Buscar

TEXTO A teoria de Erik H. Erikson

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A teoria de Erik H. Erikson
 
 Erik Erikson, nascido em 1902, um psicanalista norte-americano ampliou as teorias do desenvolvimento de Freud. Suas formulações salientam as implicações sociais e psicológicas e abrangem os anos adultos. 
 De acordo com Erikson, as personalidades se formam à medida que as pessoas progridem por estágios psicossociais através da vida. A cada novo estágio há um conflito a enfrentar e a resolver. Há uma solução positiva e uma negativa para cada dilema. Segundo Erikson, os conflitos estão todos presentes no nascimento mas se tornam predominantes em pontos específicos do ciclo de vida. As soluções positivas resultam em saúde mental, ao passo que as negativas conduzem a desajustamento. A solução de qualquer conflito depende, em parte, do sucesso com que os dilemas anteriores foram tratados. Mas a saúde mental não fica estabelecida de uma vez para sempre. Experiências posteriores felizes e infelizes podem contrariar as anteriores.
Alguns críticos podem dizer que as elaborações de Erikson se desviam tão nitidamente da forma e do espírito da psicanálise que não se incluem na tradição freudiana. Mas nós pretendemos fazer uma comparação exaustiva das idéias de Erikson com as de Freud, para determinar se ele é ou não um verdadeiro freudiano. Essa questão, de qualquer maneira, é uma questão trivial. O leitor pode encontrar, se desejar, uma versão das diferenças entre Erikson e Freud em Roazen (1976). Independentemente do que os outros possam dizer, Erikson se considerava um psicanalista freudiano. Treinado em psicanálise em sua própria raiz, Viena, analisado por Anna Freud, psicanalista com longos anos de prática, membro das organizações oficiais da psicanálise, e psicanalista didata por 35 anos, Erikson sentia que suas idéias estavam consoantes com a doutrina básica da psicanálise estabelecida por Freud. Se Erikson tivesse de ser identificado por algum nome, ele provavelmente preferiria ser chamado de pós-freudiano.
 As contribuições mais significativas de Erikson se incluem sob dois aspectos: (1) uma teoria psicossocial do desenvolvimento, da qual emerge uma concepção ampliada do ego e (2) estudos psico-históricos que exemplificam sua teoria psicossocial nas vidas de indivíduos famosos. É importante que o leitor tenha em mente o quer dizer psicossocial quando usado junto com desemvolvimento. Significa especificamente que os estágios de vida de uma pessoa, do nascimento até a morte, são formados por influências sociais interagindo com um organismo que está amadurecer psicologicamente. Nas palavras de Erikson, existe “um mútuo ajuste entre o indivíduo e o ambiente – isto é, entre a capacidade do indivíduo de se relacionar com um espaço de vida de pessoas e de instituições em constante expansão, por um lado, e, por outro, a prontidão dessas pessoas e instituições em torná-lo parte de uma preocupação cultural contínua" (1975, p102).
 Erikson não pretendia que sua teoria psicossocial substituísse a teoria psicossexual de Freud nem a teoria de desenvolvimento cognitivo de Piaget. Erikson reconheceu que eles estavam preocupados com outros aspectos do desenvolvimento. O leitor deve observar que, embora as teorias de Freud e de Piaget parem antes da idade adulta, como a teoria interpessoal de Sullivan do desenvolvimento, a de Erikson vai até a velhice. Devemos observar que o esquema de Erikson, como os de Freud, Piaget e Sullivan, é uma teoria de estágios. Isso significa que existem idades mais ou menos definidas, em que aparecem novas formas de comportamento em resposta a novas influências sociais e maturacionais. Nem todas as teorias de desenvolvimento são necessariamente teorias de estágios. A teoria do condicionamento operante de Skinner, por exemplo, supõe que o desenvolvimento é contínuo, ao invés de ocorrer em etapas.
Enquanto estudava psicanálise e ensinava na escola, Erikson casou-se com Joan Serson, uma dançarina canadense e sua colega na escola. Eles decidiram mudar-se para a Dinamarca. Quando isso não funcionou satisfatoriamente, eles foram para os Estados Unidos, estabelecendo-se em Boston, em 1933. Erikson tomou-se o primeiro psicanalista infantil daquela cidade. Ele também recebeu um cargo na Escola de Medicina de Harvard e trabalhou como consultor para várias agências. Enquanto estava em Boston, Erikson fez pesquisas com Henry A. Murray na Clínica Psicológica de Harvard. Depois de três anos em Boston, Erikson aceitou um cargo no Instituto de Relações Humanas da Universidade de Yale e passou a dar aulas na Escola de Medicina. Ele também retomou seu trabalho como psicanalista, reservando um tempo para observar os índios Yurok da Califórnia do Norte.
