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História da América I

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História da América I
Aula 1 – Povos Ameríndios Originais
A ocupação do território americano é um tema bastante controverso. De certo, sabemos que os ameríndios estavam aqui quando os europeus desembarcaram nas costas do continente.
Mas por que é importante saber a origem dos primeiros americanos?
Porque a partir desse conhecimento é possível compreender alguns aspectos importantes da forma de ocupação do continente. Poderemos analisar as origens de muitos dos aspectos culturais desenvolvidos em nosso continente, compreender questões referentes ao uso ou não de instrumentos de trabalho por esses povos que ocuparam todo o continente americano, ou seja, o trabalho realizado pela arqueologia americana é fundamental para compreender as organizações sociais dos povos ameríndios antes da chegada dos europeus.
Duas teses básicas se confrontam quando nos remetemos à origem de seres humanos no continente americano:
A primeira defende um único ponto de entrada de grupos humanos oriundos da Ásia.
A segunda defende as múltiplas entradas de origens e em tempos diferentes. 
A primeira tese é defendida basicamente pela arqueologia estadunidense. Eles acreditam que a entrada de humanos no continente americano se deu através do Estreito de Bering há cerca de 12000 anos. Essa tese se sustenta em descobertas arqueológicas feitas há mais de meio século na região do Alaska. Lá foram descobertos fósseis humanos, alguns muito bem preservados pelas baixas temperaturas.
Esses fósseis de homo sapiens oriundos da Ásia levou os arqueólogos do continente americano a aceitar a tese de que “ao fim da última era glacial, quando o Estreito de Bering era na verdade uma ligação entre os continentes asiático e americano, grandes levas de grupos humanos migraram por aquela área continental em busca de alimentos. A partir do Alaska, então, ocuparam o continente”.
No entanto, a partir da década de 1970, houve um grande desenvolvimento na arqueologia de outras partes do continente. Arqueólogos chilenos, peruanos, mexicanos e brasileiros desenvolveram pesquisas sobre a ação das culturas humanas em seus territórios e algumas descobertas colocaram em xeque a tese da entrada única pelo Estreito de Bering. Os arqueólogos questionavam principalmente a datação de 12000 anos como limite.
Uma das mais importantes descobertas foi a do fóssil de Luzia. Encontrada em Lagoa Santa, Minas Gerais, esse fóssil recebeu datação entre 11500 e 16400 anos, ou seja, não poderia o ser humano ter entrado no continente há 12000 anos, pelo norte, e estar em 11500 anos no meio da parte sul do continente.
A partir daí foram feitas novas descobertas no Chile e Peru que levaram a novos questionamentos. Desta vez, o ponto principal não era a data, mas a origem cultural, pois objetos descobertos não conectavam os povos que ali viviam com as sociedades de origem asiática. Apresentavam uma inclinação cultural para povos africanoides, a exemplo dos encontrados na Austrália, Nova Zelândia, Papua.
Essas descobertas, somadas àquela feita no Brasil, gerou a tese da múltipla entrada em múltiplas datas.
Hoje, a datação mais aceita pela arqueologia internacional para a origem do homem americano gira em torno de 30000 a 35000 anos. Uma datação bastante elástica, que circunscreve a migração para o continente americano na última era glacial, que ocorreu entre 50000 a.C. e 12000 a.C.
Mas é importante ressaltar que uma boa parte da arqueologia estadunidense ainda se mantém apegada à tese da entrada única pelo Estreito de Bering e atribui essas datações mais antigas a erros técnicos.
Existe também a tese da arqueóloga brasileira, Niéde Guidon, que afirma que o ser humano está em nosso continente há pelo menos 100 mil anos.
A imensidão do continente americano foi povoada de forma bastante heterogênea, obedecendo aos limites das condições ambientais e climáticas. Nas áreas mais hostis do continente a ocupação se deu em menor escala, mas essa regra não segue uma lei de proporção direta, ou seja, isso não significa dizer que áreas generosas eram populosas.
A Ocupação do Território
Ao logo do tempo, as áreas que foram conhecendo uma grande concentração populacional, foram aquelas em que as exigências ambientais e climáticas levaram o ser humano a desenvolver a agricultura. O controle da produção de gêneros alimentícios gerou segurança para as sociedades e permitiu um grande aumento populacional em áreas como a Mesoamérica (América Central).
As características ambientais impuseram também comportamentos culturais a esses povos. Na maior parte do continente, seja ao norte ou ao sul, o nomadismo ou o seminomadismo eram comportamentos comuns dos povos dos planaltos do atual Estados Unidos, nas florestas equatoriais e tropicais da América do Sul ou ainda nas mais frias do continente, como no Alaska e no Canadá.
Povos Nômades
O comportamento cultural nômade se dava de maneira variada e por motivos diferentes. No planalto estadunidense os motivos eram as mudanças climáticas sazonais. No inverno, a escassez de alimentos obrigavam os povos que ali viviam a migrar em busca de áreas com maior oferta de alimentos.
Nos casos das regiões frias do Canadá e das florestas tropicais, as bases populacionais eram mais estáticas, podendo ocupar um território por dez anos ou mais no caso das áreas de florestas. No entanto, passado um ciclo de contínua exploração alimentar dessas regiões, as mudanças de localização das tribos eram necessárias para manter a capacidade de provimento de nutrientes.
Como essas sociedades viviam basicamente da caça, da pesca e da coleta de alimentos, sendo a agricultura tratada como forma complementar de obtenção de alimentos, habitar uma área com grande diversidade de fauna e flora eram essenciais e as mudanças também eram fundamentais para que o ambiente explorado pudesse se recuperar.
Compreendendo as circunstâncias - Ainda hoje, podemos observar que tribos indígenas brasileiras que mantêm um comportamento cultural similar ao que observávamos nos tempos coloniais: precisam de uma extensa área territorial, pois como dependem dos recursos naturais para se alimentarem e extraem esses recursos da natureza, transformam a floresta no seu gigantesco supermercado, evitando esgotar os recursos de uma região para permitir a rápida recomposição. É por isso que as reservas indígenas demarcadas são, normalmente, gigantescas. A relação dos indígenas com a floresta é simbiótica.
Povos Sedentários
O sedentarismo na América ocorreu de forma similar ao que ocorreu em outras áreas do mundo. A agricultura foi sendo desenvolvida para atender às necessidades alimentares dos povos, que ampliavam em número de indivíduos, mas não conseguiam obter da natureza uma fonte regular e permanente de recursos.
A domesticação de plantas e animais foi a saída encontrada por diversos povos para garantir a sua existência. Os povos, que buscaram na agricultura e na criação de animais a saída para suas deficiências alimentares, eram aqueles que habitavam regiões onde a natureza era escassa em recursos, ou seja, a necessidade de ocupar aquelas regiões, somada às técnicas desenvolvidas na domesticação de animais e plantas foram os elementos circunstanciais que permitiram a sedentarização de diversos povos na América.
A região da América Central foi a que conheceu o maior nível de sedentarização e durante uma grande extensão temporal. Os arqueólogos apontam vestígios de povos sedentários desde 1000 a.C., com um bom grau de desenvolvimento cultural.
Pouco antes da chegada dos espanhóis na região da América Central existiam diversos povos sedentarizados com níveis elevadíssimos de desenvolvimento cultural naquela região. Olmecas, Maias e Astecas são apenas alguns dos exemplos que podemos citar de sociedades sedentarizadas daquela região.
Além da América Central, outra região que conheceu desenvolvimento histórico similar foi o altiplano peruano. Ali também se desenvolveu uma sociedade sedentarizada, cuja produção alimentar era feita com a utilização de uma técnica peculiar e típica daquelepovo. A produção de alimentos era feita em terraços, ou seja, cortes feitos nas montanhas onde eram plantados diversos tipos de alimentos.
A diferença mais importante entre o processo de sedentarização na América Central e no Altiplano foi o momento em que cada um aconteceu. Enquanto na Mesoamérica, como já vimos, esse processo se deu em milhares de anos; no Altiplano era relativamente recente, quando da chegada dos espanhóis. Na próxima aula compreenderemos melhor essa temática.
Concluindo
Observamos nesta aula que o processo de ocupação do território americano não aconteceu de forma homogênea e monocultural. Querer unificar esse processo, nomeando os povos que aqui viviam de índios, sem observar suas diferenças culturais e os diferentes processos históricos no desenvolvimento de suas culturas é negar a possibilidade de diversidade cultural entre os seres humanos, ou ainda estabelecer como possível a hierarquização das culturas humanas, como se uma cultura com mais técnicas fosse superior à outra que não precisava das técnicas para obter a sua sobrevivência.
Sejam nômades, seminômades ou sedentarizados, os povos que ocuparam a América antes da chegada dos europeus eram grupamentos humanos organizados em sociedades complexas e com grande aparato cultural que precisam ser estudados e valorizados, pois muitos dos seus aspectos ainda estão presentes nas sociedades atuais.
