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Funcionalismo 2016 apostila

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Prévia do material em texto

Disciplina 
Linguística: Funcionalismo 
 
Coordenador da Disciplina 
Prof.ª Márcia Teixeira Nogueira 
 
 
6ª Edição 
 
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, 
transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores. 
 
Créditos desta disciplina 
 
Realização 
 
 
Autor 
 
Prof.ª Márcia Teixeira Nogueira 
 
 
 
Sumário 
 
Aula 01: Pressupostos Teóricos Funcionalistas ...................................................................................... 01 
 Apresentação .......................................................................................................................................... 01
 Tópico 01: Concepções de língua e gramática ....................................................................................... 03 
 Tópico 02: Competência comunicativa .................................................................................................. 05 
 Tópico 03: A polissemia do termo função ............................................................................................. 06 
 Tópico 04: Sistematicidade e funcionalidade ........................................................................................ 08 
 Tópico 05: Integração entre sintaxe, semântica e pragmática ............................................................... 09 
 
Aula 02: Funcionalismo Praguense ......................................................................................................... 11 
 Tópico 01: Funções da linguagem ......................................................................................................... 11 
 Tópico 02: Perspectiva funcional da frase ............................................................................................. 15 
 Tópico 03: Dinamismo comunicativo .................................................................................................... 17 
 Tópico 04: Níveis de análise da frase ..................................................................................................... 18 
 
Aula 03: Funcionalismo Britânico ........................................................................................................... 20 
 Tópico 01: Concepções de Língua e Gramática em Halliday ................................................................ 20 
 Tópico 02: As Relações Entre Sistema e Função ................................................................................... 21 
 Tópico 03: Gramática e Texto ............................................................................................................... 25 
 
Aula 04: Funcionalismo Holandês ........................................................................................................... 29 
 Tópico 01: Um modelo teórico de Gramática Funcional ....................................................................... 29 
 Tópico 02: A descrição da expressão linguística na Gramática Funcional ............................................ 32 
 Tópico 03: A Gramática Discursivo-Funcional ..................................................................................... 36 
 Tópico 04: Níveis e camadas ................................................................................................................. 38 
 
Aula 05: Funcionalismo Norte-Americano ............................................................................................. 42 
 Tópico 01: Os Princípios de Iconicidade e Marcação ............................................................................ 42 
 Tópico 02: Transitividade e Relevo Discursivo ..................................................................................... 45 
 Tópico 03: Estrutura Argumental e Fluxo de Informação ..................................................................... 49 
 Tópico 04: Gramaticalização ................................................................................................................. 51 
 
 
 
