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PODER EXECUTIVO 2017

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PODER EXECUTIVO
O Poder Executivo no Brasil, conforme estabelece o art. 76, CF/88, é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. Nesse sentido, podemos afirmar que a CF consagra a figura, segundo Duverger, de um executivo monocrático, na medida em que as funções de chefe de Estado e chefe de Governo são exercidas por um só indivíduo, no caso, o Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. 
EXECUTIVOS ESTADUAL, MUNICIPAL E DISTRITAL No âmbito estadual, o Poder Executivo é exercido pelo Governados de Estado, auxiliados pelos Secretários, que será substituído, em caso de vaga pelo Vice-Governador, com ele eleito. A eleição de governador e vice será realizada no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno e no último domingo de outubro em segundo turno, se houver, do ano anterior ao termino do mandato. A posse ocorrerá em 1º de janeiro do ano subseqüente (art. 28 - simetria do art. 77).
O mandato é de 4 anos, permitindo-se reeleição para um único período subsequente (art. 14, §5º). 
A perda de mandato sós era ressalvada nos casos previstos no art. 38.
O subsídio de governador e vice e dos seus secretários serão fixados por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, observado os arts. 37, XI; 39, §4º.
No âmbito distrital, as eleições corresponderão com a dos governadores estaduais e o mandato será a regra dos 4 anos, com reeleição por um único período subsequente (art. 32, §2º).
No âmbito municipal, as regras são estabelecidas pelo art. 29, I a III.
Para Territórios, a nomeação do governador se dará por ato do PR, após aprovação do SF (art. 33, §3º, 84, XIV, e 52, III.
O art. 84 da CF atribui ao Presidente da República competências privativas, tanto de natureza de chefe de Estado (incisos VII, VIII e XIX), como de chefe de Governo (incisos I a VI; IX a XVIII e XX a XXVII).
As atribuições conferidas ao Presidente da República estão taxativamente previstas no art. 84? Não. O rol do art 84 é meramente exemplificativo, pois, conforme estabelece o seu inciso XXVII, compete privativamente ao Presidente da República exercer, não só as atribuições definidas nos incisos precedentes, como outras previstas na CF. São delegáveis as atribuições dos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, PGR e AGU.
PODER REGULAMENTAR Dada a sua extrema importância, passamos a analisar o inciso IV que atribui competência privativa ao Presidente da República para sancionar, promulgar e fazer publicar leis, bem como expedir decretos e regulamentos para a sua fiel execução. Trata-se de Poder Regulamentar que se perfaz através de Decretos Regulamentares. Como regra geral, o Presidente da República materializa as competências do art. 84 através de decretos. É o instrumento através do qual se manifesta. No tocante às leis, algumas são auto-executáveis. Outras precisam de regulamento para que seja dado fiel cumprimento aos seus preceitos. Para tanto, são expedidos os decretos regulamentares. Ponto tormentoso é saber se poderiam existir decretos regulamentares autônomos, independentes de Lei preexistente? Sabe-se que o conteúdo e amplitude do regulamento devem sempre estar definidos em Lei, subordinando-se aos preceitos desta última. Quando o regulamento extrapolar a lei, padecerá de vício de legalidade, podendo inclusive, o Congresso Nacional, nos termos do art. 49, V, CF, sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar, eis que padecem de um vício de legalidade.
Isso porque, ao contrário da lei, fonte primária do direito, o regulamento se caracteriza como fonte secundária. Outro entendimento feriria os princípios da legalidade (art. 5º, II), bem como o da separação dos poderes (art. 2º, elevado a categoria de cláusulas pétreas, art. 60, §4º), na medida em que a expedição de normas gerais e abstratas é função típica do legislativo. Quando o constituinte originário atribui função atípica de natureza legislativa ao executivo, o faz de modo expresso, como se percebe, por exemplo, no art. 62 (medidas provisórias). Importante observar que o STF firmou entendimento no sentido de que não cabe ação direta de inconstitucionalidade contra norma reguladora de lei que é atacada por ir além do disposto na lei regulamentada ou contra ela, porquanto nesse caso se está diante de questão de ilegalidade e não de inconstitucionalidade (ADI 1866-DF). Apesar do entendimento de grande parte da doutrina, manifestando-se pela inexistência de acolhida constitucional dos decretos autônomos, o STF assim se manifestou em um julgado:
Ementa: Ação direta de inconstitucionalidade: objeto: tem-se objeto idôneo à ação direta da inconstitucionalidade quando o decreto impugnado não é de caráter regulamentar de lei, mas constitui ato normativo que pretende derivar o seu conteúdo diretamente da constituição (ADInMC 1590/SP)
CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE As condições de elegibilidade previstas na CF para os cargos de Presidente e Vice são: 
 ser brasileiro nato 
	art. 12, § 3°, I: privativos de brasileiro nato os cargos: (...) de Presidente e Vice-Presidente da República. 
