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ECA TODAS AS AULAS

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Direito à vida e à saúde
Tais direitos estão previstos de forma ampla no artigo 7º do ECA, que garante a proteção dos mesmos desde antes do nascimento. Um exemplo disto é a proteção indireta ao nascituro, garantindo à gestante o atendimento pré e perinatal, conforme consta do artigo 8º.
O ECA tutela até mesmo a mãe em caso de manifestar a vontade de entregar seu filho à adoção, caso em que tal vontade deve ser comunicada à autoridade judiciária, sob pena de se consagrar a infração administrativa prevista no artigo 258 B do ECA (Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção). Este artigo foi incluído no ECA pela Lei 12010/09.
A Lei 12.010/09 concedeu ainda à gestante, a assistência psicológica nos períodos pré e pós-natal, como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal, bem como às gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção.
No art. 11 o legislador visa garantir às crianças e aos adolescentes tratamento médico universal e igualitário, inclusive aos portadores de deficiências. Nessa obrigação, inclui-se o fornecimento de medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação. Isso nos leva a concluir que, em se tratando de obrigação do Estado, o não cumprimento da obrigação ensejará a propositura de uma ação de obrigação de fazer. Não podemos esquecer que, para alguns tipos de medicamentos, a obrigação é do Estado e, para outros, é do Município. Devemos certificar-nos sobre de quem é a obrigação, para evitar a arguição de ilegitimidade de parte.
No art. 12 assegura-se o direito de permanência de um dos pais ou responsáveis. Se o pai ou responsável não tiver equilíbrio para acompanhar o menor enfermo, poderá ser substituído por outro em condições. Basta que o hospital, por meio de seu serviço social, comunique o juiz da Infância e Juventude, para que ele tome as medidas cabíveis.
A Lei 13010/14, intitulada Lei Menino Bernardo, proveniente do projeto de lei antes intitulado como Lei da Palmada, incluiu no capítulo referente à proteção do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade, os artigos 18 A e B, passando a prever que a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. Considera-se: castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em sofrimento físico ou lesão. Define como tratamento cruel ou degradante a conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que humilhe, ameace gravemente ou ridicularize. O ECA passa a prever medidas para os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto. Tais medidas devem ser aplicadas pelo Conselho Tutelar. São elas: encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; encaminhamento a cursos ou programas de orientação; obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado e advertência.
O artigo 17 do ECA trata da proteção a integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. Entretanto, nada impede que caso os pais ou responsável suspeitem de que algo está errado com o menor, venham a vasculhar seus pertences, por exemplo, visando protegê-lo.
Direito à Convivência Familiar e Comunitária
O direito à convivência familiar foi objeto da Lei 12010/09, conhecida como lei da adoção, mas que na verdade dispõe sobre o aperfeiçoamento do direito À convivência familiar
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que toda criança e adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
A família é o primeiro agente socializador do ser humano. E a convivência comunitária fortalece valores e reforça o reconhecimento dos interesses individuais e coletivos.
A regra, pelo artigo 19 do ECA, é a família natural ou extensa/ampliada; e a exceção, a família substituta. E para garantir esta convivência, o ECA sofreu alteração recente pela Lei 12962/14, que passa a estabelecer no parágrafo 4o do artigo 19 que será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe e o pai privado da liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização judicial. O artigo 23 também passou a ter nova redação. A criança ou adolescente deve ser mantido em sua família de origem, em regra. Desta forma, a condenação criminal do pai ou da mãe nao implicará na destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha. Um exemplo que podemos citar é o crime de estupro.
Assim, nos procedimentos da Justiça da Infância e da Juventude, a preferência é sempre a permanência da criança e do adolescente junto a seus genitores biológicos ou parentes próximos (ou pessoa com quem já conviva), e somente após a verificação técnico-jurídica de que estes não possuem condições de criá-los, é que se inicia a colocação em lar substituto. 
O artigo 20 do ECA restringiu qualquer discriminação relativa à filiação. Sendo assim, aboliu-se o termo filiação ilegítima, igualando-se os direitos de todos os filhos. O mesmo preceito está no artigo 1.596 do CC e na CF, no §6º do artigo 227.
Os artigos que dispõem acerca do direito à filiação não sofreram alteração, pois já se encontravam em total sintonia com as previsões constitucionais, que estabelecem igualdade na filiação, com proibição de discriminação entre filhos naturais e adotivos, proibindo também a nomenclatura “filhos ilegítimos”.
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da filiação. 
 Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes.
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
Aula 3 - Direito à Convivência Familiar e Comunitária e os Procedimentos de Colocação em Família Substituta; de Perda e Suspensão do Poder Familiar; de Destituição da Tutela; e da Habilitação de Pretendentes à Adoção
Entendendo o cenário...
Como família natural entende-se a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes (artigo 25, ECA). Sendo a família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade (artigo 25, parágrafo único, ECA),e 1.723 do Código Civil .
A plena equiparação das uniões estáveis homoafetivas, às uniões estáveis heteroafetivas, afirmada pelo STF (ADI 4277/DF, Rel. Min. Ayres Britto), trouxe como corolário, a extensão automática àquelas, das prerrogativas já outorgadas aos companheiros dentro de uma união estável tradicional, o que torna o pedido de adoção por casal homoafetivo, legalmente viável. No dia 14 de maio de 2013 o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução ( Resolução n. 175) que obriga todos os cartórios do país a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
A Lei 12.010/09, que trouxe alterações ao Estatuto da Criança e do Adolescente, reconhece duas formas de acolhimento da criança e do adolescente, quando estes não puderem permanecer junto à sua família natural ou extensa/ampliada, que são o acolhimento institucional e o acolhimento familiar.
Acolhimento institucional Esta forma se refere ao antigo abrigamento (artigo 90, IV, ECA) por instituições voltadas à proteção temporária da criança e do adolescente, e que não se confunde com privação de liberdade destes. A permanência da criança e do adolescente neste programa de acolhimento não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.
 Acolhimento familiar Esta forma se refere a um programa em que famílias dispostas a receber e proteger crianças e adolescentes que não possam permanecer junto a suas famílias. Elas são cadastradas para esta finalidade e, surgindo a necessidade, serão a família acolhedora destas crianças e adolescentes. Este programa prevalece sobre o acolhimento institucional, sempre que possível, e conta com o acompanhamento de profissionais como assistentes sociais e psicólogos.
