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Revisão Av1 Constitucional I

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Revisão Av1
 Constitucional 1
Conceito 
O Direito Constitucional é o ramo do Direito Público, didaticamente autônomo, que estuda a organização e do funcionamento do Estado e a defesa dos direitos e garantias fundamentais.
O Direito Constitucional é um ramo do Direito Público, destacado por ser fundamental á organização e funcionamento do Estado, à articulação dos elementos primários do mesmo e ao estabelecimento das bases da estrutura politica. Tem,pois,por objeto a constituição politica do Estado, no sentido amplo de estabelecer sua estrutura, a organização de suas instituições e órgãos, o modo de aquisição e limitado ao poder,através,inclusive,da previsão dos diversos direitos e garantias fundamentais .
Classificação da Constituição 
Quanto ao conteúdo
Formal:    regras formalmente constitucionais, é o texto votado pela Assembleia Constituinte,  estão inseridas no texto constitucional.
Material:    regras materialmente constitucionais, é o conjunto de regras de matéria de natureza constitucional, isto é, as relacionadas ao poder, quer esteja no texto constitucional ou fora dele. 
Classificação da Constituição 
Quanto à forma
Escrita:     pode ser:  sintética  (como a Constituição dos Estados Unidos)  e  analítica  (expansiva,  como a Constituição do Brasil).  A ciência política recomenda que as constituições sejam sintéticas e não expansivas como é a brasileira.
Não escrita:     é a constituição cuja normas não constam de um documento único e solene, mas se baseie principalmente nos costumes, na jurisprudência e em convenções e em textos constitucionais esparsos.
Classificação da Constituição 
Quanto ao modo de elaboração
Dogmática: é Constituição sistematizada em um texto único, elaborado reflexivamente por um órgão constituinte;é escrita.É a que consagra certos dogmas da ciência política e do Direito dominantes no momento.  
Histórica: é sempre não escrita e resultante de lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sócio-políticos, que se cristalizam como normas fundamentais da organização de determinado Estado.   Como exemplo de Constituição não escrita e histórica temos a Constituição do Reino Unido da Grã Bretanha e da Irlanda do Norte. 
 (Ex.  Magna Carta  -  datada de 1215)
•    A escrita é sempre dogmática;  A não escrita é sempre histórica.
Classificação da Constituição 
Quanto a sua origem ou processo de positivação:
Promulgada:     aquela em que o processo de positivação decorre de convenção, são votadas, originam de um órgão constituinte composto de representantes do povo, eleitos para o fim de as elaborar.   
 Ex.:   Constituição de 1891, 1934, 1946, 1988. 
Outorgada:     aquela em que o processo de positivação decorre de ato de força, são impostas,  decorrem do sistema autoritário.  São as elaboradas sem a participação do povo. 
   Ex.: Constituição de 1824, 1937, 1967, 1969
Pactuadas:     são aquelas em que os poderosos pactuavam um texto constitucional, o que aconteceu com a Magna Carta de 1215.
OBS:    A expressão  Carta Constitucional é usada hoje pelo STF para caracterizar as constituições outorgadas.  Portanto, não é mais sinônimo de constituição.
Classificação da Constituição 
Quanto à estabilidade ou mutabilidade:
Imutável:    constituições onde se veda qualquer alteração, constituindo-se relíquias históricas – imutabilidade absoluta.
Rígida:    permite  que a constituição seja mudada mas, depende de um procedimento solene que é o de Emenda Constitucional que exige 3/5 dos membros do Congresso Nacional para que seja aprovada.  
Flexível:    o procedimento de modificação não tem qualquer diferença do procedimento comum de lei ordinária . 
 Ex:  as constituições não escritas, na sua parte escrita elas são flexíveis.
Semi-rígida:    aquela em que o processo de modificação só é rígido na parte materialmente constitucional e flexível na parte formalmente constitucional.
•    A CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA é: escrita, analítica, dogmática, eclética, promulgada e rígida.
Constitucionalismo 
É um movimento social, jurídico e politico que tem como principal característica a limitação do exercício do poder do Estado por meio do texto constitucional, com o objetivo de preservar os direitos fundamentais do povo.
No séc. XVIII dois documentos mudaram a história do Constitucionalismo 
A Constituição Norte Americana de 1787.
A Constituição Francesa de 1791.
O Constitucionalismo na contemporaneidade recebe o nome de NEOCONSTITUCIONALISMO,sendo fruto de uma série de princípios constitucionais do séc. XX.
Constitucionalismo
Antes de se abordar de forma específica o Neoconstitucionalismo, é importante tratar de alguns constitucionalismos que o precedem.
 O Constitucionalismo Social é o movimento que passou a prever na constituição os direitos sociais, como por exemplo, o direito à saúde, à educação, à moradia, à alimentação, dentre outros.
 O Constitucionalismo Social - surge na Constituição de México de 1917, mas se torna mais conhecido com a Constituição de Weimar (alemã) de 1919. Antes do Constitucionalismo Social, tinha-se a previsão somente de direitos individuais, em uma perspectiva liberal de defesa de direitos. No Estado Liberal, o indivíduo tinha seus direitos individuais e o Estado não interferia nas relações privadas, ou seja, as pessoas se viravam na luta pela sobrevivência. No Estado Social, a constituição prevê a necessidade de se defender os direitos sociais, o que exige uma postura mais ativa do Estado. No Brasil, a Constituição de 1934 (terceira constituição brasileira) foi a primeira a prever a defesa de direitos sociais.
O Transconstitucionalismo - é outro movimento de observação do Constitucionalismo que trata da relação que há entre o direito interno e o Direito Internacional para a melhor tutela dos direitos fundamentais. Segundo o autor Marcelo Neves, nem sempre as constituições conseguem prever todos os fatos que desafiarão os direitos fundamentais e, por esse motivo, os dispositivos internacionais que tratam de direitos humanos podem complementar a defesa dos direitos fundamentais.
