Buscar

APS 5 PERÍODO OK

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE PAULISTA 
ANDRÉ DO NASCIMENTO PEREIRA
DENYS REIS LEÃO
GESSICA CHAGAS MACÊDO
JAQUELINE ALVES COELHO
MAIANA PEREIRA AGUIAR
MIRIAN KELLE MOREIRA BRITO
PÂMELA CRISTINA MARTINS SILVA
INTERESSE PÚBLICO
GOIÂNIA
2017
ANDRÉ DO NASCIMENTO PEREIRA RA: C64557-5
DENYS REIS LEÃO RA: C700EI-8
GESSICA CHAGAS MACÊDO RA: C608FB-4
JAQUELINE ALVES COELHO RA: C47222A-1
MAIANA PEREIRA AGUIAR RA: C58743- 5
MIRIAN KELLE MOREIRA BRITO RA: C622JC-4
PÂMELA CRISTINA MARTINS SILVA RA: C58065-1
INTERESSE PÚBLICO
 
O Presente Trabalho de pesquisa do curso de Direito da Universidade Paulista Unip, campus Flamboyant, para fins de avaliação das atividades práticas supervisionadas. Sobre Interesse Público. Orientado pelo (a) Prof.ª: Ana Cláudia.
GOIÂNIA 
2017
1. CONCEITO DE INTERESSE PÚBLICO EM TRÊS AUTORES DIFERENTES DE DIREITO ADMINISTRATIVO:
	O interesse público pode ser definido como o corpo central para a política, a democracia e a natureza do próprio governo, pois é o conjunto de interesses em que os indivíduos têm enquanto membros do corpo social. Sendo assim, a realização dos interesses individuais dos sujeitos que integram a sociedade. 
1.1 Celso Antônio Bandeira de Mello 
	O autor define o interesse público como: 
“O interesse público deve ser conceituado como o interesse resultante do conjunto dos interesses que os indivíduos pessoalmente têm quando considerados em sua qualidade de membros da sociedade e pelo simples fato de o serem”.[1: MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 19º edição. Editora Malheiros. São Paulo, 2005, p. 59.]
Para Mello, a lei define o interesse público e o Estado em última análise, realiza esse interesse em sua atividade concreta.
1.2 Hector Jorge Escola
Para Hector Jorge Escola, o interesse público é:
“A noção de bem-estar geral, encontra seu correlato jurídico na ideia de interesse público, a qual pode ser concretizada, sob o fundamento de que existe o interesse público quando, nele, uma maioria de indivíduos, e em definitivo, cada um pode reconhecer e extrair do mesmo interesse individual, pessoal, direto e atual ou potencial. O interesse público assim entendido, é não só a soma de uma maioria de interesses coincidentes, pessoais, diretos e atuais ou eventuais, mas também é o resultado de um interesse emergente da existência da vida em comunidade, no qual a maioria dos indivíduos reconhece um interesse próprio e direto”.[2: ESCOLA, Hector Jorge. El Interés Público Como Fundamento Del Derecho Administrativo. 1989:31 APUD PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Discricionariedade Administrativa na Constituição de 1988. 2º edição. Editora Atlas. São Paulo, 2007. p.215]
1.3 Maria Sylvia Zanella Di Pietro
	Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ao tratar-se de interesse público, definiu-se as seguintes:
“As normas de direito público, embora protejam reflexamente o interesse individual, tem o objetivo primordial de atender ao interesse público, ao bem-estar coletivo. Além disso, pode-se dizer que o direto público somente começou a se desenvolver quando, depois de superados o primado do Direito Civil e o individualismo que tomou conta dos vários setores da ciência, inclusive a do Direito, substituem-se a ideia do homem com o fim único do direto pelo princípio que hoje serve de fundamento para todo o direito público e que vincula a Administração em todas as suas decisões, sejam elas: o de que os interesses públicos têm supremacia sobre os individuais.”[3: PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo. 19ª edição. Editora Atlas. São Paulo, 2006, pag. 69]