Estas duas formas de acolhimento possuem como características comuns:
- são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando em privação de liberdade;
- A criança ou adolescente terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar da entidade, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta. Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. Para a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda, e o Ministério Público então ingressará com a ação (art. 136, XI e par. Único, ECA);
- A determinação de ambos os acolhimentos é de competência exclusiva da autoridade judiciária (exceto no caso de medidas emergenciais - artigos 101, § 2º e 93 do ECA), mediante lavratura de Guia de acolhimento, que deve conter os requisitos do § 3º e incisos do artigo 101 do ECA;
- A determinação de qualquer dos acolhimentos importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.
- Em ambos os acolhimentos elabora-se um plano individual de atendimento por uma equipe técnica (vide §§ 4º ao 6º do artigo 101 do ECA);
- O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável.
Pátrio Poder x Poder Familiar
Segundo o Código Civil, a expressão “pátrio poder” foi substituída por “poder familiar”. Esta alteração baseou-se no disposto pelo artigo 5º, inc. I da CF, que diz que ”homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”; e do §5º do artigo 226, da CF, que prevê a igualdade entre os cônjuges. Por isso este poder é exercido em igualdade de condições pelo pai e pela mãe, representando a obrigação destes na formação e proteção dos filhos, garantindo-lhes os direitos fundamentais assegurados pela CF. O que está contido também no art. 21 do ECA. Antes da reforma promovida pela Lei 12010/09, o ECA ainda se valia da expressão “pátrio poder”, mas com o advento da referida lei, todas as expressões foram alteradas para “Poder familiar”.
As obrigações decorrentes do poder familiar são o sustento, a guarda e a educação dos filhos menores, conforme salientam os artigos. 1634 do Código Civil e 22 do Eca.
O descumprimento destes deveres podem ocasionar a suspensão ou a te mesmo a perda do poder familiar ou ainda a destituição de tutela ou a perda da guarda, conforme o caso.
O descumprimento desses deveres poderá acarretar:
a) a Infração Admistrativa do art. 249 do ECA
b) a aplicação de medidas previstas no art. 129 do ECA.
c) os crimes previstos no art. 244 a 247 do CP.
d) abandono Material: no caso do sustento art. 244 e 245, CP
e) abandono moral: em caso de guarda- art. 247, CP
f) abandono Intelectual: no caso da educação – art. 246, CP
Além destas hipóteses , existem outras situações que levam á extinção ou a suspensão do poder familiar, previstas nos artigos 1.635, 1637 e parágrafo único e 1638, todos do código civil 
Procedimento de perda ou suspensão do poder familiar A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a ele inerentes.
Etapas do procedimento de perda ou suspensão do poder familiar
 O procedimento para a perda ou a suspensão do poder familiar terá início por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse. A petição inicial deverá conter os seguintes requisitos: I - a indicação da autoridade judiciária a que for dirigida; II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de pedido formulado por representante do Ministério Público; III - a exposição sumária do fato e o pedido; IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e documentos. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos. Não sendo contestado o pedido, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual prazo. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 do Código Civil. Se o pedido importar em modificação de guarda, será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida. Também é obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses forem identificados e estiverem em local conhecido. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando, desdelogo, audiência de instrução e julgamento. Na audiência, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por mais dez. A decisão será proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias. O prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e a sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente.
Família substituta – Artigos 28 a 52, ECA.
A colocação em família substituta far-se-á mediante 3 modalidades: guarda, tutela ou adoção. Esta última modalidade sofreu recente alteração promovida pela Lei 12955/14, que incluiu o parágrafo 9o., que determina que terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica.
Estas 3 modalidades de colocação em família substituta possuem alguns aspectos em comum. São eles 
Modalidades de família substituta
GUARDA
A guarda não retira o poder familiar dos pais, diferentemente da tutela, que pressupõe a perda ou a suspensão desse Poder Familiar. Já a adoção rompe com todos os vínculos anteriores. Consoante o artigo 1.634 do Código Civil e artigo 22 do ECA, a guarda é dever inerente ao poder familiar, juntamente com o dever de sustento e educação, consoante os dois dispositivos em epígrafe. É inicialmente vinculada, portanto, ao Poder Familiar. No entanto, em determinadas situações, pode o dever de guarda se desprender do poder familiar, sem causar a perda deste. Em nosso ordenamento jurídico, temos vários dispositivos legais que tratam da guarda. Deve-se observar em que situação se encontra a criança ou adolescente, para que se saiba qual dispositivo legal deve ser aplicado. Em caso de guarda decorrente de disputa entre os pais, aplica-se o disposto nos artigos 9o a 16 da Lei 6.515/1977, que Regula os casos de dissolução da sociedade conjugal e do casamento, seus efeitos e respectivos processos, e dá outras providências. Essa lei traz a possibilidade de os pais disporem, durante sua separação, acerca da guarda dos filhos menores. No entanto, o artigo 13 possibilita que, por motivos graves, o juiz decida em sentido diverso do que ficou acordado pelos pais. Nos casos de guarda como modalidade de colocação em família substituta, será aplicável o disposto nos artigos 33 a 35 do Estatuto. que não se preocupou com a guarda atribuída aos genitores, mas somente a atribuída a terceiros. Luiz Mônaco da Silva conceitua guarda como o “instituto pelo qual alguém, parente ou não, assume a responsabilidade sobre um menor, passando a dispensar-lhe cuidados próprios da idade, além de ministrar-lhe assistência espiritual, material, educacional e moral”. - Espécies de guarda 1) Guarda para regularizar a posse de fato É possível que a criança ou adolescente já esteja sendo criado por alguém, que não possui o termo de guarda. O objetivo, nesta modalidade de guarda, é tornar de direito uma situação meramente fática. 