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AULA 8.ATOS E FATOS JURÍDICOS

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ATOS E FATOS JURÍDICOS
Prof. Dr. Paulo Roberto
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Conceito
“São fatos jurídicos todos os acontecimentos que, de forma direta ou indireta, ocasionam efeito jurídicos”. (Venosa)
Admite-se a existência de fatos jurídicos em sentido amplo, compreendendo fatos naturais (chuva, terremoto, morte, etc.) e fatos humanos (usucapião, construções, etc.).
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Aspectos Gerais
Nem todos os fatos da vida humana são tidos como juridicamente relevantes. 
Há fatos que não importam para o Direito, porque não são capazes de influenciar em nada a esfera jurídica das pessoas ou das coisas. 
Exemplo: o acordar diariamente, o escovar os dentes, uma brisa calma etc.
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Aspectos Gerais
Serão jurídicos, todos os fatos que possam trazer consequências para o mundo jurídico, quer seja criando, modificando, extinguindo, resguardando ou transmitindo direitos. 
Os fatos da vida que não sirvam a esses efeitos não são classificados como jurídicos, a não ser que, indiretamente, sejam causadores destes efeitos.
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Aspectos Gerais
Três categorias distintas de fenômenos estudados pela Teoria Geral do Direito Civil são necessárias para a existência de fatos jurídicos:
SUJEITOS DE DIREITO
OBJETOS DE DIREITO
RELAÇÕES JURÍDICAS
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SUJEITOS DE DIREITO
São todas as pessoas capazes de adquirir
direitos. Aqui tratamos de pessoas capazes ou incapazes, porque estas podem adquirir direitos, mas, para exercê-los, devem ser representadas ou assistidas, conforme o caso; fala-se também, nesse ponto, de pessoas naturais ou jurídicas, porque todas são capazes de adquirir direitos ou de transmiti-los a outrem.
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OBJETOS DE DIREITO
São todos os bens suscetíveis de apropriação e que podem ser objeto de interesse pelos sujeitos de direito. 
RELAÇÕES JURÍDICAS
É o vínculo capaz de unir dois ou mais sujeitos de direito ou esses sujeitos com um ou mais objetos de direito. Para que surja a relação jurídica entre sujeitos ou entre sujeito e objeto, é necessária a
ocorrência de um fato jurídico.
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Aspectos Gerais
Sem a ocorrência de um fato capaz de criar, modificar, resguardar, transferir ou extinguir um direito, não haverá relação jurídica a ser disciplinada pela norma legal. 
Ainda que o fato seja caracterizado por um agir contrário ao direito (ato ilícito), será qualificado como fato jurídico porque do dano também surge um direito, qual seja, o de ressarcimento em favor do prejudicado.
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 Efeitos dos Fatos Jurídicos
Os fatos jurídicos se constituem na mais importante categoria do direito enquanto dinâmica de regulação da sociedade. 
Se o nascimento, por exemplo, é um fato jurídico, podemos concluir que, sem os fatos, sequer se haveria de falar em sujeitos de direito (pessoas naturais ou jurídicas).
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 Efeitos dos Fatos Jurídicos
Sem os fatos jurídicos, não se falaria em objeto de direito, já que não teríamos agentes para comporem as relações jurídicas em torno dos bens.
Para o nascimento dos atos jurídicos (que são os fatos que derivam da ação humana), é necessário que concorram certos elementos de existência, como o agente, a vontade, a forma e o objeto. 
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 Efeitos dos Fatos Jurídicos
a) efeitos aquisitivos: é aquele pelo qual, através do fato, decorre em seguida o acréscimo de um bem ou direito ao patrimônio do agente, como na tradição, na transcrição do título aquisitivo no registro de imóveis, na reunião dos requisitos para a usucapião, na abertura da sucessão etc.
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 Efeitos dos Fatos Jurídicos
A aquisição de direitos pode ser:
a.1) originária ou derivada: 
originária é a aquisição de bens ou direitos sem relação jurídica com algum eventual titular anterior. Exemplo: na caça e pesca, adquirem-se bens sem relação jurídica com titular anterior. 
aquisição derivada, por sua vez, decorre de relação jurídica com o titular anterior.
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 Efeitos dos Fatos Jurídicos
a.2) gratuita ou onerosa: gratuita é a aquisição de direito sem necessidade de sacrifício da contra-parte para fazer jus à sua atribuição; onerosa, aquela em que se exige sacrifício correspondente por quem adquire o direito. 
a.3) a título universal ou singular: a título universal é aquela em que o adquirente recebe um patrimônio, seja na integralidade ou uma cota-parte dele, como no caso da sucessão causa mortis; singular é a aquisição de certos e determinados bens ou direitos.
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 Efeitos dos Fatos Jurídicos
a.4) simples ou complexa: simples é a que depende de um único fato e a complexa é a que demanda vários fatos, sejam eles sucessivos ou simultâneos.
a5) imediata, a termo ou eventual: imediata é a aquisição de direitos que decorre imediatamente do fato para a qual se destina; a termo é a aquisição em que o agente passa a ser titular do direito de forma imediata, no entanto só pode exercê-lo após o advento de um termo ou data prefixada pelos agentes; eventual se dá quando os agentes condicionam a aquisição do bem ou direito a um evento futuro e incerto (condição).
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 Efeitos dos Fatos Jurídicos
 