Aula 2 – As Grandes Civilizações Ameríndias
Os Maias
Os Maias eram um povo sedentário que ocupou geograficamente os territórios da Guatemala e Honduras, entre os séculos III e XV. A sua presença é especialmente importante nos territórios de Guatemala e Belize, com uma rica história de mais de 3.000 anos. 
Os maias construíram grandes templos e grandes cidades como Nakbé, San Bartolo (no norte de Petén), Tikal, Palenque, Copán, Calakmul e Uaxactún, Piedras Negras. Os monumentos dos mais notáveis são as pirâmides maias que construíram em seus centros religiosos.
Origem Maia
Os historiadores e arqueólogos apontam três fases de desenvolvimento da sociedade Maia:
O Período pré-clássico - Quando se estrutura a agricultura em meio a floresta, base cultural e econômica desta sociedade, surgem as primeiras aldeias e centros cerimoniais, estabelecendo a base da estrutura política que iria determinar o comportamento daquela sociedade pelos séculos seguintes.
O Período clássico - Em termos de cronologia se inicia no século III, como é determinado pelos arqueólogos e historiadores.  Nesse período houve um grande desenvolvimento técnico da agricultura, a hierarquia política, social, militar e sacerdotal ficou definida de acordo com a organização daquela complexa sociedade, houve um grande desenvolvimento da tecnologia e do comércio com outros povos. “Também construíram grandes centros cerimoniais e cidades, onde as ciências, as artes florescem e historiografia”.
O Período pós-clássico - Teve seu início no século X e se estendeu até o século XVI, quando a América foi ocupada pelos espanhóis. Foi nesse período que os Maias ultrapassaram os limites da floresta e perderam a sua proteção. Passaram a conviver com ataques de outros povos e as divisões tribais que caracterizavam a sociedade Maia dificultaram os mecanismos de defesa. Essa realidade tornou aquela sociedade vulnerável antes mesmo da chegada dos espanhóis.  
"Recentes descobertas locais (Nakbé) sugerem o surgimento de tribos do Oriente pré-clássico, que teve a capacidade de organização e disponibilidade de mão de obra necessária para projetos de construção de grande escala. Resumidamente, processos que levaram ao desenvolvimento de sociedades complexas nas planícies Maya não são claras. Essa questão aponta problemas significativos, considerando as condições ambientais da região."
"Da mesma forma, não há nenhuma explicação definitiva para o desenvolvimento de um dos mais importantes centros da região, como o Mirador Tikal e mesmo em locais isolados e aparentemente pobre de recursos naturais, em especial de água. No entanto, é claro que os habitantes pré-clássicos das terras baixas de Petén sabia maximizar as condições ecológicas do território que habitavam, que envolvem tecnologias agrícolas suficientes para sustentar populações crescentes.
A busca de explicações para esses processos é um verdadeiro desafio para a pesquisa arqueológica" (TUDO SOBRE OS MAIAS. Disponível em: <www.taringa.net>. Acesso em: 25 nov. 2012).
Organização política
Os Maias se organizavam em pequenas aldeias, que não tinham necessariamente contatos permanentes. O que as uniam eram o aspecto cultural e a necessidade de apoio nos momentos de hostilidades inimigas.
No entanto, já no período clássico, algumas cidades surgiram em meio a floresta, eram centros cerimoniais que poucos habitavam, mas em períodos de culto religioso essas cidades recebiam um número grande de pessoas, que trocavam informações e estabeleciam contatos sociais, como casamentos intertribais. Ainda assim, com essas cidades, a vida dos povos Maias dependia inteiramente dos recursos naturais e do cultivo e colheita de produtos que eles mesmos desenvolveram, como o milho. 
Eram sedentários, no sentido antropológico, e cultivavam primitivamente seus recursos alimentares em meio a floresta. Essa relação com a floresta, que os protegia e provia, gerou um sistema religioso baseado na adoração simples da natureza e de elementos relacionados ao plantio, como sol, chuva, vento, montanhas, água. 
Mas a sociedade Maia foi se tornando mais complexa e, então, surgiu um sistema religioso controlado por sacerdotes, que ocupavam também a liderança política. Os sacerdotes tornaram-se detentores do conhecimento científico e dominaram com esse saber o poder político. “Na época do florescimento da civilização maia, a hierarquia do poder consistia em: governantes sacerdotes, o sacerdote maia (Ah-Kin-maio), o sacerdote (Halach Uinic), chefes e senhores (Bacab) real mordomo do Conselho de Estado, composto de sacerdotes e um principais senhores da guerra (Nacon).” 
Organização econômica
A economia baseava-se na agricultura de subsistência complementada pelo processo de caça e coleta na floresta provedora. No entanto, aos poucos a necessidade de uma produção que gerasse excedentes fez surgir uma atividade agrícola mais complexa e também uma atividade extrativista, que exigia especialização.
Os excedentes eram comercializados com outros povos, o que gerou influências na rede cultural maia, estabelecendo novas necessidades às quais a floresta não era mais capaz de atender. Por isso, no final do período Clássico e principalmente no período Pós-clássico, a cidades maias passaram a ocupar áreas nas margens das florestas.
Os maias usavam canais de irrigação, o que permitia o aumento da produção agrícola. Outras técnicas ampliaram a base produtiva e gerou excedentes para o comércio. Os maias comercializavam produtos como mel, copaíba, algodão, cacau e látex de sapoti.
Religião
O Estado Maia pode ser considerado um Estado teocrático, dada a dimensão que a religião assumia na vida cultural e política desse povo. Os Maias eram politeístas e seus deuses estavam relacionados, como em várias das culturas ameríndias, aos elementos do seu cotidiano. Os principais deuses maias eram Hunab Ku (o criador), Senhor do céu e deus do dia;  Itzamná (filho de Hunab Ku) Chac (deus da chuva, da fertilidade e agricultura); Ah Puch (deus da morte); Kaax Yun (milho deus).
Assim com em outras culturas politeístas, para os maias os deuses não eram necessariamente maus ou bons, suas concessões ou determinações obedeciam aos desígnios de um equilíbrio de forças no ambiente natural. Dessa forma, o respeito à natureza era algo essencial para não alterar esse equilíbrio e, portanto, determinar uma ação negativa dos deuses.
É neste sentido que precisamos entender os sacrifícios. Eles ocorriam no intuito de restabelecer esse equilíbrio e evitar ações violentas dos deuses.
Eram os deuses, assim acreditavam os maias, que guiavam os sacerdotes em suas descobertas, guiavam suas mãos nasintervenções médicas e guiavam a sociedade maia para a supremacia entre todos os povos.
O calendário desenvolvido pelos maias, que tanto atraiu atenções nos últimos tempos pelo prenúncio do fim do mundo, também era estabelecido por um caráter ritualista. Por isso ele foi estabelecido obedecendo a vários ciclos celestiais relacionados aos deuses pelos maias.
Os Astecas
A capital da Confederação Asteca era Tenochtitlán, uma das maiores cidades do mundo na época em que os espanhóis alcançaram suas terras. Alguns estudiosos defendem que Tecochititlán tinha uma população de no mínimo 100 mil, o que equivalia às populações de Paris e Londres, as maiores cidades europeias. A cidade ocupava a região do lago Texcoco, e tanto as suas ilhas quanto suas margens serviram de território aos povos que formavam a confederação asteca.
A concepção urbanística da cidade atendia aos interesses e as dinâmicas de crescimento e desenvolvimento econômico que foram ocorrendo ao longo do tempo. As ilhas foram interligadas por pontes e todos os caminhos levavam à parte central da cidade, onde ficava o centro cerimonial, elemento fundamental na cultura asteca e essencial aos sacerdotes que controlavam o poder naquela sociedade.
Organização econômica
A economia asteca baseava-se na agricultura e na produção de manufaturas. O processo de comércio era feito por escambo com outras sociedades. No entanto é preciso observar que cada área conquistada pelos astecas passava a obedecer um rígido controle produtivo. Os excedentes dessas áreas conquistadas eram dados como tributo aos astecas.
Os principais gêneros agrícolas produzidos pelos astecas eram milho, fumo, pimenta, frutas e agave.
Organização cultural
Os povos denominados astecas eram bastante desenvolvidos culturalmente. Eles utilizavam de pictogramas e hieróglifos para estabelecer seus registros e mensagens. A riqueza de detalhes desses elementos pictóricos nos dão diversas pistas sobre o comportamento cultural desse povo religioso e conquistador.
Era um povo politeísta que acreditava que o mundo tinha sido criado e destruído quatro vezes e somente na quinta vez é que os deuses se ocuparam de produzir uma terra perfeita, os céus se abriram e os homens e mulheres puderam ocupar e povoar a terra.
Eles tinham muitos deuses:
Coatlicue, a deusa da terra.
Huitzilopochtli, o deus da guerra. Ele aparece frequentemente na poesia Ipalnemoani (para quem nós vivemos), a força suprema.
Xochipill era o deus das flores, amor, fertilidade e sexo ilícito; sua esposa, a deusa Xochiquetzal, era protetora da prostituição (que era lícito).
