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APENDICITE AGUDA Apêndice cecal = órgão vestigial, tecido linfoide Apendicite: inflamação aguda, tto cirúrgico por dor abdominal Epidemiologia: 11:10.000 7% aa Mais comum em homens (1,4:1), entre 10-14 anos. Em mulheres é mais comum entre 15-19 anos 70% < 30 anos. Em idades extremas, maior chance de perfuração (< 5 a, > 65 a 50%). Índice normal de perfuração 19,2% Mortalidade < 1% Etiologia e Fisiopatogenia: Multifatorial Dieta pobre em fibras, rica em açúcar e gordura, menos produção de conteúdo intestinal, trânsito intestinal prolongado, maior P intraluminal Fezes firmes obstrução aumento de P intraluminal translocação apendicite Apêndice: dobras da mucosa, orientações das fibras musculares no orifício favorecem obstrução do AP Obstrução: fecalito, edema de mucosa, tecido linfoide da mucosa e submucosa da base do AP Aumento de P intraluminal pela secreção de fluidos pela mucosa P luminal > P capilar isquemia Supercrescimento bacteriano + translocação inflamação, edema, necrose perfuração Diagnóstico: Manifestações clínicas: Dor abdominal em cólica periumbilical ou epigástrica, vaga, difícil localização 12-24h após se desloca para FID + anorexia, N/V Febre baixa (38°C), leucocitose Febres mais altas, tremores complicações: perfuração Apresentação clássica em 66% Queixas urinárias, diarreia Perfuração: 16-30% 20% tem < 24h de sintomas Após 36h, 16-36% de perfuração >5% de risco de perfuração a cada 12h Desidratação, anormalidades eletrolíticas, febre alta, vômitos por tempo prolongado quadro grave Dor abdominal evolui por 2 ou mais dias, localizada, mas também pode ser difusa Complicações: perfuração, abscesso retroperitonial, abscesso hepático por disseminação hematogênica porta Pileflebite: febre alta, icterícia, gás na veia porá trombose séptica da veia porta (DD: colangite) Exame físico: Iniciar EF do abdome pelo QSE Sensibilidade máxima em QID, perto do ponto de McBurney (S 50-94%, E 75-86%) Rigidez muscular, sinais de inflamação peritoneal Dor a percussão/descompressão do abdome na FID Blumberg Tosse, movimentos aumentam a dor sinal de Dunphy Defesa involuntária = sinal mais confiável de irritação peritoneal reflexo da contração do músculo sobre o peritônio inflamado Dor em QID na palpação de QIE Sinal de Rovsing (S 22-68%, E 58-96%) Dor na rotação interna da coxa flexionada sobre o quadril sinal do obturador (S 8%, E 94%) AP pélvico Dor na flexão do MID sobre o quadril sinal do psoas (S 13-42%, E 79-97%) Dor em QID mesmo sem outros sintomas lembrar de AP Dor pode também ocorrer em QSD, suprapúbica, QIE AP pélvico pode ter dor mínima, mas grande no toque retal, toque vaginal inflamação Exames laboratoriais: Leucocitose leve, normal no início do quadro > 20.000 complicado, necrose, perfuração, abscesso EQU: excluir infecção urinária, nefrolitíase 40% tem piúria, hematúria microscópica, bacteriúria Presença de ITU não excluir AP, podem ocorrer junto Piúria pode indicar AP inflamado próximo a bexiga e ureter Enzimas hepáticas + amilase se dor em QSD ou epigástrio excluir doenças do fígado, vesícula, pâncreas Mulheres: beta-HCG Exames de imagem: Rx auxilia diagnóstico quando não é possível pela clínica + Labs Úteis em crianças, idosos, mulheres em idade fértil, DM, obesidade, imunossupressão apresentações atípicas Rx simples de abd fecalito em QID, ar (perfuração), escoliose dextrocôncava, alça-sentinela, borramento da borda lateral do psoas, deformidade no contorno do ceco DD (litíase renal) pouco útil, pouco usado Eco abd: S 75-90%, E 86-100%, VPP 89-93% espessamento da parede