 Durante esses anos na Califórnia, Erikson escreveu seu primeiro livro, Childhood and Society (1950; edição revisada, 1963). Esse livro teve um impacto imediato e importante. Apesar de Erikson ter publicado outros nove livros desde então, Childhood and Society geralmente é considerado o mais significativo, porque apresenta os temas que preocupariam Erikson pelo resto da vida. Em 1960, Erikson foi nomeado professor em Harvard, onde seu curso sobre o ciclo vital era muito popular entre os alunos. Erikson aposentou-se em 1970 e mudou-se para um subúrbio de San Francisco. Os Erikson voltaram para Massachusetts em 1987, depois da fundação, em Cambridge, do Centro Erik Erikson. Erikson morreu em 12 de maio de 1994, em Harwich, Massachusetts (ver Hopkins, 1995).
 Passemos agora a uma discussão das formulações teóricas de Erikson.
 A teoria psicossocial do desenvolvimento
 O desenvolvimento, avança em estágios - oito, ao todo, segundo o esquema de Erikson. Os primeiros quatro estágios ocorrem durante o período de bebê e da infância, e os três últimos durante os anos adultos e a velhice. Nos textos de Erikson, é dada uma ênfase especial ao período da adolescência, pois é nele que se faz a transição da infância para a idade adulta. O que acontece durante esse estágio é da maior importância para a personalidade adulta. Identidade, crises de identidade e confusão de identidade são indubitavelmente os conceitos mais conhecidos de Erikson.
 Esses estágios consecutivos, devemos observar, não seguem um esquema cronológico rígido. Erikson achava que cada criança tinha seu próprio ritmo cronológico, e que seria enganador especificar uma duração exata para cada estágio. Além disso, um estágio não é atravessado e então deixado para trás. Em vez disso, cada estágio contribui para a formação da personalidade total. 
 Ao descrever os oito estágios do desenvolvimento psicossocial, nós reunimos e parafraseamos materiais de quatro fontes. Em Childhood and Society (1950, 1963) e mais tarde em Identity: Youth and Cris8 (1968), Erikson apresentou os estágios em termos da qualidade básica de ego que emerge durante cada estágio. Em Insight and Responsibility (1964), ele discutiu as virtudes ou forças do ego que aparecem em estágios sucessivos. Em Toys and Reasons (1976), ele descreveu a ritualização peculiar a cada estágio. Por ritualização, Erikson se referia a uma maneira lúdica e culturalmente padronizada de fazer ou experienciar alguma vivência na interação cotidiana dos indivíduos. O propósito básico dessas ritualizações é transformar o indivíduo que está amadurecendo em um membro efetivo e conhecido de uma comunidade. Infelizmente, as ritualizações podem tomar-se rígidas e pervertidas e transformar-se em ritualismos.
 O ingresso da criança na escola durante o quarto estágio garante que ela vai enfrentar a questão da diligência versus inferioridade, bem como um novo complexo de agentes sociais. Portanto, os estágios descritos por Erikson são psicossociais, em contraste com os estágios psicossexuais descritos por Freud.
 A questão importante, mas frequentemente ignorada, de que a crise básica que constitui o núcleo de cada estágio não existe só durante aquele estágio. Cada crise é mais relevante durante um estágio específico, mas tem raízes em estágios prévios e consequências em estágios subsequentes.Por exemplo, a identidade versus a confusão de identidade é a crise definidora da adolescência, mas a formação da identidade começa nos primeiros quatro estágios, e o senso de identidade negociado durante a adolescência evolui durante e influencia os três estágios finais. 
 Agora vamos examinar cada estágio individualmente.
