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AULA 06 – A GUERRA FRIA

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AULA 06 – A GUERRA FRIA
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Definir o conceito de Guerra Fria;
2. Reconhecer os efeitos deste período para a política internacional;
3. Reunir argumentos para compreender o período de transição da China imperial para a China comunista.
Nos últimos anos, ganhou força a expressão Nova Ordem Mundial. Este termo surgiu após a década de 1990, em especial, após o declínio da União Soviética que, durante décadas, havia se configurado como uma das principais potências do mundo Ocidental. Mas, por que, nova ordem? O termo implica a existência de uma ordem mundial anterior e é sobre esta “Velha Ordem”, a bipolaridade, que discutiremos hoje.
Vimos, nas aulas anteriores, as questões propostas após a Segunda Guerra Mundial e os termos do acordo firmado em Yalta. Vamos relembrar? Esta conferência teve lugar na cidade de Yalta, na Crimeia, entre 4 e 11 de fevereiro de 1945. Isto quer dizer, que, antes mesmo da rendição da Alemanha, que aconteceria em abril daquele ano; e do Japão, que aconteceria em agosto, os lideres das três grandes potências mundiais já consideravam a derrota do eixo como algo iminente. Neste sentido, reuniram-se na Crimeia para discutir a geopolítica mundial após a guerra. Stalin, Franklin Roosevelt e Winston Churchill, representando, respectivamente, a URSS, os Estados Unidos e a Inglaterra, reuniram-se para acertar as regras do jogo de poder que inevitavelmente se consolidaria após a derrota das potências do eixo.
Uma das principais decisões foi a divisão da Alemanha, entre zonas de influência, capitalista e socialista. Também foram estabelecidos como os governos dos países, que seriam libertados do nazismo, a exemplo da Polônia, seriam governados, e sob qual esfera de influência ficariam. Ficou famosa a foto tirada dos três grandes lideres mundiais em Yalta e acabou por se tornar a imagem que marcaria o ponto de partida da ordem mundial baseada na bipolaridade.
GUERRA FRIA
A divisão da Alemanha foi ratificada pelo Acordo de Potsdam em agosto de 1945. Na verdade, a divisão da Alemanha compreendia quatro zonas de ocupação, dividas entre franceses, ingleses, norte-americanos e soviéticos. Na prática, era muito mais que uma cisão geográfica e política, mas, sobretudo, ideológica. Estava estabelecida a Guerra Fria, baseada na bipolaridade, e que consistia em uma disputa ideológica por zonas de influência entre dois blocos: Capitalista, liderado pelos Estados Unidos e o Socialista, liderado por Stalin. Cabe lembrar que a Guerra Fria, embora tenha se iniciado com estes dois líderes, não se restringiu a seus governos. Esta ordem continuaria vigente até o fim da URSS nos anos 1990.
Em 1946, Winston Churchill, em um famoso discurso, proferido no Westminster College, nos Estados Unidos, cunhou a expressão que seria sinônimo da ordem que se estabelecera: a Cortina de Ferro: A Cortina de Ferro referia-se ao isolamento político que a União Soviética assumiu como postura política após a Segunda Guerra. Não havia interferência do ocidente nesta política e esse isolamento logo se transformou em medo. O medo de que um conflito aberto, entre EUA e URSS significasse a eclosão de uma terceira guerra mundial e, desta vez, o horror de Hiroshima e Nagasaki, se repetiria em todo o planeta. Ainda que não tenha sido um conflito aberto — afinal, não havia dúvidas que seus resultados seriam desastrosos — a Guerra Fria foi o pano de fundo para diversos conflitos que eclodiram nas décadas seguintes, além de ter sido fundamental para decisões políticas que afetariam — e ainda afetam — diversos países em todo o mundo.
