Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
REALISMO E NATURALISMO 1. Considerações iniciais Costuma-se unir esses dois estilos literários como se fossem irmãos siameses. Entretanto, o Realismo e o Naturalismo têm as suas particularidades, assim como os irmãos siameses, que, embora compartilhem alguns órgãos, têm membros separados. O Realismo preocupa-se com a representação objetiva da realidade, no que se opõe ao subjetivismo romântico. Já o Naturalismo, intensificando as tendências básicas do Realismo, aplica à literatura as descobertas e métodos da ciência do século XIX. Assim como o Romantismo denotava uma atitude antes de dominar uma tendência estética, também a atitude realista e naturalista pode ser observada antes ou depois do movimento iniciado em fins do século XIX. 2. Realismo e Naturalismo: distinções A confusão entre Realismo e Naturalismo não é sem razão, visto que, apesar das diferenças entre estas duas correntes, o Naturalismo não é independente do Realismo; ambos têm como objeto de observação a realidade; ambos são postos em relevo pela literatura no mesmo período. O Naturalismo incorporou ao Realismo o cientificismo da época, o determinismo e a crença de que os seres humanos estariam condicionados, pela raça, pela hereditariedade e pelo momento histórico, criando daí romances que são verdadeiras teses científicas, nos quais o escritor cria situações de causa e efeito para melhor descrever atitudes e personalidades, evidenciado preocupações patológicas. O Realismo, por sua vez, “teve apenas a preocupação de retratar com certa isenção a realidade circundante, sem ir mais além na pesquisa, sem trazer a ciência”. Desses aspectos pode-se destacar uma diferença significativa entre um e outro: em suas abstrações sociológicas e análises pseudocientíficas, o Naturalismo acaba por se distanciar da realidade e, de certo modo, constituir ma manifestação de subjetividade e deformação da realidade, decorrente em grande parte de conceitos predeterminados na mente do escritor. 3. Contexto histórico Revolução Industrial (Inglaterra); Amplo progresso científico e tecnológico; Movimentos de origens popular com ideias liberais, nacionalistas e liberais; Publicado o Manifesto comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels; Extinção do tráfico negreiro (1850); Guerra do Paraguai (1864-1870); Abolição dos escravos (1888). 4. O Realismo brasileiro - Marco inicial: 1881 – Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. 5. O Naturalismo brasileiro - Marco inicial: 1881 – O mulato, de Aluísio de Azevedo. 6. Características do Realismo Objetivismo; Veracidade; Descrições e adjetivações objetivas, tentando captar o real como ele é; Linguagem culta e direta; Mulher não idealizada, mostrada com defeitos e qualidades; Amor e outros sentimentos subordinados aos interesses sociais; Casamento como instituição falida, como contrato de interesses e conveniências; Herói problemático, cheio de manias e incertezas; Narrativa lenta, acompanhando o tempo psicológico; Personagens trabalhadas psicologicamente; Universalismo. 7. Características do Naturalismo Enfoque das teorias científicas e filosóficas; Incorporação de termos científicos e profissionais; Temas de patologias sociais (personagens mórbidos, adúlteros, psiquicamente desequilibrados, assassinos, bêbados, miseráveis, doentes, prostitutas etc.); Observação e análise da sociedade; Descrição animalesca e sensual do ser humano; Despreocupação com a moral; Linguagem simples; Narrativa lenta. 8. Principais autores e obras 8.1. Realismo Machado de Assis - Tendências realistas: Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891); Dom Casmurro (1900), Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires (1908). Contos: Contos fluminenses (1870), Histórias da meia-noite (1873), Papéis avulsos (1882), Histórias sem data (1884), Várias histórias (1896), Páginas recolhidas (1899), Relíquias de velha casa (1906). Raul Pompéia - O Ateneu (1888) 8.2. Naturalismo Aluísio de Azevedo: O mulato (1881), Casa de pensão (1884), O cortiço (1890). Adolfo Caminha: A normalista (1893), Bom-crioulo (1895). Júlio Ribeiro: A carne (1888) Domingos Olímpio: Luzia-Homem (1903) �
Compartilhar