sua mãe. A maioria dos ensinamentos de Ayman sobre a sociedade de leis islâmicas é originária de seu tio Mahfouz Azzam com quem Sayyid Qutb teve um vínculo de longa vida. (WRIGHT, 2006). Zawahiri graduou-se na faculdade de medicina da Universidade do Cairo em 1974, iniciando sua carreira como cirurgião do exército egípcio, onde serviu por três anos e depois continuou sua prática em diferentes momentos de sua vida. 
	Apesar de ter prosseguido com a carreira médica, Ayman nunca deixou de lado suas aspirações políticas e, ainda no ensino médio, começo a recrutar membros para grupos político-religiosos secretos. Em 1974, al-Zawahiri já havia recrutado 40 membros para um novo grupo que ele chamou de al-Jihad. Durante este tempo, Ayman conheceu um homem chamado Abdallah Schleifer, que se tornou uma figura importante e desafiadora na vida de Zawahiri. Assim como Ayman estava construindo Al-Jihad, a Irmandade Muçulmana também começava a ganhar membros e força no Egito. Em 1981, Ayman juntou-se à Sociedade do Crescente Vermelho em Peshawar, no Paquistão, o que lhe proporcionou um lugar mais seguro para organizar e treinar sua organização sem interferências ou ataques de inimigos externos (WRIGHT, 2006). Foi em Peshawar que Ayman testemunhou os lutadores da liberdade afegãos conhecidos como Mujahidin. 
	Ayman tornou-se uma figura notável no início dos anos 80, quando participou da força-tarefa bem sucedida para assassinar o presidente do Egito, Anwar Sadat, em outubro de 1981. Após o assassinato, Ayman al-Zawahiri foi preso. Como líder da al-Jihad, ele era um alvo constante de interrogatórios e foi torturado diversas vezes. Após anos de tortura, Ayman tornou-se ainda mais conservador e radical. Depois de cumprir sua pena, Ayman voltou à prática médica e partiu para a Arábia Saudita.
	Osama bin Laden, fundador da Al-Qaeda, nasceu janeiro de 1958. Osama cresceu em uma casa cheia de filhos em uma casa muito modesta, apesar da grande fortuna de seu pai. A maneira como seu pai Mohammed vivia serviu como um importante lembrete para Osama de como os homens muçulmanos deveriam resistir à modernidade e ao luxo. Osama foi a uma escola primária de prestígio e cresceu assistindo filmes ocidentais e usando roupas ocidentais. Aos quatorze anos, Osama afirma ter tido uma experiência religiosa e um despertar político. Ele começou a jejuar duas vezes por semana, além de outras práticas religiosas rigorosas. Outros, incluindo sua mãe, começaram a notar o jovem Osama como líder em todas as coisas morais por seuexemplo de viver um estilo de vida piedoso. Ele se absteve de beber, jogar, fumar e sexo. Seu único interesse era em Deus, e manter sua servidão (WRIGHT, 2006).
	Osama casou-se com sua primeira esposa aos dezessete anos, em 1974. Foi também esta época que ele uniu-se à Irmandade Muçulmana, que na época era apenas um grupo de oração muçulmana. Foi através da Irmandade que conheceu Jamal Khalifa durante o primeiro ano de faculdade na Universidade King Abdul Aziz. Os dois se tornariam melhores amigos. Ambos foram fortemente influenciados pelos escritos de Sayyid Qutb e desejavam uma sociedade islâmica que combinasse sua religião com sua política (WRIGHT, 2006). 
	Durante a faculdade, Mohammad Qutb, o irmão mais novo de Sayyid Qutb, foi um palestrante frequente na universidade, e Osama e Khalifa nunca perderam a chance de ouvir suas palestras. Nesta época Qutb recebeu muitas críticas em relação às de seu irmão. Os críticos alegaram que novoss grupo de radicais islâmicos estavam interpretando estes escritos como permissão para cometer atos violentos contra muçulmanos e não muçulmanos que não viviam como verdadeiros fiéis. Foi neste período, no final da década de 1970, que os fanáticos religiosos como Osama, Khalifa e Mohammad Qutb começaram a retomar o debate iniciado por Sayyid Qutb vinte anos antes: apenas os muçulmanos que se esforçam para impor todas as facetas da lei islâmica sobre suas próprias vidas são verdadeiros muçulmanos (WRIGHT, 2006).
	O príncipe Turki, o filho mais novo do rei Faisal da Arábia Saudita, foi enviado por seu pai para ser educado nos Estados Unidos, onde frequentou a escola Lawrenceville em Nova Jersey no ensino médio. Depois de se formar, Turki estudou um semestre em Princeton, mas abandonou, seguindo então para a Universidade de Georgetown, mas também não completou o curso (WRIGHT, 2006). Em 1973, o príncipe Turki voltou para a Arábia Saudita, onde começou a trabalhar agência de inteligência Foreign Liaison Bureau. Prince Turki casou-se com a princesa Nout bint Fahd al Saud da família real.