2. JULGADOS QUE TRATAM DA QUESTÃO DO INTERESSE PÚBLICO EM SITUAÇÕES DIVERSAS DAQUELA ABORDADA PELO JULGADO EM DISCUSSÃO.
2.1 STJ - Agravo Regimental no Agravo em Recurso Especial AgRg no AREsp 418351 PE 2013/0358485-1 (STJ). 
Data de publicação: 15/04/2014 
Ementa: PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. TEORIA DA CAUSA MADURA. CONTRATO ADMINISTRATIVO. RESCISÃO CONTRATUAL UNILATERAL. PRINCÍPIOS DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO, LEGALIDADE E MORALIDADE. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO DEMONSTRADA. ALÍNEA A. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO DE LEI FEDERAL VIOLADO. SÚMULA 284/STF. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO A FUNDAMENTO AUTÔNOMO. SÚMULA 283/STF. REEXAME DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INVIABILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 
1. Hipótese em que o Tribunal a quo, afastando a litispendência e aplicando a Teoria da Causa Madura, consignou que não foi demonstrada a nulidade decorrente da rescisão contratual do contrato administrativo celebrado entre os agravantes e o município agravado, uma vez que foram observados os princípios do contraditório e da ampla defesa, e que houve fundamentação na decisão. 
2. O Tribunal de origem julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, tal como lhe foi apresentada. Não é o órgão julgador obrigado a rebater, um a um, todos os argumentos trazidos pelas partes em defesa da tese que apresentaram. Deve apenas enfrentar a demanda, observando as questões relevantes e imprescindíveis à sua resolução. 
3. Quanto à alegação de que houve ofensa à coisa julgada administrativa, o STJ entende ser inviável o Recurso Especial, fundado na alínea a do permissivo constitucional, que não especifica quais normas legais foram violadas. Aplicação, por analogia, da Súmula 284/STF. 
4. No que tange à levantada ofensa ao art. 2º, alínea c e parágrafo único, alínea c, da Lei 4717 /1965, aos arts. 77, 78 e 79 da Lei 8666 /1993 e ao art. 475 do CC, a fundamentação utilizada pelo Tribunal a quo para firmar seu convencimento não foi inteiramente atacada pela parte recorrente e, sendo apta, por si só, para manter o decisum combatido, permite aplicar na espécie, por analogia, o óbice da Súmula 283 do STF. 
5. Para modificar o entendimento firmado no acórdão recorrido, seria necessário exceder as razões.[4: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/25055508/agravo-regimental-no-agravo-em-recurso-especial-agrg-no-aresp-418351-pe-2013-0358485-1-stj]
2.2 STF - Recurso Ord. em Mandado de Segurança RMS 28487 DF (STF) 
Data de publicação: 14/03/2013 
Ementa: Constitucional e Administrativo. Recurso ordinário em mandado de segurança. Supremacia do interesse público sobre o privado. Competência normativa conferida à Administração Pública. Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Coeficiente de Adequação de Preço (CAP). Lei nº 10.742 /2003. Resolução nº 4/2006. Tutela constitucional do direito à saúde (art. 196 CF). Recurso ordinário em mandado de segurança não provido. 
1. A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) está prevista na Lei nº 10.742 /03 como órgão técnico necessário à regulação do setor farmacêutico, justificando-se, especialmente, pelas complexidades do mercado de medicamentos. 
2. A amplitude da delegação normativa consiste no fundamento fático-jurídico do exercício do poder regulamentar pela Administração Pública, que deve atuar em consonância com a lei, atendendo à necessidade de regulação do setor farmacêutico e em respeito à dinâmica e às peculiaridades técnicas do mercado de medicamentos. 
3. O percentual de desconto obrigatório e linear nas vendas de determinados medicamentos ao Poder Público, chamado Coeficiente de Adequação de Preço (CAP), opera como fator de ajuste de preços, permitindo, assim, que se chegue ao “Preço Máximo de Venda ao Governo” (PMVG), o que vai ao encontro da reprovação constitucional do aumento arbitrário de lucros (art. 173, § 4º, CF/88).
4. A Constituição Federal de 1988 agrega preocupação social aos princípios gerais da atividade econômica, resultando em legítima atuação do Estado na promoção do acesso universal e igualitário à saúde, direito social garantido pelo art. 196 da Constituição Federal, cuja responsabilidade é partilhada pelo Estado e por toda a sociedade. 
5. Recurso ordinário em mandado de segurança não provido.[5: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23076500/recurso-ord-em-mandado-de-seguranca-rms-28487-df-stf]2.3 STF- Suspensão de Liminar: SL 630 RS
Data de Publicação: 08/08/2012
Ementa: SUSPENSÃO DE SEGURANÇA. ACÓRDÃOS QUE IMPEDIAM A DIVULGAÇÃO, EM SÍTIO ELETRÔNICO OFICIAL, DE INFORMAÇÕES FUNCIONAIS DE SERVIDORES PÚBLICOS, INCLUSIVE A RESPECTIVA REMUNERAÇÃO. DEFERIMENTO DA MEDIDA DE SUSPENSÃO PELO PRESIDENTE DO STF. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO APARENTE DE NORMAS CONSTITUCIONAIS. DIREITO À INFORMAÇÃO DE ATOS ESTATAIS, NELES EMBUTIDA A FOLHA DE PAGAMENTO DE ÓRGÃOS E ENTIDADES PÚBLICAS. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE ADMINISTRATIVA. NÃO RECONHECIMENTO DE VIOLAÇÃO À PRIVACIDADE, INTIMIDADE E SEGURANÇA DE SERVIDOR PÚBLICO. AGRAVOS DESPROVIDOS.