"De Estino, no Báltico, até Trieste, no Adriático, uma cortina de ferro desceu sobre o continente. Atrás dessa linha estão todas as capitais dos antigos Estados da Europa Central e Oriental. Varsóvia, Berlim, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste e Sofia; todas essas cidades famosas e as populações em torno delas estão no que devo chamar de esfera soviética, e todas estão sujeitas, de uma forma ou de outra, não somente à influência soviética, mas também a fortes, e em certos casos crescentes, medidas de controle emitidas de Moscou.”
Este discurso pode ser encontrado na íntegra, em inglês, em Winston Churchill.
https://www.winstonchurchill.org/learn/speeches/speeches-of-winston-churchill/120-the-sinews-of-peace
DESDOBRAMENTOS DA GUERRA FRIA
Muitas estratégias foram mobilizadas durante a vigência da Guerra Fria, tanto pelo bloco soviético quanto pelo norte-americano. Em 1947, o então presidente dos Estados Unidos, Harry Truman (Não podemos esquecer que foi este presidente que ordenou o lançamento das bombas atômicas no Japão, marcando o fim da Segunda Guerra) se colocou claramente contra o avanço soviético, em um discurso, no Congresso Nacional daquele país. Ele havia sido vice-presidente de Franklin Roosevelt, falecido em 1945. A Truman coube a difícil tarefa de se impor politicamente após a morte de um presidente notável. Truman não possuía nem o carisma nem a legitimidade política de Roosevelt e viu, na conjuntura da Guerra Fria, uma maneira de se afirmar na vida política, fazendo do combate ao comunismo uma de suas principais bandeiras.
Roosevelt é, até hoje, considerado um dos maiores nomes da história política dos Estados Unidos. Foi ele quem conteve os desastrosos efeitos da Crise de 29, ao implementar o New Deal. Foi ele também quem viveu os mais difíceis anos da Segunda Guerra, como o bombardeio a Pearl Harbor e a inevitável declaração de guerra que se seguiu ao ataque.
O COMEMCON
A União Soviética não ficou para trás e, no mesmo ano de criação do Plano Marshall, 1947, estabeleceu o Kominform, cujo objetivo era a coordenação política dos diversos partidos comunistas na Europa e fora dela. Soma-se a esta medida a criação do Comecon, em 1949, o Conselho para Assistência Econômica Mútua, uma versão do Plano Marshall, mas para auxiliar os países socialistas, sobretudo aqueles do Leste Europeu. É importante lembrar o motivo destas organizações privilegiarem os partidos comunistas. Na ordem socialista, não havia um presidente da república, mas sim, um presidente do partido. Ou seja, o poder pertencia ao Partido Comunista e seu líder, neste caso, Josef Stalin, era, por sua vez, o líder supremo. Lenin estabelecera esta estrutura que permaneceu assim enquanto a União Soviética existiu.
A UNIÃO, DOIS PAÍSES
Dois importantes eventos devem ser destacados, para entendermos melhor o que significava esta divisão ideológica e o que ela representou na geopolítica internacional. O primeiro deles foi a divisão concreta da Alemanha. Procurando formas de boicotar o lado Ocidental, a URSS estabeleceu um bloqueio, em 1948, isolando as partes oriental e ocidental. O bloqueio, por sua vez, que buscava impedir o abastecimento da parte Ocidental, só podia ser feito por via terrestre já que o uso de artilharia antiaérea significaria em uma declaração de guerra — e isso, estava claro, era algo que todos procuraram evitar. Os EUA driblaram facilmente o bloqueio, abastecendo a Alemanha por via aérea. Ainda que não tenha sido bem sucedida, a política estalinista teve grandes repercussões e, no ano seguinte, 1950, surgem, na prática, dois novos países, a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental.
Para que não restassem dúvidas acerca desta divisão, em 1961 começou a ser construído aquele que se tornaria o mais evidente símbolo de uma cisão internacional, o Muro de Berlim. Se a sua construção significou a vitória do socialismo, sua queda, em 1989, também significou a derrota deste regime. Por essa razão, enquanto existiu, o muro foi considerado o mais emblemático símbolo da Guerra Fria.