	Em 20 de novembro de 1979 teve início a tomada da Grande Mesquita, quando insurgentes extremistas pedindo o derrube da Casa de Saud assumiram o comando de Masjid al-Haram em Meca, na Arábia Saudita. Os insurgentes declararam que o Mahdi (o redentor do Islã) havia chegado na forma de um dos líderes - Mohammed Abdullah al-Qahtani - e convidou os muçulmanos a obedecê-lo. Por quase duas semanas, as Forças Sauditas Especializadas, lideradas pelo príncipe Turki e assistidas pelos comandos paquistaneses e franceses, lutaram contra batalhas lançadas para recuperar o composto (WRIGHT, 2001)
	A apreensão do site mais sagrado do Islã, a tomada de reféns entre os adoradores e a morte de centenas de militantes, forças de segurança e reféns capturados no fogo cruzado nas batalhas que se seguiram pelo controle do site, chocaram o mundo islâmico. Com o cerco da Grande Mesquita, a autoridade da família real havia sido desafiada abertamente. Após o ataque, o Estado saudita implementou uma aplicação mais rigorosa do código islâmico, em parte influenciados pelo Afeganistão, um país vizinho que estava lutando contra sua própria guerra (WRIGHT, 2006).
	Na véspera de Natal de 1979, enquanto o cerco da Grande Mesquita estava acontecendo, o Afeganistão foi invadido pela União Soviética. Uma das pessoas mais influentes no recrutamento de soldados contra as forças soviéticas foi Abdullah Azzam. Abdullah também chamou a atenção de Osama bin Laden e eles acabaram ficando muito próximos. Com o tempo, a casa de Bin Laden em Jeddah tornou-se um entreposto para os jovens recrutas que responderam ao chamado para juntar-se à jihad afegã. Durante o verão após conhecer Azzam, Bin Laden iniciou acampamentos militares para estudantes do ensino médio e universitários. Durante este tempo, Bin Laden provou ser um excelente angariador de fundos para a resistência contra a União Soviética. O governo da Arábia Saudita e outras famílias ricas proviam o grupo através de doações de dinheiro, caminhões e até passagens aéreas para que os novos recrutas pudessem lutar (WRIGHT, 2006). O avanço do comunismo era visto como uma ameaça ao islamismo. Osama bin Laden queria se juntar à causa do Afeganistão e viu isso como uma maneira de responder às questões maiores que enfrentavam nesse momento de mudança.
	Durante a guerra afegã contra os soviéticos, dois homens, Osama bin Laden e Abdullah Azzam, ajudaram grandemente o movimento afegão árabe que resultou em uma extrema devoção à fé muçulmana por seus seguidores. Eles pregavam que muçulmanos de todos os lugares deveriam se juntar a causa, que visava defeder os verdadeiros muçulmanos dos comunistas ateus. A maior influência de Osama Bin Laden sobre a guerra foi com o dinheiro que recebeu da família real da Arábia Saudita. Muitas nações estavam determinadas a expulsar as tropas soviéticas do Afeganistão, incluindo os Estados Unidos. Azzam e Bin Laden eram extremistas em sua devoção ao islamismo e espalharam sua fé em uma área atingida pela guerra, com o apoio de nações ao redor do mundo.
	Em 1979, o Afeganistão estava passando por uma Guerra Civil. O primeiro-ministro Hazifullah Amin estava afastando a fé tradicional dos muçulmanos e substituindo-a por uma inclinação mais ocidental que indignava muitos. Milhares de muçulmanos fugiram e milhares outros se juntaram aos mujahidin. Em setembro de 1979, os soviéticos invadiram o Afeganistão e começaram a assumir as principais cidades urbanas. 
	Após um ano de luta, o príncipe Turki al-Faisal, da Arábia Saudita, sentiu-se ameaçado pela invasão soviética do Afeganistão. Ele acreditava que o objetivo final da União Soviética era controlar o Estreito de Ormuz na base do Golfo. A partir daí, os soviéticos poderiam controlar a rota de abastecimento que levavam petróleo da Arábia Saudita, do Iraque, do Kuwait e do Irã (WRIGHT, 2006 p. 105). O príncipe temeu que, com um comando soviético do Estreito de Ormuz, o abastecimento de petróleo do mundo poderia ser cortado. Isso afligiu os americanos que lideravam o país na importação de petróleo. Com a ameaça monetária de perder o abastecimento mundial de petróleo, muitas nações se interessaram pela invasão dos soviéticos do Afeganistão. Em Washington, a administração de Carter viu a invasão como uma oportunidade para dar a URSS sua própria Guerra do Vietnã (WRIGHT, 2006 p. 105). Durante a guerra, o governo da Arábia Saudita contribuiu com quantias entre $350 e $500 milhões por ano para a jihad afegã (WRIGHT, 2006 p. 109).
	Em 1984, Abdullah Azzam persuadiu Bin Laden a atravessar a área de Jaji, onde havia um acampamento nas montanhas acima de um importante posto soviético. Enquanto lá, os mujahidin foram atacados por mísseis soviéticos e Bin Laden afirmou que ele nunca se sentiu mais perto de Deus. Após o ataque, Bin Laden voltou para a Arábia Saudita, onde arrecadou fortunas para os mujahidin (WRIGHT, 2006 p. 107), transformando-se rapidamente em principal apoiador financeiro dos insurgentes. Osama bin Laden apoiou financeiramente qualquer um e suas famílias que se juntaram às forças da jihad para que mais árabes se envolvessem ativamente. Azzam tomou uma abordagem diferente ao emitir uma fatwa, que argumentou que "a jihad no Afeganistão era obrigatória para todo muçulmano capaz" (WRIGHT, 2006 p. 108). 