1. Caso em que a situação específica dos servidores públicos é regida pela 1ª parte do inciso XXXIII do art. 5º da Constituição. Sua remuneração bruta, cargos e funções por eles titularizados, órgãos de sua formal lotação, tudo é constitutivo de informação de interesse coletivo ou geral. Expondo-se, portanto, a divulgação oficial. Sem que a intimidade deles, vida privada e segurança pessoal e familiar se encaixem nas exceções de que trata a parte derradeira do mesmo dispositivo constitucional (inciso XXXIII do art. 5º), pois o fato é que não estão em jogo nem a segurança do Estado nem do conjunto da sociedade.
2. Não cabe, no caso, falar de intimidade ou de vida privada, pois os dados objeto da divulgação em causa dizem respeito a agentes públicos enquanto agentes públicos mesmos; ou, na linguagem da própria Constituição, agentes estatais agindo “nessa qualidade” (§6º do art. 37). E quanto à segurança física ou corporal dos servidores, seja pessoal, seja familiarmente, claro que ela resultará um tanto ou quanto fragilizada com a divulgação nominalizada dos dados em debate, mas é um tipo de risco pessoal e familiar que se atenua com a proibição de se revelar o endereço residencial, o CPF e a CI de cada servidor. No mais, é o preço que se paga pela opção por uma carreira pública no seio de um Estado republicano.
3. A prevalência do princípio da publicidade administrativa outra coisa não é senão um dos mais altaneiros modos de concretizar a República enquanto forma de governo. Se, por um lado, há um necessário modo republicano de administrar o Estado brasileiro, de outra parte é a cidadania mesma que tem o direito de ver o seu Estado republicanamente administrado. O “como” se administra a coisa pública a preponderar sobre o “quem” administra – falaria Norberto Bobbio -, e o fato é que esse modo público de gerir a máquina estatal é elemento conceitual da nossa República. O olho e a pálpebra da nossa fisionomia constitucional republicana.
4. A negativa de prevalência do princípio da publicidade administrativa implicaria, no caso, inadmissível situação de grave lesão à ordem pública. 
5. Agravos Regimentais desprovidos.”
7. No mesmo tom, transcrevo algumas passagens da decisão do Ministro Gilmar Mendes na referida SS 3.902, in verbis:
 “(...) Nesse sentido, a Constituição abriu novas perspectivas para o exercício ampliado do controle social da atuação do Estado, com destacada contribuição da imprensa livre, de organizações não-governamentais e da atuação individualizada de cada cidadão.
Ao mesmo tempo, os novos processos tecnológicos oportunizaram um aumento gradativo e impressionante da informatização e compartilhamento de informações dos órgãos estatais, que passaram, em grande medida, a serem divulgados na Internet, não só como meio de concretização das determinações constitucionais de publicidade, informação e transparência, mas também como propulsão de maior eficiência administrativa no atendimento aos cidadãos e de diminuição dos custos na prestação de serviços.
(…) No caso, entendo que, quanto às decisões liminares que determinaram a suspensão da divulgação da remuneração bruta mensal vinculada ao nome de cada servidor municipal, em sítio eletrônico na Internet denominado “De Olho nas Contas”, de domínio da municipalidade, está devidamente demonstrada a ocorrência de grave lesão à ordem pública.
À semelhança da legislação federal existente sobre o tema, a legislação municipal (fls. 122-126), em princípio, abriu margem para a concretização da política de gestão transparente da Administração Pública, possibilitando maior eficiência e ampliação do controle social e oficial dos gastos municipais.
Nesse sentido, as ações judiciais que suspendem a divulgação de parte das informações disponíveis no sítio eletrônico da municipalidade, com a manutenção de dados de apenas alguns servidores em detrimento de outros, acabam por tornar inócua a finalidade, o controle e a exatidão das informações prestadas pela Administração ao cidadão em geral, com evidente prejuízo para a ordem pública.
