Resumo Sociologia Jurídica e Judiciária

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Sociologia Jurídica e Judiciária
Aula 1
Direito: tem a sua origem nos fatos da vida em sociedade, que são mutáveis; é um fenômeno cultural; só existe nas sociedades humanas; a ideia de direito liga-se à ideia de conduta e de organização.
Do ponto de vista sociológico, são funções do direito: Prevenir conflitos; compor conflitos; controle social e regulação social.
Sociologia Jurídica e Judiciária: É a ciência que estuda o direito como fenômeno social (ser); analisa atos dos magistrados, advogados, promotores, serventuários, etc.
Os sociólogos do direito consideram que o direito possui uma única fonte: a vontade do grupo social.
A sociologia jurídica deve pesquisar o fato do direito, cuja manifestação não depende da lei escrita, mas sim da sociedade, que produz esses fatos e cria relações jurídicas.
Aspectos sociais do direito e a teoria tridimensional do direito de Miguel Reale: 
 Fato: Para a Sociologia Jurídica o direito é fato social;
 Norma: A Ciência do Direito se preocupa com a norma;
 Valor: Filosofia do Direito estudo o aspecto valorativo.
O sistema jurídico tem três dimensões:
 Justiça: Interessa aos filósofos do Direito;
 Validade(Legalidade): Estudo das normas formalmente válidas;
 Eficácia: Interessa aos sociólogos do Direito.
A função do sociólogo do direito é analisar a realidade social do Direito.
 
Aula 2
Litigiosidade social
 O conflito é elemento permanente na sociedade.
 O que o direito pode pretender é um tratamento jurídico aos conflitos de interesses antagônicos que surjam.
Critério de composição voluntária: Se dá através da manifestação direta das partes.
Critério autoritário: Quem decide é uma autoridade, que decide manifestando a sua vontade.
Critério de composição jurídica: O conflito é composto através da aplicação da norma ao fato, norma essa previamente estabelecida pelo grupo social. Um juiz representando o Estado, aplica essa norma.
 Formas de composição voluntária: Estado de necessidade, exercício regular de direito e legítima defesa.
Anterioridade: O critério aplicado deve preexistir ao conflito, deve ter sido elaborado antes para poder ser aplicado ao conflito que ocorrer depois.
Publicidade: É preciso também que o critério tenha sido enunciado, declarado pela autoridade que o elaborou antes da sua aplicação.
Universalidade: O critério nunca pode ser cominado apenas para um determinado caso concreto, mas sim para todos os casos que apresentarem a mesma tipologia.
Formas de resolução de conflitos: 
 Autocompositivas: São voluntárias. Quando as pessoas conseguem chegar a um denominador comum sem necessariamente ter que apelar para a composição judiciária. São elas: negociação individual ou coletiva; conciliação extrajudicial e renúncia.
 Heterocompositivas: 
 Mediação: Feita por um técnico que vai medir o conflito entre as duas partes.
 Arbitragem: é extrajudicial e feito por árbitro (juiz) eleito pelas partes.
 Jurisdição: É a intervenção do Poder Judiciário
Monismo: A escola monista que somente o grupo política está apto a criar as normas de direito. Ex: Positivistas. Só reconhecem o direito posto pelo Estado, fora dele não existe o direito.
Pluralismo: A escola pluralista concebe a possibilidade da existência de uma pluralidade de ordenamentos em um mesmo espaço temporal e geográfico. Os pluralistas entendem que não somente o estado produz as normas, onde o Estado não entra, a própria sociedade trata de criar as suas regras para sobreviver.
Aula 3
Validade (legalidade) da norma jurídica: A validade (legalidade) da norma jurídica, é a existência específica da norma- segundo Kelsen-, sua capacidade de legalmente obrigar a conduta de seus destinatários (a sociedade em geral).
Eficácia da norma jurídica: É o nível de cumprimento da norma tendo em conta as relações sociais a elas referentes. Trata-se aqui de conferir se houve eficácia jurídica da norma.
 Eficácia jurídica do preceito (ou primária): É a que decorre do respeito espontâneo à norma.
 Eficácia jurídica da sanção (ou secundária): É a que resulta da intervenção repressiva do Estado.
Efeitos produzidos pela norma eficaz:
 Quanto aos efeitos da norma: Qualquer repercussão social provocada pela norma constitui um efeito social, sendo ela positiva ou negativa.
 Quanto à eficácia da norma: é o grau de cumprimento da norma na prática.
Efeitos positivos da norma: É o que uma norma traz como consequência.