do AP, perda da compressividade do AP, aumento da ecogenicidade da gordura periapendicular (inflamação, líquido pericecal) se + Doppler, há hiperfluxo ausência de distensão do AP não exclui apendicite TC abd e pélvica: se normal, exclui AP, precisão diagnóstica, S 90-100%, E 91-99%, VPP 95-97% parede espessa, luz não enche de contraste ou ar, tecido adiposo sugerindo inflamação Diagnóstico diferencial: AA: obstrução intestinal, colecistite aguda, úlcera perfurada, diverticulite, pancreatite Cálculo uretral, pielonefrite, ITU Gravidez ectópica, ruptura de folículo ovariano, DIP, torção de ovário, salpingite, abscesso tubo-ovariano Adenite mesentérica, gastrenterite (N/V precedem a dor abdominal, diarreia), ileíte terminal, cetoacidose diabética Diverticulite de Meckel, doença de Crohn (subagudo), perfuração de carcinoma (SOF+, anemia, perda de peso) Tratamento: Intervenção cirúrgica imediata após diagnóstico precoce Pré0operatório: líquidos EV, corrigir distúrbios hidroeletrolíticos, ATB ATB largo espectro (G- (E. coli), anaeróbios (Bacterioides)) para reduzir infecção de ferida operatória e abscesso intra-abdominal EV, 30-60 min antes da incisão uso profilático, por 24h, 1-3 doses se AP simples. Se perfurado, manter por 5-7d rever ATB após cultura AP não supurada, sem abscesso Cefotaxima 2g EV profilático AP perfurado com líquido periapendicular ou com abscesso Ampicilina/Sulbactam 3g EV 6/6h por 7d; Ciprofloxacino 400 mg EV 12/12h + Metronidazol 500mg EV 8/8h Apendicectomia laparoscópica ou aberta Laparoscopia tem vantagem em casos de diagnóstico incerto, para inspeção de outros órgãos (mulheres em idade fértil: cisto, torção de ovário, endometriose, DIP. Obesos) Mortalidade em AP não supurada: 0,8/1.000. Após perfuração: 5,1/1.000 Complicação mais comum após apendicectomia: infecção de ferida operatória (5% na AP não supurada, 20% na AP perfurada), abscesso intra-abdominal (febre, leucocitose, diagnóstico confirmado com US ou TC, tto com drenagem flexível) geralmente em AP perfurada, lavagem + ATB reduzem incidência Situações especiais: Mulheres grávidas: 0,1% das grávidas passam por apendicectomia Cirurgia de urgência abdominal mais comum nas grávidas Diagnóstico difícil, pela distensão do abdome inferior e pela leucocitose fisiológica Muitas vezes na cirurgia o diagnóstico não se confirma, sendo vantagem a laparoscopia (menos trauma, menor risco de hérnia, menos dor, menor depressão fetal, menor risco de trombose) Crianças: Diagnóstico difícil, sintomas associados a doenças próprias da infância (N/V, dor abdominal adenite mesentérica, pneumonia, meningite, otite, faringite) maior taxa de perfuração Idosos: 1:2.000 com > 65 anos Problemas cardíacos, pulmonares e renais maior mortalidade Menor resposta inflamatória poucos sinais de peritonite, leucocitose baixa 50% tem perfuração 2,5x mais complicações, 12x mais mortes Apendicectomia laparoscópica é a melhor via Imunodeprimidos: Diferente resposta a infecção aguda e cicatrização Considerar em HIV, transplantados, QT, neoplasia Dor abdominal é sintoma comum, ausência de febre e leucocitose TC: importante para confirmar o diagnóstico e excluir outras causas Apendicectomia não tem contraindicações Apêndice normal: 15% tem AP normal na apendicectomia, especialmente em crianças, mulheres jovens e idosos Quando se encontra AP não inflamada, analisar remoção ou não garantir que futuramente não seja excluído apendicite pela cicatriz deixada pelo procedimento, alterações inflamatórias intramurais ou da serosa podem ser encontradas no AP
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