	O apoio financeiro da família de Bin Laden e de Turki, Osama construiu campos de treinamento e uma biblioteca teológica. Ele apoiou muito a guerra e espalhou o Islam radical de forma financeira. No entanto, apesar dos inúmeros incentivos oferecidos, os esforços de recrutamento de Azzam e Bin Laden foram em grande parte infrutíferos. Os mujahidin que recrutaram eram pouco numerosos e de qualidade questionável (WRIGHT, 2006 p. 108). Em 1986, os Estados Unidos começaram a enviar mísseis aos afegãos em grande quantidade. Mikhail Gorbachev, o secretário geral do Partido Comunista Soviético começou a retirar suas tropas do Afeganistão. Foram necessários três anos até que se retirassem completamente eficou claro que os mujahidin havia erradicado a influência do comunismo no Afeganistão. Também ficou claro que os Estados Unidos, não o exército árabe ou o dinheiro de Osama Bin Laden foram o fator decisivo na guerra. Os soldados afegãos árabes tiveram pouco efeito sobre o resultado da guerra, mas eles contribuíram de forma decisiva na transformação da fé muçulmana tradicional em muçulmanos radicais da Al-Qaeda moderna (WRIGHT, 2006 p. 127). 
	Milhões de afegãos fugiram da violência da ocupação soviética e entraram na província paquistanesa do noroeste de Peshawar. Essa região tornou-se um cenário para a jihad contra os soviéticos em torno de 1986. Nesta época Ayman al-Zawahiri tornou-se residente de Peshawar. Seu irmão, Mohammed juntou-se a ele onde criaram e iniciaram a arrecadação de fundos para grupo takfiri, al-Jihad nessa região, recebendo apoio financeiro do Cairo através da Arábia Saudita. Muito antes disso, no início da década de 1970, outro grupo semelhante, o Takfir wa Hijira, havia sido estabelecido no Egito. Anos após a execução de seu criador, novos membros passaram a pregar ideias islâmicas radicais, especialmente no que tangia o assassinato de infiéis. Ayman al-Zawahiri trabalhou entre estes takfiris no hospital do Crescente Vermelho em Peshawar, que eventualmente mudou seus pontos de vista e estratégias de resistência política pacífica em relação ao terrorismo. Depois de uma grande mudança de personalidade, seus desejos assumiram um alcance maior de liderar uma disseminação universal do islamismo, mesmo que isso significasse derramamento de sangue multinacional (WRIGHT, 2006). A doutrina takfiri e a jihad foram a base de uma nova organização que combinou múltiplas ideologias de seus diferentes fundadores principais, cada um com objetivos e origens diferentes. O resultado final de Ayman al-Zawahiri, Osama bin Laden, Dr. Fadl e Abdullah Azzam seria a al-Qaeda, uma força que ganharia atenção mundialmente infame, especialmente depois de 11 de setembro de 2001. O objetivo deste novo grupo era manter a jihad viva depois que os soviéticos deixassem o Afeganistão. Uma vez que a Al Qaeda foi formada, os requisitos foram feitos para aqueles que procuraram se tornar membros, como serem bem educados, obedientes,
	Bin Laden foi considerado o emir dos árabes. Na época, havia grupos islâmicos lutando uns contra os outros. As duas principais organizações egípcias foram o grupo islâmico liderado por Sheikh Omar Abdul Rahman e Al-Jihad de Zawahiri. Bin Laden apoiou a al-jihad de Zawahiri. Em Jalalabad em março de 1989, uma nova batalha entrou em erupção com o governo comunista afegão como adversário (WRIGHT, 2006). Após a batalha de Jalalabad, os mujahidin afegãos entraram em guerra civil. A guerra civil foi dominada por duas partes que queriam um governo islâmico no Afeganistão. 
	Em 1989, Osama bin Laden voltou para sua cidade natal, Jeddah, na Arábia Saudita, onde foi recebido como herói. Não obstante o reconhecimento e o seu novo status, Bin Laden voltou para o negócio da família no ramo da construção. A vida simples de Bin Laden lançou luz sobre a família real saudita e revelou grande parte da corrupção do rei e seus parentes. A reputação da família real não era das melhores, e a tomada da Grande Mesquita em 1979 foi um momento de despertar para a realeza, que viu na capacitação de extremistas religiosos uma maneira de se proteger e se blindar das críticas da população. No entanto, estes extremistas religiosos, conhecidos como mutawa, passarm a funcionar como uma polícia religiosa autorizada e reconhecida pelo governo, tornando-se uma presença esmagadora no reino e futuros modelos para o Talibã no Afeganistão (WRIGHT, 2006). 
	O príncipe Turki era diferente da maioria da família real. Vivia modestamente, era defensor dos direitos das mulheres, e liderou uma agência de inteligência na Arábia Saudita, a partir da qual passou a observar a ação dos mutawa, os quais considerava ousados e temia uma revolução.
	Em 1989, Bin Laden perguntou ao Príncipe Turki para permitir que ele usasse a Al Qaeda, pela primeira vez, para derrubar o governo marxista do sul do Iêmen, sem sucesso. Apenas alguns dias depois, no entanto, o Iémen do Norte e do Sul se uniram, formando a República do Iêmen. Isso fez com que Bin Laden acreditasse que os americanos tinham um pacto secreto com o Iêmen, o qual Bin Laden queria destruir. Para manter Osama afastado do Iemen, por solicitação do então presidente ao rei da Árabia Saudita, Bin Laden teve seu passaporte confiscado.
	Em 1990, Bin Laden advertiu o governo sobre os perigos que Saddam Hussein representava para Arábia Saudita no tocante aos interesses do país no Kuwait, o que acabou provocando sérias consequências. Em julho deste ano, o Rei Fahd presidiu pessoalmente uma reunião entre representantes do Iraque e do Kuwait para arbitrar as disputas entre os dois países (WRIGHT, 2006, p. 177). Não obstante a promessa de Hussein de não invadir o Kuwait, as tropas iraquianas adentraram o território deste país em 2 de agosto de 1990. Apesar da insistência de Osama para que os sauditas não recorressem à ajuda norte-americana sob a alegação que tropas estrangeiras cristãs representava uma ameaça maior à região do que o ataque de Saddam,uma coalizão internacional encabeçada pelos Estados Unidos foi formada.