 Função de controle social;
 Função educativa. Ex.: Uso obrigatório do cinto de segurança;
 Função conservadora da norma;
 Função transformadora da norma.
Efeitos negativos da norma: Normas que não produzem efeito.
 Desatualização da lei: Quando a lei é anacrônica (lei que já caiu em desuso);
 Misoneísmo: É a reação negativa ao novo. A lei existe, está em vigor, mas as pessoas se recusam a se adequar a ela. Deixar de cumprir a lei para atender os seus próprios interesses.
 Antecipação da lei a realidade: Aprovar uma lei muito além da nossa realidade.
Aula 4
 O processo de escolha dos legisladores: Legislativo e Executivo a escolha é através do voto. São considerados válidos os votos nominais aos candidatos (por nome) e os votos nas legendas (partidos) nas eleições proporcionais e majoritárias. Os votos nulos e em branco são descartados. A função dos deputados, vereadores, senadores é fazer leis.
Quadro atual do Sistema Eleitoral no Brasil:
 Geral: Sufrágio universal secreto e coligações partidárias.
 Financiamento de campanha: Misto (Privado: doações só de pessoas físicas; Público: Fundo Partidário e propaganda política gratuita).
 Majoritário: Presidentes, senadores, governadores e prefeitos.
 Proporcional: Deputados federais, deputados estaduais e vereadores.
 Eleições legislativas: Voto nominal e na legenda, em lista aberta. Vencem os mais votados por partido, tendo em conta o coeficiente eleitoral.
 Eleições executivas: Há segundo turno, se o vencedor não atingir maioria absoluta de votos, exceto as eleições municipais com menos de 200 mil eleitores.
O processo de escolha e a qualidade do sistema eleitoral: Embora façam parte do mesmo Poder, senadores e deputados são escolhidos por sistemas eleitorais diferentes e a justificativa para tal estaria baseada na representatividade das casas.
Como se elege um senador: Voto majoritário, em um único turno; mandato de senador de oito anos e eleições a cada 4 anos; por eleição são renovados dois terços das 81 cadeiras do senado (dois senadores por estado); na eleição seguinte, é renovado apenas um terço, e aí a opção é de apenas um servidor.
Como se elege deputados e vereadores: Sistema proporcional de lista aberta; os votos para eleger um deputado ou vereador dependem da relação entre o número de eleitores e o número de cadeiras que cada estado (deputados) ou município (vereadores).
Processo eleitoral: O número mínimo de votos necessário para eleger um deputado ou vereador é chamado de quociente eleitoral e é obtido pela divisão do total dos votos válidos pelo número de cadeiras do estado ou município na Câmara (federal, estadual ou municipal). 
Reforma política eleitoral: Reorganização ampla das regras do sistema político e da forma de financiamento de campanha; criação de novas instituições capazes de aumentar a participação; diferentes padrões de interação entre instituições representativas e participativas.
Função do vereador e dos deputados federal e estadual: A função é a da construção da ordem jurídica, como representantes do povo.
Aula 5
Função social do Poder Judiciário: 
 O Poder Judiciário aplica a lei nos litígios (conflito de interesses) entre os cidadãos e entre cidadãos e Estado.
 O Judiciário afirma e restabelece os direitos contestados ou violados.
Função jurisdicional:
 É o poder de formular e tornar efetiva a norma jurídica concreta que deve regular determinada situação jurídica.
 É ao mesmo tempo poder, função e atividade: 
 Poder – decidir e imporsuas decisões.
 Função – pacificação dos conflitos.
 Atividade: atos jurídicos praticados pelo juiz no processo.
Estrutura e infraestrutura do Judiciário:
 O Judiciário está dividido em dois grandes grupos: Federal e Estadual.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ):
 O CNJ tem se revelado um marco na busca da eficiência do Poder Judiciário Nacional.
 A ele compete, entre outras atividades zelar pela autonomia do Poder Judiciário; receber e conhecer das reclamações contra qualquer dos membros ou órgãos do Poder Judiciário; promover ações que possibilitem o aperfeiçoamento das práticas do Poder Judiciário.
 O CNJ tem a vocação de funcionar como um controle externo da magistratura em relação a sua eficiência, seus critérios éticos pois também promove um controle ético da magistratura e é um porta voz para os anseios da população.
Magistratura – Formas de escolha:
 1ª instância – concurso público de provas e títulos.
 Nos tribunais superiores é nomeação pelo Presidente da República após aprovação pelo Senado Federal.
 Nos Tribunais de Justiça nomeação pelo Governador de 1/5 dos membros para ingresso nesses tribunais, através de uma lista tríplice feita pelo próprio Tribunal, sendo que metade das vagas é da OAB e outra metade para os membros do Ministério Público estadual.