Elementos da Constituição
Elementos orgânicos ou organizacionais:     organizam o estado e os poderes constituídos.
Elementos limitativos: limitam o poder – direitos e garantias fundamentais.
Elementos sócio-ideológicos: princípios da ordem econômica e social.
Elementos de estabilização constitucional:    supremacia da CF (controle de constitucionalidade) e solução de conflitos constitucionais.
Elementos formais de aplicabilidade:    são regras que dizem respeito a aplicabilidade de outras regras  (ex. preâmbulo, disposições transitórias)
Aplicabilidade da Norma Constituinte (José Afonso)
Sobre esta questão da eficácia e da aplicabilidade das normas constitucionais, o Professor José Afonso da Silva foi o primeiro a escrever no Brasil, na obra “Aplicabilidade das normas constitucionais”, em 1967, sobre o tema, de forma esquematizada, estabelecendo a classificação mais adotada entre os doutrinadores e, inclusive, acolhida como critério pelo próprio Supremo Tribunal Federal, conforme RT 723/231.
De acordo com a proposta de José Afonso da Silva, conforme o grau de eficácia, existem três espécies de normas constitucionais: normas de eficácia plena, de eficácia contida e de eficácia limitada.
Aplicabilidade da Norma Constituinte (José Afonso)
Normas constitucionais de eficácia plena
Estas normas, de acordo com José Afonso da Silva, são :
“aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição,produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o legislador constituinte, direta ou indiretamente, quis regular”.
Aplicabilidade da Norma Constituinte (José Afonso)
Em geral, estas normas são responsáveis pela criação de órgãos e atribuição de competência aos entes federativos (como podemos ver, especialmente, nos Títulos III
e IV da CF), bem como, por exemplo, são normas que estabelecem proibições (art. 145, § 2º), vedações (art. 19), isenções (art. 184, § 5º, I), imunidades (arts. 53 e 150, I a VI) ou prerrogativas (art. 128, § 5º, I).
Outros exemplos são os artigos: 2º; 14, § 2º; 17, § 4º; 19; 20; 21; 22; 24; 28, caput; 30; 37, III; 44, parágrafo único; 45, caput; 46, § 1º; 51; 52; 60, § 3º; 69; 70; 76; 145, § 2º; 155; 156; 201, §§ 5º e 6º; 226, § 1º e 230, § 2º.
Aplicabilidade da Norma Constituinte (José Afonso)
São, de acordo com José Afonso da Silva, aquelas em :
“que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos à determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do poder público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciados”.
Em regra, estas normas são as que tratam de direitos individuais ou de entidades públicas ou privadas, que são passíveis de limitação por uma lei futura, como o direito de greve no art. 9º da CF, que foi restringido, conforme já previsto no § 1º, pela lei 7.783/89, no que se refere a serviços e atividades essenciais.
Outros exemplos são os artigos: 5º, XII (que trata do sigilo das comunicações, restringido pela lei 9.296/96) e 5º, XIII (restringido pelo Estatuto da OAB, no que se refere ao exercício da advocacia).
Aplicabilidade da Norma Constituinte (José Afonso)
Normas constitucionais de eficácia limitada
José Afonso da Silva as classifica como normas que apresentam “aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre esses interesses, após uma normatividade ulterior que lhes desenvolva a aplicabilidade”.
Ele ainda observa que estas normas, não que não tenham eficácia, mas, na verdade, possuem um mínimo efeito, pelo menos, vinculando o legislador infraconstitucional no sentido de proporcionar que o interesse indicado por tal norma seja efetivado, estabelecendo um dever ao legislador ordinário, condicionando a legislação futura sobre a matéria ao critério de constitucionalidade, declarando nossa concepção de Estado e sociedade, inspirando o ordenamento jurídico visando seus fins sociais, proteção de valores e busca do bem comum, dando sentido à interpretação, integração e aplicação das leis, condicionando a atividade do Poder Público e, principalmente, estas normas “possuem eficácia ab-rogativa da legislação precedente incompatível”, destaca Novelino, e impedem “que o legislador edite normas em sentido oposto ao assegurado pela Constituição”.
 Aplicabilidade da Norma Constituinte (José Afonso)
Segundo a classificação de José Afonso da Silva, as normas de eficácia limitada possuem duas subespécies: normas de princípio instituitivo (ou organizatório) e normas de princípio programático.
Aplicabilidade da Norma Constituinte (José Afonso)
 Normas de princípio instituitivo 
Mas, segundo José Afonso da Silva, estas normas são de pouca eficácia, pois não trazem nenhuma sanção específica caso as determinações ou indicações não “saiam do papel”, e o legislador não poderá ser constrangido a legislar, e, caso haja lei preexistente que não seja incompatível, esta lei não é revogada, continua podendo ser usada no caso concreto, “aliviando a barra” do legislador.
Aplicabilidade da Norma Constituinte (José Afonso)
Normas de princípio programático
São aquelas em que o legislador não regula nem direta nem indiretamente um interesse, mas indica princípios que o Estado deve adotar como fim e objetivo. Elas impõem ao Estado uma obrigação, mas não apontam, diferentemente das anteriores, com que meios os resultados esperados deverão ser atingidos. Como destaca Lenza, elas “veiculam programas a serem implementados pelo Estado, visando a realização de fins sociais (art. 6.º – direito à alimentação; 196 – direito à saúde; 205 – direito à educação; 215 – cultura; 218, caput – ciência e tecnologia; 227 – proteção da criança…)”.