Ao mesmo tempo, a remuneração bruta mensal dos servidores públicos em geral é vinculada ao princípio da legalidade estrita, ou seja, trata-se de gasto do Poder Público que deve guardar correspondência com a previsão legal, com o teto remuneratório do serviço público e, em termos globais, com as metas de responsabilidade fiscal.
(…) Entretanto, no presente momento, diante das considerações acima expostas, entendo que as decisões impugnadas geram grave lesão à ordem pública, por impedir a publicidade dos gastos estatais relacionados à remuneração mensal dos servidores públicos, com violação da regular ordem administrativa e com efeitos negativos para o exercício consistente do controle oficial e social de parte dos gastos públicos.
Ademais, também está presente a probabilidade de concretização do denominado “efeito multiplicador” (SS 1.836-AgR/RJ, rel. Min. Carlos Velloso, Plenário, unânime, DJ 11.10.2001), ante a possibilidade de multiplicação de medidas liminares em demandas que contenham o mesmo objeto, ajuizadas individual ou coletivamente.”
8. Por fim, registro que, quando da entrada em vigor da recente Lei nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação Pública), esta nossa Corte decidiu “divulgar, de forma ativa e irrestrita, os subsídios dos ministros e a remuneração dos servidores do quadro de pessoal do Supremo Tribunal Federal, assim como os proventos dos ministros aposentados, dos servidores inativos e dos pensionistas”. O que se deu na quarta sessão administrativa, realizada em 22 de maio de 2012, por unanimidade.
9. Ante o exposto, defiro o pedido para suspender os efeitos da liminar concedida nos autos da Ação Ordinária nº 001-1.12.0152707-5, até o trânsito em julgado do processo.
Brasília, 30 de julho de 2012.
Ministro AYRES BRITTO – Presidente (Com destaques acrescidos, SS 630/RS, Rel. Min. Pres. Carlos Ayres Britto, DJE 155, de 08.08.2012. No mesmo sentido, SL 623/DF, Tutela Antecipada na ACO 1993/DF, SS 4723, SS 4156/SP, SS 4.661/DF). (Doc. 16).[6: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22062995/suspensao-de-liminar-sl-630-rs-stf]
3. PARECER JURIDICO
EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. REMOÇÃO A PEDIDO, INDEPENDEMENTE DO INTERESSE DA ADMINISTRAÇÃO, PARA ACOMPANHAR CÔNJUGE. LEI 8.112/90. PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO. 
RELATÓRIO
A apelante requereu a remoção de um órgão público federal situado em Paraíba onde trabalha como professora no departamento de física para o Pará onde o seu esposo trabalha com cargo efetivo na Policial Federal, sendo que eles são casados civilmente desde 28.09.2010.
A Apelante iniciou a carreira de professora em 08/08/2008 sendo lotada na Paraíba e o seu companheiro antes da vida matrimonial trabalhou no Para depois em 05/11/2010 foi lotado para São Paulo. Por tanto o casamento foi realizado três meses antes da remoção do cônjuge. 
Em virtude dessa situação de local de trabalho de ambos ser de estados diferentes vem afetado o convívio familiar e o casamento, em razão disso, a apelante pretende a remoção do trabalho de um órgão para o outro. 
E o relatório passa a fundamentar. 
FUNDAMENTAÇÃO
Trata-se, portanto, de direito subjetivo do servidor a remoção quando o seu cônjuge, também servidor público trabalha em outra cidade, sendo funções do interesse daAdministração Pública. A própria CF/88, no art. 226, preleciona que A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Assim, não pode, por um ato da Administração, a entidade familiar ser aquinhoada.
Como cediço, a possibilidade de remoção de servidor para acompanhar cônjuge, a pedido, visa a conciliar os interesses da Administração Pública com os da manutenção da unidade familiar, base da sociedade, nos termos do art. 226 da Constituição da República de 1988. 
De início, a Súmula Vinculante n. 13, do Supremo Tribunal Federal, define claramente a respeito. Vejamos:
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.
Vejamos também o que nos traz no artigo 37 da Constituição Federal, onde expressa claramente sobre os princípios da Administração Pública;
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
Vejamos agora o que traz o artigo 36 da Lei 8.112/90; 
 Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
Parágrafo único. Dar-se-á a remoção, a pedido, para outra localidade, independentemente de vaga, para acompanhar cônjuge ou companheiro, ou por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente, condicionada à comprovação por junta médica.
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se por modalidades de remoção: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
 II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
III - a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da Administração: (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
 a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
 b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
 c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for superior ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97). 