 I. Confiança básica versus desconfiança básica
 A confiança básica mais inicial se estabelece durante o estágio oral-sensorial, e é demonstrada pelo bebê em sua capacidade de dormir pacificamente, de alimentar-se confortavelmente e de excretar de forma relaxada. A cada dia, à medida que suas horas de vigília aumentam, o bebê vai-se familiarizando com experiências sensuais, e essa familiaridade coincide com um senso de bem-estar. As situações de conforto e as pessoas responsáveis por tais confortos tomam-se familiares e identificáveis para o bebê. Devido a confiança do bebê e à familiaridade com a pessoa maternal, ele atinge um estado de aceitação em que essa pessoa pode ausentar-se por um momento. Essa realização social inicial por parte do bebê é possível porque ele está desenvolvendo uma certeza e uma confiança internas de que a pessoa maternal retomará, As rotinas diárias, a consistência e a continuidade no ambiente do bebê proporcionam a primeira base para um senso de identidade psicossocial. Pela continuidade de experiências com adultos, o bebê aprende a depender deles e a neles confiar; mas, talvez ainda mais importante, ele aprende a confiar em si mesmo. Essa segurança vai contrabalançar a parte negativa da confiança básica - a saber, a desconfiança básica, que, em princípio, é essencial para o desenvolvimento humano.
 O primeiro estágio da vida, o período de bebê, é o estágio da ritualização de uma divindade. O que Erikson queria dizer com isso é o senso do bebê da presença abençoada da mãe que o olha, segura-o, toca-o, sorri para ele, alimenta-o, diz seu nome e, de outra forma, "reconhece-o". Essas repetidas interações são altamente pessoais e, ainda, culturalmente ritualizadas. O reconhecimento do bebê pela mãe afirma e certifica o bebê e sua mutualidade com a mãe. A falta de reconhecimento pode causar alienação na personalidade do bebê - um senso de separação e abandono. Cada um dos estágios iniciais estabelece uma ritualização que continua na infância e aí contribui para os rituais da sociedade. 
 II. Autonomia versus vergonha e dúvida
 Durante o segundo estágio da vida (o estágio anal muscular no esquema psicossexual), a criança aprende o que se espera dela, quais são seus privilégios e obrigações, e quais são as limitações que precisa aceitar. O desejo da criança de experiências novas e mais orientadas para atividades dá lugar a uma necessidade dupla: uma necessidade de autocontrole e uma necessidade da aceitação do controle de outras pessoas no ambiente. Para subjugar a teimosia da criança, os adultos utilizarão a propensão humana à vergonha, universal e necessária, embora encorajem a criança a desenvolver um senso de autonomia e a eventualmente afirmar sua independência. Os adultos que exercem controle também precisam ser firmemente reasseguradores. A criança deve ser encorajada a experienciar situações que exigem a livre escolha autônoma. A vergonha excessiva só vai induzir a criança ao descaramento ou obrigá-la a tentar escapar impunemente sendo fechada, dissimulada e furtiva. Esse é o estágio que promove a liberdade da auto-expressão e a amorosidade. Um senso de autocontrole produz na criança um duradouro sentimento de boa vontade e orgulho; um senso de perda do autocontrole, por outro lado, pode causar um sentimento permanente de vergonha e dúvida.
 III. Iniciativa versus culpa
 O terceiro estágio psicossocial da vida, corresponde ao estágio psicossexual genital-locomotor, é o da iniciativa, uma época de crescente maestria e responsabilidade. A criança, nesse estágio, apresenta-se como claramente mais avançada e mais "organizada", tanto física quanto mentalmente. A iniciativa se combina com a autonomia para fazer com que ela seja ativa, determinada e capaz de planejar sua tarefas e metas. O perigo desse estágio é o sentimento de culpa que pode obcecar a criança por uma busca muito entusiasmada de metas, incluindo fantasias genitais e o uso de meios agressivos e manipulativos para chegar a essas metas. A criança está ansiosa para aprender e aprende bem nessa idade; ela desenvolve seu senso de obrigação e de desempenho.
 
 IV. Diligência versus inferioridade
 Durante o quarto estágio do processo epigenético (no esquema de Freud, o período de latência), a criança precisa controlar sua imaginação exuberante e dedicar-se à educação formal. Ela desenvolve um senso de aplicação e aprende as recompensas da perseverança e da diligência. O interesse por brinquedos e pelo brincar é gradualmente superado por um interesse por situações produtivas e pelos implementos e instrumentos usados para trabalhar. O perigo desse estágio é a criança desenvolver um senso de inferioridade se for (ou fizerem com que se sinta) incapaz de dominar as tarefas que inicia ou que lhe são dadas pelos professores e pelos pais.