Localizadas especialmente nos Títulos VII e VIII da CF, o conteúdo delas traz esquemas genéricos, diretrizes e programas de ação que preveem, inclusive, a interferência do Estado na ordem econômico-social a fim de garantir a promoção da democracia, e se subdividem em três subcategorias: normas programáticas vinculadas ao princípio da legalidade, referidas aos poderes públicos e as dirigidas à ordem econômico-social em geral.
Aplicabilidade da Norma Constituinte (José Afonso)
As vinculadas ao princípio da legalidade indicam que o programa previsto deverá ser implementado por legislação futura, dependendo da atividade do legislador (ex.: art. 7º, XI, XX e XXVII; 173, § 4º; 216, § 3º e 218, § 4º). As referidas aos poderes públicos não mencionam legislação, e nem sempre precisam de lei para os programas serem implementados, mas vinculam todo o Poder Público a uma obrigação (ex.: art. 21, IX; 48, IV; 184; 211, § 1º; 215, caput e § 1º; 216, § 1º; 217; 218 e 226). Já as dirigidas à ordem econômico-social postulam que qualquer conduta neste âmbito praticada no sentido oposto ao da determinação constitucional será considerada inconstitucional, uma violação ao Ordenamento Magno, passível de invalidação (ex.: art. 170; 193; 196 e 205).
Eficácia das normas Constitucionais: Eficácia Plena,Contida e limitada
O Professor José Afonso da Silva classifica as normas constitucionais em três grupos, a saber, normas de eficácia plena, normas de eficácia contida e normas de eficácia limitada. Assim, temos o seguinte esquema:
Eficácia das normas Constitucionais: Eficácia Plena,Contida e limitada
As normas constitucionais de eficácia plena são as mais fáceis de identificar nas questões de concurso. São aquelas normas que desde a entrada em vigor da Constituição já estão aptas a produzir eficácia. Por isso, são definidas como de aplicabilidade direta, imediata e integral.
As normas constitucionais de eficácia contida são dotadas de aplicabilidade direta, imediata, mas não integral (o legislador pode restringir a sua eficácia). Já as normasconstitucionais de eficácia limitada têm a sua aplicabilidade indireta, mediata e diferida (postergada, pois somente a partir de uma norma posterior poderão produzir eficácia).
Eficácia das normas Constitucionais: Eficácia Plena,Contida e limitada
Assim, é preciso dizer que a diferença principal entre as normas constitucionais de eficácia contida e as de eficácia limitada é que a primeira produz efeitos desde logo (direta e imediatamente), podendo, entretanto, ser restringidas. A segunda (eficácia limitada), só pode produzir efeitos a partir da interferência do legislador ordinário, ou seja, necessitam ser “regulamentadas”.
Dicas 
Veja dicas para diferenciar as “contidas” das “limitadas”:
1) Em regra, sempre que houver expressões como “salvo disposição em lei” será norma de eficácia contida.
2) Em regra, sempre que tiver expressões como “a lei disporá” será norma de eficácia limitada.
3) Enquanto não houver lei a disciplinar norma de eficácia contida, esta poderá ocorrer de forma plena. Na norma de eficácia limitada ocorre o contrário, pois é impossível o seu exercício enquanto não houver a sua regulamentação, observe:
Dicas
Dicas
As normas de eficácia limitada podem, ainda, ser divididas em dois grupos, quais sejam, normas de princípio institutivo (ou organizativo) e normas de princípio programático.
Dicas
As normas de eficácia limitada de princípio institutivo (ou organizativo) são aquelas em que o legislador traça em linhas gerais o seu conteúdo normativo e refere que a lei irá estabelecer posteriormente as regras para que ocorra a sua aplicabilidade. São exemplos os seguintes artigos do texto constitucional:
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública.
Por sua vez, as normas de eficácia limitada de princípio programático são as que traçam programas (diretrizes) que devem ser buscados e alcançados pelo poder público. São
exemplos a realização da justiça social, valorização do trabalho, amparo à família, combate ao analfabetismo, etc.
Conceito de Hermenêutica 
Hermenêutica é o exame do saber sobre os pressupostos, a metodologia e a interpretação do direito. Esta ligada à mitologia greco-latina. O Deus Hermes era um mensageiro dos deuses, era a divindade incumbida de levar a mensagem dos homens aos deuses e a mensagem dos deuses aos homens. A interpretação em geral, e a interpretação jurídica, é uma atividade de mediação comunicativa, que é muito importante o estudo que vamos desenvolver.
Em qualquer campo da hermenêutica, esse exame será uma forma de comunicação mediativa. O intérprete do direito mediará a relação que existe entre o sistema jurídico e a sociedade. A lei não fala, o intérprete é que faz a lei falar, sendo portando uma espécie de “médium”.
Conceito de Hermenêutica 
A hermenêutica constitucional será entendida como o saber que se propõe a estudar os princípios, os fatos, e compreender os institutos da Constituição para colocá-la diante da sociedade. O poder constituinte é o responsável pela criação da Constituição. O poder constituinte pode ser visualizado como um emissor de uma mensagem, ou conjunto de mensagens (Constituição) normativas, que organizam o Estado e definem os direitos fundamentais. Noutro pólo da relação comunicativa, podemos colocar a sociedade/comunidade jurídica que seria a receptora desse conjunto de mensagens normativas, estabelecendo aqui a RELAÇÃO COMUNICATIVA. A interpretação constitucional, feita pelos intérpretes da Constituição, vem mediar a relação comunicativa entre os dois pólos – Relação circular – circularidade hermenêutica. Isso faz com a Constituição se concretize no âmbito da sociedade.