estar em pleno exercício dos direitos políticos (art. 14, §3°, II) 
 alistamento Eleitoral (art. 14, § 3°, III) 
 domicílio Eleitoral na Circunscrição (art. 14, § 3°, IV) 
 filiação partidária (arts. 14, § 3°, V e 77, §2°) 
 idade mínima de 35 anos (art. 14, § 3°, VI, a) 
 não ser inalistável nem analfabeto (art. 14, § 4°) 
 não ser inelegível nos termos do art. 14, § 7°: 
PROCESSO ELEITORAL As regras para eleições de Presidente da República e Vice estão previstas no art. 77 da CF/88.
Não haverá segundo turno se o candidato à presidência for eleito em 1º turno com maioria absoluta de votos, não computados em branco e nulos. Na hipótese de não se alcançar essa maioria absoluta, parte-se para segundo turno, com eleição a ser realizada no último domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato, concorrendo os 2 candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos. 
Havendo necessidade de realização de segundo turno, se antes de realizado ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação. Nesta última hipótese, havendo empate em segundo lugar, ou seja, se dentre os remanescentes empatarem dois com a mesma votação, o mais idoso será o eleito. Eleitos o Presidente e vice tomarão posse em sessão do CN, prestando compromisso (art 78).
O mandato do PR é de 4 anos, com inicio em 1º de janeiro do ano seguinte ao de sua eleição (art. 82). Como vimos, é possível reeleição nos termos do art. 14, §5º.
O Presidente da República será sucedido pelo Vice-Presidente no caso de vaga, ou substituído, no caso de impedimento (art. 79).
A vacância nos dá uma ideia de impossibilidade definitiva para a assunção do cargo (cassação, renúncia ou morte), enquanto a substituição é temporária (férias, doença, viagem). Assim, tanto na vacância, como no impedimento, o Vice-presidente assumirá o cargo, no caso de vacância, até o final do mandato e, no caso de impedimento, enquanto este durar, eis que é o sucessor e o substituto natural do PR. O Vice-presidente também exerce outras atribuições que lhe forem conferidas por LC e auxilia o PR sempre que for convocado em missões especiais. Somente no caso de vacância ou impedimento do Presidente e do Vice é que assumirão o cargo (também na situação do §único do art. 78, em que o PR e vice não assumem os cargos), SEMPRE TEMPORARIAMENTE e na seguinte ordem (art. 80): 
- Presidente da Câmara dos Deputados; 
- Presidente do Senado Federal; 
- e o Presidente do STF.
São os chamados substitutos eventuais ou legais, que são convocados quando do impedimento do PR e vice e exercem a função de forma temporária, enquanto durar o impedimento. E como funciona a sucessão no Município? As leis orgânicas municipais prevêem a chamada do Presidente da Câmara Municipal e, em muitos casos, do vice, pois o Tribunal existente em municípios e deorganização e manutenção dos Estados. Devemos, no entanto, observar o seguinte: a) Vacância nos dois primeiros anos do mandato: Eleição direta, pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, noventa dias depois de aberta a última vaga; b) Vacância nos dois últimos anos do mandato: Eleição indireta, portanto, realizada pelo Congresso Nacional, trinta dias depois da última vaga. Trata-se de exceção à regra do art. 14, caput, só permitida na medida em que introduzida pelo Poder Constituinte Originário.
Quando a vacância for definitiva, deve-se observar a regra do art. 81
Se a vacância dos 2 cargos se der nos 2 primeiros anos do mandato far-se-á eleições 90 dias depois de aberta a última vaga. Trata-se de eleição direta, pelo sufrágio universal e voto direto, secreto, com valor igual para todos. Mas se a vacância de ser nos 2 últimos anos do mandato a eleição será feita 30 dias depois da última vaga, pelo CN, de forma indireta (exceção do art. 14 caput). Observe-se que os eleitos apenas complementam o mandato de seus antecessores.