b) efeitos modificativos: existem fatos jurídicos que apenas modificam outros pré-existentes. Exemplo: em um determinado contrato, podem as partes alterar o seu conteúdo através de um ato substitutivo, como na transação. 
Essa modificação pode ser subjetiva, se forem substituídos os sujeitos de direito componentes da relação jurídica (partes) ou objetiva, caso sejam substituídos o objeto ou a qualidade da prestação.
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 Efeitos dos Fatos Jurídicos
c) efeitos translativos: são aqueles que derivam da potencialidade que tem o fato jurídico de transmitir bens ou direitos de uma pessoa para outra. A tradição, por exemplo, guarda o efeito de transmitir a propriedade do alienante para o adquirente.
d) efeitos conservativos: esses são os efeitos pelos quais a prática de determinados atos visa resguardar o bem ou direito da ação deletéria do tempo ou de terceiros.
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 Efeitos dos Fatos Jurídicos
São atos de conservação: 
(d1) os atos de defesa dos direitos, através do ajuizamento de ações, não só para evitar a prescrição e a decadência mas para efetivar a tutela do interesse; 
(d2) as ações e medidas cautelares para que se garanta o resultado prático efetivo do processo; 
(d3) atos de garantia do direito, como as cláusulas acessórias que estabelecem as garantias reais ou pessoais da satisfação do crédito, de que são exemplo a hipoteca, o penhor, a fiança, o aval etc; 
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 Efeitos dos Fatos Jurídicos
(d4) atos de autodefesa, (que podem ser visualizados nas exceções admitidas pela lei à proibição do exercício arbitrário):
No desagravo imediato para defesa da posse;
Autorização legal para que o credor de obrigação de não fazer desfaça o ato praticado pelo devedor, em caso de urgência (CC, art. 251, parágrafo único), evitando o perecimento do objeto ou do próprio direito.
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 Efeitos dos Fatos Jurídicos
e) efeitos extintivos: estes são o fim da relação jurídica. Determinados fatos têm por finalidade extinguir o direito ou a obrigação do agente, como a transferência da propriedade (em que se extingue o domínio do transferente), o pagamento (que extingue o direito do credor), a prescrição, a decadência, o perecimento do objeto e qualquer outro fato que acarrete o falecimento do direito.
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 Espécies de Fatos Jurídicos
Fatos jurídicos naturais ou em sentido estrito: aqueles capazes de gerar efeitos jurídicos como criar, modificar, resguardar, transferir ou extinguir direitos sem o concurso da ação humana.
Fatos como: a morte natural de uma pessoa; uma tempestade que arrasa uma plantação empenhada. Todos são capazes de criar ou alterar direitos, influenciando diretamente em relações jurídicas estabelecidas, entretanto, não demandam a necessidade de atividade humana para que ocorram.
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 Espécies de Fatos Jurídicos
Atos jurídicos: é o fato jurídico lato sensu que, para ocorrer, depende da ação humana para gerar
os efeitos de criar, extinguir, conservar, transmitir ou modificar direitos.
Diferentemente do fato jurídico natural, o ato jurídico lato sensu demanda a ação voluntária do homem para se materializar.
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 Espécies de Fatos Jurídicos
Observação: ações não humanas (de animais ou de seres inanimados encontrados na natureza), em regra, não serão considerados atos jurídicos, a não ser que derivem de ato humano anterior, que a ele se liga por nexo de causalidade e sem o qual não teria ocorrido.
Exemplo: o ataque de um cão bravio será mero fato jurídico natural quando derive de atitude espontânea do animal, mas será ato jurídico quando decorrer de ordem de seu dono. A distinção é importante porque, de qualquer forma, o dono ou detentor do animal responde pelos prejuízos que ele causar (art. 936), no entanto, em se tratando de ato jurídico, tem-se caso não de responsabilidade pelo fato da coisa (ato do animal), mas sim de ato ilícito direto causado pela pessoa, o que pode agravar a sua situação no momento da fixação do dano, sobretudo do dano moral. 
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 Espécies de Fatos Jurídicos
Atos jurídicos stricto sensu ou não negociais: são atos que, embora decorrentes da ação e da vontade humanas, não são cometidos, precipuamente, com a finalidade de realizar o efeito previsto na norma para o respectivo ato. Equivale a dizer que a pessoa tem a vontade dirigida somente à prática do ato, mas não ao seu efeito, que decorre, automaticamente, dos ditames da lei. 
Exemplo: o reconhecimento de filho fora do casamento: não existe margem de negociação para a ocorrência dos efeitos jurídicos do ato. Uma vez assumida a paternidade, decorrem, automaticamente, todos os efeitos previstos pela lei, como a obrigação de alimentar, etc. 
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 Espécies de Fatos Jurídicos
Atos-fatos jurídicos: temos ato jurídico no sentido de que a sua ocorrência depende de ação humana, no entanto, não é necessária a vontade para a sua prática ou esse elemento volitivo é irrelevante.
Exemplo: se um indivíduo absolutamente incapaz praticar sozinho algum ato-fato jurídico, este será, em regra, válido, e produzirá todos os efeitos que deveria produzir.
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 Espécies de Fatos Jurídicos
Classificam-se os atos-fatos jurídicos em:
atos reais, pelos quais se adquirem bens pela ação de agente incapaz. 
Se um menor de 10 anos pesca um peixe (res nullius) em um rio, torna-se dono do peixe (efeito jurídico produzido pelo ato); 
 