Pois é certo que, quando houver conflito entre o interesse coletivo e o interesse individual, o administrador deve buscar atender aos anseios da coletividade, caso contrário, haveria um desvio de finalidade, tornando, desse modo, o ato nulo. Contudo, fazer com que o interesse público prevaleça em todas as situações significa colocar em risco os direitos fundamentais do homem e colocando esses direitos em risco e estar indo contra a Constituição Federal e contra o princípio da supremacia.
Dessa forma, a Administração deve ter muita cautela porque, ao mesmo tempo, que a Constituição da República lhe outorgou prerrogativas a fim de atingir o interesse público, a nossa Carta Magna também garantiu aos cidadãos a garantia de observância de seus direitos fundamentais sendo um desses direitos o direito de ter uma família e de manter ela estável.
Não podemos deixar de mencionar a posição de Raquel Melo Urbano de Carvalho no que tange a supremacia do interesse público. A autora defende que somente na medida em que os interesses da sociedade prevaleçam perante os interesses particulares torna-se possível evitar a desagregação que fatalmente ocorreria se cada membro ou grupo da coletividade buscasse a concretização dos seus interesses particulares. A necessidade de prevalência do bem comum enquanto objetivo primordial a ser perseguido pelo Estado é um pressuposto da própria sobrevivência social. Da superioridade do interesse da coletividade decorre a sua prevalência sobre o interesse do particular, como condição, até mesmo, da sobrevivência e assegura mento deste último. É no interesse geral da sociedade e na soberania popular que se encontram os fundamentos da supremacia do interesse público.
Portanto a impetrada tem o direito de manter sua família e trabalhar, esse direito como já vimos está salvo na constituição federal bem como no no art. 36 da Lei 8.112/90.
 Entretanto a apelação provida foi para o acompanhamento do cônjuge formulado pela ora impetrante, sob o fundamento do art. 36, § único. A Constituição Federal confere especial proteção ao núcleo familiar; desse modo, preenchidos todos os requisitos exigidos em Lei, alega possuir direito líquido e certo ao deferimento de remoção. 
São essas as razões que reputamos úteis ao esclarecimento dos fatos, da verdade e do direito aplicável, e que demonstram a procedência da impetração, as quais, uma vez aprovadas. 
CONCLUSÃO 
De fato o interesse público deve ostentar posição de supremacia. Por isso a Administração Pública é colocada em um patamar de superioridade em relação aos particulares, numa relação de verticalidade, a fim de buscar de forma bastante eficaz a realização dos interesses da coletividade.
Vale lembrar que vivemos em um Estado Democrático de Direito, no qual o interesse público tem um peso maior em relação ao interesse privado. Isto quer dizer que a supremacia do interesse público não seria sacrificada, mas tão-somente conviveria harmoniosamente com o interesse privado e, no caso de um interesse ter que prevalecer sobre o outro, faz-se necessário a ponderação de ambos os interesses pelo administrador público, o qual deve sempre estar dotado de razoabilidade, responsabilidade e motivação no momento de ponderá-los.
Portanto, diante das considerações expostas, compreende-se que a prática havida no seio da Administração de fazer a remoção por motivo de manter uma família não encontra vedação legal. A solução configura-se em conduta discricionária por parte da Agência, porquanto a Lei nº 8.112/1990 não dispõe se a remoção será provisória ou definitiva. A medida repousa embasamento, sobretudo, nos princípios do interesse público sobre o particular, acessibilidade e investidura, bem como da segurança jurídica.
É o parecer.
Goiânia, 02 de maio de 2017.
4. REFERÊNCIAS
ESCOLA, Hector Jorge. El Interés Público Como Fundamento Del Derecho Administrativo. 1989:31 APUD PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Discricionariedade Administrativa na Constituição de 1988. 2º edição. Editora Atlas. São Paulo, 2007. p.215.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 19º edição. Editora Malheiros. São Paulo, 2005, pag. 59.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo. 19ª edição. Editora Atlas. São Paulo, 2006, pag. 69
STF - Recurso Ord. em Mandado de Segurança RMS 28487. Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23076500/recurso-ord-em-mandado-de-seguranca-rms-28487-df-stf <Acesso: 04/2017>.
STF- Suspensão de Liminar: SL 630 RS. Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22062995/suspensao-de-liminar-sl-630-rs-stf. <Acesso: 04/2017>.
STJ - Agravo Regimental no Agravo em Recurso Especial AgRg no AREsp 418351 PE 2013/0358485-1 (STJ). Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/25055508/agravo-regimental-no-agravo-em-recurso-especial-agrg-no-aresp-418351-pe-2013-0358485-1-stj<Acesso: 04/2017>.

Continue navegando