	Em janeiro de 1991, os Estados Unidos lançaram grandes ofensivas sob os auspícios das Nações Unidas para remover Saddam e as forças iraquianas do Kuwait. Durante a guerra, os Estados Unidos estabeleceram uma base no território da Arábia Saudita de onde controlavam uma zona de exclusão aérea no Iraque, bem como supervisionavam as movimentações no território kuaitiano e lançavam suas ofensivas (WRIGHT, 2006). Osama e outros fundamentalistas islâmicos viam essa intromissão dos Estados Unidos com maus olhos, acreditavam que os americanos pretendiam assim controlar o território saudita.
	Após a guerra, Bin Laden recuperou seu passaporte e viajou para Peshawar, no Paquistão, em março de 1992, onde entrou em conflito por tomar partido contra a realeza saudita na crescente guerra civil no Afeganistão. Bin Laden deixou Peshawar e voou para Cartum, Sudão em 1992 com suas quatro esposas e dezessete crianças.
	Após a longa luta com os soviéticos, muitos combatentes estrangeiros permaneceram no Afeganistão lutando na guerra civil. Muitos mujahidin não retornaram aos seus países de origem, onde geralmente não eram bem recebidos devido ao doutrinamento extremista ao qual haviam se submetido. Naquele tempo, Hasan al-Turabi, um líder espiritual muçulmano fundamentalista que queria implementar a lei da Sharia no Sudão, decidiu abrir seu país a todos os muçulmanos independentemente dos seus antecedentes ou locais de origem. Este convite atraiu vários combatentes que não foram recebidos em nenhum outro lugar, mas também atraiu a atenção dos líderes da al-Qaeda que logo fizeram de Cartum um importante centro de treinamento para suas operações.
	No Sudão, Bin Laden coordenou e financiou vários projetos de construção, incluindo estradas e um aeroporto, e também fundou muitas empresas. Bin Laden empregava cerca de quinhentas pessoas no Sudão, que incluíam cerca de uma centena de membros da Al Qaeda. Nesta época, a crescente ocupação de nações estrangeiras no Oriente Médio fez com que a Al-Qaeda olhasse mais de perto para o fenômeno da ocidentalização. Quando as Nações Unidas ocuparam outro países árabes como a Somália e o Iêmen, a Al-Qaeda se reafirmou como um grupo militante declarando essas ocupações como uma ameaça à fé islâmica.
	Com o sentimento crescente de estarem sendo tomados pelos Estados Unidos, Bin Laden transformou a Al-Qaeda de um “exército islâmico anticomunista” que inicialmente havia imaginado em uma organização terrorista cujo principal alvo era os Estados Unidos (WRIGHT, 2006, p.194). Bin Laden acreditava que a América continuava a ser a única ameaça para o Islã, e eles colocaram sua luta com os Estados Unidos em um contexto maior e maior que remonta à Idade Média. Fundamentalistascomo Bin Laden viam o cristianismo "não apenas como um rival, mas como um arqui-inimigo" (WRIGHT, 2006, p.194). Eles acreditavam que a América cristã estava espalhando seu poder e sua fé para o Oriente Médio, e que esse processo deveria ser interrompido. Com este discurso, Bin Laden foi capaz de capitalizar o medo e propagar seu discurso conseguindo novos adeptos e novos recursos nesta luta contra o ocidente.
	Em 1992 as tropas americanas foram alvo de dois atentados no Iêmen. Embora nenhum americano tenha sido atingido, dois inocentes foram mortos. Membros da Al-Qaeda começaram, então, a questionar o futuro da organização. Como a dúvida começou a se espalhar pela al-Qaeda, Abu Hajer, um ex oficial militar que lutou contras as forças soviéticas no Afeganistão, que mais tarde juntou-se a Bin Laden no Sudão fazendo parte do “comitê de fatwa” embora não tenha tido nenhuma formação teológica, emitiu duas fatwas autorizando os ataques aos Estados Unidos e às tropas americanas, justificando a matança de inocentes. (FARR, 2008, p.227). 
	Era sexta-feira, 26 de fevereiro de 1993 quando o terrorismo do Oriente Médio finalmente chegou a solo americano. O alvo do ataque foi o estacionamento do World Trade Center, onde uma enorme erupção criou uma cratera de quase 100 pés. Seis pessoas morreram na hora e mais de mil ficaram feridas (https://archives.fbi.gov/archives/news/stories/2008/february/tradebom_022608 acessado em 09 de agosto de 2017).	Era desconhecido para os americanos e suas agências de inteligência que um grande grupo radical islâmico se formara no país (WRIGHT, 2006, p.201). No entanto, apesar de possuírem uma rede de muçulmanos radicais voluntários, eles não dispunham de capacidade organizacional e recursos para colocar em prática novos ataques. A Al-Qaeda nunca manifestou ter nenhuma ligação direta com este atentado, mas pareceu se inspirar nele em seus futuros ataques.