2) Guarda liminar ou incidental no processo de adoção Artigo 33, parágrafo primeiro – guarda liminar ou incidental nos procedimentos de tutela e adoção, exceto por estrangeiros. Com base nesse dispositivo, é possível que, durante o processo de adoção, os futuros pais adotivos tenham a guarda da criança ou adolescente. 3) Guarda para atender situação peculiar ou para suprir falta eventual São as hipóteses previstas no artigo 33, parágrafo 2o –situação peculiar. Pode até mesmo implicar em responsabilidade sobre o menor até os 18 anos de idade. Tal guarda pode por fim ao processo, decidindo com quem vai ficar o menor. No entanto, nada impede a revogação dessa guarda, consoante dispõe o artigo 35 do ECA. O que prepondera é o interesse do menor, e não a pretensão dos pais ou do guardião. A perda ou a modificação da guarda poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento, consoante o disposto no artigo 169, parágrafo único. Quanto à guarda para suprir falta eventual dos pais, é possível que, durante uma viagem de estudos, por exemplo, o menor esteja em guarda com determinada pessoa, até que os pais voltem a exercer a guarda. - Efeitos da guarda - Prestação de assistência material, moral e educacional. - Passa o menor a figurar como dependente para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários. Alguns avós requerem a guarda dos netos, visando exclusivamente a fins previdenciários. Em muitos desses casos, o menor continua, inclusive, na companhia dos pais. Não existe a chamada guarda previdenciária, mas sim os efeitos previdenciários da guarda. Concordamos com a parte da doutrina que sustenta que os benefícios são consequência e não finalidade. Além disso, tendo-se exclusivamente a finalidade de se deixarem benefícios previdenciários, importaria em uma fraude permitida pelo Poder Judiciário aos cofres públicos. Outro argumento seria a falta de correspondência com a realidade dos fatos. A questão deve passar, ainda, pela análise da Lei 8.213/1993, em seu artigo 16, parágrafo 2 o , que sofreu uma alteração em 1997, pela Lei 9.528, passando a não considerar o menor sob guarda como equiparado a filho, mas apenas o enteado e o menor tutelado. Mesmo para aqueles que entendem como possível a guarda para fins exclusivamente previdenciários, posicionamento que praticamente não mais se encontra na jurisprudência, o recebimento de tais benefícios deve passar pela análise da modificação da lei. O fato gerador do benefício é a morte do segurado. Dessa forma, deve-se levar em conta a lei em vigor na data da morte do beneficiário. Se anterior à alteração legal, o menor sob guarda ainda poderia receber o beneficio. Se posterior, não mais seria permitido, em virtude da nova redação do parágrafo 2º. No entanto, recentemente, a Terceira Turma do STJ, em decisão publicada no Informativo 422, assim decidiu: Em questão de ordem suscitada pelo Ministério Público Federal sobre a exclusão de menor sob guarda da condição de dependente do segurado, amplamente refutada nos juizados especiais federais, como alegado pelo parquet, a Seção, por unanimidade, acolheu a preliminar de inconstitucionalidade do art. 16, § 2º, da Lei n. 8.213/1991, na redação da Lei n. 9.528/1997, conforme determina o art. 199 do RISTJ. QO nos EREsp 727.716- CE, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJSP), julgada em 10/2/1010. - Guarda especial destinada a crianças e adolescentes de difícil colocação O artigo 34 sofreu alteração pela Lei 12.010/2009. As antigas expressões “órfão ou abandonado” foram substituidas por “afastado do convívio familiar”. - Competência Territorial Domicílio do responsável pela criança – artigo 147, I, do Estatuto. - Competência em razão da matéria É prevista no art. 148, parágrafo único, Alinea a, sendo de competência da Justiça da Infância e Juventude apenas nos casos de existência de situação de risco para a criança ou adolescente. - Visitação e alimentos A Lei 12.010/2009 incluiu no artigo 33 o parágrafo 4º, passando a prever que a guarda não afasta o direito de visitação e o dever alimentar, exceto na guarda deferida durante o processo de adoção.
TUTELA
A tutela está prevista nos artigos 36 a 38 do ECA, e 1.728 e seguintes, do Código Civil. Consiste em um encargo de caráter assistencial, que tem por objetivo suprir a falta de representação legal, substituindo assim o poder familiar, em se tratando de menor de 18 anos. Cabe destacar que a administração dos bens do tutelado não pode prevalecer à criação e à educação deste. Esta administração é uma importante atribuição da tutela, mas não é única. A tutela, apesar de englobar a guarda, não se confunde com ela. A tutela confere ao tutor plenos poderes de representação, em virtude da destituição ou suspensão do poder familiar ou ausência dos pais,o que não ocorre na guarda, que pode coexistir com o poder familiar. As hipóteses que ensejam a tutela são: - pais falecidos ou ausentes (com declaração de ausência, senão a medida correta é a guarda); - pais suspensos ou destituídos do poder familiar. Cessa a condição de tutelado: - com a maioridade ou a emancipação; - caso a criança ou adolescente volte a estar sob o poder familiar, no caso de reconhecimento da filiação ou adoção. Cessam as funções do tutor: - ao expirar o termo de tutela; - ao sobrevir escusa legítima (vide artigo 1.736 do Código Civil); - ao ser removido. Apesar de não coexistir com o poder familiar, a tutela não defere direito sucessório ao tutelado em caso de falecimento do tutor. Este direito permanece em relação aos pais, pois a suspensão ou a destituição do poder familiar não extingue o vínculo sucessória. O tutor possui os deveres previstos nos artigos 1.740, 1.747, 1.748 e 1.755, todos do Código Civil. As espécies de tutela são: - tutela testamentária - art. 1.729 e § único, Código Civil: quando os pais nomeiam tutor, conjuntamente, através de testamento. Porém, na apreciação do pedido, serão observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 do ECA, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em melhores condições de assumí-la; - tutela legítima – art. 1.731, Código Civil: na falta de nomeação pelos pais, a nomeação pode ser feita judicialmente, dentre os parentes consangüíneos; - tutela dativa – art. 1.732, Código Civil: tem caráter subsidiário, e será cabível na falta do exercício das possibilidades anteriores. Trata-se da nomeação judicial de tutor estranho, idôneo e residente no domicílio do tutelado. A lei 12010/09 realizou duas alterações nos dispositivos relacionados à tutela. Uma das alterações foi apenas para adequar o ECA ao Novo Código Civil, estabelecendo o limite etário no art. 36, estabelecendo que o tutelado deverá ter até 18 anos incompletos. A segunda alteração diz respeito à extinção da antiga especialização de hipoteca, prevista antigamente no art. 37, que atualmente prevê um novo prazo para que o tutor testamentário ingresse em juízo com pedido de controle judicial do ato.