Conceito de Hermenêutica 
A hermenêutica constitucional é guiada por métodos. Dentro da teoria do conhecimento o método é a forma de ser alcançar o conhecimento. Uma polêmica desde já instaurada é aquela relativa à existência de métodos próprios (constitucionais) para essa análise, ou se esses métodos podem ser os mesmos utilizados pela hermenêutica jurídica. Para o professor Ricardo Maurício Freire Soares1, podemos afirmar que a interpretação é específica para a Constituição, que os métodos utilizados são específicos, podendo utilizar os métodos clássicos observando-se aqueles.
Hermenêutica Constitucional 
 (Métodos Clássicos ) 
MÉTODOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
• MÉTODOS CLÁSSICOS – esses métodos foram legados por Savigny (que foi um grande jurista Alemão do século XIX) – segundo esse método foi sistematizado os métodos abaixo descritos, os quais não são excludentes; para que uma interpretação seja bem feita, é necessário que esses métodos sejam sincretizados para se poder delimitar o sentido e o alcance das normas constitucionais:
Hermenêutica Constitucional 
 (Métodos Clássicos ) 
– Método Gramatical – consiste na busca do sentido literal ou textual da norma constitucional. Esse método hoje na hermenêutica jurídica e constitucional deve ser apenas o ponto de partida no momento da interpretação de uma norma, porque muitas vezes interpretando ao pé da letra, podemos chegar a soluções hermenêuticas injustas (dura lex, sed lex);
Hermenêutica Constitucional 
 (Métodos Clássicos ) 
– Método Sistemático – é aquela interpretação que busca correlacionar todos os dispositivos normativos de uma Constituição, pois só conseguiremos elucidar a interpretação a partir do conhecimento do todo, não podemos interpretar a Constituição em “tiras” e sim como um todo. Hans KELSEN tem a visão do sistema jurídico que seria naturalmente uma pirâmide normativa, na qual temos no topo a Constituição, abaixo vêm a legislação, logo abaixo os atos administrativos, e posteriormente os contratos e decisões. Todos esses componentes da pirâmide tem que ser interpretados juntamente com a Constituição, todas as normas jurídicas devem ser lidas e relidas através da Constituição, sendo denominado de FILTRAGEM HERMENÊUTICA – para o neoconstitucionalismo. A nossa CF/88 foi inspirada na Constituição Portuguesa de 1976 – J.J. CANOTILHO.
Hermenêutica Constitucional 
 (Métodos Clássicos ) 
– Método Histórico – consiste na busca dos antecedentes remotos e imediatos que interferiram no processo de interpretação constitucional. Para entendermos o sentido atual precisamos entender o “passado” desses institutos. Ex: se eu desejasse interpretar a CF/88 utilizando o método histórico e buscando um antecedente histórico, eu poderia buscar na Constituição de 1824, 1946, 1967 etc., pois estudando essa evolução, chegaríamos ao entendimento de como chegamos à Constituição atual.
Hermenêutica Constitucional 
 (Métodos Clássicos ) 
Poderíamos também estudar os trabalhos da constituinte de 1987. A CF/88 muitas vezes procura atrelar valores antagônicos, pois em 1987 o mundo ainda era bipolar, via a dicotomia socialismo X capitalismo. Essa dicotomia se concretizou no texto da Carta Magna de 1988. Outro exemplo da interpretação histórica é a existência de tantas normas de aplicabilidade limitada, cuja produção de seus amplos efeitos demanda a produção ou criação ulterior de legislação infraconstitucional. Esse método nos permite entender porque a CF/88 é prolixa, pois a constituinte de 1987 foi realizada durante um processo de redemocratização de mais de 30 anos de ditadura e havia na sociedade um grande anseio de positivar direitos na Constituição como forma de protegê-los, chegando a prever algumas coisas que não necessitavam estar ali, como exemplo, o artigo que fala do Colégio Pedro II que pertence à ordem federal.
Hermenêutica Constitucional 
 (Métodos Clássicos ) 
– Método Sociológico – busca adaptar a Constituição à realidade social. Desenvolveu-se no final do século XIX com o surgimento da sociologia. No campo da interpretação constitucional o método sociológico busca a efetividade, a eficácia social para que não se abra um abismo entre a norma e conjunto dos fatos sociais. O conceito de KELSEN passa a ser revisto, pois as mudanças na sociedade passam a ser observadas. Um exemplo disso é a norma que fala que o salário mínimo deve prover as necessidades básicas; essa norma poderia ser considerada inconstitucional no âmbito da interpretação sociológica, pois não disse quanto é o valor desse salário, e evidentemente que hoje temos normas regulando o valor do salário, o qual não consegue cumprir esse preceito de atender a TODAS as necessidades básicas.
Hermenêutica Constitucional 
 (Métodos Clássicos ) 
– Método Teleológico ou finalista – busca realizar a finalidade das normas constitucionais, muitas vezes superando a realidade descrita na norma. A interpretação teleológica se desenvolve sobre tudo sobre os princípios constitucionais Ex: no sentido da expressão “casa” para a inviolabilidade do domicílio, pode ser estendida a qualquer domicílio, inclusive profissional, ex: escritório de advocacia.
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT)
O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) estão presentes no texto da constituição, após a parte permanente, ou seja, após o artigo 250 da constituição. O ADCT inicia-se no artigo 1o, de forma apartada à contagem de artigos da constituição, mas o ADCT é norma constitucional, diferente do preâmbulo. O ADCT inclusive já foi objeto de emendas constitucionais, e serve como norma de validade para conferência da constitucionalidade de leis e atos normativos.58 A principal diferença do ADCT, para a parte permanente do texto constitucional, é o fato de não ter um caráter permanente, ou seja, tem o objetivo de ser aplicado de forma transitória, por um tempo determinado. As normas contidas presentes no ADCT têm o objetivo de regulamentar o período de transição que se dá do regime jurídico estabelecido pela antiga constituição para o regime jurídico estabelecido
pela nova constituição.