Tlazolteotl era a deusa do prazer, sensualidade, fertilidade e fecundidade. Ela protegeu as parturientes, feiticeiras, parteiras relacionadas com o mundo dos homens amorosos e atividade sexual intensa. Cada fenômeno atmosférico também foi associado com um deus -  para Tlaloc,  chuvas;  Ehecatl Quetzalcoatl, ventos.
Grande parte do embasamento religioso desse povo vinha do conhecimento da astronomia. Uma ciência bastante desenvolvida entre as grandes sociedades mesoamericanas.
O Calendário Asteca
Foi uma das ciências mais desenvolvidas pelos astecas. Compreendia a observação, com grande precisão, das revoluções do sol, da lua, Vênus e, talvez, de Marte. As estrelas eram agrupadas em constelações. Conheciam a existência de cometas, a frequência de eclipses do sol e da lua, e criaram um calendário complexo. Esse conhecimento permitiu também desenvolver o conhecimento da meteorologia e prever geadas ou estabelecer as características dos ventos predominantes.
Medicina
A astronomia não era única ciência desenvolvida. A medicina também apresentava um elevado grau de desenvolvimento. O conhecimento da natureza, das plantas e minerais permitiu aos astecas encontrar a cura para algumas das enfermidades que os afligiam. 
Os sacrifícios humanos, de caráter sagrado (incluindo a remoção do coração e do desmembramento do corpo), permitiu o conhecimento de anatomia humana e compreensão de diversas doenças que afetavam os órgãos humanos. Sabiam consolidar fraturas, cuidavam de picadas de cobra e corrigiam problemas dentários. Embora a medicina fosse praticada por homens e mulheres, somente as mulheres eram autorizadas a empreender partos.
A medicina estava intimamente ligada à magia.
Arquitetura e arte
A capacidade de manusear metais e o desenvolvimento de técnicas apuradas de moldagem levou os astecas a desenvolver a ourivesaria. Brilhantes trabalhos de joalheiros e ourives podem ser observados nas lindas peças que foram encontradas por arqueólogos. Foi esse ouro que encantou os espanhóis quando chegaram aqui. Mas as artes visuais contavam também com belíssimas esculturas, sempre relacionadas a temas religiosos e ao poder asteca, e pinturas realizadas em paredes ou em objetos decorativos que demonstram a riqueza dessa cultura.
Sociedade
	Imperador, Guerreiros e Sacerdotes
	Ricos Comerciantes
	Artesãos, agricultores, Funcionários Públicos, etc
O imperador asteca tinha poder ilimitado que cobria todas as coisas e todas as pessoas. Ao lado dele, os guerreiros e sacerdotes eram o grupo social mais poderoso. Os guerreiros eram o principal apoio do imperador e permitiu a criação de um poderoso império, mas politicamente isolado.
O único grupo social intermediário era formado pelos ricos comerciantes da capital que conseguiram adquirir sua riqueza através das trocas comerciais. Seu prestígio era obtido em festas que organizavam e oferecendo um de seus escravos como uma vítima de um sacrifício ritual (coisa tão rara quanto cara).
A maioria da população era composta por artesãos, agricultores, funcionários públicos etc., que foram organizados em grupos de parentesco chamados calpulli.
Havia escravos que eram utilizados para o trabalho agrícola, de transportes, comércio e serviço doméstico. Alguns eram escravos temporários, ficavam nessa condição até pagar uma dívida ou uma condenação. Outros eram prisioneiros de guerra que poderiam ser sacrificados a Huitzilopochtli.
Os Incas
Os Incas eram líderes do maior império americano. Perto do fim do século XIV, o império começou a expandir de seu território inicial, na região de Cuzco, para a região sul da Cordilheira dos Andes da América do Sul . Isso terminou brutalmente com a invasão espanhola liderada por Francisco Pizarro em 1532.
No momento de sua rendição, o império, que controlou uma população estimada de 12 milhões de pessoas, o que representa hoje o Peru, Equador e muito do Chile, Bolívia e Argentina, viu sua cultura sucumbir diante da supremacia militar espanhola e de táticas e estratégias de guerra que sua cultura não admitiria.
Os Incas chamaram seu território Tawantinsuyu, que em quíchua, a língua inca, significa quatro partes. Uma terra de diversos terrenos e climas marcada, que incluiu uma tira grande do deserto ao longo da costa, intercalada com ricos vales irrigados, picos elevados e profundos vales férteis dos Andes, e os picos das montanhas da floresta tropical para o leste. 
A palavra Inca designava o líder desse povo e Cuzco era a capital do império. No entanto, o termo também foi utilizado para nomear todas as pessoas incluídas no Tawantinsuyu, mas isso não é correto. 
A origem
Os povos Proto-incas viviam na região norte do que hoje é a Argentina. As disputas tribais entre grupos indígenas diferentes levou esses grupos a percorrer uma longa distância, fazendo inúmeras trocas culturais com outros grupos ao longo de alguns séculos. Quando alcançaram as altas montanhas dos Andes peruanos, encontraram o sítio protegido que almejavam.
Os incas construíram estradas que ligavam os pontos mais remotos a Cuzco, construíram cidades, centros de observação astronômicos, templos. Eles ampliaram sua rede de domínio conquistando novos povos, subjugando inimigos, estabelecendo relações de proteção a grupos menores. Todos os que faziam parte do Império Inca deveriam pagar tributos, que poderiam ser em espécie ou em trabalho, a Mita.
Cultura  - fortaleza de Sacsayhuaman
O quíchuaera a língua oficial falada na maioria das comunidades até a chegada dos espanhóis, mas pelo menos 20 dialetos locais remanesceram em algumas partes do império.
Os Incas desenvolveram um estilo altamente funcional da arquitetura pública que era notável para a sua engenharia avançada e trabalho de pedra fina. A planta das cidades foi baseada em um sistema das avenidas principais cruzadas pelas ruas menores convergentes em uma praça rodeada de edifícios municipais e templos. 
Cultura  - Machu Picchu - observatório astronômico Inca
Para a construção de monumentos de grande porte, como a grande fortaleza de Snacsayhuama, perto de Cuzco, enormes blocos poligonais estavam reunidos com precisão extraordinária.
Em regiões montanhosas, como a espetacular cidade dos Andes, localizada no Machu Picchu, a arquitetura dos Incas refletiu adaptações frequentemente engenhosas de relevo natural.
Religião
	Inca Imperador
	Atus, Panakas (governadores de suyus) e famílias nobres
	Tukiquqs e Wakas Incas (Governadores de províncias) e sacerdotes incas
	Kurakas e Wakas (chefes tribais) e demais sacerdotes
	Altos Funcionários como o Kipukamayoq (Fazedor de Kipuks)
	Ayllus (povo)
	Yanas (escravos)
A religião do estado foi baseada na adoração dos imperadores.
Os Incas eram considerados descendentes do deus Sol e adorados como deuses. O ouro, símbolo do deus Sol, foi explorado para o uso de líderes e membros da elite, não como moeda, mas para roupas, decoração e rituais. A religião dominou toda a estrutura política. Do Templo do Sol, no centro de Cuzco, nós poderíamos extrair uma linha imaginária para os lugares de culto de diferentes classes sociais na cidade.
Práticas religiosas consistiram em inquéritos de oráculos, sacrifícios como oferendas, transes religiosos e confissões públicas. O ciclo anual de festas religiosas foi regulado pelo calendário Inca, extremamente preciso e no ano agrícola.
Aula 3 – Os Europeus na Améria: A Cruz, a Espada e a Fome
O século XV foi marcado pela definição de novas rotas marítimas que interligaram de forma mais rápida os continentes. Os portugueses, através do seu forte investimento e da instituição da Escola de Sagres, conseguiram romper com os limites que a tecnologia os impunha, dobraram o Cabo das Tormentas, renomeado para Boa Esperança, e chegaram à Índia.
A navegação passou a ser a alternativa para o comércio das potências Ibéricas. Voltadas para o Atlântico, Portugal e Espanha buscaram no Oceano os caminhos para alimentar a sua burguesia de produtos exóticos e interessantes do ponto de vista comercial, mas, em uma época que as rotas comerciais, mares e territórios podiam ser controlados por potências militares, descobrir novas rotas e dominar novos territórios era uma necessidade política e econômica.
Com os italianos dominando o mar Mediterrâneo, os portugueses controlando as rotas africanas para as Índias, os espanhóis precisavam encontrar uma alternativa. A proposta de Cristóvão Colombo de chegar à Índia rumando a oeste foi inicialmente recebida com desconfiança e rejeição. A Igreja Católica, que tinha grande poder na época, chegou a acusar Colombo de heresia, pois este defendia que era possível circundar a Terra através dos oceanos. No fim, prevaleceram os interesses econômicos da burguesia espanhola e da própria Coroa. Avaliaram que o custo era pequeno diante do potencial econômico que a definição de uma rota marítima para a Índia poderia gerar.