O art. 83 demonstra a necessidade de se manter o comando do executivo, observando-se a regra de substituição temporária já vista. MINISTROS DE ESTADO Dirigem os Ministérios e são escolhidos pelo Presidente da República, que os nomeia, podendo ser demitidos (exonerados) a qualquer tempo, ad nutum, não tendo qualquer estabilidade (art. 84, I). Tratam-se de auxiliares do PR na direção superior da administração federal.
a) Requisitos: art. 87
- ser brasileiro, nato ou naturalizado (exceto o cargo de Ministro da Defesa, que deverá ser preenchido por brasileiro nato, na forma do art. 12, § 3°, VII, CF; 
- ter mais de 21 anos de idade; 
- estar no exercício dos direitos políticos. 
b) Atribuições: incisos do art. 87
OBS: Trata, o inciso I, do referendo ministerial dos atos (como as leis, medidas provisórias etc.) e decretos (não só os regulamentares, como os inominados) assinados pelo Presidente da República. Michel Temer entende que se os atos e decretos presidenciais não forem referendados pelos Ministros de Estado serão nulos. Já José Afonso da Silva entende que, mesmo sem o aludido referendo, os atos serão válidos e terão eficácia. Entende este último que, em caso de discordância (e, portanto, falta de referendo), o máximo que pode acontecer é a demissão do Ministro, a pedido ou não. Pedro Lenza concorda com Michel Temer, pois defende que existe expressa previsão legal definida pelo Poder Constituinte Originário. 
c) Responsabilidade e juízo competente para processar e julgar os Ministros de Estado. Os Ministros de Estado cometem crime de responsabilidade nas seguintes situações: 
- quando convocados pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal ou qualquer de suas comissões, para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado e inerentes às suas atribuições e deixarem de comparecer, salvo justificação adequada (art. 50, §§1º e 2º e 58, §2º, III ). 
- quando a mesa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal encaminharem pedidos escritos de informação aos Ministros de Estado e estes se recusarem a fornecê-las, não atenderem o pedido de trinta dias, ou prestarem informações falsas (art. 50, §2º).
- quando praticarem crimes de responsabilidade conexos e da mesma natureza com os crimes de responsabilidade praticados pelo Presidente da República (art. 52). 
No caso de crime de responsabilidade praticado sem qualquer conexão com o Presidente da República e nos crimes comuns, os Ministros de Estado serão processados e julgados pelo STF, nos exatos termos do art. 102, I, c.
Na hipótese de crime de responsabilidade conexos com o Presidente da República o órgão julgador será Senado Federal, nos termos do art. 52, I e parágrafo único, CF.
Conselho da República É o órgão superior de consulta do Presidente da República sendo que suas manifestações NÃO vincularão, em hipótese alguma, os atos do Presidente da República. É presidido e convocado pelo Presidente da República e é composto pelos membros mencionados no art. 89.
OBS: É interessante notar, nos exatos termos do art. 90, § 1º, que o Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar da pauta questão relacionada com o respectivo ministério.
Competência: art. 90
Conselho de Defesa Nacional É órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do estado democrático. Também é presidido e convocado pelo Presidente da República e dele participam as pessoas elencadas no art. 91, CF:.
Crimes de Responsabilidade (art. 86 CF) Os detentores dos altos cargos públicos poderão praticar, além dos crimes comuns, os crimes de responsabilidade, vale dizer, infrações político-administrativas (crimes, portanto, de natureza política), submetendo-se ao processo de impeachment. A primeira constituição brasileira a prever o crime de responsabilidade foi a CF de 1891, influenciada pelo modelo norte-americano. A CF/88 prevê o crime de responsabilidade em seu art. 85.
A Lei n. 1.079/50, estabelecendo normas de processo e julgamento, foi em grande parte recepcionada pela CF/88, recentemente alterada pela lei 10.028/00, que ampliou o rol das infrações político-administrativas, notadamente em relação aos crimes contra a lei orçamentária. Esta última Lei, permitiu, outrossim, empregando a expressão “ação penal” e impondo o rito da Lei n. 8038/90, o oferecimento da denúncia por qualquer cidadão, inovação esta, segundo o Prof Damásio, marcada pelo vício de inconstitucionalidade, em total afronta ao art. 129, I, da CF, devendo ocupar, segundo o grande mestre, o seu lugar de destaque no “museu das imperfeições legislativas”.