ADOÇÃO
A adoção de criança e de adolescente reger-se-á sempre de acordo com o disposto no ECA (artigos 39 a 52, do ECA), e trata-se de medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa. A adoção depende sempre de sentença judicial, que possui natureza constitutiva. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária. Quem pode adotar? a) pessoas maiores de 18 anos, individualmente, e que tenham 16 anos a mais que o adotando, exceto os ascendentes e os irmãos do adotando; b) casal, em que 1 dos cônjuges seja maior de 18 anos e comprove estabilidade familiar; c) divorciados ou separados judicialmente, desde que a criança ou o adolescente já estivesse sob o convívio do casal durante a sociedade conjugal, e desde que se estabeleça guarda e visitação; d) tutor/curador em relação ao tutelado/curatelado, desde que preste contas de sua administração. Requisitos da adoção: deve oferecer reais vantagens para o adotando, por tratar-se de medida excepcional; deve haver o consentimento dos pais ou do representante legal do adotando, ou destituição do poder familiar. Se os pais dão o seu consentimento, é feita no Cartório, diretamente, sem advogado, através de petição dos interessados, pois não há lide. Caso contrário, há o contraditório. Sendo impossível o consentimento, como no caso de pais desconhecidos/desaparecidos e de menores órfãos sem representante legal, o Juiz o supre; consentimento do adotando maior de 12 anos; estágio de convivência: a adoção é precedida de estágio de convivência para fins de adaptação, pelo prazo que o Juiz fixar, dependendo das peculiaridades de cada caso. Isto é para verificar a adaptação da criança ou adolescente naquela família, e não dos adotantes. NÃO HÁ O ESTÁGIO NOS SEGUINTES CASOS: crianças com menos de 01 ano de idade (exceto se deficientes sensoriais ou mentais); ou se o menor já estiver em companhia do adotante tempo suficiente para supor a adaptação do adotando. Para os adotantes estrangeiros residentes ou domiciliados fora do Brasil, o estágio de convivência é obrigatório, e é cumprido em território nacional, pelo prazo de 30 dias. Cabe ressaltar que o estágio de convivência deve ser acompanhado pela equipe interprofissional que apresentará relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida. Adoção Póstuma e Adoção Unilateral: Existem duas espécies de adoção previstas pelo ECA que possuem características peculiares que as afastam um pouco das regras gerais referentes a adoção. A primeira espécie consiste na chamada Adoção Póstuma, que se refere a possibilidade de deferimento da adoção ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. E a segunda denomina-se Adoção Unilateral na qual um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantendo-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes. Sentença de deferimento da Adoção: A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese de Adoção Póstuma, caso em que terá força retroativa à data do óbito. Isto é assim para possibilitar a transmissão de direitos sucessórios ao adotando. A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, a possibilidade de determinar a modificação do prenome. Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, isto não poderá configurar uma imposição ao adotado. Será obrigatória a sua oitiva, observado o disposto nos §§ 1o e 2o, do art. 28 do ECA. A sentença que defere a Adoção é irrevogável e nem mesmo a morte dos adotantes restabelece o poder familiar dos pais naturais. Conhecimento sobre a origem biológica: O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. Tal acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. Cadastro para fins de adoção: Caberá a autoridade judiciária manter, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. Considerando a relevância da Adoção, a inscrição de postulantes à mesma deverá será precedida de um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude e, sempre que possível e recomendável, esta preparação deverá propiciar o contato com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou institucional, em condições de serem adotados, sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica. O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público e somente será deferida a inscrição se o interessado satisfazer os requisitos legais. A lei prevê ainda a criação e a implementação de cadastros estaduais e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção, e também cadastros distintospara pessoas ou casais residentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadastros anteriormente mencionados. Atuação das autoridades: Para que se assegure a efetividade das normas previstas pelo ECA sobre a Adoção, a atuação das autoridades envolvidas no processo é fundamental. As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional, sob pena de responsabilidade. A Autoridade Central Estadual deverá zelar pela manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público Adotante domiciliado fora do Brasil: A adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente somente poderá ser deferida: - se tratar de pedido de adoção unilateral; - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 do ECA
ADOÇÃO INTERNACIONAL 
Conceito e noções gerais: É aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999. Vale lembrar que a colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção. Seguindo as orientações da convenção internacional dos direitos da criança, o legislador estatutário excepcionou, ainda mais, a colocação em família substituta estrangeira. Partindo da interpretação sistemática, conclui-se que a colocação em família substituta já é exceção e a colocação em família substituta estrangeira é a exceção da exceção, ou seja, a criança somente irá para um lar estrangeiro quando não houver nenhuma família brasileira disposta a adotá-la. E os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nesta modalidade de adoção. Esta regra deve ter por pressuposto o melhor interesse da criança e não o das famílias, conforme art. 6º do ECA. Importante: As regras gerais da adoção são aplicadas à adoção internacional, como exemplo dar-se-á da mesma forma a adoção de adolescente com a peculiaridade de ser indispensável o seu consentimento (art.45, § 2º, do ECA) bem como quanto ao grupo de irmãos (art.28, § 4º, do ECA). Requisitos para o deferimento da Adoção Internacional: Será admitida a adoção internacional de crianças e/ou adolescentes brasileiros ou domiciliados no Brasil, quando esta modalidade de família substituta for adequada ao caso concreto, e quando forem esgotadas todas as possibilidades de colocação em família brasileira. Em se tratando de adoção de adolescente, este deverá ser consultado e estar preparado para a medida, através de parecer elaborado minuciosamente por equipe interprofissional. Adoção Internacional: Procedimentos A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional, e observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 do ECA, com as seguintes adaptações: - A postulação da adoção internacional, de criança ou adolescente brasileiro, por pessoa ou casal estrangeiro, deverá ser precedida de pedido de habilitação à medida perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual; - A Autoridade Central do país de acolhida, considerando que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que contemple informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos em que se fundamentam o pedido, e a aptidão para assumir uma adoção internacional; - Será encaminhado relatório, instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial, elaborado por equipe interprofissional, e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência da Autoridade Central do país de acolhida, à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira; - Os documentos encaminhados pela Autoridade Central do país de acolhida à Autoridade Central Estadual, em língua estrangeira, serão devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público juramentado; - Pelo princípio da soberania dos países, a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; - A Autoridade Central Estadual, após estudo realizado pela a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe o ECA, como da legislação do país de acolhida, poderá expedir laudo de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; - O interessado à adoção será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, após estar de posse do laudo de habilitação, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual; - A saída do adotando do território nacional, antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não será permitida. Depois de transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado; - A qualquer tempo Autoridade Central Federal Brasileira poderá solicitar informações sobre a situação das crianças e adolescentes adotados. Será admitido que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam intermediados por organismos credenciados, se a legislação do país de acolhida assim o autorizar. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada. A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil. O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisãoda autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisório. A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do adolescente. Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1o do artigo 52-C, o Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional
Procedimento de Colocação em Família Substituta
O procedimento de colocação em família substituta está previsto nos artigos 165 a 170 do ECA. 
 Sendo os pais falecidos ou destituídos ou suspensos do poder familiar; ou se houverem aderido expressamente ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser formulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a assistência de advogado.  Caso contrário, teremos a via judicial, com o procedimento de colocação em família substituta.
Este procedimento inicia-se ou por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, após esgotados os esforços para manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa. E a petição inicial deve conter os seguintes requisitos:
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste; 
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, especificando se tem ou não parente vivo; 
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus pais, se conhecidos; 
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão; 
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. 
Em se tratando de adoção, deverão ainda ser observados os requisitos específicos ao instituto.