Colombo não chegou à Índia, embora inicialmente acreditasse que estivesse lá. Ele chegou em um novo continente, em um território completamente desconhecido dos europeus. Encontrou por estas terras culturas diferentes de todas as que eram de conhecimento na Europa. E o mais importante: Colombo encontrou ouro sendo utilizado pelas tribos da ilha de Santo Domingo e de Cuba. Além do ouro, encontrou árvores, frutas e outros elementos naturais que interessaram à burguesia espanhola.
A partir das descobertas de Colombo, a Coroa espanhola junto com a burguesia de Sevilha, principalmente, de Córdoba, de Madri, estabeleceu a empresa colonial. Constituiu-se um sistema que estimulava a conquista, controlava os recursos e exigia vassalagem absoluta dos colonos para com a Coroa hispânica.
Na base desta estrutura, está um conjunto de leis que os historiadores chamam de Pacto Colonial. Na verdade, eram regras determinadas pelas metrópoles para serem obedecidas pelas colônias. As regras variavam de colônia a colônia, mas em sua base estavam três princípios fundamentais:
O Exclusivo Comercial – a colônia só poderia estabelecer relações comerciais com as metrópoles, ficando vedada qualquer troca com países aliados ou não.
Proibição de produção de manufaturas na colônia - com isso, a metrópole garantia um mercado consumidor para seus produtos manufaturados, elemento importante em um modelo comercial exclusivista como o Mercantilismo.
Proibição de produção de gêneros semelhantes aos da metrópole – significa dizer que se um produto agrícola fosse produzido na metrópole não poderia ser produzido na colônia. Esta regra também garantia mercado consumidor aos produtos metropolitanos e ainda garantia total concentração colonial nos produtos agrícolas ou minerais que interessavam ao mercado consumidor europeu.
Estabelecidos os princípios fundamentais da relação entre colônia e metrópole, a Coroa espanhola estimulou a ação de conquista dos novos territórios. Os habitantes originais das terras que interessavam aos espanhóis viram-se obrigados a se defender dos ataques ou aceitar a submissão ao novo conquistador.
É interessante ressaltar que muitos dos povos e sociedades que ocupavam o continente conheciam esta relação de conquistar e ser conquistado por outros grupos mais fortes. Este aspecto não diminui o caráter violento e torpe da conquista espanhola na América. 
Outro aspecto relevante deste processo está relacionado à recém-conquista da região de Granada na própria Espanha. As técnicas militares utilizadas para expulsar os Mouros e também os benefícios oferecidos aos comandantes da reconquista foram aplicados com os indígenas no novo mundo.
O período da Conquista é demarcado por historiadores como Romano e Todorov, no período entre a chegada de Colombo e meados do século XVI. O limite foi determinado pelo temor dos espanhóis de que houvesse um despovoamento da América se as guerras de conquista continuassem. As áreas conquistadas até a metade daquele século já rendiam aos colonizadores os benefícios almejados.
A fase da conquista se valeu de uma tríade Espada, Cruz e Fome, muito bem explorada por Pablo Neruda em seu poema Ode à Araucária Araucana. Rugiero Romano e Benito Schmidt também evocam estes três elementos como fatores explicativos do processo de conquista.
Os três elementos combinados foram destrutivos por suas características peculiares:
A espada indica a desproporção militar que havia entre conquistadores e conquistados. Armas de fogo, cavalos, armaduras, armas de aço, cães eram alguns dos instrumentos de guerra dos hispânicos. Além disso, as estratégias de guerra dos europeus eram infinitamente mais eficientes do que as das sociedades americanas. Do outro lado, os indígenas contavam com arcos e flechas, tacapes, boleadeiras e setas venenosas, mas também havia o pavor dos cães e cavalos usado pelos espanhóis.
A cruz é um tanto autoexplicativa. A presença de padres juntos com os espanhóis, com a missão estrita de catequizar as tribos e sociedades, facilitava de várias formas o processo de conquista. Ao catequizar, criava-se um conflito cultural entre a tradição e a nova fé e isso fragilizava os povos que viviam o impasse entre respeitar os desígnios de Deus e aceitar a dominação ou combater os invasores com seu Deus cheios de culpas e limites.
A fome por sua vez não era apenas a falta de alimentos para o corpo, mas também alimentos para a alma. Era a fome de utilizar a terra de acordo com a sua cultura, de cultuar seus deuses, de respeitar a natureza sua principal fornecedora de alimentos. Era afome também de alimentos, porque a exigência do trabalho compulsório nas haciendas limitava o tempo para produção de alimentos para subsistência dos ameríndios.
O trabalho da conquista foi estimulado pela distribuição de títulos que geravam altos lucros aos aventureiros que se dispunham a desbravar as terras ocupadas por sociedades que variavam em seu nível de organização e capacidade de lutar. Os desbravadores recebiam o título de adelantados. Um título de outorga de poder, comum nas guerras de reconquista da Península Ibérica, este benefício dava ao conquistador o direito de administrar as riquezas das terras por ele conquistada, inclusive dava a ele controle sobre a mão de obra.
O período denominado de conquista pode ser dividido em três partes, segundo Benito Bisso Schmidt:
No primeiro momento, os colonos se basearam na exploração das Antilhas (1492-1519).
O segundo momento é o da conquista do México, quando Hermán Cortés submeteu Montezuma II, utilizando-se de uma estratégia de guerra perversa, mas eficaz.
O terceiro momento foi o da conquista do Império incaico por Pizarro, Almagro e Luque.
O grande interesse dos conquistadores na primeira fase da conquista era o ouro de aluvião que ocorria nos rios das ilhas antilhanas. Sua grande vantagem era, sem dúvida, contar com uma grande força de trabalho oriunda das tribos conquistadas pelo poder da espada e da fé.
Mas a produção aurífera com bateias nas beiras dos rios aos poucos foi se tornando desvantajosa e, por outro lado, as doenças trazidas pelos conquistadores e as guerras ainda empreendidas foram eliminando o potencial de mão de obra que aquela região oferecia. Esta situação passou a gerar inúmeros problemas potenciais para a própria empresa colonial.
Para tentar resolver o problema de mão de obra, a Coroa espanhola estabeleceu o sistema de encomiendas, no qual um espanhol recebia o título de encomendero e administrava a utilização da força de trabalho indígena nas haciendas (unidades produtivas da colônia espanhola). Este sistema era baseado na lógica do pagamento de tributos com a força de trabalho. Cada indígena era obrigado a trabalhar para os espanhóis durante quatro meses no ano, e ao encomendero cabia determinar quem trabalharia e em qual unidade produtiva.
Este modelo gerou uma lógica extremamente corrupta e nociva, pois o encomendero cobrava dos fazendeiros para destinar um número maior para ele ou cobrava dos chefes tribais para não requisitar nenhum dos seus indígenas. Isso redundou na exploração exacerbada dos indígenas. Muitos se ocupavam por mais de quatro meses em condições similares ao tratamento dado aos escravos no Brasil. Alguns colonizadores como o Bispo Bartolomeu de Las Casas passaram a criticar veementemente o sistema de encomienda.
As críticas de Las Casas foram contundentes. Sua pregação em defesa dos indígenas, demonstrando que o próprio sistema corria o risco de falir se não houvesse medidas para estancar a morte de indígenas, que Romano calcula entre 1/2 e 2/3, acabou surtindo efeito, pois, a partir delas, foram criadas as Leyes Nuevas, em 1542. Estas leis deram limites a exploração da mão de obra indígena e ao processo de conquista.
A conquista do México com a vitória de Cortés sobre os Astecas foi um momento crucial para o estabelecimento da colônia espanhola. A grande Confederação Asteca tinha muita força econômica e militar no território mexicano, vencê-los era crucial para aprofundar o processo de domínio sobre o continente.
Esta vitória não foi fácil e demandou muita cautela e estratégia do seu comandante. Cortés buscou conhecer os Astecas, saber sobre sua cultura, seus inimigos, suas táticas e estratégias. A partir deste conhecimento, conseguiu submeter Montezuma II ao seu comendo, mas as vaidades e os interesses dos conquistadores fez com que o governador de Cuba tentasse derrubar Cortés.
Cortés deixou Tenochtitlán para combater Pánfilo de Narvaéz, que saiu vitorioso, mas quando retornou à capital Asteca viu a desordem estabelecida. Alvarado, homem que Cortés havia deixado no comando, tentou submeter os astecas à força e estes mataram Montezuma II, a quem não reconheciam mais como líder, e expulsaram os espanhóis.
Cortéz se refugiou em Cuba, aliou-se a inimigos dos Astecas e retornou a Tenochtitlán para derrotar definitivamente o poderio Asteca. Ele sabiamente utilizou os próprios indígenas para combater aquele poder e depois governou a região recebendo o título de governador da Nova Espanha.
O outro grande Império sucumbiu na terceira fase da conquista, quando os espanhóis passaram a ter interesse na parte ao sul do istmo do Panamá. A partir de 1524, a Coroa espanhola financia diversas expedições à região andina. O objetivo era prospectar novas fontes de riqueza a serem exploradas. Uma destas expedições, a mais importante, foi liderada por Pizarro, Luque e Almagro, que tinham respectivamente as funções de diretiva militar, logística e financiamento da missão.
