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Bioética Prof. Murilo carvalho HISTÓRIA DA BIOÉTICA Após a Segunda Guerra Mundial → Pluralismo moral → explosão do consenso social, jurídico e religioso tradicional, em relação aos valores morais, causada pelo desenvolvimento da educação, da cultura e do deslocamento das populações, através do desenvolvimento dos transportes. Meios de comunicação de massa serviram para informar sobre as diferentes maneiras de viver e pensar dos diferentes povos. Países como Grã-Bretanha, Alemanha, Dinamarca, Itália e Àustria transformaram-se em capitalistas, onde a população começou a exigir direitos como habitação, alimentação, educação e saúde. Anos 1950 – 1960 → marcados por movimentos feministas, contra a segregação racial, proteção à criança e à juventude, revolução sexual, dos pacientes na relação com médicos, entre outros. Emergência dos direitos humanos: Welfare state: estado de bem estar-social ONU: criada em 1945 Declaração Universal dos direitos humanos: 1948 Declaração dos direitos da criança: 1959 1960: experiências com seres humanos. Constituída por: pobres, negros, portadores de deficiência, detentos. Stanley Reiser (1993), narra um fato que poderia ser o começo do movimento bioético: 1952: são descobertas na Dinamarca as técnicas de reanimação por respiração artificial. Essa técnica permitiu o salvamento de muitas vidas, mas algumas permaneciam indefinidamente entre a vida e a morte, o que suscitou questionamentos. Poderia ser retirado o respirador ? Em caso afirmativo, quem o retiraria ? Segundo Reiser (1993) um anestesista austríaco Bruno Haid, enviou uma carta ao papa Pio XII em 1957 para que o ajudasse com essas questões...... O próprio papa admitiu sua impotência para responder esses questionamentos. Artigo pubicado na revista americana Life (1962) intitulado: “Eles decidem quem vive e quem morre”. Em Seattle (EUA) um comitê de 9 pessoas deveria escolher alguns pacientes para se submeterem ao tratamento de hemodiálise. O comitê possuía apenas 2 médicos para determinar os critérios em questões não médicas. Quais seriam esses critérios ? Social ? Financeiro ? Quem deve viver e quem deve morrer ? Quem decide essa questão ? Outra situação foi relativa ao transplante que ocorreu primeiramente em 1967, na África do Sul. O dr. Christian Barnard fez o transplante de uma pessoa que estava morrendo para um paciente com doença terminal no coração. O mundo ficou maravilhado mas surgiram algumas questões porque o coração deveria ser retirado de uma pessoa ainda com vida ou ativo. Então essa técnica teve uma pergunta de difícil resposta: quando o doador é considerado morto ? Houve a preocupação com os critérios de determinação da morte. Nessa época definia-se a morte como “parada completa da respiração e da circulação sanguínea”. Em 1968 a Escola de Medicina de Harvard definiu um novo parâmetro para a determinação da morte: a “morte cerebral”. Anos 60 → desumanização na relação médico-paciente → especializações médicas. No início do séc XX a relação médico-paciente era muito próxima e familiar, mas a partir dos anos 60 isso começou a mudar devido a: Crescimento do número dos hospitais Surgimento de equipamentos de diagnóstico Análises de laboratório Avanço científico marcado pela pesquisa e pelas especializações. Ao mesmo tempo em que se especializavam em determinadas regiões do corpo, esqueciam de tratar o ser humano como um todo, ou seja, a totalidade. Com isso a distância entre o médico e o paciente, que antes era muito próxima, ficou (e está) cada vez mais distante e a confiança diminuiu. 1969 → Código de Direitos do Paciente Hospitalizado nos EUA → direitos do doente em ver respeitados seus valores, sua autonomia e a capacidade de decidir sobre seu corpo. Ética na pesquisa com seres humanos Uso da talidomida (1962) – insônia e anti-emético(náuseas) durante a gravidez – pacientes não sabiam que estavam participando de pesquisas. Nasceram várias crianças com malformações congênitas. Caso Brooklyn (1963, Nova York): pesquisadores injetaram células cancerosas vivas em 22 idosos doentes crônicos, com o objetivo de saber a resposta imunológica (alguns anos após o escândalo, o pesquisador foi eleito vice-presidente da Sociedade Americana de Câncer). Caso Willowbrook – EUA (instituição para portadores de deficiência mental-superlotada): injeção de vírus da hepatite em crianças para verificar o processo de contágio. 