Durante o procedimento, havendo o consentimento dos titulares do poder familiar, este será colhido pela autoridade judiciária competente em audiência, presente o Ministério Público, garantida a livre manifestação de vontade. E se este consentimento foi prestado por escrito, deverá ser ratificado em audiência.
Este consentimento é retratável até a data da publicação da sentença constitutiva da adoção, e só terá valor se for dado após o nascimento da criança.
A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de convivência, a fim de que a criança ou o adolescente não fique sem representação legal até o final do procedimento. E, deferida a guarda provisória ou o estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue ao interessado, mediante termo de responsabilidade.
Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto lógico da medida principal de colocação em família substituta, será observado o procedimento contraditório previsto nos artigos 155 a 164 do ECA.
IMPORTANTE: A perda ou a modificação da guarda poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento de colocação em família substituta, observado o disposto no art. 35, do ECA.
A alienação parental ofende o direito à convivência familiar. O psiquiatra americano Richard Gardner denominou "alienação parental" a síndrome constatada em um dos pais Conceito: Um dos cônjuges tenta, a qualquer preço, afastar a criança ou adolescente do convívio do outro genitor. Casos específicos: a síndrome geralmente se manifesta na ocorrência de separações traumáticas, em que uma das partes não consegue rejeitar o sentimento de rejeição, raiva, abandono e acaba por buscar, até de forma inconsciente, o alívio de tais sentimentos pela vingança, qual seja, a de afastar o outro genitor da presença e convívio do filho consequências: além da nefasta criação sem a presença de um dos genitores, com os consequentes traumas que podem ser gerados psicologicamente. A menina, por exemplo, na ausência do pai, podendo ser proveniente de um lar desajustado pode manifestar futuramente o que psicologicamente se conceitua como a doença de amar demais, que poderá envolvê-la em relacionamentos destrutivos. Podem ser plantadas falsas memórias em casos extremos, como abuso sexual praticado pelo genitor afastado.
Em casos extremos, o genitor afastado pode ser vítima de denunciação caluniosa, vindo a responder a inquérito e processo por supostos abusos sexuais, o que demandará uma análise psicológica criteriosa e necessariamente demorada, gerando sofrimento extremo a todos os envolvidos.
Procedimento de Destituição da Tutela
A destituição da tutela será decretada judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações inerentes ao instituto.
O procedimento de destituição da tutela está previsto nos artigos 164 do ECA e 1.194 a 1.198 (O novo CPC - Lei 13105/15 - foi sancionado no dia 16 de março e entrará em vigor um ano após a data de sua publicação) do Código de Processo Civil (No novo CPC, o procedimento será tratado pelos artigos 759 a 763). 
Cabe ao órgão do Ministério Público, ou a quem tenha legítimo interesse, requerer, a remoção do tutor.
Este será citado para contestar a argüição no prazo de 5 (cinco) dias, e findo este prazo, observar-se-á o disposto no art. 803 do CPC.
Em caso de extrema gravidade, o juiz poderá suspender o tutor do exercício de suas funções, nomeando-lhe interinamente um substituto.
Cessando as funções do tutor pelo decurso do prazo em que era obrigado a servir, o mesmo poderá requerer a exoneração do encargo. Não o fazendo dentro dos 10 (dez) dias seguintes à expiração do termo, entender-se-á reconduzido, salvo se o juiz o dispensar.
Procedimento de Habilitação de Pretendentes à Adoção
Para a colocação de crianças e adolescentes em família substituta na modalidade de adoção, é necessário que os pretendentes a adotantes se habilitem em um procedimento próprio.
Este procedimento está regulado nos artigos 197-A a 197-E do ECA. 
COs postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, apresentarão petição inicial junto ao Juizado da Infância e da Juventude, e a autoridade judiciária terá o prazo de 48 para receber a petição e dar vista dos autos ao Ministério Público, que em 5 (cinco) dias poderá:
- apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico para aferir a capacidade e o preparo dos postulantes;
- requerera designação de audiência para oitiva dos postulantes em juízo e das testemunhas;
- requerer a juntada de documentos complementares e a realização de outras diligências que entender necessárias.
Os postulantes deverão participar de programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, voltado à preparação psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial,de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.
Além disso, sempre que possível, se incentivará o contato com crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar ou institucional, em condições de serem adotados.
Após a participação no referido programa, a autoridade judiciária  decidirá, em 48 horas, acerca das diligências requeridas pelo Ministério Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, designando, conforme o caso, audiência de instrução e julgamento. Caso não sejam requeridas diligências, ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a juntada do estudo psicossocial, abrindo, a seguir, vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos cadastros referidos no art. 50 do ECA, sendo a sua convocação para a adoção feita de acordo com a ordem cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis.  A recusa sistemática na adoção das crianças ou adolescentes indicados importará na reavaliação da habilitação concedida
Esta ordem cronológica das habilitações somente poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 do ECA, quando comprovado ser essa a melhor solução no interesse do adotando..
Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer; Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho; e Prevenção, Produtos e Serviços.
Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
Objetivando a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, o legislador constitucional utilizou-se da educação como instrumento de transformação social e, deste modo, destinou um capítulo para regulamentá-la (arts. 205 a 214, CRFB).
O art. 205 da CRFB demonstra a preocupação do legislador em esclarecer que a educação não se constitui apenas numa obrigação do Estado, e sim numa obrigação conjunta do Estado e da família.
Ao elencar a educação como um direito fundamental da criança e do adolescente, visa-se assegurar o pleno desenvolvimento da pessoa humana, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Sendo assim, reconheceu-se uma nova concepção constitucional da Educação na formação do ser em desenvolvimento. Esta concepção foi recepcionada também pelo ECA, em seus arts. 53 a 59.
Ao elencar a educação como um direito fundamental da criança e do adolescente, visa-se assegurar o pleno desenvolvimento da pessoa humana, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Sendo assim, reconheceu-se uma nova concepção constitucional da Educação na formação do ser em desenvolvimento. Esta concepção foi recepcionada também pelo ECA, em seus arts. 53 a 59.
Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer; Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho; e Prevenção, Produtos e Serviços.
Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho
O legislador, ao abordar o direito ao trabalho no ECA (arts. 60 a 69), procurou regulamentá-lo de forma a garantir o seu efetivo exercício, em concomitância com os demais direitos, sem pretender alterar as regras já existentes.Deste modo, questões referentes ao contrato de trabalho do adolescente são reguladas pela CLT (arts.402 a 441).
Ainda sobre trabalho...
Segundo o ECA, o exercício do direito à profissionalização e à proteção no trabalho deve necessariamente respeitar a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento do adolescente, e promover a sua capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.	