APRESENTAÇÃO
MULTIMÍDIA
Ligue o som do seu computador!
OBS.: Alguns recursos de multimídia utilizados em nossas aulas, 
como vídeos legendados e animações, requerem a instalação da versão 
mais atualizada do programa Adobe Flash Player©. Para baixar a versão 
mais recente do programa Adobe Flash Player, clique aqui! [1]
PALAVRA DA COORDENADORA DA DISCIPLINA DE LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
VERSÃO TEXTUAL
Olá, pessoal!
Meu nome é Márcia Teixeira Nogueira. Sou professora 
conteudista e coordenadora da disciplina Linguística: Funcionalismo. 
Sou professora da Universidade Federal do Ceará desde 1991. Tenho 
atividades de ensino, pesquisa e orientação na Graduação em Letras e 
na Pós-Graduação em Lingüística, nos cursos de Mestrado e 
Doutorado, e também coordeno o Grupo de Estudos em 
Funcionalismo (UFC/CNPq). 
Bem, a disciplina Linguística: Funcionalismo, que será ofertada 
neste semestre, prevê o estudo de um dos grandes paradigmas da 
ciência Linguística: o Funcionalismo. Nela, vocês farão um estudo 
abrangente do Funcionalismo em Linguística. Aprenderão sobre os 
pressupostos teórico-metodológicos desse paradigma, as suas 
principais vertentes, e também as possibilidades de aplicação do 
Funcionalismo à descrição e à análise da língua portuguesa. Essa 
disciplina é muito importante para sua formação linguística, como 
professores e pesquisadores. Ela poderá orientá-los na investigação da 
relação existente entre os aspectos formais (fonológicos, morfológicos, 
sintáticos) e funcionais (semânticos e pragmáticos) associados ao uso 
efetivo da linguagem.
Iniciaremos a disciplina com uma discussão em torno de alguns 
pressupostos teóricos funcionalistas, tais como as concepções de 
língua, gramática, função etc. Em seguida, faremos um estudo das 
vertentes funcionalistas (praguense, britânica, holandesa e norte-
americana), distinguindo quais os principais postulados teóricos e 
metodológicos, os aspectos programáticos, a natureza e o nível de 
formalização das teorias, quais os principais fenômenos linguísticos 
investigados etc. Em cada uma dessas vertentes, estaremos sempre 
avaliando as possibilidades de aplicação à descrição e à análise 
linguística, bem como ao ensino de língua. 
LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 01: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS FUNCIONALISTAS
1
Saibam que os objetivos centrais da disciplina Linguística: 
Funcionalismo são:
1. Conhecer os pressupostos e conceitos teórico-metodológicos do 
Paradigma Funcionalista e suas principais vertentes.
2. Analisar e descrever, como aplicação do funcionalismo 
linguístico, alguns aspectos sintáticos, semânticos e pragmáticos de 
fenômenos linguísticos do português. 
3. Discutir a aplicação do Funcionalismo à aula de análise 
linguística.
Olha, pessoal, a disciplina Linguística: Funcionalismo é mesmo 
muito rica. E, por conta da quantidade e da complexidade de 
conteúdos novos, sugerimos que vocês estudem, de modo regular, os 
conteúdos de cada aula, fazendo as leituras recomendadas, 
participando dos fóruns e chats planejados, resolvendo os exercícios 
propostos. Estejam atentos e sempre conectados às orientações dos 
tutores. Não guardem suas dúvidas, nem acumulem tarefas para o 
final do semestre. Tenho certeza de que vocês terão um excelente 
desempenho e proveito nessa disciplina!
Desejo-lhes muito sucesso!
Grande abraço a todos.
FONTES DAS IMAGENS
1. http://www.adobe.com/products/flashplayer/
2. http://www.denso-wave.com/en/
Responsável: Prof.ª Márcia Teixeira Nogueira
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
2
TÓPICO 01: CONCEPÇÕES DE LÍNGUA E GRAMÁTICA
Enquantoas gramáticas estruturais descrevem as estruturas 
gramaticais, tais como os fonemas, morfemas, e as gramáticas formais 
projetam modelos formais de linguagem, UMA GRAMÁTICA FUNCIONAL
ANALISA A ESTRUTURA GRAMATICAL EM CORRELAÇÃO COM A SITUAÇÃO
COMUNICATIVA, O QUE COMPREENDE O PROPÓSITO DE CADA EVENTO
DE FALA, SEUS PARTICIPANTES E O CONTEXTO DISCURSIVO. Para o 
funcionalista, a situação comunicativa motiva, restringe, explica, ou, de outro 
modo, determina a estrutura gramatical (NICHOLS, 1984).
No paradigma funcionalista, concebe-se A LÍNGUA COMO
INSTRUMENTO DE INTERAÇÃO SOCIAL ENTRE OS SERES HUMANOS, 
UTILIZADO COM A INTENÇÃO DE ESTABELECER INTERAÇÕES
COMUNICATIVAS.
Essa concepção não reduz a língua a um mero instrumento pronto para 
o uso. Mais complexo do que qualquer outro produto cultural, a língua varia 
e muda (conforme a região, a idade, a escolaridade, o estrato social, o 
contexto discursivo etc), pelo uso que dela fazem os indivíduos em sociedade. 
Numa visão baseada no uso da língua, a gramática é vista como 
organização cognitiva da experiência de alguém com a língua.
Aspectos da experiência (por exemplo, a frequência de uso de certas 
construções ou exemplos particulares de construções) têm representação na 
memória dos indivíduos, o que pode ser evidenciado no conhecimento de 
sintagmas convencionalizados, bem como na variação e mudança 
linguísticas. Assim, exemplos particulares de construções podem adquirir 
suas próprias características pragmáticas, semânticas e fonológicas (BYBEE, 
2006).
SIMON DIK
O funcionalista investiga por que uma expressão linguística é 
utilizada de uma determinada maneira, em dado contexto, tendo em 
vista as funções comunicativas que ela realiza (DIK, 1989).
HALLIDAY
A língua é um sistema para produção de significados; é, 
portanto, um sistema semântico. E a relação entre os significados e a 
LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 01: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS FUNCIONALISTAS
3
formulação desses significados não é vista como arbitrária. Assim, 
entende-se que a forma da gramática relaciona-se naturalmente aos 