A tríade se aproveitou da crise vivida pelo Império Inca com a morte de Huayna Cápac, o inca. Como as regras sucessórias não eram definidas, os dois herdeiros, Huáscar e Atahualpa, passaram a lutar pelo direito de assumir o trono. Os espanhóis se aliaram a Huáscar que foi morto, depois sequestraram e mataram Atahualpa. Pizarro, então, avançou com suas tropas até Cuzco e dominou aos poucos todo o império Inca.
Foi a mais importante vitória do período da conquista, pois, com o domínio do império Inca, veio junto a maior jazida de prata já descoberta no mundo. Os espanhóis exploraram prata naquela região por mais de 300 anos e até hoje há empresas explorando prata naquela região.
Sistema de Exploração da Mão de Obra
Para se aproveitar do imenso potencial de mão de obra que existia, tentando evitar o despovoamento das terras coloniais por um modelo de exploração do trabalho aviltante e dizimador, a Coroa espanhola criou o sistema da encomienda, já explicado anteriormente, mas o sistema só resultou em algo positivo para o modelo colonial, durante algum tempo, porque veio combinado com a estrutura da corveia.
Desse modo, o encomendero era na verdade um beneficiário do sistema de tributos característico da Idade Média. 
No entanto, no novo mundo estes tributos receberam o Cuatequil na região anteriormente dominada pelos Astecas e Mita nas áreas dominadas pelos Incas.
Nomes de tributos originários destas regiões, a mita e cuatequil foram desvirtuados pelos espanhóis para atender aos seus interesses. Eram tributos de cunho eminentemente religioso antes da chegada dos espanhóis e só eram cobrados na entressafra. Já com os espanhóis não existia conotação religiosa.
Aula 4 – Sistema Colonial Espanhol
Para começar, consideraremos as explicações geralmente propostas para a vitória fulgurante de Cortez. Uma primeira razão é o comportamento ambíguo, hesitante e até mesmo melancólico, bastante próprio de Montezuma, que não opõe a Cortez quase nenhuma resistência (fato relacionado à primeira fase da conquista, até a morte dele).
Este comportamento talvez tenha, além de motivos culturais, razões pessoais. É importante ressaltar que em vários aspectos este comportamento difere dos demais dirigentes astecas. Tendo os espanhóis chegado à sua capital, o comportamento de Montezuma é ainda mais singular. Não somente se deixa prender por Cortez e seus homens, como também, uma vez preso, só se preocupa em evitar qualquer derramamento de sangue.
Diante dos inimigos, prefere não usar seu imenso poder, como se não tivesse certeza de querer vencer; como diz Gomara, capelão e biógrafo de Cortez: “Nossos espanhóis nunca puderam saber a verdade, porque na época não compreendiam a língua, e depois já não vivia nenhuma pessoa com quem Montezuma pudesse ter compartilhado seu segredo”.
A conquista da América começa logo após o descobrimento, em 1492, tendo início com a ocupação das Antilhas, seguida do Império Asteca (por Hernan Cortez em 1521) e do Império Inca (por Francisco Pizarro em 1533).
Durante a conquista, funcionava o sistema de adelantado, ouseja, o Rei concedia um título (de adelantado) aos conquistadores que empreendessem expedições com meios privados e que se convertiam em representantes da Coroa no território que conquistassem, com a garantia de poderes civis e militares a todos os particulares que empreendessem a conquista.
Após a conquista e dominação, os espanhóis adotaram posturas diferentes em relação às sociedades já estabelecidas na América. As sociedades encontradas podiam ser divididas em três grupos, a saber:
	Caçadores e coletores
	Interessavam-lhes apenas os grupos que pudessem ser úteis aos seus objetivos, dessa forma, os grupos de caçadores e coletores, que não se enquadravam no sistema colonial que pretendiam implantar, foram descartados (exterminados ou, quando não, expulsos da área que ocupavam), resguardando-se os grupos que dominavam a agricultura e os Impérios estabelecidos, após serem impiedosamente combatidos e subjugados, posto que possuíam estruturas sociais e políticas aproveitáveis para exploração comercial. Notadamente no caso dos Astecas e Incas, foram aproveitadas as relações de trabalho previamente existentes.
	Agricultores sedentários
	
	Impérios e Cidades-Estado
	
Mesmo promovendo a destruição da cultura dos povos dominados, Cortez relata que as maravilhas que vê são as maiores do mundo, senão vejamos: “Não há nenhum príncipe conhecido no mundo que possua coisas de tal qualidade”; “No mundo todo não se poderia tecer vestimentas como essas, nem feitas com cores naturais tão numerosas e tão variadas, nem tão bem trabalhadas”; “Os templos são tão bem construídos, que não se poderia fazer melhor em parte alguma. Tão finamente executados em ouro e prata que não há joalheiro no mundo capaz de fazer melhor” e “Essa cidade – do México - é a coisa mais bela do mundo”. (das crônicas de Bernal Díaz del Castillo, citado por Todorov).
A descoberta da América por Cristóvão Colombo faz parte do processo de expansão do capitalismo europeu. O comércio, renascido em fins da Idade Média e desenvolvido no interior da Europa entre as cidades italianas e flamengas, foi deslocado, no século XIV, para o litoral atlântico.
Assim, a busca de novos caminhos para atingir o Oriente, terra encarada como fonte de riquezas, passou a constituir uma questão de sobrevivência. Era necessário enfrentar o Atlântico, explorá-lo, buscando saídas, e para financiar um empreendimento desse porte era condição prévia a existência de Estados Nacionais com poder político centralizado e recursos financeiros volumosos. Portugal e Espanha formaram os primeiros Estados Nacionais. Estavam, portanto, aptos para liderar o expansionismo marítimo e, levados pela necessidade, assim procederam.
Sociedades Americanas – Diversidade
Os espanhóis encontraram diferentes tipos de sociedades durante o processo de conquista da América. Elas apresentavam tipos de organização social, política e econômica diferentes e, para cada uma, adotaram uma forma própria de dominação.
Caçadores e coletores - A economia da caça e coleta exigia uma grande extensão de terra. Eram nômades, pois as aldeias ou povoações permanentes não eram viáveis. Os grupos eram forçados a migrar, sempre que a disponibilidade local de alimentos começasse a se escassear. As coisas que podiam possuir eram poucas e limitadas ao que pudesse ser transportado de um lugar para outro. As habitações, geralmente consistiam de simples barracas, tendas, ou cabanas rústicas feitas de folhas e cascas de plantas ou de peles secas dos animais caçados. Os grupos sociais nunca podiam ser grandes, já que apenas um número limitado de pessoas podia conviver, sem esgotar rapidamente os recursos alimentares da região.
Agricultores sedentários - Grupos que residiam permanentemente numa área definida à volta de uma aldeia, um acampamento permanente ou numa área limitada. Praticavam agricultura comunal e possuíam alguns animais para complementar a atividade agrícola.
Impérios e Cidades-Estado - Os Incas, que possuíam um vasto exército, um hierarquizado sistema administrativo e técnicas próprias de produção, viviam em impérios centralizados, assim como os Astecas, enquanto os Maias viviam em Cidades-Estado independentes.
A Economia nas Colônias Espanholas: a Mineração como Núcleo da Economia Colonial
Passado o período da conquista, subjugados os nativos, os europeus montaram sua estrutura de exploração nas Américas. Embora semelhante em muitos aspectos, algumas diferenças foram se estabelecendo nas diversas áreas de colonização. 
A dominação espanhola estabelece-se tendo por base a extração de mineral, secundada por uma agricultura de subsistência e de um complexo comercial que permitia a chegada dos minerais à Espanha e dos produtos europeus à América colonial.
Ao longo dos primeiros duzentos anos de dominação colonial, os espanhóis desenvolveram um setor mineiro que permitiu a manutenção da economia metropolitana e da posição internacional espanhola em meio às demais nações da Europa Ocidental. As primeiras descobertas ocorreram no México e no Peru, no curto período de vinte anos (1545-65). Os territórios necessitavam de grande quantidade de mão de obra indígena que, recrutada por sorteio, era encaminhada periodicamente às minas, retornando a seguir às comunidades de origem para ser substituída por novos contingentes requisitados de igual maneira. Os horrores desse tipo de mão de obra forçada (mitas) constituem uma vasta literatura de exploração.
A mita era prática dos Incas (e dos Astecas, chamada de Cuatequil), que consistia no trabalho forçado das aldeias durante quatro meses, com o benefício revertido ao Estado. Os espanhóis se aproveitaram deste esquema na mineração, assumindo o antigo papel representado pelos estados indígenas.
A Encomienda era uma concessão feita pelo Rei da Espanha e empreendedores particulares, que tinham o direito de exigir das aldeias indígenas prestação de serviços sem remuneração, sobretudo na agricultura. A escravidão de negros africanos foi praticada especialmente na agricultura de produtos tropicais nas Antilhas.