- a formação técnico-profissional do adolescente deverá: garantir o acesso e a frequência obrigatória ao ensino regular; ser compatível com a etapa do desenvolvimento na qual se encontre o adolescente; e possuir horário especial para o exercício das atividades;
- assegurar condições adequadas para o desenvolvimento do adolescente. Desta forma, é vedado o trabalho noturno (realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte); perigoso, insalubre ou penoso; realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; e/ou realizado em horários e locais que inviabilizem a frequência à escola
Prevenção
Os artigos 70 a 80 do ECA visam prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente. Evitar tais situações consiste em um dever de todos. Deste modo, o legislador estatutário colocou a sociedade na função de garantidora. Considerando que tais disposições objetivam impedir que se prejudique o bom desenvolvimento de crianças e adolescentes, o descumprimento das normas de prevenção sempre importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica.
Vale lembrar que o rol de obrigações referentes à prevenção previstas pelo ECA não excluem da prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela adotados.	
Prevenção Especial: Informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos
As regras referentes à prevenção especial visam tutelar o acesso adequado de crianças e adolescentes à informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos, e encontram-se previstas nos artigos 74 a 80 do ECA. Clique aqui para visualizar o texto sobre este assunto.
Produtos e Serviços
Ao tratar dos produtos e serviços nos artigos 81 e 82 do ECA, o legislador visou preservar a integridade física e moral de crianças e adolescentes. Para isto, criou algumas restrições com o objetivo de evitar que certos produtos considerados perigosos e inadequados possam ser por eles adquiridos.
Da Autorização para Viajar
Artigo 83 - viagem de crianças dentro do território nacional:
- estando a criança desacompanhada dos pais ou responsável, ou sem expressa autorização judicial, não será permitida a sua viagem para fora da comarca onde reside;
- dispensa-se a autorização quando a viagem tiver como destino comarca contígua (que está localizada na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana) à da residência da criança; ou quando a criança estiver acompanhada de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco; ou de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável;- 
visando atender as peculiaridades de cada caso, os pais ou responsável podem requerer à autoridade judiciária uma  autorização de viagem válida por dois anos (isto é comum para suprimir as burocracias constantes no caso de crianças que viajam constantemente fora da companhia dos pais).
Desta forma, o adolescente pode viajar livremente dentro do território nacional, não dependendo de qualquer tipo de autorização, mesmo que dos pais. 
IMPORTANTE: Vale lembrar que as regras contidas neste artigo se restringem as crianças, não sendo aplicáveis a viagem de adolescentes dentro do território nacional.
Artigo 84 – viagem de crianças e adolescentes ao exterior: 
- a autorização será dispensável somente nas hipóteses em que a criança ou adolescente estiver em companhia dos pais ou responsável, ou se viajar acompanhada de um dos pais, porém autorizado expressamente pelo outro através de documento com firma reconhecida;   - em se tratando de crianças ou adolescentes de nacionalidade estrangeira, será indispensável obtenção da autorização do Juiz da Infância e da Juventude para que a mesma possa sair do Brasil.
IMPORTANTE: Em complemento ao estudo do artigo 84 do ECA, deve-se necessariamente conhecer o teor da Resolução 131/2011, que dispôs sobre a concessão de autorização de viagem para o exterior, de criançase adolescentes. 
Aula 5: Política de Atendimento e Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidades de Atendimento
Política de Atendimento
Entende-se por Política de Atendimento o conjunto de leis, instituições, políticas e programas criados pelo poder público que visa promover e atender aos direitos de crianças e adolescentes. A proposta de política de atendimento prevista no ECA foi elaborada nos moldes do parágrafo 7º do art. 227, c/c art. 204, ambos da CRFB, ou seja, com base nas diretrizes principais vinculadas à política de assistência social, tendo em vista a descentralização político-administrativa e a participação popular.
Esta nova concepção introduz mudanças profundas no campo das políticas públicas dirigidas à infância e à juventude. Um exemplo disto, é que o legislador, já no art. 86, mostra a responsabilidade não só de todos os entes da federação, mas também da sociedade, no tratamento das questões infantojuvenis	
Em seguida, no art. 87, indicou o rol das principais ações que compõem esta política
ART. 87, I: Política social básica, que é aquela que representa a satisfação do mínimo necessário para a existência digna. Exemplo: políticas vinculadas à saúde, educação, habitação, saneamento básico, etc.
ART. 87, II: Criação de programas de assistência social de caráter supletivo, que são aqueles que visam atender crianças e adolescentes que não conseguem ter acesso às políticas sociais básicas. Exemplo: programas que visam à complementação de renda, de aceleração escolar, etc.
ART. 87, III a V: Política de proteção especial, destinada à população infanto-juvenil cujos direitos foram ameaçados ou violados. Exemplo: programas voltados para aqueles que se encontram em situação de risco por estarem nas ruas, por serem usuários de substâncias tóxicas ou drogas, vítimas de exploração sexual e violência doméstica.
ART. 87, VI: Políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do convívio familiar e garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes.
ART. 87, VII: Campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. Isto se dá em razão da dificuldade da guarda e adoção deste grupo.
Observação: Cumpre ressaltar que o elenco contido nos arts. 87 e 88 não se constitui em meras recomendações aos órgãos governamentais e não-governamentais, mas sim, em verdadeiros comandos normativos e, como tais, de execução obrigatória.
As entidades de atendimento estão reguladas no ECA logo após as normas gerais que norteiam a política de atendimento. As governamentais são aquelas mantidas pelo Governo. Já as não-governamentais são mantidas por entidades particulares, subvencionadas ou não com verbas públicas.
Essas entidades destinam-se à execução das medidas protetivas e socioeducativas, atendendo a crianças e jovens em situações de risco pessoal e social, e acolhendo adolescentes autores de atos infracionais.
		Tais objetos das entidades está determinado no artigo 90 do ECA, onde o legislador também preocupou-se em apresentar um rol exemplificativo das várias possibilidades de atuação das mesmas.
- Atendimento da criança ou adolescente e sua respectiva família, em regime de orientação e apoio familiar: isto tem por fim não só identificar as fragilidades do grupo familiar, mas também apontar os caminhos para superação do problema.
- Apoio socioeducativo em meio aberto. Exemplo: visa o oferecimento de reforço escolar, oferta de cursos de profissionalização, promoção de atividades artísticas e culturais.
- Programa destinado à colocação familiar, através da formação de cadastro de famílias acolhedoras, por exemplo.
- Acolhimento institucional, para atender em caráter provisório e excepcional, crianças e adolescentes em situação de risco pessoal ou social.
- Prestação de serviços à comunidade: refere-se ao cumprimento em entidade de medida socioeducativa aplicada pelo Juiz da Infância e Juventude ao adolescente que praticou ato infracional, nos termos do artigo 112. Trata-se de nova previsão, incluída pela Lei 12594/12.