A TERRA PROMETIDA
O ano de 1948 foi emblemático. Não somente pelo bloqueio, mas pelo segundo evento, a criação do Estado de Israel. Antes de falarmos sobre este assunto, nos deteremos na construção da instituição que tornou isso possível, a ONU. Sabemos que, após a Primeira Guerra Mundial, foi criada a Liga das Nações, cujo objetivo era intermediaras relações internacionais e políticas, desenvolvendo uma diplomacia de negociação que evitasse a eclosão de um segundo conflito de proporções mundiais. Claramente, a Liga das Nações fracassou em seu intento, o que é evidente com a eclosão da Segunda Guerra.
Isso acontece porque, na prática, a Liga das Nações contava com poucos países e sua importância política foi rapidamente esvaziada. Ao final da Segunda Guerra, esta liga foi substituída por outro organismo que tinha, inicialmente, o mesmo objetivo, a ONU, criada oficialmente em 1945 e através dela o Estado de Israel foi criado. Com o fim da guerra, e com a revelação de que existiam não só os campos de concentração, mas que a realidade dentro deles era ainda mais terrível do que se poderia imaginar, que a comunidade judaica passou a exigir, de forma mais contundente, seus direitos a um território, não só como forma de compensar a morte de 6 milhões de judeus durante a guerra, mas também como crítica à inércia dos países aliados sobre o massacre.
Os EUA tinham uma comunidade judaica não só poderosa economicamente, mas também com grande influência política e esta comunidade auxiliou na articulação da criação de Israel, que ganharia seus contornos nos anos imediatamente posteriores ao fim da Segunda Guerra. Do ponto de vista político, os EUA também tinham grande interesse em formar um país que, por sua vez, nasceria como apoio em uma região extremamente problemática. Os países do Oriente Médio, em especial, da região palestina, não eram particularmente favoráveis às interferências norte-americanas, e ter um país judaico na região era uma estratégia de expansão importante no contexto da Guerra Fria. Logo, não foi surpresa que a maior oposição à criação de Israel, na região palestina, fosse, justamente, da União Soviética.
Ao final, diante das pressões, mesmo os soviéticos foram obrigados a ceder e Israel passou a ser uma realidade em 1948. A Palestina foi então dividida entre um Estado judeu e outro árabe. Jerusalém, por ser uma cidade importante para judeus, muçulmanos e cristãos, seria considerada uma zona livre, sob interferência direta da ONU. A criação de Israel enfureceu os palestinos e deu início a uma longa trajetória de guerras, atentados, invasões, perda e ganho territorial, que continua se arrastando até nossos dias.
A OTAN E O PACTO DE VARSÓVIA
No ano seguinte, em 1949, os EUA dão mais um passo em direção à militarização com a criação da OTAN, a Organização do Tratado do Atlântico Norte. Era uma aliança política militar reunindo os principais países capitalistas da época, além dos EUA, Reino Unido, França, Bélgica, entre outros, compunham esta aliança. Em 1955, a URSS criou uma aliança nos mesmos termos da OTAN, só que, é claro, envolvendo o bloco socialista. Era o Pacto de Varsóvia, e existem duas teorias acerca de sua criação. A primeira delas defende que o Pacto foi uma resposta à criação da OTAN. Mas, considerando que esta resposta teria levado 6 anos, foi, no mínimo, uma reação lenta.
A outra, que tem sido mais aceita e defendida especialmente pelos especialistas em relações internacionais, é a de que o Pacto de Varsóvia foi uma resposta sim, mas não à criação da OTAN e sim ao aparelhamento bélico da Alemanha Ocidental. Quando a Alemanha foi dividida, fazia parte do acordo de partilha que ela seria uma área desmilitarizada. Isso quer dizer que nem americanos nem soviéticos podiam fornecer armas e nenhuma parte da Alemanha poderia constituir um exército. Não era, exatamente, uma novidade. A Alemanha já havia passado por estas restrições bélicas ao final da Primeira Guerra Mundial, com a assinatura de Versalhes.
