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20080818054354 RealismoNaturalismo

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REALISMO E NATURALISMO
1. Considerações iniciais
Costuma-se unir esses dois estilos literários como se fossem irmãos siameses. Entretanto, o Realismo e o Naturalismo têm as suas particularidades, assim como os irmãos siameses, que, embora compartilhem alguns órgãos, têm membros separados.
O Realismo preocupa-se com a representação objetiva da realidade, no que se opõe ao subjetivismo romântico. Já o Naturalismo, intensificando as tendências básicas do Realismo, aplica à literatura as descobertas e métodos da ciência do século XIX. 
Assim como o Romantismo denotava uma atitude antes de dominar uma tendência estética, também a atitude realista e naturalista pode ser observada antes ou depois do movimento iniciado em fins do século XIX. 
2. Realismo e Naturalismo: distinções
A confusão entre Realismo e Naturalismo não é sem razão, visto que, apesar das diferenças entre estas duas correntes, o Naturalismo não é independente do Realismo; ambos têm como objeto de observação a realidade; ambos são postos em relevo pela literatura no mesmo período.
O Naturalismo incorporou ao Realismo o cientificismo da época, o determinismo e a crença de que os seres humanos estariam condicionados, pela raça, pela hereditariedade e pelo momento histórico, criando daí romances que são verdadeiras teses científicas, nos quais o escritor cria situações de causa e efeito para melhor descrever atitudes e personalidades, evidenciado preocupações patológicas. O Realismo, por sua vez, “teve apenas a preocupação de retratar com certa isenção a realidade circundante, sem ir mais além na pesquisa, sem trazer a ciência”. 
Desses aspectos pode-se destacar uma diferença significativa entre um e outro: em suas abstrações sociológicas e análises pseudocientíficas, o Naturalismo acaba por se distanciar da realidade e, de certo modo, constituir ma manifestação de subjetividade e deformação da realidade, decorrente em grande parte de conceitos predeterminados na mente do escritor. 
3. Contexto histórico
Revolução Industrial (Inglaterra);
Amplo progresso científico e tecnológico;
Movimentos de origens popular com ideias liberais, nacionalistas e liberais;
Publicado o Manifesto comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels;
Extinção do tráfico negreiro (1850);
Guerra do Paraguai (1864-1870);
Abolição dos escravos (1888).
4. O Realismo brasileiro
- Marco inicial: 1881 – Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
5. O Naturalismo brasileiro
- Marco inicial: 1881 – O mulato, de Aluísio de Azevedo.
6. Características do Realismo
Objetivismo;
Veracidade;
Descrições e adjetivações objetivas, tentando captar o real como ele é;
Linguagem culta e direta;
Mulher não idealizada, mostrada com defeitos e qualidades;
Amor e outros sentimentos subordinados aos interesses sociais;
Casamento como instituição falida, como contrato de interesses e conveniências;
Herói problemático, cheio de manias e incertezas;
Narrativa lenta, acompanhando o tempo psicológico;
Personagens trabalhadas psicologicamente;
Universalismo.
7. Características do Naturalismo
Enfoque das teorias científicas e filosóficas;
Incorporação de termos científicos e profissionais;
Temas de patologias sociais (personagens mórbidos, adúlteros, psiquicamente desequilibrados, assassinos, bêbados, miseráveis, doentes, prostitutas etc.);
Observação e análise da sociedade;
Descrição animalesca e sensual do ser humano;
Despreocupação com a moral;
Linguagem simples;
Narrativa lenta. 
8. Principais autores e obras
8.1. Realismo
 Machado de Assis - Tendências realistas: Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891); Dom Casmurro (1900), Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires (1908). Contos: Contos fluminenses (1870), Histórias da meia-noite (1873), Papéis avulsos (1882), Histórias sem data (1884), Várias histórias (1896), Páginas recolhidas (1899), Relíquias de velha casa (1906).
 Raul Pompéia - O Ateneu (1888)
8.2. Naturalismo
Aluísio de Azevedo: O mulato (1881), Casa de pensão (1884), O cortiço (1890).
Adolfo Caminha: A normalista (1893), Bom-crioulo (1895).
Júlio Ribeiro: A carne (1888)
Domingos Olímpio: Luzia-Homem (1903)
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