 Liberdade assistida, semiliberdade e internação: refere-se ao cumprimento em entidade de medida socioeducativa aplicada pelo Juiz da Infância e Juventude ao adolescente que praticou ato infracional, nos termos do artigo 112.
Para um maior controle das entidades não-governamentais, o ECA, no parágrafo primeiro do art. 90, condicionou o seu funcionamento ao prévio cadastramento de seus programas junto ao Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente, sendo que essa regra não se aplica às entidades governamentais, pois essas são criadas por lei.
Entidades destinadas a desenvolver programas de acolhimento familiar ou institucional
As entidades destinadas a desenvolver programas de acolhimento familiar ou institucional, apesar de serem livres para definir o público-alvo que pretendem trabalhar, sua capacidade de atendimento e sua proposta pedagógica, estão vinculadas aos princípios e regras contidas nos art. 92 a 94 do ECA.
 O dirigente de entidade que desenvolve programas de acolhimento familiar ou institucional é equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito, podendo ser destituído, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal, caso descumpra as disposições legais.
- Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua família, para fins da reavaliação prevista no § 1o do art. 19 do ECA.
- As entidades que mantenham programa de acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade.
Fiscalização das Entidades de Atendimento
As entidades de atendimento, sejam elas governamentais ou não-governamentais, serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares. Esta fiscalização consiste na verificação das condições estabelecidas pela lei.
ÀS ENTIDADES GOVERNAMENTAIS:
a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
AS ENTIDADES NÃO-GOVERNAMENTAIS:
a) advertência;
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
d) cassação do registro.
IMPORTANTE: O impedimento e/ou a criação de obstáculos à fiscalização da entidade de atendimento são considerados crime, previsto no art. 236 do ECA.
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento
Aula 6: Conselho Tutelar
Conselho Tutelar
Para corroborar o sistema de garantias, dar efetividade à doutrina da proteção integral e integrar a rede de atendimento, foi criado o Conselho Tutelar.
Ao conceituar o Conselho Tutelar e estabelecer a sua natureza jurídica, no artigo 131 do ECA, o legislador visou fortalecer sua missão institucional, para representar a sociedade na salvaguarda dos direitos das crianças e dos adolescentes.
Assim, temos que o Conselho Tutelar é um órgão de natureza administrativa, da esfera do Poder Público Municipal.
Art. 131 do ECA – O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
Significa que, uma vez criado, o Conselho Tutelar não pode mais ser extinto, sendo cabível tão somente a renovação de seus membros após mandato de quatro anos. Significa também que ele devefuncionar diuturnamente e, para tanto, deverá funcionar em sistema de plantão.
Implica na não subordinação do Conselho Tutelar na escala administrativa hierárquica de qualquer órgão público. Sendo assim, como suas decisões são pautadas nos ditames legais, não admite nenhuma interferência externa. Isso não impede que essas decisões sejam revistas pelo Poder Judiciário ou que sua atuação seja fiscalizada pelo Ministério Público.
Essa característica decorre da própria natureza administrativa do Conselho Tutelar, que, como tal, pode praticar somente atos administrativos, e não judiciais.
Composiç
Lei 12.696, que entrou em vigor no dia 26 de julho de 2012, alterou os artigos 132, 134, 135 e 139 do ECA. Desta forma, foi alterado o tempo de mandato dos Membros do Conselho Tutelar, que antes da alteração legislativa, era de três anos. Atualmente, dispõe o artigo 132 que: “Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da administração pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de escolha.” A nova lei também alterou as prerrogativas e garantias. Havia previsão de prisão especial em caso de crime comum até o julgamento definitivo. Com a nova redação, o artigo 135 apenas manteve a previsão de que o exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade moral. No entanto, o artigo 134 estabeleceu garantias que antes não tinham previsão no ECA:
 Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o direito 
I - cobertura previdenciária;  
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal;  
III - licença-maternidade;  
IV - licença-paternidade;  
V - gratificação natalina.
Parágrafo único.  Constará da lei orçamentária municipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continuada dos conselheiros tutelares.”
Requisititos 
 Os requisitos exigidos para a candidatura dos membros
 Reconhecida a idoneidade moral:
Idade superior a 25 anos
Residir no município
IMPORTANTE: É possível a fixação de outros requisitos, caso entenda necessário, como, por exemplo, exigir determinado grau de escolaridade ou comprovação em trabalhos menores
Impedimentos
Vale ressaltar que são impedido de servir no mesmo conselho tutelar, marido e mulher, ascendente, descendentes, sogro ou nora, irmão, cunhados, durante o cunha Dio, sobrinho, padrasto ou madrasta ou enteado.
Entende-se esse impedimento em relação á autoridade judiciária e ao representa do Ministério Público como atuação na justiça da infância e da juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distintal
A Lei 12.696/12, passou a uniformizar o processo de escolha dos Membros do Conselho Tutelar, mediante eleição em todo o território nacional. Muito embora, o ECA já trouxesse previsão de que a escolha seria feita pela comunidade local, não havia uma disposição clara acerca desse processo, ficando estabelecido que lei municipal disporia sobre o processo de escolha, que se daria sob a responsabilidade do Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente e fiscalização do Ministério Público.
Escolha de membros
Com a alteração legislativa, passa a dispor o artigo 139:
“Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público. 
§ 1o  O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial.  
§ 2o  A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao
processo de escolha.  
§ 3o  No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor.”
Artigo 136 do ECA
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII; 
COMENTÁRIO: Embora conste no art. 136, I do ECA a possibilidade do Conselho Tutelar aplicar as medidas protetivas contidas no art. 101 incisos I a VII, na verdade esse órgão somente poderá aplicar os incisos I ao VI, uma vez que, pela leitura dos parágrafos 2º e 3º do mesmo artigo, o afastamento de criança ou adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária.
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal;
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes.(Este último inciso foi incluído pela Lei 13046/2014).
 Competência 
Art. 147. A competência será determinada:
I - pelo domicílio dos pais ou responsável; 
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou responsável. 
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, continência e prevenção. 
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente.
§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado
Assim, segundo disposição legal, a competência do Conselho Tutelar é determinada pelo domicílio dos pais ou responsáveis, ou, na falta destes, pelo local onde se encontre a criança ou o adolescente. No entanto, em caso de criança que pratique ato infracional, esta deve ser encaminhada ao Conselho Tutelar da localidade do ato.