Quando a OTAN surgiu — e dela fazia parte a Alemanha Ocidental — as potências capitalistas descumpriram este termo e passaram a estimular a formação das forças armadas na Alemanha Ocidental, é claro, e estimular a compra e a produção de material bélico. É neste contexto que surge o Pacto de Varsóvia, fruto do rompimento de um termo considerando fundamental para a manutenção da paz entre os blocos.
OUTRAS CONSQUÊNCIAS DA GUERRA FRIA
Se falar da Guerra Fria nos leva, inevitavelmente, a imaginar as grandes questões geopolíticas, elas não foram o único efeito no mundo imerso na bipolaridade. Houve um investimento maciço na indústria bélica, em ambos os blocos, o que aumentava ainda mais o clima de terror e tensão do planeta. Inovações tecnológicas, satélites espiões, agências de inteligência, espionagem industrial foram constantes dos dois lados. Tem início também uma corrida espacial. A URSS chegou perto, mas foram os EUA que chegaram na frente, ao pousar na Lua, em 1969. A corrida espacial vinha a provar a superioridade tecnológica e intelectual dos países e dessa forma era encarada. Além do que, pousar na Lua — que era muito mais simbólico do que prático — a dominação espacial tinha como objetivo a espionagem e a expansão das redes de telecomunicações através da construção e lançamento de satélites.
Na esfera cultural não foi diferente. O cinema americano alardeava o perigo comunista em filmes como Invasores de Corpos. Os soviéticos criticavam a sociedade americana como fútil e consumista. Nos quadrinhos, o Capitão América tornou-se símbolo da resistência ao inimigo, derrotando o vilão Caveira Vermelha, que personificava os soviéticos. Nas décadas de 1940 e 1950, os EUA, que até então haviam se colocado como terra da liberdade, passaram a praticar a perseguição e a censura, personificados na figura do Senador Joseph McCarthy. Foram os anos do macarthismo, que também ficaram conhecidos como Caça às Bruxas.
McCarthy empreendeu uma verdadeira caçada e seus alvos eram, preferencialmente, os formadores de opinião: artistas, diretores de cinema, roteiristas, intelectuais, escritores e professores; e pouco foi posto de fora nestes anos conturbados. McCarthy contava com a poderosa ajuda do FBI, dirigido pelo temido J. Edgar Hoover. Hoover foi o primeiro a inaugurar a política de fazer dossiês sobre americanos importantes cujas informações poderiam ser usadas como forma de pressão. Até mesmo o ator Charles Chaplin foi vítima das perseguições do senador o que o obrigou a deixar o país, acusado de ações antiamericanas. Chaplin saiu dos EUA em 1952 e jamais retornou ao país onde fizera sua carreira como um dos mais influentes artistas de sua época; refugiou-se na Suíça, onde viveu até sua morte.
A TRANSIÇÃO DA CHINA IMPERIAL PARA CHINA COMUNISTA
O Oriente tampouco permaneceu incólume à Guerra Fria e, em 1949, ocorre, em um dos maiores países do mundo, uma revolução que faria o planeta voltar seus olhos para a Ásia: a Revolução Chinesa. A China passara o século XIX sob a influência do imperialismo, o que não só estancara o desenvolvimento econômico do país, mas também o mergulhara em diversos conflitos, sendo a Guerra do Ópio um dos mais significativos. No início do século XX, mais precisamente, em 1911, a China abandona sua monarquia, regime sob o qual vivera durante séculos, e é proclamada a república. Para lembrarmos o quanto isso foi significativo, devemos entender que a monarquia era então parte da própria identidade chinesa.