Aula 6
Fatores de transformação do direito:
 O Direito concebido como ciência social deve acompanhar as mudanças que ocorrem na sociedade, a fim de tutelar novos direitos ou prevenir novos conflitos, apontando solução para os conflitos inevitáveis.
Mudança social e direito:
 O direito e a realidade se influenciam. Portanto, o direito precisa acompanhar as diversas oscilações sociais.
Fatores de transformação do direito:
 Esses fatores funcionam como motores da vida social e do direito: Econômicos; Políticos; Culturais; Religiosos.
Participação popular – opinião pública:
 O sentimento social sobre o que é o justo e o injusto e o papel do direito é sinalizado pelo próprio pensamento social coletivo, como uma bússola.
 Opinião pública: Não é a soma nem a síntese da opinião de todos, é um novo produto, uma nova realidade. Representa a tendência geral, mas sem ser necessariamente a opinião de todos. 
O exame do sentimento de justiça: 
 O exame das normas existentes, sua adequação ou não ao que é tido como justo;
 A aprovação social das sanções que o direito estabelece, garantidoras da validez e eficácia das normas.
 A opinião do público acerca do comportamento ilícito.
A opinião pública sobre o Direito: 
 A opinião pública formada em torno do Judiciário foi no sentido de considera-lo deficiente, emperrado e moroso.
 Há uma grande parcela que considera os tribunais ou juízes influenciáveis pelos poderosos, ou passíveis de corrupção.
Aula 7
Movimentos sociais: Se formam na medida em que setores da sociedade por algum motivo de ordem política (poder de se fazer ouvir, de desenvolver o seu projeto, de aplicar suas ideologias, seus valores). Estão relacionados a necessidade de um determinado grupo de promover mudanças sociais.
 Este conceito envolve dois aspectos:
 Ação coletiva de um grupo organizado para alcançar mudanças sociais por meio do embate político, conforme seus valores e ideologias.
 Objetivar a mudança, a transição o mesmo a revolução de uma realidade hostil a certo grupo ou classe social.
Cidadania: Tem origem etimológico no latim civitas, que significa “cidade”. Estabelece um estatuto de pertencimento de um indivíduo a uma comunidade politicamente articulada – um país – e que lhe atribui um conjunto de direitos e obrigações, sob vigência de uma constituição.
Etnodiversidade: Foi inicialmente utilizada pelo Partido Verde alemão, em 1994.É a presença de diversas etnias e “raças” num mesmo país, ou mesmo território. É a analogia com “biodiversidade”.
Questões de gênero: Inegavelmente, o conceito institucionalizado de gênero contribui para a justificação das desigualdades sociais entre homens e mulheres que nada tem a ver com o biológico.
Novos arranjos familiares: A busca por novas formas de relações pode ser considerada um tabu. Mas, é fato a existência de novas estruturas familiares, o que confirma a transformação da concepção em relação à instituição familiar e às relações conjugais. 
Aula 8
Controle social: É um conjunto de recursos materiais e simbólicos que a sociedade dispõe para assegurar que os indivíduos se comportem de maneira previsível e de acordo com as regras e preceitos vigentes, visando a coesão social.
Relação entre o ter e o ser: 
 Na sociedade contemporânea, o consumo é altamente estimulado não somente pelos meios de comunicação em massa, como também pelo governo, que busca estimular o crescimento econômico, e a consequente geração de empregos e tributos.
 Mas nem todos tem acesso aos bens de consumo e isso é o problema do desvio social.
 A sociedade vê alguns comportamentos como desvio social pois elas fogem dos padrões estabelecidos.
A economia global do crime: O crime global, é uma presente ameaça a economia internacional e nacional, para a sociedade como um todo. São ex. de redes criminosas globais: Máfia dos EUA, a italiana (Camorra) e russa (Solntsevskaya Bratva); cartéis colombianos, redes criminosas nigerianas, chinesas, e o maior cartel de drogas do México, o Sinaloa.
 São crimes globais: Tráfico de drogas; tráfico de pessoas e de animais, contrabando de armas e de mercadorias diversas – materiais radioativos e etc.; tráfico de informação; falsificação; sequestro; jogos de azar; tráfico de órgãos; agiotagem. A extorsão também é praticada em escala internacional.
 A reação do Estados democráticos sitiados pelo crime global, como forma de autodefesa, tem se materializado em medidas que acabam por comprometer as liberdades democráticas e revelam insegurança. 
Aula 9
O fenômeno da globalização mundial: Representa uma grande mudança histórica.