	Logo após o bombardeio do World Trade Center, Ayman al-Zawahiri entrou nos Estados Unidos na esperança de obter apoio monetário de árabes e afegãos para ajudar a apoiar a Al-Jihad. Ele, então, juntou-se a Ali Abdelsoud Mohammed, um major do exército egípcio e ex oficial da CIA que infiltrou-se no exército americano na base de Carolina do Norte, de onde utilizou-se de sua posição para roubar inteligência e acessar informações privilegiadas que, mais tarde, o ajudou a escrever o manual de treinamento da al-Qaeda (WRIGHT, 2006). Após conseguir menos recursos do que esperava, Zawahiri viu-se diante de um impasse: manter sua célula simples viva ou unir forças com Al-Qaeda de Osama Bin Laden. 
	Bin Laden ganhava cada vez mais popularidade no Egito, e seu desejo era unir todos os grupos terroristas islâmicos em uma grande organização. Embora a maioria dos membros da al-Jihad de Zawahiri fossem contra a fusão, eles logo foram atraídos pelos salários pagos pela al-Qaeda. Zawahiri, entretanto, achava que esta seria uma solução temporária. Em 1993, Zawahiri tentou assassinar o ministro do Egito. Embora a tentativa tenha falhado, ele introduziu a ideia de terroristas suicidas, que seriam incorporados à al-Qaeda no futuro (WRIGHT, 2006). Durante séculos, o suicídio havia sido considerado tabu na cultura islâmica, mas Zawahiri ajudou a transformar o ato em uma forma de martírio. 
	Os EUA trabalhando sob os auspícios das Nações Unidas estavam em uma missão que supervisionava o esforço para acabar com a fome na Somália. Osama Bin Laden enviou um punhado de recrutas da al-Qaeda para ajudar os rebeldes a interromperem o esforço humanitário. Em outubro de 1993, os rebeldes derrubaram dois helicópteros americanos. A Al-Qaeda rapidamente reivindicou a autoria dos ataques, tornando o evento um ponto de inflexão na história de atentados contra os americanos.
	Em 1994, a vida de Bin Laden parecia estar no auge. A família e os negócios iam bem e a Al-Qaeda pagava altos salários. No entanto, rapidamente as coisas mudaram. Em 1995, devido a alguns maus investimentos, Osama se viu sem dinheiro e obrigado a reduzir os salários de seus combatentes. Além disso, sua organização foi alvo de outros grupos de extremistas e, devido a algumas declarações que desagradaram o rei Fahd, Bin Laden teve sua cidadania revogada (WRIGHT, 2006, p.195). 
	O primeiro sinal claro do potencial terrorista da Al-Qaeda aconteceria no dia 13 de novembro de 1995 sob a forma de um carro-bomba fora do centro de comunicações da Guarda Nacional Saudita. Sete pessoas foram mortas e sessenta outras ficaram feridas. Uma semana antes, Bin Laden escreveu uma carta ao rei Fahd e à família real saudita, expressando seu descontentamento com a tolerância para com as leis seculares e a presença de tropas americanas no Reino. Embora Bin Laden nunca tenha oficialmente reivindicado a autoria do ataque, três dos quatro suspeitos que foram interrogados admitiram ser influenciados pelos discursos de Bin Laden e um deles havia sido treinado no campo da Al-Qaeda no Afeganistão. 
	A cumplicidade e condescencia do governo sudanês com as organizações terroristas lhe garantiram sanções internacionais, que entraram em vigor em abril de 1996. Visando sair da lista de vigilância dos Estados Unidos, o país decidiu não mais abrir Bin Laden e sua organização. Bin Laden deixou o Sudão em 18 de maio de 1996 e partiu para o Afeganistão.
	O Afeganistão, após vinte anos de guerra, era um país devastado, reduzido a ruínas e campos de papoula. Kabul, a capital, estava sob cerco do Talibã, um exército de guerrilha móvel composto por estudantes. Bin Laden se instalou em uma antiga fazenda a cinco milhas ao sul de Jalalabad.nO Talibã chegou ao poder capturando rapidamente inúmeras províncias do Afeganistão, incluindo Jalalabad. Mullah Mohammed Omar, o líder dos Talibã tornou-se responsável por Bin Laden. Omar tinha chegado ao poder tentando trazer a paz para um país que tinha sido invadido com violência, ódio étnico e crescente selvageria. O Talibã recebeu o apoio da Arábia Saudita e do Paquistão. A organização era composta de estudantes do sexo masculino que tinham sido separados de suas famílias e eram isolados do convívio com mulheres. Eles concentraram seus estudos no Alcorão e na Sharia e na glorificação da jihad (WRIGHT, 2006). 
	Bin Laden comparou seu exilo no Afeganistão à hégira do profeta Maomé quando este foi expulso da Medina. Osama viveu uma vida simples nas cavernas de Tora Bora, na sua maioria sem tecnologia moderna, e utilizou-se deste pano de fundo para simbolizar sua semelhança com Maomé e declarar a guerra contra os Estados Unidos.
Em 26 de agosto de 1996 Osama emitiu seu primeiro fatwa: um documento em árabe de doze páginas intitulado "A Declaração de Guerra". Era um aviso final para que todas as tropas americanas deixassem a terra dos dois lugares sagrados, do islã (Medina e Meca) caso contrário, ações militares seriam tomadas contra eles pelos mesmos jovens que, com a ajuda de Allah, derrotaram os infiéis no Afeganistão. Pouco depois de sua declaração de guerra, Bin Laden foi visitado por Khalid Sheikh Mohammed, o tio de Ramzi Yousef, um dos terroristas que planejaram o ataque ao World Trade Center em 1993, que lhe contou um plano para treinar pilotos para atirar aviões em edifícios.