Poder Constituinte 
É a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado
O Poder constituinte é o poder que tudo pode.
Titularidade do Poder Constituinte:    é predominante que a titularidade do poder constituinte pertence ao povo.  Logo, a vontade constituinte é a vontade do povo expressa por meio de seus representantes.
Poder Constituinte 
Espécies:
A - Poder Constituinte Originário -  Estabelece a Constituição de um novo Estado, organizando-se e criando os poderes destinados a reger os interesses de uma sociedade. Não deriva de nenhum outro, não sofre qualquer limite e não se subordina a nenhuma condição.  
Ocorre Poder Constituinte no surgimento da 1ª Constituição  e também na elaboração de qualquer outra que venha depois.
Poder Constituinte 
Características:
Inicial - não se fundamenta em nenhum outro; é a base jurídica de um Estado;
Autônomo / ilimitado - não está limitado pelo direito anterior, não tendo que respeitar os limites postos pelo direito positivo anterior;  não há nenhum condicionamento material;
Incondicionado - não está sujeito a qualquer forma pré-fixada para manifestação de sua vontade;  não está submisso a nenhum procedimento de ordem formal
Poder Constituinte 
B - Poder Constituinte Derivado  - também chamado Instituído ou de segundo grau – é secundário, pois deriva do poder originário.  Encontra-se na própria Constituição, encontrando limitações por ela impostas:  explícitas e implícitas.
Características:
Derivado -  deriva de outro poder que o instituiu, retirando sua força do poder Constituinte originário;
Subordinado  - está subordinado a regras materiais;  encontra limitações no texto constitucional.   Ex. cláusula pétrea
Condicionado – seu exercício deve seguir as regras previamente estabelecidas no texto da CF; é condicionado a regras formais do procedimento legislativo.   Este poder se subdivide  em:
Poder Constituinte 
I) poder derivado de revisão ou de reforma:  poder de editar emendas à Constituição.  O exercente deste poder é o Congresso Nacional que, quando vai votar uma emenda ele não está no procedimento legislativo, mas no Poder Reformador.   
II)  poder derivado decorrente:  poder dos Estados, unidades da federação, de elaborar as suas próprias constituições.   O exercente deste poder são as Assembléias Legislativas dos Estados.  Possibilita que os Estados Membros se auto-organizem.
 A Constituição de 1988 deu aos Municípios um status diferenciado do que antes era previsto, chegando a considerá-los como entes federativos, com a capacidade de auto-organizar-se através de suas próprias Constituições Municipais que são denominadas Leis Orgânicas.
Art.60
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
Retroatividade da Norma Constitucional 
RETROATIVIDADE MÁXIMA OU RESTITUTÓRIA → A norma ataca fatos consumados. A lei nova não respeita a coisa julgada ou os fatos jurídicos já consumados. Exemplo: “Art. 96, parágrafo único, da Carta de 1937, que consentia ao Parlamento rever a decisão do STF que declarara a inconstitucionalidade de uma lei.”
RETROATIVIDADE MÉDIA → A lei nova alcança os efeitos pendentes de atos jurídicos verificados antes dela. Ou seja, “a lei nova atinge as prestações vencidas mas ainda não adimplidas”. Exemplo: “lei que diminuísse a taxa de juros e se aplicasse aos já vencidos mas não pagos.”
Retroatividade da Norma Constitucional 
RETROATIVIDADE MÍNIMA, TEMPERADA OU MITIGADA → “... a lei nova atinge apenas os efeitos dos fatos anteriores, verificados após a data em que ela entra em vigor.” Isto é, prestações futuras de negócios anteriores ao advento da nova lei.
Segundo o STF, as normas constitucionais, por serem fruto do Poder Constituinte Originário têm, via de regra, retroatividade mínima.
Destarte, a regra no Brasil é a retroatividade mínima; todavia, nada impede que a norma constitucional tenha retroatividade média ou máxima. Não obstante, para tal, deve haver expressa recomendação na Constituição. Desse modo:
Retroatividade da Norma Constitucional 
“EMENTA: Foro especial. Prefeito que não o tinha na época do fato que lhe é imputado como crime, estando em curso a ação penal quando da promulgação da atual Constituição que outorgou aos Prefeitos foro especial (art. 29, X, da Constituição Federal). A Constituição tem eficácia imediata, alcançando os efeitos futuros de fatos passados (retroatividade mínima). Para alcançar, porém, hipótese em que, no passado, não havia foro especial que só foi outorgado quando o réu não mais era Prefeito – hipótese que configura retroatividade média, por estar tramitando o processo penal -, seria mister que a Constituição o determinasse expressamente, o que não ocorre no caso. Por outro lado, não é de aplicar-se sequer o princípio que inspirou a Súmula 394. Recurso extraordinário não conhecido” (RE 168.618/PR, rel. Min. Moreira Alves, j. 06.09.1994, 1.ª T., DJ, 09.06.1995,p. 17260).
Retroatividade da Norma Constitucional 
Segundo Pedro Lenza: “Como se percebe, outra coisa seria se, pendente a ação em relação a fato passado (antes da CF/88), o referido réu ainda fosse Prefeito. Nessa hipótese sim, sem dúvida, deveriam os autos ser remetidos para o TJ local, já que a nova Constituição atingiria a situação atual (estar no cargo de Prefeito), referente a crime praticado no passado.” 
Recepção / Desconstitucionalização
1 - Conceito
Recepção é o instituto pelo qual a nova Constituição, independente de qualquer previsão expressa, recebe norma infraconstitucional pertencente ao ordenamento anterior, com ela compatível, dando-lhe, a partir daquele instante, nova eficácia.