 Há uma redefinição de tempo e de espaço, tudo é instantâneo.
 Há um processo de “desterritorialização”.
A mudança no conceito de soberania: Há um poder soberano privado supra estatal difuso, que mesmo privado, produz efeitos de natureza pública, estabelecendo suas próprias políticas aos Estados e impedindo-os de realizar políticas incompatíveis com as suas. Isso faz com que o interesse privado se sobreponha sobre o interesse estatal.
O direito num mundo globalizado: 
 O direito se produz também através do associativismo social, do conflito social dos resultados desses conflitos;
 O direito é produto da dinâmica social, de trocas socioculturais e não somente um produto da vontade soberana.
A luta pela mundialização do direito:
 A mundialização do direito não remete apenas ao direito nascido da globalização econômica, mas também à universalização dos direitos do homem, fundada na declaração “universal” de 1948.
 Não adianta construir uma comunidade econômica mundial se não construir uma comunidade de solidariedade, de fraternidade mundial.
 O direito tem que estar voltado para valores como a dignidade humana.
Por uma comunidade de valores: 
 Temos que eleger valores a serem preservados e esses valores de modelo de uma comunidade ideal irão dar ensejo a norma.
O direito numa nova comunidade de valores: A perspectiva é a de que “se está diante de uma sociedade onde a “mão invisível do mercado” passa a assumir controle, sem qualquer responsabilidade humana, é, portanto, ainda o Direito Estatal, um dos únicos agentes capazes de proteger os cidadãos frente à nova ordem global.
 Temos uma sociedade global que está sendo criada sobre a lógica do mercado, são os interesses ligados ao capital que estão ditando essa mudança, a caída das fronteiras nacionais, mas objetivamente o monopólio da produção normativa ainda está nas mãos dos Estados nacionais. Esse Estado nacional tem que estar informado sobre a relevância da proteção dos cidadãos diante dessa nova ordem mundial
Aula 10
Sustentabilidade ambiental:A sustentabilidade ambiental consiste em várias ações, diretas e indiretas, que buscam o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, o bem-estar social e a preservação do meio ambiente. Ou seja, trata-se do consumo responsável dos recursos naturais. 
Educação ambiental: É necessário a disseminação de informações sobre o meio ambiente e a importância de preservá-lo, para você entender sua relação de causa e consequência com a natureza e se conscientize de que ao destruí-la estará destruindo a sua própria existência.
Neoliberalismo como expressão ideológica da globalização:
 Adam Smith afirmava que se deixássemos o mercado livre, sem interferências do Estado, ele caminharia, como que conduzido por uma imensa mão invisível, ao melhor nível de bem-estar econômico e social. O Estado não precisa tomar conta de tudo, tem que ser mínimo e apenas garantir a lei e a ordem, o restante o próprio capitalismo irá organizar, como as leis de oferta, a procura e com isso todos irão ter acesso ao bem-estar econômico e social.
 O liberalismo além de não dar certo, ainda levou a eclosão de duas guerras mundiais, por conta da disputa de mercado.
Surge o neoliberalismo defendendo: 
O livre mercado é a melhor forma de enriquecimento dos indivíduos;
 A não intervenção estatal na economia;
 A doção de taxas de câmbio totalmente flexíveis no mercado internacional, ou seja, o livre mercado entre as nações.
 Ao contrário do que apregoam os princípios neoliberais, as diferenças sociais na globalização acentuam-se quanto maior for o nível alienante de exclusão social.
Sociodiversidade e minorias: 
 Se relaciona, por exemplo, às etnias indígenas, que são uma sociedade à parte da “sociedade dominante” (“homem branco”). É o caso dos Ianomâmis, que formam uma “nação” específica dentro do território brasileiro.
 Universalismo: Para os universalistas, os Direitos Humanos têm que ser a base universal para todas as sociedades, mas há um pequeno problema, pois, a base da construção dos Direitos Humanos é ocidental. É querer impor uma cultura e padrões valorativos únicos para todo o planeta.
 Multiculturalismo: Para os multiculturalistas, há que se respeitar as culturas de todas as regiões, de todos os povos e, portanto, os Direitos Humanos têm que ser suavizados na medida que são uma visão eurocêntrica eles não vão atender os anseios valorativos e axiológicos das outras culturas. Na medida em que respeitar as especificidades, respeita também o desrespeito a condições específicas. Ex.: Situação das meninas africanas que são submetidas a mutilação genital (ablação). Essa prática por diversas culturas é um atentado a dignidade dessas meninas nessas culturas. Os multiculturalistas dizem que isso é uma questão cultural dessas pessoas e devemos respeitar.