Poderão ser responsabilizados politicamente e destituídos de seus cargos através do processo de impeachment: 
a) Presidente da República (art. 52,I, CF); 
b) Vice-Presidente da República (art. 52,I, CF); 
c) Ministros de Estado nos crimes conexos com aqueles praticados pelo Presidente da República (art. 52,I, CF); 
d) Ministros do STF (art. 52,II, CF); 
e) Membros do CNJ e do CNMP (art. 52,II, CF); 
f) Procurador Geral da República (art. 52,II, CF); 
g) Advogado Geral da União (art. 52,II, CF); 
h) Governadores; 
i) Prefeitos (art. 31) 
OBS: Existem, segundo o Prof Damásio, crimes de responsabilidade próprios (em sentido estrito, propriamente ditos), previstos no CP (arts. 312 a 326, 150, § 2°, 300, 301, etc) e em legislação especial (decreto-lei 201/67 e Lei 4898/65), bem como os crimes de responsabilidade impróprios (não são crimes, mas infrações político-administrativas), previstos nas Leis 1079/50 e 7106/83. Dessa forma, é claro que outras autoridades, além das elencadas no art. 52, CF, cometem crime de responsabilidade. No entanto, trata-se dos de natureza própria (natureza de crime) seguindo as regras do CPP ou legislação especial. O processo de impeachment definido na CF para o Presidente da República, seguindo as regras procedimentais descritas na Lei 1079/50 é bifásico, ou seja, composto de uma fase preambular denominada juízo de admissibilidade do processo na Câmara dos Deputados e por uma fase final, onde ocorrerá o processo propriamente dito e o julgamento, no Senado Federal. 
1ª. FASE: Juízo de admissibilidade. Nessa fase, a Câmara dos Deputados declarará procedente (pela maioria qualificada de dois terços) ou não a acusação. Se autorizar a instauração do processo, admitindo a acusação que está sendo imputada ao Presidente, será ele processado e julgado perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
A acusação poderá ser formalizada por qualquer cidadão no pleno gozo dos seus direitos políticos. A partir desse momento, o Presidente da República já passará a figurar na condição de acusado, sendo-lhe, portanto, assegurados o contraditório e a ampla defesa. 2ª. FASE: Havendo autorização da Câmara dos Deputados, o Senado Federal DEVERÁ instaurar o processo sob a Presidência do Presidente do STF, submetendo o Presidenteda República a Julgamento, no Senado, assegurando-lhe as garantias do contraditório e ampla defesa, podendo, ao final, absolvê-lo ou condená-lo pela prática de crime de responsabilidade. José Afonso da Silva entende que não cabe ao Senado decidir se instaura ou não o processo. Quando o texto do art. 86 diz que, admitida a acusação por dois terços da Câmara, será o Presidente submetido a julgamento perante o Senado Federal nos crimes de responsabilidade refoge à sua competência e já fora feito por quem cabia. Lembrar que, instaurado o processo, o Presidente ficará suspenso de suas funções pelo prazo de 180 dias. Se o julgamento não for concluído no aludido prazo, cessará o afastamento do presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
A sentença condenatória materializar-se-á através de resolução do Senado Federal, que somente será proferida por dois terços dos votos, limitando-se a condenação à perda do cargo e inabilitação para o exercício de qualquer função pública (sejam decorrentes de concurso público, de confiança ou de mandato letivo) por oito anos, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis (§único do art. 52).
O ex-presidente Fernando Collor impetrou Mandado de Segurança alegando que a renúncia ao cargo extinguiria o processo de impeachement. O STF, julgando o aludido MS 21689-1, por maioria dos votos, decidiu que a renúncia ao cargo não extingue o processo quando já iniciado. Assim, havendo renúncia ao cargo quando já fora instaurado processo, este deverá seguir até o final, podendo ser aplicada a pena de inabilitação, que é a pena principal (já que a perda do cargo não seria mais possível devido à renúncia). Importante lembrar que o julgamento realizado pelo Senado Federal não poderá ser alterado pelo Judiciário, sob pena de ferir-se o princípio da separação dos poderes. O legislativo realiza julgamento de natureza política, levando-se em consideração critérios de conveniência e oportunidade. Para Michael Temer: “Não nos parece que, tipificada a hipótese de responsabilização, o Senado haja de, necessariamente, impor penas. Pode ocorrer que o Senado Federal considere mais conveniente a manutenção do Presidente no seu cargo”. CRIMES COMUNS As regras procedimentais para o processamento dos crimes comuns estão na Lei 8038/90 e no RISTF, arts. 230 a 246. Da mesma forma como ocorre nos crimes de responsabilidade, também haverá um controle político de admissibilidade, a ser realizado pela Câmara dos Deputados que autorizará ou não o recebimento da denúncia ou queixa-crime pelo STF, através do voto de dois terços de seus membros (art. 86, caput, CF).