No momento do surgimento de uma nova constituição, a constituição anterior pode sofrer três possíveis consequências: revogação, desconstitucionalização ou recepção. A revogação da constituição é a regra e estabelece a perda de validade do texto da constituição anterior, de forma tácita. Na desconstitucionalização, a constituição anterior deixa de ser constituição e permanece no ordenamento jurídico como norma infraconstitucional, ou seja, no que estiver de acordo com a nova constituição, continua em vigor, 
Recepção
com um caráter hierárquico ordinário. Essa possibilidade é aplicada na França e em Portugal. O STF entende que não existe mais no Brasil essa possibilidade, apesar de já ter existido. Exemplo: O artigo 147 da Constituição do Estado de São Paulo de 1967 desconstitucionalizou a constituição paulista de 1947. Na recepção, a norma constitucional anterior continua em vigor, mas mantém o seu status hierárquico constitucional, pois é recepcionada no que for materialmente compatível e nos pontos que a nova constituição determina que a constituição anterior será mantida.
Recepção / Desconstitucionalização
Além das consequências referentes ao texto da antiga constituição, entende-se que a entrada em vigor
de uma nova constituição fará com que as normas infraconstitucionais sofram uma série de consequências jurídicas, uma vez que entende-se que todas as normas infraconstitucionais devem estar de acordo com o novo texto constitucional. Em regra, no Brasil, a nova constituição opera uma total revogação da constituição anterior e, nesse sentido, as leis infraconstitucionais, existentes no Estado, ficam sem base de validade. Na medida em que as leis são utilizadas pelos juristas, elas passam, paulatinamente, por uma análise detalhada de questionamento de sua validade, diante do novo padrão de validade estabelecido pela nova constituição. Assim, as normas infraconstitucionais, que não estiverem de acordo com a nova constituição, serão revogadas, e as que estiverem de acordo serão recepcionadas. A recepção e a revogação poderão ser totais, quando se recepciona toda a lei, ou parciais, quando somente parte da lei mantém sua validade.
Constitucionalidade
Superveniente
Teoria da constitucionalidade superveniente
A análise constante da constitucionalidade das normas é uma das prioridades do Direito Constitucional, pois uma norma que nasce constitucional pode se tornar inconstitucional em virtude de mudanças formais da constituição ou por meio da mutação constitucional. A Teoria da Constitucionalidade Superveniente trata da hipótese contrária, na qual uma norma que inicialmente seria inconstitucional, mas que não teve essa inconstitucionalidade afirmada formalmente, possa, após uma emenda constitucional, tornar-se constitucional posteriormente19.
Repristinação
Teoria da repristinação
A Teoria da Repristinação estabelece a possibilidade de que uma lei que já tenha sido revogada volte a ter validade. O ordenamento jurídico brasileiro não permite a repristinação de forma tácita, apenas quando há uma previsão formal na nova lei20. O artigo 1o, §3o, da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro fala sobre o efeito repristinatório: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”21. Nesse sentido, não há efeito repristinatório no Brasil, pois pressupõe-se que o efeito repristinatório seria tácito. 
Repristinação
A repristinação é diferente e aplicada na forma de exceção. Ela pode ocorrer quando uma lei nova expressamente determina que uma lei antiga revogada, ou parte dela, volte a ter validade; ou quando uma lei é declarada inconstitucional e o STF determina que a lei revogada anteriormente pela lei recém-inconstitucional volte a ter vigor. A repristinação em regra não é aplicada no Brasil, exceto quando a lei ou o STF determinam a volta do vigor da lei revogada anteriormente.
Direitos Fundamentais 
Art. 1° ao Art. 5°
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição .
Direitos Fundamentais 
Art. 1° ao Art. 5°
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Direitos Fundamentais 
Art. 1° ao Art. 5°
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
Direitos Fundamentais 
Art. 1° ao Art. 5°
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Direitos Fundamentais 
Os direitos fundamentais cumprem na nossa atual Constituição a função de direitos dos cidadãos, não só porque constituem – em um primeiro plano, denominado jurídico objetivo – normas de competência negativa para os poderes públicos, impedindo essencialmente as ingerências destes na esfera jurídico-individual, mas também porque – num segundo momento, em um plano jurídico subjetivo – implicam o poder de exercitar positivamente certos direitos (liberdade positiva), bem como o de exigir omissões dos poderes públicos, evitando lesões agressivas por parte dos mesmos.
Direitos Fundamentais 
Os direitos fundamentais inicialmente são definidos, pela doutrina, de acordo com o ideal da Revolução Francesa da ‘Liberdade, Igualdade e Fraternidade’. Esse ideal possibilitou que, na concepção de Norberto Bobbio, eles fossem divididos em três ‘gerações’ de direitos2. O melhor entendimento dessas gerações de direitos humanos nos faz as chamar de ‘dimensões’, uma vez que a ideia de gerações nos remete à possibilidade de evolução de direitos e substituição de um direito de uma geração por outra. Na realidade, cada direito fundamental, pertencente a gerações distintas, existirá ao mesmo tempo, sendo, portanto, mais adequado se utilizar do termo ‘dimensões de direitos humanos’ para distinguir esses direitos e dar a ideia de evolução da percepção e concessão de direitos. 
Direitos Fundamentais 
As várias “dimensões dos direitos fundamentais” nada mais são do que novas facetas de um mesmo direito, o direito à vida, só que em momento histórico diferente. Assim, a expressão “gerações dos direitos fundamentais” pode nos dar, erroneamente, a ideia de alternância, de superação, de descarte. Por outro lado, quando se fala em “dimensões”, se resgata a ideia de expansão, de acumulação, de fortalecimento, de nova visão. As diversas dimensões dos direitos fundamentais foram construídas como respostas às grandes violações, injustiças e estado de insegurança da humanidade. As dimensões são resultados de reações às violações dos direitos. 