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 Espécies de Fatos Jurídicos
 
 b) atos indenizativos, categoria na qual o agente pratica ato lícito, mas, mesmo assim, sofre o efeito de se ver obrigado a indenizar terceiro ofendido, como se observa do estado de necessidade (art. 929), em que o cidadão, ainda que não pratique ato ilícito, é obrigado a indenizar. 
Exemplo – um poluidor: ainda que a sua atividade econômica seja lícita e autorizada pelo poder público, ficará responsável pela indenização dos danos causados ao meio ambiente pela poluição (Lei 6.938/81, art. 14, § 1º);
 
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 Espécies de Fatos Jurídicos
 
c) atos caducificantes, são aqueles em que, independentemente da vontade do agente, operam efeito extintivo de direito, como na prescrição e decadência (no âmbito material) e na preclusão (no âmbito processual). 
Também aqui podemos identificar fatos como o da perda da preferência na compra e venda, se o titular do direito de preempção não pagar o mesmo preço oferecido por terceiro (CC, art. 515).
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 Espécies de Fatos Jurídicos
Atos jurídicos negociais ou negócios jurídicos: são os atos cuja prática e efeitos são derivados da vontade humana. 
Para que determinada pessoa possa alienar uma coisa, por exemplo, ela deve ter a vontade livre e consciente não só de praticar a venda, mas, também, de gerar os seus efeitos, ou seja, a transmissão da propriedade.
Nos negócios os efeitos jurídicos do ato dependem da vontade declarada do agente (declaração de vontade).

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