Após sua mudança para o Afeganistão em 1996, o relacionamento de Osama com os talibãs foi conturbado. Um dos únicos países a reconhecer formalmente o Talibã como governo legítimo era a Arábia Saudita, e por este motivo, Omar, líder dos talibãs, foi instruído a manter Osama fora do alcance do público, a pedido do príncipe Turki. Contrariando os talibãs, em março de 1997, Bin Laden encontrou-se com uma equipe de imprensa da CNN, onde criticou o governo saudita, afirmando que eles estavam subordinados aos EUA. Ele declarou guerra aos EUA, citando o apoio americano à presença de Israel, a permanência de tropas americanas na Arábia Saudita sete anos após o fim da Guerra do Golfo, e afirmou que os americanos eram os verdadeiros terroristas (WRIGHT, 2006).
Em fevereiro de 1998, Zawahiri e Bin Laden emitiram um novofatwa denunciando o apoio americano a Israel, a presença dos EUA na Arábia Saudita e, principalmente, afirmando que os Estados Unidos queriam destruir o Iraque como motivação para o anúncio. Osama Bin Laden chamou os Estados Unidos de nação de tiranos e criminosos, fazendo com que os atos de terror contra ele sejam moralmente justificados. A fatwa permitiu a morte de cidadãos americanos em qualquer lugar onde os agressores pudessem encontrá-los, e atraiu uma nova geração de combatentes para a Al-Qaeda, tanto do Oriente Médio quanto de nações ocidentais (WRIGHT, 2006). 
Em 1998, os agentes da CIA descobriram informações vitais relacionadas à Al-Jihad e Al-Qaeda de uma fonte próxima de Zawahiri, Ahmed Salama Mabruk, sequestrado em Baku, no Azerbaijão. No entanto, a rivalidade departamental entre o FBI e a CIA impediu o compartilhamento das informações coletadas com John O'Neill do FBI. John Patrick O'Neill era o agente especial da Divisão de Segurança Nacional em Nova York – o I-49 – encarregado do contraterrorismo e da contra inteligência no Oriente Médio (WRIGHT, 2006). O esquadrão, no entanto, estava mal preparado para lidar com a crescente ameaça da Al Qaeda.
Em 7 de agosto de 1998, jihadistas da Al-Qaeda lançaram bombas simultâneas em embaixadas dos EUA na Tanzânia e no Quênia, com o objetivo de causar o maior número possível de vítimas americanas e nativas. Após os ataques, os investigadores do FBI se aproximaram de um homem que se identificou como Khaleed Saleem bin Rasheed, que, após um breve interrogatório, forneceu aos oficiais do FBI seu primeiro aviso de um ataque considerável em solo americano (WRIGHT, 2006).
Em agosto do mesmo ano, em represália aos atentados às embaixadas americanas, foi iniciado pela Marinha dos EUA a pedido do então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, a Operação Infinite Reach. Tal operação consistia em ataques de mísseis de cruzeiro americanos nas bases da al-Qaeda em Khost, no Afeganistão, e na fábrica farmacêutica de Al-Shifa, em Cartum, no Sudão. Após os ataques, Omar, líder dos talibãs, advertiu o governo americano de que os ataques só provocariam mais atos de terrorismo do povo islâmico. Esta conversa não teve nenhuma resolução para os ataques de ambos os lados, no entanto, foi a primeira das muitas conversas informais entre os EUA e os talibãs (WRIGHT, 2006).
 Bin Laden dividiu o talibã ao declarar guerra aos EUA. Parte dos talibãs apontou que ninguém na Al-Qaeda, nem mesmo o próprio Bin Laden, tinha a autoridade religiosa para declarar a guerra. A outra metade, no entanto, passou a enxergar os EUA como o inimigo após o lançamentos dos mísseis.
Em 14 de dezembro, a guarda fronteiriça de Port Angeles, Washington, deteve um homem argelino, Ahmed Ressam, onde foi encontrado no porta-malas de seu carro ingredientes para fabricação de bombas. Ahmed não era um membro da al-Qaeda, embora tivesse aprendido a construir bombas em um dos acampamentos de Bin Laden. Ressam era um terrorista freelancer cujo alvo era o Aeroporto Internacional de Los Angeles (WRIGHT, 2006).
	Entre dez e vinte mil combatentes passaram pelos campos de treinamento afegãos entre a sua criação, em 1996, até serem destruídos em 2001. Para se tornar um recruta, os jihadistas eram entrevistados e questionados sobre seus antecedentes para que lhes fossem atribuídas as tarefas de acordo com suas habilidades. Os recrutas passavam por um treinamento físico extenuante, além de receberem treinamento militar básico e de leitura de mapas (WRIGHT, 2006). Um exemplo disto seria Hani Hanjour, que afirmou ter estudado voo nos Estados Unidos e que, mais tarde, se tornaria parte da trama do 11 de setembro. 
 	Três anos após Khalid Sheikh Mohammed contar sobre sua ideia de atirar aviões contra edifícios nos EUA, Bin Laden considerou colocá-la em prática. Ele, então, chamou Mohammed para Kandahar para trabalhar com ele e ajudá-lo a escolher os alvos. Após discussão foram decididos os seguintes locais para os ataques: a Casa Branca, o Capitólio dos EUA, o Pentágono, o World Trade Center, Sears Tower e Library Tower.
	No dia 11 de setembro um total de 19 homens de Bin Laden sequestraram quatro aviões. Às 8h46 do dia 11 de setembro, o voo 11 da American Airlines colidiu com a Torre do Norte World Trade Center em Nova York. Dezessete minutos depois, o voo 175 da United Airlines chocou-se contra a Torre do Sul. O terceiro avião de passageiros, o American Airlines 77, caiu no Pentágono em Washington DC às 9h37. O quarto avião, o voo United Airlines 93, caiu no caminho para Washington, depois que os passageiros a bordo conseguiram retomar o controle da aeronave. Acredita-se que este seria o voo destinado a atacar o Capitólio ou a Casa Branca.