Em Pequim, havia sido construída a Cidade Proibida, residência do imperador e centro político do governo, papel que manteve durante cinco séculos. No início do século XX, o poder está ocupado pelo Imperador Pu Yi, da dinastia Qing. Diante das reformas, o imperador é obrigado a abdicar, mas a ele foi permitido continuar habitando a cidade proibida, ainda que não mais ocupasse o cargo de governante. Pu Yi foi o último imperador da História da China e, apesar de algumas tentativas de restauração, a monarquia neste país seria definitivamente extinta.
Por algum tempo, o PCC e o Kuomitang coexistiram, mas isso não duraria muito. O PCC crescia de forma assustadora, divulgando os ideais de igualdade de classes, tão caros ao socialismo. Em 1925, o Kuomitang passa a ser liderado por Chiang Kai-shek, iniciando uma política sistemática de perseguição aos comunistas. Diante dasperseguições, Mao Tsé-Tung se refugia no interior do país, de onde organiza uma resistência ao governo do Kuomitang. Em 1931, foi proclamada a República Soviética da China. Temos que entender a conjuntura interna chinesa, para podermos compreender o que estes movimentos significavam. Vamos lá?
Desde o período imperial, a China era dividida em regiões autônomas, dirigidas por chefes locais, com enorme influência política e econômica em suas respectivas regiões de domínio. Essa estrutura manteve a China fragmentada e, portanto, vulnerável às investidas estrangeiras. A República de 1911 tinha então, como maior desafio, construir uma unidade nacional, mas o preço desta unificação era alto. O Kuomintang tinha que lidar com os anseios da população chinesa, os interesses dos senhores locais e as pressões estrangeiras, o que fazia este Estado ser, praticamente, ingovernável.
Em 1931, o Japão invadiu a Manchúria e o delicado equilíbrio entre as forças administrativas chinesas foi rompido. Duas ameaças eram fortes e comprometiam a legitimidade do poder: o Japão e o comunismo. Mao Tsé-Tung, por sua vez, organizava um exército, formado por camponeses, estudantes e nacionalistas de uma forma geral. Seu discurso era, mais uma vez, o da igualdade social, além de exaltar o nacionalismo, um ponto fraco em um país que acabara de ser invadido pelo Japão. 
Entre 1934 e 1935, teve lugar a Longa Marcha, uma demonstração de poder muito mais simbólica do que prática. Mao havia conseguido reunir cerca de cem mil homens em sua maioria camponeses que formavam o chamado Exército de Libertação Nacional. Este exército percorreu, a pé, uma distância de aproximadamente, dez mil quilômetros durante os quais, a maior parte perdeu a vida. Tal demonstração de poder consagrou Mao Tsé-Tung como líder comunista e obrigou Chiang Kai-Shek a aceitar uma aliança com os comunistas. O objetivo era o combate de um inimigo comum, os japoneses. Apesar da aliança, foi a derrota do Japão, na Segunda Guerra, que livrou a China deste inimigo. Agora, o Estado voltava-se para o perigo vermelho. 
Em tempos de Guerra Fria, Chiang Kai-Shek passou a ser apoiado pelos norte-americanos, que forneceram armas e apoio financeiro para o combate ao comunismo. Ao contrário do que possamos imaginar, a União Soviética hesitou a apoiar os comunistas chineses. Em 1945, Stalin ainda reorganizava a União Soviética, que, diferente dos Estados Unidos, sofrera perdas intensas em seu território, onde conflitos violentos foram travados, além é claro da significativa perda humana do exército soviético. O PCC tinha agora um novo argumento para a derrota do Kuomitang. Defendia que o apoio norte-americano seria uma nova forma de imperialismo e o Estado teria sido vendido ao capital estrangeiro. Com seus argumentos nacionalistas e comunistas, o exército vermelho continuou a luta até marchar vitorioso sobre Pequim em 1949. Essa vitória obrigou Chiang Kai-Shek a refugiar-se em Taiwan, onde foi fundado outro governo, capitalista, sob o apoio americano. Após a vitória, Mao fundou a República Popular da China, um regime comunista que manteve o país no isolamento durante décadas. Ao contrário do que possa parecer, a China não se aliou ao bloco socialista, preferindo o isolamento político que seria necessário para a consolidação do regime no país.