A Economia nas Colônias Espanholas: Monopólio
Como já vimos anteriormente, dentro da lógica mercantilista, os Estados absolutistas estabeleceram o monopólio do comércio colonial, concretizado na regulação do tráfico e na política fiscalista da Coroa e na ação de poucos comerciantes concessionários, permitindo que a metrópole vendesse caro seus produtos à população das colônias e comprasse barato as exportações americanas.
O monopólio foi, portanto, um dos veículos de acumulação de capital comercial na Europa nos tempos modernos. O Estado espanhol manteve esse monopólio até o século XVIII, quando, após a derrota na Guerra de Sucessão (1701 – 1713), assina o tratado de Utretch, permitindo à Inglaterra comerciar com as colônias hispânicas (navio de permiso – autorização à Inglaterra para enviar um navio por ano com capacidade de carga de 500 toneladas para comerciar com as colônias espanholas e asiento - permissão dada pelo governo espanhol para outros países para vender as pessoas como escravos para as colônias espanholas).
Ordenamento Social na América Espanhola
Divisão étnica como elemento de divisão de classes: 
Chapetones – Brancos nascidos na Espanha que monopolizavam os altos cargos da administração, da Igreja, da Justiça e das forças militares coloniais.
Criollos – Brancos nascidos na América, com descendentes nascidos na Europa. Formavam a verdadeira elite econômica, proprietários de terras e de minas. Eram impedidos de atuar no comércio externo e ocupavam cargos inferiores nas instâncias burocráticas, militares e religiosas da colônia.
Mestiços – Originários da miscigenação entre brancos e índios que ocupavam funções intermediárias, tais como de artesão, capataz e pequenos negócios.
Negros – Eram mais comum nas colônias das Antilhas, sendo a maioria escravos.
Indígenas – Os mais numerosos na sociedade. Não podiam ser legalmente escravizados, tendo seu trabalho explorado através da mita e da encomienda.
Estrutura Administrativa: a Casade Contratação
O principal órgão administrativo referente à colônia foi de natureza econômica, a Casa de Contratación de las Índias, fundada em 1503, em Sevilha, destinada a fomentar e regular o comércio e a navegação com os novos territórios.
Sevilha era o centro comercial da região mais rica da Espanha e possuía a população, as facilidades portuárias e uma organização financeira necessárias para desenvolver um novo comércio. Importante artéria do comércio interno, o rio Gaudalquivir, possibilitava boa comunicação com o interior. Os carregamentos que chegavam das Índias, além de valiosos, exigiam um eficiente sistema de vendas. Por outro lado, vinho, farinha e azeite eram as cargas exportadas de Sevilha, cujo porto estava menos exposto ao inimigo. O metal precioso, de suma importância para a Coroa, na Casa de Contratação em Sevilha estava relativamente seguro. Logo, a escolha de Sevilha para a Capital administrativa das Índias foi lógica e natural.
A Casa não era uma organização dedicada ao comércio, mas ao seu controle. O comércio cabia exclusivamente a particulares. Teve, inicialmente, as funções de uma alfândega, examinando as cargas e as importações e exportações, bem como recolhendo os tributos, especialmente os que iam para a Coroa. Registrava os passageiros que saíam para as Índias e era também responsável pelo controle técnico: armava e aprovisionava os navios que navegavam por conta da Coroa e inspecionava os navios particulares, antes de zarparem, para assegurar-se de que estavam em condições de navegabilidade.
A Economia nas Colônias Espanholas: o Conselho das Índias
Na terceira década do século XVI, tendo a Espanha se tornado a maior potência da Europa, o poder real, que começara a se afirmar, promove uma série de mudança no setor administrativo, com tendência claramente centralizadora, como manifestação de sua afirmação. O interesse da realeza era recuperar cada vez mais os seus poderes para arrecadar com mais eficiência as rendas dos novos territórios ultramarinos.
A Coroa passou, então, a implantar um complexo aparelho administrativo e fiscal. O poder político passou dos conquistadores para os funcionários da máquina estatal, pagos pelo erário régio. A autoridade suprema para todas as questões coloniais, em Madri, era o Conselho das Índias. Inicialmente, após o retorno de Colombo de sua segunda viagem, a Rainha Isabel escolheu alguns membros do Conselho de Castela, para sob a direção de seu capelão Juan Rodríguez de Fonseca, gerir os assuntos americanos.
A Economia nas Colônias Espanholas: Vice-Reinos
Representantes diretos do Rei da Espanha. Responsáveis por comandar os exércitos coloniais, controlar armas, fiscalizar a conversão dos índios, com poderes para intervir em todos os assuntos da colônia.
O cargo político mais importante nos territórios ultramarinos espanhóis era o de vice-rei, que recebia uma alta remuneração. Entretanto, não podia, entre outras coisas, tornar-se independente do controle da metrópole, nem tampouco dispor do dinheiro público por sua própria autoridade.
Tinham os poderes limitados apenas pelas Audiências (tribunal de apelação de estrutura colegiada - principal órgão de justiça de Castela, criado por Henrique II em 1369.) e pelos Juízes de Visitação, mandados da Europa para fiscalizar a administração. Em 1535, foi criado o Vice-reino de Nova Espanha, abrangendo o México e parte da América Central; em 1544, o Vice-reino do Peru, englobando boa parte da América do Sul espanhola (atuais Bolívia, Peru, Equador, Paraguai e Argentina). Quanto à sua formação, o vice-rei podia ser advogado, eclesiástico ou um militar aristocrata.
O seu poder era grande: exercia o cargo de governador da província pertencente à sua capital, presidia à audiência do vice-reino e era também capitán general. Ao vice-rei não cabiam atribuições jurídicas ou administrativas concretas. Como representante do poder real, ele dispunha de uma autoridade política geral e sua esfera de influência foi delineada inicialmente para o México e para Lima. O Império colonial não estava dividido em dois vice-reinos representando entidades administrativas fechadas em si.
Os poderes e atribuições do vice-rei eram regulados pela Coroa: as nomeações para as sedes episcopais e a organização de tropas pagas para repelir uma invasão, por exemplo, tinham de ter a prévia aprovação do rei. Além disso, ele era vigiado e, de certo modo, contido pelos juízes de audiência e, como os demais funcionários, deveria ser submetido a uma residência, ou seja, uma investigação judicial quanto ao desempenho de seu cargo, ao final de seu mandato. Na prática, o poder do vice-rei dependia de sua habilidade.
A Economia nas Colônias Espanholas: as Audiências
Antes mesmo da criação do primeiro vice-reino, um importante passo na organização administrativa das colônias havia sido dado pela metrópole, com a criação em 1511 da audiência de Santo Domingo. Um tribunal de apelação de estrutura colegiada, a audiência era um tribunal composto por juízes profissionais, os oidores, que tinham formação jurídica e seguiam o direito civil geral. Foi um instrumento eficaz de controle das autoridades representantes da Coroa contra o abuso de poder. Embora fosse uma instância de caráter exclusivamente jurídico, desempenhou um papel altamente político durante a história colonial.
A Economia nas Colônias Espanholas: Cabildos
Eram as corporações municipais (câmaras), que eram responsáveis pelos assuntos legislativos e judiciários locais. Composto pela elite dos criollos.
Veja, estamos falando de uma importante instituição. Os cabildos eram uma importante instituição de autogoverno na colônia, que futuramente centralizariam os movimentos de independência.
Aula 5 – O Trabalho Compulsório na América Ibérica
Estrutura do Sistema Produtivo do Sistema Colonial Ibérico
As necessidades que abarcavam o sistema produtivo ibérico, notadamente o hispânico, não se limitavam à mão de obra. Os trabalhadores precisavam de alojamentos, armazéns, igrejas, tavernas. Por sua vez, as minas precisavam de escoras para os poços, de alvenaria, de cabrestantes, de escadas e de grande quantidade de couro. 
Necessitava-se, igualmente, de mulas e cavalos, nas cidades e nas minas, para transportes das barras para os locais de cunhagem e portos de exportação, para o transporte de produtos das plantações e das estâncias e para o carregamento das mercadorias europeias que aportavam ao litoral e que eram requisitadas pelos centros de mineração (utensílios de ferro e aço, artigos de luxo e, acima de tudo, o mercúrio, utilizado na amalgamação da prata a partir dos minérios brutos).
A mineração criou, igualmente, um mercado interno voltado para o consumo da produção colonial de têxteis de lã e algodão elaborados por artesãos individuais. Apesar das proibições, essa produção artesanal expandiu-se bastante já que os atacadistas importadores-exportadores manipulavam com exclusividade as lãs e sedas de excelente qualidade e altos preços fornecidos pela Europa Ocidental ou Extremo Oriente.