 EX: Durante uma operação na praia de Copacabana, vários menores de rua são apreendidos. As famílias de alguns moram em Duque de Caxias, e de outros, no Méier. Solução: todos serão levados para o Conselho Tutelar de Copacabanae de lá encaminhados para os Conselhos Tutelares de suas residências, a fim de serem entregues às suas famílias. Você deve indagar: porque levar os menores de rua para o Conselho Tutelar de Copacabana em primeiro lugar? Por estarem vivendo longe de suas famílias
Aula 7: Medidas de Proteção, Medidas Aplicáveis aos Pais ou Responsáveis e Medidas Socioeducativas
Medidas de Proteção
Como vimos até então, a CRFB, em seu artigo 227, recepcionado pelo ECA e outras legislações, assegura uma série de direitos à criança e ao adolescente, estabelecendo como obrigados a sociedade, os pais e o Estado. Diante disto, o artigo 98 do ECA estabelece que as medidas de proteção serão aplicadas sempre que houver violação dos direitos das crianças e adolescentes por "ação ou omissão da sociedade ou do Estado", ou "por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável".
Mas não somente a sociedade, o Estado ou os pais podem dar ensejo à aplicação dessas medidas. O inciso III do artigo 98 também elenca o próprio comportamento da criança ou adolescente como causa de aplicação de medidas protetivas. Neste caso não se verificam necessariamente omissões ou abusos de terceiros. Tais hipóteses correspondem principalmente, mas não exclusivamente, aos casos de cometimento de atos infracionais, que serão vistos adiante, ou quando estes menores usam drogas, se prostituem etc. Em todas essas três hipóteses contidas no artigo 98, podemos afirmar que a criança ou adolescente se encontra em situação de risco.
IMPORTANTE: Medidas de Proteção, como a própria nomenclatura diz, reflete a natureza destas medidas, ou seja, destinam-se à proteção de crianças e adolescentes incursas nas hipóteses do artigo 98 do ECA. Isto porque a legislação menorista está embasada na doutrina da proteção integral, que reconhece na criança e no adolescente indivíduos portadores de necessidades peculiares, não se olvidando a sua condição de pessoas que se encontram em fase de desenvolvimento psíquico e físico, condição que os coloca em posição de merecedores de especial atenção por parte do Estado, da sociedade e dos pais ou responsáveis.
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III - em razão de sua conduta
MEDIDA O1
MEDIDA 2
 MEDIDA 3
MEDIDA 4
MEDIDA 5
Quem aplica essas medidas?
A aplicação das medidas protetivas não é necessariamente judicial. As medidas dos incisos I a VII do artigo 101 do ECA podem ser aplicadas também pelo Conselho Tutelar, ex vi do artigo 136, inc. I, do ECA. Da mesma forma, o artigo 93 prevê a possibilidade de que as entidades que mantenham programa de acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade.
Nas demais hipóteses, a aplicação da medida é judicial.
Para a propositura da ação de medida de proteção, poderá o órgão valer-se de infrações e elementos de convicção encaminhados pelo Conselho Tutelar ou outros órgãos, como, ainda, requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da administração direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias, e também requisitar informações e documentos a particulares e instituições privadas.
Para aferição de qual a medida mais adequada dentre as aplicáveis, pode o julgador valer-se de estudo social, cuja realização pode ser determinada de ofício ou por requerimento das partes.
Critérios de aplicação das medidas de proteção
As medidas de proteção podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo. Na aplicação dessas medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários; a condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos; a proteção integral e prioritária; a responsabilidade primária e solidária do poder público; bem como a oitiva obrigatória e a participação da criança e do adolescente, nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e de proteção.
Das medidas aplicáveis aos pais e responsáveis
Quando crianças e adolescentes necessitam de medidas de proteção ou praticam atos inflacionais, percebe-se que muitas vezes é imprescindível alguma intervenção em suas famílias. Assim, o ECA prevê aplicação de medidas também aos pais ou responsáveis destes menores, a fim de proteger o ambiente familiar, adequando-o ao desenvolvimento da criança ou do adolescente.
Ainda sobre as medidas aplicáveis aos pais e responsáveis
Tais medidas se encontram previstas nos artigos 129 e 130 do ECA, e são aplicadas tanto pelo juiz quanto pelo conselho tutelar, em caso de violação da integridade física, psíquica e/ou moral da criança ou do adolescente, por omissão, abuso ou opressão dos pais ou responsável.
O artigo 130 determina que verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum. A lei 12415, de 2011 incluiu o parágrafo único no referido artigo, determinando que da medida cautelar constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o adolescente dependentes do agressor.
As medidas previstas nos incisos I a VI do artigo 129 têm natureza tutelar, e não de sanção, e o descumprimento das mesmas configura a infração administrativa do art. 249, também do ECA.
A medida prevista no inciso VII tem a característica de orientação e repressão, sendo possível sua aplicação toda vez que os pais ou responsáveis descuidarem na assistência e proteção de seus filhos. Ela tem a finalidade de avisar aos pais (ou responsáveis) que seus filhos estão na iminência de entrar em situação de risco pessoal. Ela é reduzida a termo, em audiência, com a presença do representante do Ministério Público.
A medida do inciso VIII ocorre quando os pais ou responsáveis deixam de prover as necessidades básicas de subsistência da criança ou do adolescente, permitindo que seus direitos sejam ameaçados ou violados.
No inciso IX, temos a aplicação de medida especificamente ao tutor, quando este for negligente em suas obrigações, ocasionando a violação ou ameaça dos direitos do tutelado. Assim, o tutor será destituído do encargo.
E no inciso X, temos a previsão de medidas mais severas, como a suspensão e a destituição do poder familiar, para os casos mais graves. A suspensão é uma medida transitória e temporária, podendo os pais ter restabelecido o poder familiar, desde que desapareçam os motivos ensejadores da medida. Já a destituição tem caráter duradouro, só podendo ser restabelecido o poder familiar através de procedimento judicial e contraditório.
IMPORTANTE: Em casos graves, como maus tratos ou abuso sexual, pode haver o afastamento do agressor, por determinação judicial, da moradia comum, tornando-o assim, um ambiente seguro e tranquilo para a criança ou adolescente.
Medidas socioeducativas
As medidas socioeducativas encontram-se previstas no artigo 112 do ECA, e são aplicáveis somente aos adolescentes que praticam atos infracionais. O artigo 103 do ECA prevê que o ato infracional é a conduta descrita como crime ou contravenção penal, praticado por menores de 18 anos de idade. 
Vale lembrar que crianças (menores de 12 anos de idade) também praticam atos inflacionais. Porém, por força do artigo 105, do ECA, a elas são aplicáveis somente medidas de proteção, em razão do legislador ter considerado a falta de maturidade das mesmas.
As medidas socioeducativas não possuem natureza punitiva, mas sim um caráter pedagógico e visam à

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