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AULA 8 CIVIL2 2

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AULA 8- CIVIL 2
ESTRUTURA DO CONTEÚDO
• Transmissão das Obrigações
• Cessão de Crédito
– Conceito
– Reflexos jurídicos
• Cessão de Débito (Assunção de Dívida)
– Conceito
– Reflexos jurídicos
• Cessão de Contrato
– Conceito
– Reflexos Jurídicos
• Introdução:
Um elemento essencial da obrigação é seu conteúdo patrimonial.
Assim como todos os direitos suscetíveis de avaliação pecuniária, a
obrigação é um valor que integra o patrimônio do credor. É inerente
aos direitos patrimoniais a sua transmissibilidade e, portanto, podem
ser objeto de comércio jurídico. Portanto, a obrigação pode ser objeto
de transmissão.
Cessão: é o ato determinante dessa transmissibilidade das obrigações,
ou seja, a transferência negocial, a título gratuito ou oneroso de um
direito, de um dever, de uma ação ou de um complexo de direitos,
deveres e bens, de modo que o adquirente ( cessionário) exerça
posição jurídica idêntica a de seu antecessor ( cedente)
• Cessão de Crédito
Definição: é um negócio jurídico bilateral consensual através do
qual o credor( cedente) transfere gratuita ou onerosamente
parte ou totalidade de seu crédito para outrem (cessionário),
independente do consentimento do devedor.
OBS: o devedor não é parte na cessão de crédito e por isto, esta
independe da sua anuência, mesmo porque, não o prejudica,
continuando devedor da mesma prestação.
• Art 286 CC
Requisitos da cessão:
- O cedente deve ser pessoa capaz para os atos da vida civil,
bem como ter capacidade específica exigida para a alienação,
ou seja, ser titular do crédito para dele poder dispor.
- O crédito deve estar disponível para o credor, podendo o
crédito estar sob litígio, mas sendo vedada a cessão de crédito
penhorado ( art. 298 CC)
- Há créditos que por sua natureza não podem ser objeto de
cessão: relações jurídicas de caráter personalíssimo e as de
direito de família
• Art 286 2ª parte: cláusula proibitiva de cessão→ as
partes podem convencionar que não admitem
cessão, porém se ela não constar expressamente do
contrato, o devedor não poderá opô-la ao
cessionário de boa fé.
• Ilegitimidade para adquirir direitos por cessão de
crédito ( art. 497 + art. 1749 CC), sob pena de
nulidade.
• Art 287
Os bens jurídicos podem ser corpóreos ou incorpóreos, como é o
caso dos créditos. A estes aplica-se o princípio geral do direito
segundo o qual o bem acessório segue o principal. Isto significa
dizer que o cessionário adquire o poder de exigir o crédito e
junto com este as suas garantias ou juros.
OBS: as exceções pessoais do credor originário não se
transferem com a cessão de crédito, ou seja as exceções pessoais
do credor primitivo em relação ao devedor não podem ser
alegadas pelo novo credor ( cessionário)
• Art 288
A cessão de crédito tem forma livre (art. 107), mas será ineficaz
face a terceiros se não observar as solenidades do art. 654 § 1º
CC.
- Registro da Cessão de crédito art. 129 no 9 da Lei de Registros
Públicos ( L6015/ 73 )
“Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e
Documentos, para surtir efeitos em relação a terceiros: 9º) os
instrumentos de cessão de direitos e de créditos.”
• Art 289: faculdade do cessionário que assim procede
em interesse próprio para dar oponibilidade erga
omnes.
• Art 290
A notificação do devedor pode ser judicial ou
extrajudicial. A eficácia da notificação depende da
capacidade do devedor, que, se incapaz, a notificação
deverá ser feita na pessoa de seu representante. Se
terá por notificado o devedor que em escrito público
ou particular se declarou ciente da cessão feita.
• Efeitos da notificação ao devedor:
Após a notificação: o devedor se cobrado pelo
credor originário poderá opor a ele a cessão de
crédito
Antes da notificação: se o devedor pagar ao
credor primitivo vide art. 292 CC
• Art 291 ocorrendo várias cessões do mesmo crédito,
prefere o cessionário que apresentar a posse do
título de crédito. Os demais cessionários de boa fé
poderão ingressar com ação de indenização para fins
de ressarcimento.
• Art 292
- Se o devedor paga ao credor originário antes de ter
sido notificado da cessão, fica desobrigado, pois ante a
falta de notificação, a cessão não produziu efeitos.