Os espanhóis necessitaram de setenta e oito anos para ocupar o território que viria a se tornar o seu império na América. Levaram duzentos anos em tentativas e erros para estabelecer os elementos de uma economia colonial vinculada à Espanha e, através desta, à Europa Ocidental. Por volta de 1700, esses elementos, que compunham a estrutura do seu sistema produtivo, eram os seguintes:
1 – Uma série de enclaves (territórios) de mineração, no México e no Peru;
2 - áreas de agricultura e pecuária situadas na periferia dos enclaves de mineração e voltadas para o fornecimento de gêneros alimentícios e matérias-primas; 
3 – um sistema comercial planejado para permitir o escoamento da prata e do ouro (em espécie ou em lingotes) para a Espanha que, de posse dessa riqueza, adquiria os artigos produzidos na Europa Ocidental e escoados através de portos espanhóis para as colônias americanas.
Em se tratando de América portuguesa, a colonização por meio de agricultura tropical, como a inaugurarampioneiramente os súditos da Coroa, aparece como solução inicial através da qual se tornou possível valorizar economicamente as terras descobertas, e dessa forma garantir-lhes a posse (pelo povoamento); ou, em outros termos, de enquadrar as novas áreas no esforço de recuperação e expansão econômica que se vinha empreendendo, diferente, como já vimos, da América espanhola, onde a mineração é que permitirá o ajustamento das condições americanas aos estímulos da economia europeia, mas o caráter da empresa é evidentemente idêntico.
O sistema de colonização que a política econômica mercantilista visa desenvolver tem em mira os mesmos fins mais gerais do mercantilismo e a eles se subordina. Por isso, a primeira preocupação dos Estados Colonizadores será de resguardar a área de seu império colonial face às demais potências; a administração se fará a partir da metrópole, e a preocupação fiscal dominará todo o mecanismo administrativo. Mas a espinha dorsal do sistema, seu elemento definidor, reside no monopólio do comércio colonial.
Em torno da preservação desse privilégio, assumido inteiramente pelo Estado, ou reservado à classe mercantil da metrópole ou parte dela, é que gira toda a política do sistema colonial. E aqui reaparece o caráter de exploração mercantil, que a colonização incorporou na expansão comercial, da qual foi um desdobramento.
O Monopólio do Comércio das colônias pela metrópole define o sistema colonial porque é através dele que as colônias preenchem a sua função histórica. Isto é, respondem aos estímulos que lhe deram origem, que formam a sua razão de ser, enfim, que lhes dão sentido. 
E, realmente, reservando a si com exclusividade a aquisição de produtos coloniais, a burguesia mercantil metropolitana  pode forçar a baixa de seus preços até o mínimo além do qual a produção se tornaria antieconômica; a revenda na metrópole ou em outro lugar a preço de mercado cria uma margem de lucro apropriada pelos mercadores intermediários.
A colonização agrícola no Brasil já se inicia dentro da estrutura monopolista do sistema colonial. O princípio já tinha se fixado nas experiências anteriores, e derivava das próprias condições histórico-econômicas em que se processara a expansão marítima. Alguns setores da exploração da América portuguesa reservam-se diretamente à Coroa (pau-brasil e sal, por exemplo), são os “estancos”.
No mais, o grande comércio açucareiro fica dentro do monopólio da classe mercantil portuguesa. O período 
de domínio espanhol (1580-1640 – União ibérica) assinala mesmo um enrijecimento do regime. Após a restauração (1640), as mudanças da dinastia bragantina face ao equilíbrio europeu obrigaram-na a algumas concessões, todavia, sempre se buscava contornar algumas das cessões consignadas nos tratados. 
Por outro lado, num esforço para revigorar o comércio ultramarino português e inspirando-se no êxito da experiência holandesa, a política colonial lusitana se orienta para o regime das companhias de comércio (Cia. Geral do Comércio do Brasil – 1649), que representam um fortalecimento do regime monopolista.
Encomienda (1509)
Primeira forma institucionalizada de uso de trabalho indígena. Nesse sistema, o rei espanhol, na figura de seus administradores, concedia uma permissão à figura de um encomendero. Este, por sua vez, poderia utilizar-se da mão de obra de toda uma comunidade indígena, podendo exigir-lhes trabalho (encomienda de serviços) e gêneros (encomienda de tributos).
Em troca, o encomendero era obrigado a oferecer a catequização a todos os indígenas postos sob a sua responsabilidade. Desenvolveu-se durante a segunda década do século XVI, em substituição à escravidão, ou como um compromisso oficial entre a escravidão extrema praticada pelos primeiros colonos e o sistema de trabalho livre, teoricamente aprovado pela Coroa.
O encomendero não poderia tomar as terras das comunidades indígenas e a sua concessão era repassada somente às duas gerações seguintes. Apesar dessas restrições, o sistema de encomienda também foi marcado pelo abuso e a exploração intensa das populações nativas. Uma das maiores provas da violência e imposição dos espanhóis pode ser observada no rápido processo de dizimação das várias comunidades indígenas americanas.
A encomienda proporcionou o enriquecimento de muitos conquistadores e primeiros colonizadores, tendo sido a base das primeiras fortunas coloniais. Hernan Cortes, por exemplo, utilizou-se de uma encomienda (400 índios) para extrair ouro, construir estaleiros e barcos e manter soldados nas terras recém-descobertas. Ainda que não houvesse conexão legal entre esse sistema e propriedade de terra, ao menos nas zonas mais importantes do império, a relação era clara.
Para barrar a catástrofe demográfica e os ímpetos senhoriais dos encomienderos, em1542 foram promulgadas as Leyes Nuevas (novas leis), proibindo a escravidão indígena. Essas leis retiravam das autoridades civis e eclesiásticas as encomiendas que possuíam, impediam a concessão de novas, além de proibir sua hereditariedade. Em 1549, proibiu-se a prestação de serviços dos índios aos encomenderos, mantendo-se a obrigação de tributos. Na segunda metade do século XVI, a instituição de encomienda foi sendo progressivamente abandonada no México (1570) e no Peru, persistindo por muito tempo em áreas periféricas como o Paraguai, Tucumán, Chile, Yucatán, inclusive com o direito de prestação de trabalho.
Repartimiento (de índios) – Prestações compulsórias e rotativas de trabalho.
Substituiu a encomienda, ainda que esta tenha subsistido ao seu lado por algum tempo. Era um sistema já conhecido pelas populações indígenas antes exploradas pelo império inca (mita) e asteca (cuatéquil).
Esse tipo de sistema era administrado através de um sorteio onde os índios selecionados deveriam trabalhar compulsoriamente durante certo tempo. Em geral, os indígenas eram submetidos às realizações de tarefas desgastantes em um ambiente bastante adverso. Ao fim da jornada, os índios recebiam uma compensação financeira de baixo valor.
Cada comunidade deveria fornecer um número proporcional à sua população de homens adultos que trabalhariam periodicamente nas empresas coloniais (minas, haciendas e serviços públicos) em troca de um jornal diário (o que se recebia por uma jornada), retornando depois à sua aldeia.
Os trabalhadores eram designados pela autoridade comunal indígena, que os entregava a um “juiz repartidor” espanhol, que, por sua vez, os distribuía entre os colonos espanhóis. Este cargo passou a ser disputado por criollos pobres, pois oferecia uma forma de enriquecimento: índios e comunidades subornavam os juízes para obter isenções do trabalho, e os hacendados espanhóis da mesma forma, para obterem um maior número de trabalhadores ou para que fossem ignorados alongamentos da temporada laboral ou as condições adversas de trabalho.
A vigência do repartimiento de índios significou a vinculação definitiva da população indígena ao processo econômico comandado pelos espanhóis, em condições de dominação e exploração crescentes.
No período anterior à conquista e durante o da encomienda, o indígena produzia seus meios de subsistência e o excedente imposto por seus dominadores, geralmente no mesmo espaço e sob as mesmas condições de produção. 
Com o repartimiento houve uma cisão: a produção dos meios de subsistência continuou a ser efetuada nas terras comunais, enquanto o trabalho excedente era realizado fora delas, sob condições de produção distintas, em atividades especializadas da economia espanhola (mineração, agricultura e pecuária), com meios de produção e comandos alheios à comunidade. Eram os funcionários espanhóis, e não mais as autoridades indígenas, que fixavam os tempos do trabalho compulsório, suas condições de execução, o salário e a divisão dos trabalhadores.
O novo sistema se apresentava mais vantajoso para a Coroa e para muitos colonos: sua consequência imediata seria o afastamento dos índios do controle arbitrário dos encomenderos, diminuindo sua riqueza e poder político que, de certa forma,interessava à Coroa. O novo sistema também colocava os índios à disposição do crescente número de espanhóis que chegavam ao Novo Mundo (em 1570 apenas 4 mil dos 23 mil espanhóis possuíam encomiendas).
Com o auxílio de cerca de 400 homens, 17 cavalos, 10 canhões e algumas armas de fogo, Cortez consegue com muita facilidade dominar o império asteca que contava com um exército estimado em 500 mil homens.