OBS: Lembrar que, ao contrário do que ocorre nos crimes de responsabilidade, mesmo que haja autorização pela Câmara, o STF não é obrigado a receber a denúncia ou queixa-crime, sob pena de ferir-se o princípio da tripartição dos poderes. A expressão “crime comum”, conforme posicionamento do STF, abrange todas as modalidades de infrações penais, estendendo-se aos delitos eleitorais, alcançando, até mesmo, os delitos contra a vida e as próprias contravenções penais. Recebida a Denúncia (que é ofertada pelo PGR, nos casos de ação penal pública. Se este não tiver formado sua opinio delicti, deverá requerer o arquivamento do Inquérito policial) ou queixa-crime (ofertada pelo ofendido ou quem, por lei, detenha tal competência, no caso de ação privada), o Presidente ficará suspenso de suas funções pelo prazo de 180 dias. Se o julgamento não for concluído no aludido prazo, cessará o afastamento do presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. OBS: O presidente da República somente poderá ser preso depois que sobrevier sentença penal condenatória.
O art. 86, § 4°, traz regra relativa à Imunidade Presidencial (irresponsabilidade penal relativa).
Assim, o Presidente só poderá ser responsabilizado (entenda-se responsabilidade pela prática de infração penal comum - ilícitos penais) por atos praticados em razão de suas funções (in officio ou propter officio). As infrações praticadas antes do início do mandato ou durante a sua vigência, porém, sem qualquer relação com a função presidencial, não poderão ser objeto da persecutio criminis, que ficará, provisoriamente, inibida, acarretando, logicamente, a suspensão do curso da prescrição. No tocante às infrações de natureza civil, política (crimes de responsabilidade), administrativa, fiscal ou tributária, poderá o Presidente da República ser responsabilizado, pois a imunidade (irresponsabilidade penal relativa) restringe-se apenas à persecutio criminis pela prática de ilícitos penais que não tenham sido praticados in officio ou propter officio. Oferecida a denúncia no STF, havendo autorização da CD e julgando-se procedente o pedido formulado pelo PGR, a condenação aplicada será a prevista no tipo penal e não a perda de cargo (como pena principal, como ocorre no crime de responsabilidade). A perda do cargo ocorrerá por via reflexa, em decorrência da suspensão temporária dos direitos políticos, enquanto durarem os efeitos da sentença criminal condenatória, transitada em julgado. Exceção a essa regra se dará em relação aos parlamentares federais, por força do art. 55, VI e § 2°, cuja perda do mandato será decidida pela câmara dos deputados ou pelo senado federal. Fica claro que, por outro lado, em face do art. 15, III, não poderão disputar novas eleições, enquanto durarem os efeitos da condenação. O que dependerá de manifestação política será a decisão sobre a perda ou não do cargo. Já, para a hipótese do Presidente da República, a perda do cargo será automática, em face da suspensão dos direitos políticos, por força do art. 15, III.
Segundo o STF, as regras de imunidade penal relativa (art. 86, §4º) e à prisão (art. 86, §3º) não se aplicam a governadores e prefeitos, pois se trata de medida legal de competência exclusiva da União, prevista no art. 22, I (direito processual) – ADI 1634-MC e 1020. Também ainda é confuso o posicionamento do STF acerca da necessidade de aceitação prévia do legislativo estadual e municipal para julgamento por impeachment e prisão, aplicando-se a simetria do dispositivo federal (art. 51, I). Isso porque em julgamento ao HC102732 referente à prisão do Governador do DF José Roberto Arruda, em razão de tentar interferir em depoimento de testemunha, o STF entendeu que exigir a prévia autorização legislativa seria blindar as autoridades. Foi vencido o Min. Dias Toffoli. Mas a matéria ainda merece aprofundamento em casos futuros, já que o próprio Min. Gilmar Mendes afirmou dúvidas em seu voto.

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