	Às 9h59, o incêndio causado pela colisão levou ao colapso da Torre do Sul do World Trade Center; seguido pelo colapso da Torre Norte às 10h30. Cerca de 3.000 pessoas foram mortas nos ataques. Esses horríveis acontecimentos foram testemunhados na TV por milhões de pessoas em todo o mundo, que agora perceberam que os EUA estavam sob ataque terrorista maciço.
	Todos os aeroportos dos EUA foram rapidamente fechados e todos os voos a caminho do país foram desviados. A busca por sobreviventes nos locais dos ataques começou imediatamente, embora com pouca esperança de sucesso. Às 20h30, o então presidente dos EUA, George W. Bush fez um pronunciamento na TV americana onde afirmou já ter evidencias de que os ataques haviam sido organizados por Osama Bin Laden .
	A resposta dos EUA aos ataques do 11 de setembro foi lançar uma ofensiva que ficou conhecida como Guerra ao Terror, que começou com a invasão do Afeganistão, onde Bin Laden estava baseado. O objetivo era destruir a Al-Qaeda e remover o regime talibã que abrigava os terroristas. Embora o regime talibã tenha sido substituído por um governo democrático, a guerra contra o Talibã, que ainda controla partes do Afeganistão, continua até hoje. Em 2003, os EUA invadiram o Iraque e derrotaram Saddam Husain, que era suspeito de ter armas de destruição em massa que ameaçavam a segurança do Ocidente. O presidente Bush também sugeriu que Saddam Husain tivesse laços estreitos com a Al-Qaeda. Armas de destruição em massa nunca foram encontradas, mas Saddam Husain foi eventualmente capturado e executado pelo novo governo do Iraque. 
	O 11 de setembro levou a administração Bush a reformar radicalmente a abordagem americana para enfrentar o terrorismo. Antes dos ataques, o governo dos EUA considerava o terrorismo doméstico como uma questão de aplicação da lei e terrorismo internacional como uma ameaça distante. Assim, a política externa americana focou relativamente pouco na questão do terrorismo. Após os ataques do 11 de setembro, o terrorismo tornou-se o centro das políticas de segurança nacional e teve início uma estratégia muito mais agressiva e expansiva nomeada pelo governo Bush de estratégia 4-D.
	A estratégia 4-D consistia em quatro missões primárias: defeat, deny, diminish and defend. Derrotar as organizações terroristas com alcance global, negar a tais organizações santuários para operar e lançar ataques, diminuir as condições que favorecem o uso/aplicação de terrorismo, e defender os Estados Unidos através da defesa "pró-ativa" da pátria. A lógica da estratégia de Bush era direta. A fim de evitar ataques contra os Estados Unidos no curto prazo, a Al Qaeda e organizações terroristas similares teriam que ser interrompidas e suas capacidades degradadas. A médio prazo, uma ação agressiva contra grupos terroristas ajudaria a impedir que outros grupos atacassem. A longo prazo, a segurança seria melhor alcançada através da erradicação das condições que a administração Bush acreditava ter propiciado o surgimento e aplicação do terrorismo em primeiro lugar, como os conflitos étnicos e religiosos, a corrupção, a pobreza, a falta de oportunidades econômicas e a opressão social e política (THRALL & GOEPNER, 2017).
Desde 2001, o componente mais importante da guerra contra o terrorismo internacional tem sido a intervenção militardireta. Esta decisão de enfrentar o terrorismo utilizando-se do uso da força militar em detrimento da aplicação da lei moldou significativamente a Guerra ao Terror e ajudou a determinar seus resultados. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos define a intervenção militar como "O ato deliberado de uma nação ou um grupo de nações para introduzir suas forças militares no decorrer de uma controvérsia existente" (DOD Dictionary of Military and Associated Terms, 2005). Além disso, é preciso diferenciar a intervenção militar direta da indireta. A intervenção militar direta envolve o envio de tropas americanas para lutar, ocupar ou defender territórios em outras nações ou realizar ataques aéreos de mísseis (THRALL & GOEPNER, 2017). Exemplos de intervenção militar direta incluem a invasão e a subsequente ocupação do Afeganistão e do Iraque e as Forças Especiais dos EUA que apoiam os esforços locais de contraterrorismo na Tunísia, Somália, Mali e Nigéria. A intervenção militar indireta, por outro lado, envolve o fornecimento de vários tipos de apoio, como inteligência, equipamento militar, assessoria, dinheiro e treinamento para facilitar o uso da força militar por um terceiro. O esforço para armar e treinar grupos rebeldes sírios para combater o Estado Islâmico é um exemplo de intervenção militar indireta (THRALL & GOEPNER, 2017).
Ambas as formas de intervenção militar, por sua vez, se diferenciam da grande variedade de ferramentas não militares disponíveis para os Estados Unidos. Essas ferramentas podem classificadas em não intervencionistas, como no caso de sanções econômicas, atos de diplomacia e negociações e congelamento de ativos financeiros dos grupos terroristas. Outros, no entanto, como a “construção da nação” e a “promoção da democracia”, são claramente intervencionistas no sentido de que elas exigem o envolvimento militar americano, como no Afeganistão e no Iraque, ou apresentam uma dose constante de pressão política e assistência financeira para promover os interesses americanos em territórios de outros países (THRALL & GOEPNER, 2017). 