Direitos Fundamentais 
Primeira dimensão (Direito à Vida)
Se refere a integridade física e moral, ou seja, uma pessoa não pode ser torturada, exposta a humilhações e nem ter sua vida tirada por outra pessoa.
Segunda dimensão (Direito à Liberdade)
O cidadão tem o direito de ir e vir, praticar sua religião, sem ser censurado e expor suas opiniões contra alguém, desde que possua argumentos e justificativas para tal.
Direitos Fundamentais 
Terceira dimensão ( Direito à Igualdade )
Garante que todos são iguais perante a lei e portanto, não deve ocorrer discriminação de qualquer tipo. Essa igualdade pode ser classificada de duas formas:
Igualdade Formal - a primeira é quando os indivíduos são tratados de maneira igual perante a lei, ou seja, quando homens e mulheres são classificados em direitos e obrigações de acordo com a lei.
Igualdade Material - quando os mais fracos recebem um tratamento diferenciado a fim de aproximá-los dos mais fortes, ou seja, o Estado deve tratar os pobres, os desiguais, dentre outros grupos, de maneira especial de acordo com a situação.
Características dos Direitos Fundamentais
A primeira característica dos direitos fundamentais
é que são universais, ou seja, aplicam-se a todos, sem qualquer preconceito de gênero, classe social, etnia, nível de instrução intelectual, raça, origem, nacionalidade etc. Os direitos fundamentais são também dotados de historicidade, ou seja, são históricos, pois são fruto da evolução da história humana. Eles vão se desenvolvendo com a evolução histórica humana. Os direitos fundamentais são também concorrentes, pois são exercidos simultaneamente. Ao mesmo tempo mais de um direito fundamental é aplicado. 
Características dos Direitos Fundamentais
EXEMPLO
Imagine que um indivíduo esteja assistindo um repórter na televisão dando a sua opinião. Nesse caso, o telespectador está exercendo seu direito fundamental de informação e o repórter seu direito fundamental de opinião, de forma concomitante. Os direitos fundamentais são relativos, pois não podem ser aplicados sempre de forma absoluta, ou seja, sempre existem exceções aos direitos fundamentais, por mais importantes que sejam. 
Características dos Direitos Fundamentais
2 . EXEMPLO
O direito à vida é um dos direitos fundamentais mais importantes, entretanto, mesmo assim existem exceções para a sua proteção. No direito brasileiro o direito à vida sofre exceção, por exemplo, nos casos de guerra declarada, quando a constituição permite a pena de morte.15 Os direitos fundamentais são também irrenunciáveis, inalienáveis, pois ninguém pode abrir mão de seus direitos ou aliená-los com objetivos financeiros; apesar de poder não exercê-los se desejar. São também imprescritíveis, pois não possuem tempo de validade, não há intervalo temporal que possa invalidá-los.
Eficácia dos direitos fundamentais 
A primeira forma de eficácia dos direitos fundamentais é a eficácia vertical, ou seja, a defesa dos direitos fundamentais é um dever do Estado e um direito das pessoas. Há uma relação de verticalidade, pois o Estado é um devedor e os indivíduos são os credores dos direitos. 
EXEMPLO
O direito à vida é garantido pela constituição e as pessoas possuem esse direito, por outro lado, o Estado tem o dever de não interferir na vida humana e de resguardá-la para que seja efetivada.
Além da eficácia vertical, os direitos fundamentais possuem uma eficácia horizontal, ou seja, os direitos fundamentais são também aplicados nas relações entre os particulares. O STF já decidiu nesse sentido, sendo um direito e uma obrigação dos particulares o respeito aos direitos fundamentais.
EXEMPLO
O STF julgou um caso em que uma pessoa foi excluída de uma associação e disse que, nesse caso, deve ser respeitado entre os particulares o direito à ampla defesa do excluído, não bastando somente a vontade expressada pelos outros associados.
A diferença entre aplicação e aplicabilidade imediata
A aplicação dos direitos fundamentais está prevista no artigo 5o,§1º, da constituição, sendo imediata: “Art. 5o,§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”16 . A aplicação imediata significa que os direitos e garantias fundamentais são dotados de meios e instrumento que efetivam a sua aplicação, mesmo que não estejam ainda devidamente regulados (ex.: mandado de injunção).
Em conformidade com o teor do art. 5°, § 1°, CF/88, as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata, o que retrata a preocupação dos modernos sistemas constitucionais em evitar que as posições firmadas como essenciais para a identidade da Constituição não passem de retórica, ou então que sejam dependentes da atuação legislativa para que tenham eficácia.
A diferença entre aplicação e aplicabilidade imediata
Procurou-se, com isso, superar a concepção de Estado de Direito formal, no qual os direitos fundamentais apenas ganham expressão quando regulados por lei. 
Entretanto, a aplicabilidade não se confunde com a aplicação, pois a aplicabilidade dependerá de uma análise da eficácia das normas e não de sua obrigatoriedade. As normas de eficácia plena e contida possuem aplicabilidade imediata. Todavia, as normas de eficácia limitada têm eficácia mediata, ou seja, dependem de instrumentos que viabilizem o exercício desses direitos. Existem, assim, direitos fundamentais de eficácia imediata, pois têm aplicabilidade imediata por serem normas de eficácia plena ou limitada, sendo geralmente direitos individuais. Os direitos fundamentais de eficácia limitada terão aplicabilidade mediata e são, na sua maioria, direitos sociais, econômicos e culturais.
Conceitos de Direitos Fundamentais e remédios 
 Direitos fundamentais são os direitos básicos individuais, sociais, políticos e jurídicos que são previstos na Constituição Federal de uma nação. Por norma, os direitos fundamentais são baseados nos princípios dos direitos humanos, garantindo a liberdade, a vida, a igualdade, a educação, a segurança e etc.