- Se forem várias cessões efetuadas pelo credor originário ( o
cedente) e o devedor:
a) Não tiver sido notificado: como a cessão para ele não
produziu efeitos, ficará exonerado se pagar a quem se
apresentar com o título da cessão.
b) Tiver sido notificado: só se exonera se pagar aquele que
apresentar além do título de cessão o título de crédito
cedido. Se nenhum dos cessionários apresentar este título
de crédito cedido, deverá consignar o pagamento (art 335,
IV CC)
c) Quando o crédito constar de escritura pública, prevalesce
sobre os demais
• Art 293 
A notificação ao devedor é exigida para que produza efeitos com 
relação a ele, mas a cessão de crédito é eficaz para o cessionário 
desde a sua celebração e por isso ele pode exercer atos visando 
conservar o direito adquirido na cessão. 
• Art 294
- As exceções podem dizer respeito ao crédito cedido (se referem 
à sua validade) e podem ser opostas pelo devedor ao 
cessionário, depois da cessão, mesmo sem tê-las declarado 
quando notificado da cessão. 
.
- As exceções pessoais que o devedor tiver com
relação ao cedente deverão ser opostas no
momento em que vier a ter conhecimento da
cessão. Já as que o devedor tiver com relação ao
cessionário podem ser opostas após a cessão.
• Art 295
Esta norma trata da responsabilidade do cedente pela existência
do crédito que é diversa conforme se trate de cessão a título
oneroso ou gratuito.
Cessão a título oneroso: o crédito deve existir no momento da
celebração da cessão e por isso o cedente responde ao
cessionário pela existência do crédito ao tempo em que se
efetuou a cessão. O cedente também é responsabilizado caso o
crédito padeça de nulidade ou não lhe pertença, mas a terceiro.
A norma tem como escopo evitar o enriquecimento sem causa
do cedente, visto que receberia por uma cessão de crédito
inexistente.
Cessão a título gratuito: o cedente só é
responsabilizado pela existência do crédito se houver
procedido de má fé.
OBS: o cedente, de acordo com o art 287 CC é
responsável pela existência das garantias do crédito
cedido ( ex: fiança, hipoteca). Mas é responsabilizado
tão somente existência da garantia e não por sua
eficácia ( ex: solvência do fiador)
• Art 296
Esta norma complementa a anterior pois deixa claro 
que a responsabilidade do cedente se limita à 
existência do crédito e não inclui a saúde financeira do 
devedor.
OBS: as partes podem estipular diferentemente 
responsabilizando o credor primitivo pela solvência do 
devedor, no momento da cessão. Para 
responsabilização quanto à sua solvência futura, tal 
deverá vir expressa no contrato.
• Art 297
Cuida da limitação da responsabilidade do
credor primitivo pela solvência do devedor:
valor que recebeu pelo crédito + juros +
despesas com a cessão + gastos do cessionário
com a cobrança
• Art 298
Quando o crédito do credor é penhorado ele não pode
dele mais dispor nem para fins de cessão, nem para fins
de cobrança. Se o devedor, desconhecendo a penhora (
antes de ser intimado nos moldes do art. 671 CPC)
pagar ao credor primitivo, estará exonerado. O terceiro
que executou o credor primitivo e penhorou o crédito
terá contra este direito de demanda-lo para receber o
crédito.
• Cessão de Débito ( Assunção de Dívida)
Definição: é o negócio jurídico pelo qual um
novo devedor assume o débito do devedor
originário, substituindo-o com a concordância
do credor. O novo devedor fica no lugar do
antigo, que se exonera do vínculo obrigacional,
salvo as hipóteses previstas em lei.
• Espécies:
- Assunção liberatória: o novodevedor entra no lugar do
devedor originário, ocorrendo o fenômeno da sucessão pela
exoneração do devedor antigo do vínculo obrigacional, que é
substituído pelo novo devedor que assume seu lugar na
obrigação.
- Assunção cumulativa: o novo devedor assume a dívida ao lado
do devedor originário, respondendo ambos solidariamente.
Portanto, o devedor originário não se libera do vínculo
obrigacional.
• Modalidades:
- Expromissória: pelo contrato entre o credor e o novo
devedor
- Delegatória: pelo contrato entre o devedor originário
e o novo devedor, mediante ratificação do credor
(delegatória).
• Requisitos:
a) Consentimento do credor
b) Existência e a validade da obrigação
originária
c) Validade do negócio de transmissão
d) Solvência do terceiro ao tempo da assunção
• Objeto da assunção de dívida: em princípio
todas as dívidas podem ser objeto de
assunção liberatória, exceto as
personalíssimas.