Durante o estágio da diligência emerge a virtude da competência. As virtudes dos estágios prévios (esperança, vontade e propósito) proporcionaram à criança uma visão de futuras tarefas, embora uma visão ainda não muito específica. A criança agora precisa ter uma instrução específica em métodos fundamentais para familiarizar-se com um modo de vida técnico. Ela está pronta e disposta a conhecer e a usar instrumentos, as máquinas e os métodos preparatórios para o trabalho adulto. Assim que tiver desenvolvido suficiente inteligência e capacidade para o trabalho, é importante que se dedique a esse trabalho para evitar sentimentos de inferioridade e regressão do ego. O trabalho, nesse sentido, inclui muitas e variadas formas, como ir à escola, fazer tarefas domésticas, assumir responsabilidades, estudar música, aprender habilidades manuais, assim como participar de jogos e esportes. O importante é a criança aplicar sua inteligência e sua abundante energia em algum empreendimento e direção.
Um senso de competência é obtido quando nos dedicamos ao trabalho e concluímos tarefas, o que acaba nos trazendo habilidade. Os fundamentos da competência preparam a criança para um futuro senso de habilidade; sem isso, a criança sentir-se.ia inferior. Durante essa época, ela está ansiosa para aprender as técnicas da produtividade: "A competência, então, é o livre exercício da destreza e da inteligência na conclusão de tarefas, não-prejudicado pela inferioridade infantil" (Erikson, 1964, p. 124).
 A idade escolar é o estágio da ritualização formal, quando a criança aprende a ter um desempenho metódico. Observar e aprender métodos de desempenho proporcionam à criança um senso global de qualidade que envolve habilidade e perfeição. Tudo o que a criança fizer - seja um trabalho na escola ou sejam tarefas em casa - ela faz do jeito certo.
 V. Identidade versus confusão de identidade
 Durante a adolescência, o indivíduo passa a experienciar um sentido da própria identidade, um sentimento de que é um ser humano único, que está preparado para se encaixar em algum papel significativo na sociedade. A pessoa se toma consciente das características individuais inerentes, de situações, pessoas e objetos dos quais gosta ou não gosta, de metas futuras antecipadas e da força e do propósito de controlar o próprio destino. Essa é uma época na vida em que queremos definir o que somos no presente e o que desejamos ser no futuro. É o momento de fazer planos vocacionais.
 O agente interno ativador na formação da identidade é o ego, em seus aspectos conscientes e inconscientes. O ego, nesse estágio, tem a capacidade de selecionar e integrar talentos, aptidões e habilidades na identificação com pessoas semelhantes a nós e na adaptação ao ambiente social. Ele também é capaz de manter suas defesas contra ameaças e ansiedades,à medida que aprende a decidir quais impulsos, necessidades e papéis são mais apropriados e efetivos. Todas essas características selecionadas pelo ego são reunidas e integradas por ele para formar a própria identidade psicossocial.
 Devido à difícil transição da infância à idade adulta, por um lado, e à sensibilidade à mudança social e histórica, por outro, o adolescente, durante o estágio da formação da identidade, tende a sofrer mais profundamente do que nunca em virtude da confusão de papéis, ou da confusão de identidade. Esse estado pode fazer com que ele se sinta isolado, vazio, ansioso e indeciso. O adolescente sente que precisa tomar decisões importantes, mas é incapaz de fazer isso. Ele pode sentir que a sociedade o pressiona para tomar decisões; assim, ele fica ainda mais resistente. Ele se preocupa imensamente com como os outros o vêem e tende a ser muito inibido e envergonhado.
Durante a confusão de identidade, o adolescente pode sentir que está regredindo, ao invés de progredir, e, de fato, um periódico recuo à infantilidade parece ser uma alternativa agradável ao complexo envolvimento necessário em uma sociedade adulta. O comportamento do adolescente é inconsistente e imprevizível durante esse estado caótico. Em um momento, ele reluta em comprometer-se com os outros por medo de ser rejeitado, desapontado ou enganado. No momento seguinte, o adolescente quer ser um seguidor, um amante ou um discípulo, sejam quais forem as consequências de tal comprometimento.
O termo crise de identidade refere-se à necessidade de resolver o fracasso transitório em formar uma identidade estável, ou a uma confusão de papéis. Cada estado sucessivo, de fato, "é uma crise potencial devida a uma mudança radical em perspectiva" (Erikson, 1968, p. 96). Mas a crise de identidade pode parecer especialmente perigosa porque todo o futuro do indivíduo, assim como a próxima geração, parece depender dela.