Hacienda
Largamente praticada, foi um sistema que consistia no endividamento de trabalhadores, afim de retê-los na propriedade. A relação é amplamente conhecida como peonaje, na qual o trabalhador recebia como salário um crédito na tienda de raya (onde retirava alimentos, roupas etc), além de um lote mínimo de subsistência. Suas contas eram manipuladas pelo hacendado de modo a tornar insolvente a dívida do peão, que ficava obrigado a pagá-la com trabalho. Enfim, muitos índios se dirigiam voluntariamente para as haciendas, sobretudo no século XVII, a fim de escaparem do repartimiento, dispondo-se a trabalhar gratuitamente para os fazendeiros em troca de um exíguo lote de subsistência.
Introdução do Escravismo Africano no Sistema Colonial Ibérico
Na colonização espanhola, os escravos africanos passaram a ser um recurso estratégico no processo por serem vistos ao mesmo tempo como mais confiáveis, resistentes e flexíveis que a população nativa, e capazes de serem levados para pontos fracos do sistema imperial. No entanto, a permissão para sua entrada foi dada com cautela, e mesmo assim em pequeno número, já que havia sempre o risco de que exacerbassem a situação instável e delicada das primeiras décadas.
Conheça o contexto histórico  do escravismo. Passe o mouse sobre os pontos no cenário  e confira as informações.
Até o ano de 1550, só estava registrada a importação de cerca de 15.000 escravos africanos pela América espanhola. Alguns africanos acompanharam as expedições iniciais de conquista, na comitiva dos principais conquistadores. Os primeiros escravos africanos levados para o Novo Mundo vinham quase sempre das Ilhas Canárias, ou da própria Península Ibérica, por isso, sabiam falar espanhol e já haviam adaptado suas habilidades à sociedade colonial.
Em 1510 foi permitida a exportação de 250 escravos de Lisboa, e em 1518 foi preparado o primeiro asiento (tratado ou acordo  através do qual um grupo de comerciantes recebia da coroa espanhola uma rota comercial ou o monopólio de um produto) para o comércio de escravos. 
Estes eram admitidos por meio de uma licença, pela qual pagava-se uma taxa. Além disso, judeus, mouros, estrangeiros e hereges – na verdade, todos que não eram súditos de Castela ou não tinham o sangue puro – estavam formalmente excluído das Índias.
É bem possível que houvesse contrabando de escravos, já que os comerciantes portugueses vendiam-nos a preço mais baixo que os asientistas oficiais. Escravos africanos eram usados como criados, pedreiros, carpinteiros, coureiros, lavadeiras e cozinheiras, além de seu emprego nas plantations e obrajes, ou oficinas têxteis, nas quais predominava a mão de obra indígena.
Bartolomé de Las Casas, o dominicano que lutou contra os maus- tratos impostos aos índios, achou aceitável a escravidão de africanos em seu período inicial, e propôs num texto de 1516 que os colonos tivessem permissão de utilizar africanos em vez de índios, como reação ao impacto completamente destrutivo da exploração, pelos colonos espanhóis, daqueles que lhes haviam sido confiados, retratando de maneira impressionante a ganância, a rapacidade sexual e a arrogância do encomendero. 
A situação dos africanos lhe parecia diferente, eles sobreviviam às condições de vida nas ilhas tão bem ou melhor que os espanhóis. Eram tratados como criados, mais estimados porque sabiam como cuidar de si mesmos e, por extensão, como cuidar de seus donos.
Muito distantes de sua terra natal, eram vistos pelos colonos como mais dignos de confiança do que os índios, considerados desleais e traiçoeiros; alguns deles conquistaram a alforria e mesmo algum modesto cargo oficial.
Mas na década de 1520, quando grupos africanos foram submetidos ao duro trabalho na bateia de ouro ou nos engenhos de açúcar, houve relatos de que eles também foram levados à revolta ou à fuga.
Las Casas reveria suas opiniões sobre a aceitação da escravidão africana quando grande número desses escravos ficou disponível e foi submetido aos trabalhos mais pesados. Essa mudança de opinião representou em parte um aprofundamento de sua hostilidade em relação aos colonizadores. No fim de sua vida, escreveu que se arrependia amargamente de ter recomendado a importação de mais escravos africanos, e não tinha certeza se Deus o perdoaria por isso.
Escravidão
“A escravidão africana e o comércio atlântico de escravos acabaram dando uma contribuição expressiva para a fórmula imperial espanhola. A introdução de escravos africanos no novo mundo tinha dois aspectos positivos principais: Em primeiro lugar a venda de licenças para a entrada de africanos gerava dinheiro para o tesouro real, sempre uma preocupação importante. Em segundo lugar ajudava o poder colonizador a fornecer mão de obra aos centros urbanos e aos novos empreendimentos, numa época em que a população nativa já tinha sido dizimada”.(BLACKBURN, 2003, p.166).
A taxa de importação de africanos aumentou com o decorrer do século, porque não havia escravos índios disponíveis nos principais centros e também porque os colonos espanhóis tinham dinheiro para comprá-los. Como as autoridades foram lentas em sua reação, corsários e intrusos ingleses e franceses passaram a contrabandear escravos em meados do século.
É importante registrar que apesar da redução assustadora do tamanho das populações indígenas, elas ainda representavam uma ameaça potencial aos conquistadores. Além disso, durante um período considerável, suas instituições preservaram a vitalidade. 
Apesar de diferente da escravidão negra adotada no Brasil, a exploração do trabalho indígena também é tratada por muitos historiadores como escravismo. Porém o termo predominante nos livros de história é trabalho compulsório. Já o trabalho negro adotado em Cuba e nos países da América do Sul espanhola se assemelha muito ao trabalho escravo do Brasil, ao contrário do trabalho escravo negro adotado no sul dos Estados Unidos, onde os escravos eram bem tratados, incentivados a formar famílias, a se reproduzirem, como forma de reposição de mão de obra, sem que houvesse grande miscigenação de raças.
Nas Colônias, o Escravismo como Fator de Produção Agrícola em Grande Escala
Nas colônias onde não foi possível se dedicar imediatamente à mineração dos metais nobres, como na América espanhola, a colonização se especializaria na produção de produtos agrícolas tropicais. Dentre eles, o açúcar ocupava no início do século XVI uma posição excepcional no mercado europeu.
Cultivado nas ilhas atlânticas portuguesas, comercializado nas praças flamengas, a sua procura crescia na medida em que, por um lado, se desalojavam antigos centros de ofertas (produção siciliana), e, por outro, em função da elevação geral do nível de renda da população europeia nesta fase de desenvolvimento.
Além disso, a comercialização nas praças flamengas assegura à distribuição do produto os recursos das mais adiantadas técnicas de negócios da época.
A cultura da cana e o fabrico do açúcar nas regiões quentes e úmidas do Brasil tropical apresentam-se, assim, na quarta década do século XVI, como uma solução que permitia ao mesmo tempo valorizar economicamente a extensa colônia, integrando-a nas linhas do grande comércio europeu, e promover o seu povoamento e ocupação  efetiva, facilitando a sua defesa ante a concorrência colonial das grandes potências.
É assim que, com a instituição das donatárias, se inicia na América portuguesa as cessões territoriais (os donatários, além da porção de que se apropriavam, podiam e deviam ceder terras em nome do rei – as “seismarias”) com vistas a implantação da cultura canavieira e manufatura do açúcar para o mercado europeu.O Mercado
A produção para o mercado europeu posteriormente se desdobrará nos outros produtos tropicais (tabaco, algodão etc.) em toda a América colonial (portuguesa, espanhola, inglesa, francesa); mas será sempre em torno deste tipo de produção – ou da mineração – que se desenvolverá a economia colonial.
A especialização da economia colonial em produtos complementares à produção europeia e seu caráter “monocultor” se inserem na mesma lógica da época mercantilista, e deriva das condições histórico-econômicas em que se estabeleceu.
A maneira de se produzir os produtos coloniais fica subordinada ao sentido geral do sistema, isto é, a produção devia se organizar de modo a possibilitar aos empresários metropolitanos ampla margem de lucratividade, o que obviamente impunha a implantação, nas colônias, de regimes de trabalho necessariamente compulsórios, semi-servis ou propriamente escravistas.
Escravismo, tráfico negreiro, formas variadas de servidão formam portanto o eixo em torno do qual se estrutura a vida econômica e social do mundo ultramarino valorizado para o mercantilismo europeu. A estrutura agrária fundada no latifúndio se vincula ao escravismo e através dele às linhas gerais do sistema. 
A grande demanda estabelecida de mercado para a produção só encontra rentabilidade, efetivamente, se organizada em grandes empresas. Daí também decorre o atraso tecnológico e o caráter predatório que assume a economia da colônia. A sociedade se divide em grupos sociais, em castas incomunicáveis, com os privilégios da camada dominante juridicamente definidos, que é a estrutura fundamental do sistema de colonização da época mercantilista.
O Brasil-Colônia se encaixa com exatidão no quadro representativo do antigo sistema colonial e, pode-se dizer, o representa de forma exemplar. 
Assim, observando os movimentos históricos dos três séculos de nossa formação colonial é possível enxergar seus desdobramentos até os dias atuais.

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