 Os remédios constitucionais, ou remédios jurídicos, são instrumentos previstos no ordenamento jurídico brasileiro que deveriam ser de conhecimento de todos os cidadãos do nosso país. Isso porque são mecanismos que garantem aos cidadãos os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal quando o Estado não cumpre seu dever, seja por despreparo, ilegalidade ou abuso de poder.
Conceitos de Direitos Fundamentais e remédios 
remédios constitucionais” é uma construção doutrinária e não legal, pois a legislação contempla cada remédio com nome específico. Dito isso, passaremos à análise de cada um desses remédios, que a saber são: habeas corpus; habeas data; mandado de segurança; mandado de injunção, ação popular e ação civil pública.
Os Remédios Constitucionais 
HABEAS CORPUS
O habeas corpus é uma medida que tem por objetivo salvaguardar o direito de ir e vir. É concedido sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Existe sob duas formas:
Habeas corpus liberatório: é o mais comum, que é justamente o que faz cessar o constrangimento ilegal que priva alguém da liberdade. Nesta espécie, quando o referido Remédio Constitucional é concedido, haverá expedição de alvará de soltura.
Habeas corpus preventivo: quando existe apenas uma ameaça ao direito. Nesse caso podem ser partes no HC, qualquer pessoa física que se achar ameaçada de sofrer lesão a seu direito de locomoção tem direito de fazer um pedido de Habeas corpus. Essa pessoa é chamada de “paciente” no processo. O acusado de ferir seu direito é denominado “coator”.
Muito embora o habeas corpus não seja uma ação penal, mas constitucional, no Código de Processo Penal encontramos, a partir do Artigo 647 até o 667, tudo o que diz respeito a este remédio.
Os Remédios Constitucionais 
HABEAS DATA
O habeas data é uma ação que visa garantir o acesso de uma pessoa a informações sobre ela que façam parte de arquivos ou bancos de dados de entidades governamentais ou públicas. Também pode pedir a correção de dados incorretos.
O habeas data tem o seu fundamento legal no artigo 5º da Constituição Federal e na Lei 9.507, de 12 de novembro de 1997.
Os Remédios Constitucionais 
MANDADO DE SEGURANÇA
O mandado de segurança é um instrumento que serve para garantir direito líquido e certo, individual ou coletivo, que esteja sendo violado ou ameaçado por ato de uma autoridade, em ato ilegal ou inconstitucional.
Pode ser:
Mandado de segurança preventivo: O mandado de segurança preventivo é aquele pedido com fins de evitar uma ilegalidade. Para garantir que o direito se cumpra, o indivíduo entra com o mandado.
Mandado de segurança repressivo: no caso de o ato ilegal já ter sido cometido pela autoridade pública, entra-se com a ação de mandado de segurança repressivo, para reprimir a injustiça cometida.
Os Remédios Constitucionais 
MANDADO DE INJUNÇÃO
O mandado de injunção busca a regulamentação de uma norma da Constituição, quando os poderes competentes não o fizeram. O pedido é feito para garantir o direito de alguém prejudicado pela omissão do poder público.
AÇÃO POPULAR
A ação popular permite
ao cidadão recorrer à Justiça na defesa da coletividade para prevenir ou reformar atos lesivos cometidos por agentes públicos ou a eles equiparados por lei ou delegação. Há também a possibilidade de uma ação popular ser aberta quando a administração pública for omissa em relação a atos que deveria praticar.
Todos os eleitores brasileiros, incluindo os menores de 18 anos, têm legitimidade para propor uma ação desse tipo. Há, no entanto, a necessidade de se demonstrar a lesividade ou ameaça ao direito provocada pelo ato da administração pública ou pela omissão desta.
Esse instrumento processual é regido pela Lei 4.717, de 29 de junho de 1965, com aplicação do Código de Processo Civil, somente naquilo que não contrarie as disposições da referida lei. A ação pode ser proposta para resguardar a moralidade administrativa, o meio ambiente e o patrimônio público, histórico e cultural. Cabe uma ação popular, por exemplo, quando é considerado abusivo o reajuste sobre o salário de vereadores de determinada câmara municipal.
Os Remédios Constitucionais 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
Regida pela Lei 7.347, de 24 de julho de 1985, a Ação Civil Pública pode ser proposta pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela União, estados, municípios, autarquias, empresas públicas, fundações, sociedades de economia mista e associações interessadas, desde que constituídas há pelo menos um ano.
Conforme a lei, a ação civil pública, da mesma forma que a ação popular, busca proteger os interesses da coletividade. Um dos diferenciais é que nela podem figurar como réus não apenas a administração pública, mas qualquer pessoa física ou jurídica que cause danos ao meio ambiente, aos consumidores em geral e a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
Cabe uma ação pública, por exemplo, quando uma comunidade é atingida pelo rompimento de uma barragem. Nesse caso, os responsáveis podem ser condenados a reparar financeiramente os danos morais e materiais da coletividade atingida. Esse tipo de ação também pode ser movido com o objetivo de obrigar o réu a corrigir o ato praticado ou, no caso de omissão, a tomar determinada providência.
A ação civil pública também é regida pelo Código de Processo Civil, mas somente naquilo que não contrarie a Lei 7.347/1985. Em regra, esse instrumento processual deve ser proposto no primeiro grau de jurisdição da Justiça Estadual ou Federal. Após a sentença, as partes poderão apresentar recursos ao segundo grau de jurisdição.
Diferença entre: Remédios x Garantias X Direitos 
Direitos são normas que declaram a existência de interesse, portanto, são normas declaratórias. ... Ressalte-se que garantias não podem ser confundidas com remédio constitucional, pois esse é instrumento processual que tem por objetivo assegurar o exercício de um direito.

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