1966: administração de LSD em 24 pessoas, em longo prazo, para determinar mudanças de personalidade, eficiência, valores, atitudes (participantes recebiam 2 dólares / hora). Projeto Tuskegee (Alabama, EUA –1930): testava efeitos da sífilis em brancos e negros → 399 contaminados e 201 sadios → receberam medicamentos para outras doenças ou placebo durante 40 anos. Surgimento da Bioética como ciência: Van R. Potter (1971): Bioethics: bridge to the future 1978: publicação: Encyclopedia of Bioethics (em2004 com 5 volumes, mais de 3000 páginas), onde Bioética é definida como: “o estudo sistemático das dimensões morais – incluindo visão, decisão, conduta e normas morais – das ciências da vida e da saúde, utilizando uma variedade de metodologias éticas num contexto interdisciplinar”. Código de Nuremberg (1947) → tratou dos problemas éticos na pesquisa com seres humanos na 2ª Guerra Mundial → abriu caminho para que criminosos nazistas, fossem julgados e condenados pelo Tribunal de Nuremberg (Tribunal Militar Internacional). Com o Código de Nuremberg: Introdução do consentimento esclarecido por parte dos voluntários à pesquisa com seres humanos; Garantia aos voluntários à liberdade. A pesquisa com seres humanos só se justifica quando se esgotarem todas as análises prévias às intervenções clínicas, prova em animais; Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU,1945) representa a proteção das pessoas contra os abusos de poder das autoridades políticas, o direito de ter uma idéia e poder expressá-la livremente. Artigo1:Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência. Declaração dos Direitos da Criança (ONU,1959) → até este momento, crianças eram considerados adultos em miniaturas. 1964: Declaração de Helsinque: Trata-se de uma revisão / complementação do Código de Nuremberg. Foi elaborado um protocolo de pesquisa com seres humanos, onde se avaliamos riscos previsíveis e os possíveis benefícios, sempre respeitando os direitos dos indivíduos submetidos à pesquisa, que devem dar seu consentimento e estar devidamente esclarecidos. Atenção especial também é dada aos experimentos que possam alterar a personalidade do indivíduo. Após várias revisões, em 1975, foi aprovada a obrigatoriedade da aprovação prévia de um Comitê de Ética para qualquer projeto de pesquisa em seres humanos. 1983: direito moral de crianças e adolescentes em participarem de pesquisa clínica, em acréscimo do consentimento dado pelo guardião legal. Emenda na Declaração de Helsinque em 2000: pacientes utilizando placebo terão, ao final do experimento, o direito à medicação testada se esta se mostrar eficaz no tratamento em questão. Relatório Belmont (1974) – oficialmente promulgado em 1978: Elaborado pela Comissão Nacional para a Proteção dos Seres Humanos em Pesquisa Biomédica e do Comportamento (EUA): proposta de complementação ao Código de Nuremberg e à Declaração de Helsinque, onde: três princípios éticos mais globais deveriam prover as bases sobre as quais formular, criticar e interpretar algumas regras específicas –autonomia (respeito às pessoas), beneficência e justiça. O princípio da não-maleficência (acima de tudo, não causar danos) → benefícios esperados devem sobrepor-se aos riscos ou danos colaterais aos pacientes. Princípios da Bioética Autonomia = consentimento livre e esclarecido. O exercício do princípio da autonomia na situação do paciente terminal, em razão da dificuldade e abrangênciade tal decisão, mesmo para aqueles que não estejam emocionalmente envolvidos, deve ocorrer de uma maneira evolutiva e com a velocidade adequada a cada caso. Beneficência = obriga o profissional da saúde a agir positivamente. Evitar submeter o paciente a intervenções cujo sofrimento resultante seja muito maior do que o benefício eventualmente conseguido. Não maleficência = há diferença entre fazer o bem e não fazer o mal. O princípio da não maleficência é sobretudo, não causar dano / primum non nocere. E para isso devem ser evitados procedimentos que causem desrespeito à dignidade do paciente. Justiça = tratar cada um com igualdade e equidade. O princípio da justiça deve ser levado em conta na decisão final, embora não deva prevalecer sobre os princípios da beneficência, da não-maleficência e da autonomia. Breve história da Medicina: Eu tenho uma dor de ouvido. 2000 a.C. - Aqui, coma essas raízes. 1000 d.C. - Raízes são pagãs, reze. 1850 d.C. - Rezas são superstição, beba essa poção. 1940 d.C. - Essa poção é óleo de cobra, tome essa pílula. 1985 d.C. - Essa pílula é inócua, tome esse antibiótico. 2000 d.C. - Antibiótico é artificial, coma essa raiz.
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