• Art 299: trata da assunção liberatória, não
distingue o código entre as modalidades,
exigindo-se apenas a anuência expressa do
credor.
• Na forma de expromissão a assunção é
celebrada diretamente entre o terceiro
(expromitente) e o credor. A sua concordância
se dá no próprio contrato de assunção de
dívida
• Na forma delegatória, a assunção é celebrada entre o
devedor originário e o novo devedor e só terá eficácia após a
manifestação do credor concordando com a substituição do
devedor
• A concordância do credor é em regra expressa mas poderá ser
tácita quando se tratar de imóvel hipotecado (art 303 CC). A
necessidade de consentimento expresso justifica-se pelo fato
de que a substituição do devedor pode trazer sérios danos ao
credor
• Caso o novo devedor já se encontrar-se insolvente
no momento em que celebrou a assunção e o credor
ignorasse tal fato, o devedor primitivo continua
obrigado.
• Art 300
- A regra geral é que com a assunção de dívida aceita pelo
credor, cessam todas as garantias especiais dadas pelo devedor
originário ao credor desde a celebração do contrato entre o
novo devedor e o credor (expromissão) ou entre o novo
devedor e o antigo (delegatória – notificação do credor tem
efeitos ex tunc, retroage até a celebração)
• As garantias oferecidas por terceiros ( fiança), se 
extingue com a assunção de dívida, salvo 
concordância expressa do fiador.
• Exceção: 
a) Se o devedor expressamente consentiu que tais 
garantias subsistam
b) Garantias reais ( penhor, hipoteca) oferecidas pelo
devedor originário subsistem mesmo após a
assunção de dívida por terceiro
• Art 301:
Este artigo cuida dos efeitos da anulação do contrato
de transmissão de dívida. Se um dos requisitos da
assunção de dívida é a validade do negócio de
transmissão da dívida, se esse vem a ser anulado,
restaura-se o débito com todas as suas garantias
- Garantias prestadas por terceiros só são restauradas
se ele conhecia o vício que inquinava o contrato de
assunção de dívida
• Art 302: o novo devedor não pode opor ao credor as exceções 
pessoais do devedor primitivo 
• Art 303
Ex: João adquiriu um imóvel hipotecado de propriedade de
Paulo. João poderá assumir a dívida oriunda de hipoteca
OBS: a parte final deste artigo prevê hipótese de consentimento
tácito do credor hipotecário, favorecendo-o, uma vez que lucra
com a concentração na mesma pessoa, das figuras de
proprietário do imóvel e devedor de sua hipoteca.
• Cessão de Contrato
Definição: é um contrato atípico e consiste na
transferência das posições ativa e passiva do conjunto
de obrigações de que é titular uma pessoa, derivados
de um contrato bilateral já ultimado, mas de execução
ainda não concluída. / negócio pelo qual um dos
outorgantes em qualquer contrato bilateral, transmite a
terceiro, com o necessário assentimento do outro
contraente, o conjunto de direitos e obrigações que lhe
advém desse contrato.
• A cessão envolve três personagens: o cedente
( quem transfere sua posição contratual), o
cessionário ( que adquire a posição
transmitida) e o cedido ( o outro contraente
que consente na cessão). O contrato em que
figurava a posição cedida, objeto da cessão,
denomina-se contrato base.
• Exs: cessão de locação residencial,
compromisso de compra e venda
• Natureza Jurídica: negócio jurídico independente
pelo qual se opera a transmissão ao cessionário da
posição contratual do cedente
• Requisitos:
- A concordância do cedido como pressuposto para
que a cessão tenha validade com relação a ele
- Em regra o campo de atuação da cessão de contrato
é o das obrigações de execução diferida e trato
sucessivo
• Efeitos da cessão
a) Entre o cedente e o contraente cedido
- Em regra a cessão acarreta na liberação do
cedente, porém o contraente cedido pode
aceitar a cessão sem no entanto liberar o
cedente, que continuará vinculado ao negócio,
como principal pagador, o que configura
hipótese de solidariedade pela vontade das
partes
• Entre o cedente e o cessionário.
- aplica-se o disposto nos artigos 295 e 296 CC
• Entre o cessionário e o contraente cedido
- A transmissão contratual acarreta na substituição do cedente 
pelo cessionário na relação contratual com o cedido
- Não se transmitem ao cessionário os direitos potestativos dos 
quais o cedente seja titular.
- Os efeitos da cessão não sáo retroativos, só valem a partir de 
sua celebração

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