Nos últimos anos, a China tem aberto seu mercado progressivamente ao capital estrangeiro, além de ser tornar um dos maiores países exportadores do mundo. O país pratica hoje algo que denomina como socialismo de mercado, um sistema sem precedente na História, já que embora pratique o capitalismo como política externa, mantém a estrutura comunista no plano interno. 
O desenvolvimento industrial fez do país um dos maiores consumidores de petróleo do mundo. Muitas críticas existem hoje a este modelo, uma delas, inclusive, sobre a intensa degradação ambiental que a industrialização maciça tem gerado. As preocupações ambientais passam de forma quase indiferente ao governo chinês, em uma clara demonstração de que a China atual mantém, ao menos neste plano, a mesma estratégia das ultimas décadas, a indiferença ao Ocidente.
A Guerra Fria, que moldou muito da política internacional como hoje conhecemos, teve seu fim com a desagregação soviética. Sobre este assunto Fred Halliday afirma que: “A teoria intersistêmica argumentava que a Guerra Fria, mesmo apostando nos elementos de conflito das grandes potências, era mais que isso e tinha a ver com bem mais que isso. Ela negava que o conflito fosse apenas o resultado de uma percepção errônea. Reconhecia a importância dos fatores endógenos, mas sugeria que cada lado estava lutando por alguma coisa, embora dentro de limites, e que a Guerra Fria só poderia terminar quando um dos lados prevalecesse. Foi exatamente o que aconteceu.”
HALLIDAY, Fred. (1994). A Guerra Fria e seu fim: consequências para a Teoria das Relações Internacionais. In: Contexto Internacional, v. 16, nº. 1.
Prevaleceu o lado capitalista, tornando-se, na prática, o sistema econômico regendo as relações do mercado internacional. Os EUA emergem de imediato como potência, mas não se mantêm solitários nesta posição por muito tempo. Logo a Comunidade Econômica Europeia e a própria China viriam a se colocar igualmente como potências, inaugurando a era da multipolaridade, onde as esferas de influência política e econômicas internacionais podem ser encontradas em diversas partes, e não mais concentrada em um bloco de influência.
(Unicamp – 2004 (adaptado) - Ao analisar a política internacional entre as décadas de 1950-70, o historiador Eric Hobsbawm afirmou:
 O confronto de superpotências dominava e, em certa medida, estabilizava as relações entre os Estados em todo o mundo. Entretanto, as superpotências não controlavam uma das regiões de tensão do Terceiro Mundo: o Oriente Médio. Vários dos aliados americanos se achavam diretamente envolvidos — Israel, Turquia e o Irã do xá. Além disso, a sucessão de revoluções locais, como a do Irã, em 1979, provou que a região era e continua sendo socialmente instável.
(Adaptado de Eric Hobsbawm, A era dos extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 351).
a) Quais as superpotências envolvidas na Guerra Fria?
Estados Unidos e União Soviética.
b) O que é a ONU e qual seu papel no cenário internacional?
A Organização das Nações Unidas criada após a Segunda Guerra Mundial, substituindo, diplomaticamente, a inócua Liga das Nações. Sua função é a mediação de conflitos internacionais e preservar a paz mundial. Devemos lembrar, entretanto, que o papel político da ONU é limitado pelo princípio de autodeterminação dos povos. O que quer dizer que ela não tem poderes para uma interferência militar direta e sofreu certo esvaziamento político após a entrada dos Estados Unidos na Guerra do Iraque, que foi feita, contra a vontade da ONU e de seus países membros.

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