 VI. Intimidade versus isolamento
 Neste estágio, os jovens adultos estão preparados e dispostos a unir sua identidade a outras pessoas. Eles buscam relacionamentos de intimidade, parceria e associação, e estão preparados para desenvolver as forças necessárias para cumprir esses comprometimentos, ainda que para isso tenham de fazer sacrifícios. Agora, pela primeira vez na vida, o jovem pode viver uma genitalidade sexual verdadeira, em mutualidade com a pessoa amada. A vida sexual, nos estágios anteriores, restringia-se a uma busca de identidade sexual e a um anseio por intimidades transitórias. Para que a genitalidade tenha uma importância social duradoura, é preciso que o indivíduo tenha alguém para amar e relacionar-se sexualmente, alguém com quem possa compartilhar um relacionamento confiável. O perigo do estágio da intimidade é o isolamento, a evitação dos relacionamentos, quando a pessoa não está disposta a comprometer-se com a intimidade. Um senso temporário de isolamento também é uma condição necessária para fazer escolhas, mas é claro também pode resultar em graves problemas de personalidade.
 VII. Generatividade versus estagnação
 O estágio da generatividade caracteriza-se pela preocupação com o que é gerado - progênie, produtos idéias e assim por diante - e com o estabelecimento de orientações para as gerações que estão por vir. Essa transmissão dos valores sociais é uma necessidade para o enriquecimento dos aspectos psicossexuais e psicossociais da personalidade. Quando a generatividade é fraca ou não recebe expressão, a personalidade de e sente-se empobrecida e estagnada.
A virtude do cuidado se desenvolve durante esse estágio. O cuidado se expressa pela preocupação com os outros, por querer cuidar das pessoas que precisam e compartilhar com elas o próprio conhecimento e experiência. Isso é feito por meio da criação dos filhos e do ensino, da demonstração e da supervisão. Os seres humanos, como espécie, têm uma necessidade inerente de ensinar, uma necessidade comum às pessoas em todas as profissões. O ser humano se sente satisfeito e realizado ao ensinar crianças, adultos, empregados e até animais. Os fatos, a lógica e as verdades são preservados através de gerações por essa paixão por ensinar. O cuidado e o ensino são responsáveis pela sobrevivência das culturas, pela reiteração de seus costumes, rituais e lendas. O avanço de cada cultura deve sua progressão àqueles que se importam o suficiente para instruir e viver uma vida exemplar. O ensino também instila no ser humano um senso vital de ser necessário aos outros, um senso de importância que o impede de absorver-se excessivamente em si mesmo. 
 VIII. Integridade versus desespero
 O último estágio do processo epigenético do desenvolvimento é denominado integridade. A melhor maneira de descrevê-lo é como um estado que a pessoa atinge depois de ter cuidado de coisas e pessoas, produtos e idéias, e de ter-se adaptado aos sucessos e fracassos da existência. Por meio dessas realizações, os indivíduos podem colher os benefícios dos primeiros sete estágios da vida e perceber que sua vida teve certa ordem e significado dentro de uma ordem maior.
Embora aquele que atinge um estado de integridade esteja consciente dos vários estilos de vida dos outros, ele preserva com dignidade um estilo de vida pessoal e defende-o de potenciais ameaças. Esse estilo de vida e a integridade da cultura tomam-se assim o "patrimônio da alma".
 A contraparte essencial da integridade é um certo desespero em relação às vicissitudes do ciclo de vida individual e a condições sociais e históricas, para não falar do vazio da existência diante da morte. Isso pode agravar o sentimento de que a vida não tem sentido, de que o fim está próximo, de um medo - e até de um desejo - da morte. O tempo agora é curto demais para voltar atrás e tentar estilos de vida alternativos.
 A sabedoria é a virtude resultante do encontro da integridade com o desespero nesse último estágio da vida. A atividade física e mental das funções diárias está diminuindo a essa altura do ciclo de vida. A simples sabedoria afirma e transmite a integridade das experiências acumuladas nos anos anteriores: "A sabedoria, então, é a preocupação desprendida com a vida em si, diante da morte em si" (Erikson, 1964, p. 133).
 HALL, Galvin S. (2000) Teorias da personalidade. Gardner Lindzey e John B. Campbell. Trad. Maria Adriana Veríssimo Veronese, 4ª ed. Porto Alegre: Artes mèdicas, p. 165-176.

Continue navegando