	A guerra no Afeganistão começou em 7 de outubro de 2001, com as forças armadas dos Estados Unidos, apoiadas pelo Reino Unido e pela Frente Islâmica Unida de Salvação do Afeganistão – uma organização afegã que lutava contra o Talibã desde a tomada de Cabul, de 1996 – lançaram a Operação Liberdade Duradoura em resposta aos ataques de 11 de setembro, com o objetivo de desmantelar a Al-Qaeda e acabar com o uso do Afeganistão como base de suas operações. Os Estados Unidos também visava remover o regime talibã do poder e criar um estado democrático aos moldes ocidentais.
	O objetivo da invasão era encontrar Osama Bin Laden e outros membros de alto escalão da Al-Qaeda e submetê-los a julgamento, destruir a organização da Al-Qaeda e destituir o regime talibã que apoiou e permitiu sua operação em terras afregãs. O governo George W. Bush afirmou que não faria distinção entre organizações terroristas, nações ou governos que apoiassem ou abrigassem tal organizações. 
	Na primeira fase da Operação Liberdade Duradoura, as forças terrestres da Frente Islâmica Unida juntamente com as forças americanas e as Forças Especiais Britânicas, com o amplo apoio aéreo dos Estados Unidos, derrubaram o regime talibã do poder em Cabul e na maior parte do território afegão em poucas semanas. A maioria das lideranças sênior do Talibã fugiu para o vizinho Paquistão. A República Islâmica democrática do Afeganistão foi estabelecida e foi criado um governo interino comandado por Hamid Karzai, eleito democraticamente pelo povo afegão nas eleições gerais de 2004. No final de dezembro de 2001 foi criada pelo Conselho de Segurança da ONU a Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF) com o objetivo de proteger Kabul e as áreas vizinhas. A OTAN assumiu o controle da ISAF em 2003 (OTAN, 2015).[1: A OTAN assumiu a liderança da Força Internacional de Assistência à Segurança no Afeganistão em 11 de agosto de 2003. Criado pelas Nações Unidas, o principal objetivo da ISAF era capacitar o governo afegão a fornecer segurança efetiva em todo o país e desenvolver novas forças de segurança afegãs para garantir que o Afeganistão não voltasse a ser um refúgio para terroristas. A partir de 2011, a responsabilidade pela segurança foi gradualmente transferida para as forças afegãs, que assumiram a liderança para as operações de segurança em todo o país no final de 2014. ]
	A coalizão conseguiu progredir bem nos primeiros anos, mas não suficientemente bem. Apesar dos ganhos econômicos significativos, o país permanecia extremamente pobre, e o nível de ajuda internacional não foi suficiente para conter a maré de uma insurgência que voltava à cena. De 2002 a 2005, os talibãs contaram com dinheiro oriundo do tráfico de drogas, de doadores dos estados do Golfo e com a ajuda da Al Qaeda para se reerguer. Suas bases no Paquistão lhes permitiram rearmar, remontar e treinar seus combatentes. Em 2005, três diferentes células do talibã trabalhavam juntas para subverter o regime de Karzai e desgastar a coalizão. Todos os três grupos juraram lealdade ao mulá Omar e trabalharam coordenadamente, embora fossem entidades operacionais distintas com seus próprios territórios de interesse no Afeganistão e mecanismos de angariação de fundos. Em 2005, apesar do novo governo democrático e das tropas dos aliados in loco, muitos distritos e algumas províncias foram tomadas silenciosamente pelos talibãs (COLLINS, 2011, p.72). 
	Em 2005, os talibãs iniciaram uma ofensiva nacional para disseminar e retomar sua influência sobre o território afegão. De 2004 a 2009, os incidentes de segurança em todo o país aumentaram cerca de nove vezes, e os atentados suicidas quarenta vezes. O conflito se espalhou para a maioria das 34 províncias. A guerra civil no Afeganistão ainda era uma guerra pelo controle das áreas de Pashtun na parte leste e sul do país, mas a subversão e o terrorismo dos Talibã tornava-se cada vez mais importantes em muitas províncias. Os esforços para combater o crescimento e a produção de narcóticos ou falharam ou tiveram eficácia limitada. A corrupção dentro do Afeganistão, bem como a receita do Talibã aumentavam na mesma proporção. Em 2009, mesmo em áreas dominadas pelo governo ou tribos favoráveis ao governo, a subversão talibã fizeram-se presente (COLLINS, 2011).
	
World of Faith and Freedom: Why International Religious Liberty Is Vital to American National Security
Thomas F. Farr
[1] Wright, Sacred Rage, (2001), p. 155
http://www.actmemphis.org/usama-bin-laden-1996-declaration-of-war-against-the-americans.pdf
https://object.cato.org/sites/cato.org/files/pubs/pdf/pa-814.pdf
12. Joint Staff, “Joint Publication 3-0: Joint Operations” (2011), p. GL-13.
http://www.dtic.mil/doctrine/new_pubs/dictionary.pdf
White House, “The National Security Strategy of the United States” (2002), pp. 6, 15.
http://library.uniteddiversity.coop/More_Books_and_Reports/Noam_Chomsky-On_War_in_Afganistan.pdf
17. Helene Cooper, “U.S. Conducts Airstrikes against ISIS in Libya,” New York Times, August 1, 2016; and “How the U.S. Became More Involved in the War in Yemen,” New York Times, October 15, 2016, http://www.nytimes.com/interactive/ 2016/10/14/world/middleeast/yemen-saudi-ara bia-us-airstrikes.html.
http://www.nato.int/cps/en/natohq/topics_69366.htm

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