significados que estão sendo codificados (HALLIDAY, 1985).
TALMY GIVÓN
Para cumprir propósitos mais gerais, de que nem sempre se tem 
consciência, o sistema linguístico tem natureza adaptativa, pois 
é sensível às pressões do uso. (GIVÓN, 2001)
FONTES DAS IMAGENS
1. http://www.denso-wave.com/en/
Responsável: Prof.ª Márcia Teixeira Nogueira
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
4
TÓPICO 02: COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
O Funcionalismo caracteriza-se por considerar a competência 
comunicativa no uso da língua. Para Dik (1997), o usuário assume papel 
central numa abordagem funcionalista, uma vez que a investigação deve 
voltar-se para o intuito de explicitar como falantes e destinatários 
comunicam-se uns com os outros, de forma eficiente, por meio da expressão 
linguística. 
Ao considerar a competência comunicativa, e não apenas 
linguística, dos usuários da língua, uma gramática funcional procura 
investigar as relações entre as expressões linguísticas e as capacidades:
a) linguística, de produzir e interpretar corretamente as expressões 
linguísticas em diferentes situações de comunicação;
b) epistêmica, por meio da qual o usuário constrói, mantém e explora 
uma base de conhecimento organizado;
c) lógica, que possibilita o emprego de regras de raciocínio para a 
extração de novos conhecimentos a partir de conhecimentos prévios;
d) perceptual, mediante a qual o usuário percebe seu ambiente e dele 
deriva conhecimentos;
e) social, que determina o uso da linguagem em conformidade com o 
interlocutor, a situação e os objetivos comunicativos.
Esse pressuposto teórico-metodológico tem grande importância para as 
análises funcionalistas. Com efeito, o entendimento ou desentendimento (ou 
desentendimento) entre os indivíduos nas interações verbais não depende só 
dos sentidos que são codificados pela expressão linguística, mas dos 
conteúdos que são socialmente compartilhados (portanto, não precisam de 
explicitação), das informações que podem ser inferidas ou percebidas nos 
gestos, olhares, expressões faciais. 
Uma teoria linguística funcionalista é uma teoria das expressões 
linguísticas, mas é uma teoria das expressões linguísticas em uso.
E, no uso efetivo da linguagem, as expressões não garantem por si 
mesmas, a eficácia da interação entre os indivíduos.
FONTES DAS IMAGENS
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LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 01: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS FUNCIONALISTAS
Responsável: Prof.ª Márcia Teixeira Nogueira
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TÓPICO 03: A POLISSEMIA DO TERMO FUNÇÃO
A essência do funcionalismo é que a língua encontra fins 
comunicativos. E o que se comunica não é apenas um conteúdo (intelectual, 
cognitivo), mas também a natureza e o propósito do evento de fala como um 
fenômeno cultural e cognitivo.
Segundo Nichols (1984), o termo função envolve um conjunto 
bastante variado de acepções, todas elas significando, de um modo geral, 
alguma dependência de algum dado elemento estrutural com 
elementos linguísticos de outra ordem ou domínio (estrutural 
ou não). Todas essas acepções têm a ver com o papel exercido por um 
dado elemento estrutural no todo mais amplo da linguagem e da 
comunicação.
Convém destacar aqui alguns sentidos do termo função citados pela 
autora.
1 - FUNÇÃO COMO PROPÓSITO
2 - FUNÇÃO COMO CONTEXTO
3 - FUNÇÃO COMO RELAÇÃO
4 - FUNÇÃO COMO SIGNIFICADO
1 - FUNÇÃO COMO PROPÓSITO
Uma das acepções mais comuns, ligada aos objetivos comunicativos 
gerais dos usos da linguagem.
Exemplos: Funções referencial, emotiva, conativa, fática, 
metalinguística e poética. O uso do imperativo na frase Venha cá! Tem 
função conativa ou apelativa.
2 - FUNÇÃO COMO CONTEXTO
Indica como a língua reflete os contextos de discurso. Pode ser:
a) em relação ao evento, indicando as categorias que indiciam os papéis 
do discurso e participantes.
Exemplos: Falante, ouvinte, polidez. No enunciado Eu li o texto, o 
pronome de primeira pessoa Eu indicia o enunciador.
b) em relação ao texto, indicando as categorias que indiciam a 
organização do discurso, progressão textual.
Exemplos: Pedro leu o texto. Mas ele não gostou. O pronome ele e o 
apagamento do objeto direto na segunda oração têm função de coesão 
textual.
3 - FUNÇÃO COMO RELAÇÃO
Indica uma relação (contribuição, papel) de um elemento estrutural com 
uma unidade de ordem superior. É uma das acepções mais utilizadas e 
conhecidas.
LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 01: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS FUNCIONALISTAS
6
a) Na configuração da sentença, a relação entre uma forma e outra 
forma recebe o nome de função sintática.
Exemplo: Na oração Pedro fugiu, Pedro tem a função sintática de 
sujeito.
b) Na configuração semântica de uma predicação, a relação entre as 
formas e os significados que elas desempenham recebe o nome de função 
semântica (caso ou papel temático).
Exemplo: Na predicação Pedro fugiu, Pedro tem a função semântica de 
agente.
c) Na configuração pragmática de um enunciado, a relação entre as 
formas e o contexto discursivo (tipo de informação, interlocutores, 
propósitos etc) recebe o nome de função pragmática.
Exemplo: No enunciado Pedro fugiu, Pedro tem função pragmática de 
tema.
4 - FUNÇÃO COMO SIGNIFICADO
Indica o significado ou tipo de significado com respeito à pragmática dos 
propósitos e contextos.
Exemplo: Na frase Pode chover amanhã, o verbo poder indica 
possibilidade.
FONTES DAS IMAGENS
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Responsável: Prof.ª Márcia Teixeira Nogueira
Universidade Federal do Ceará -Instituto UFC Virtual
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TÓPICO 04: SISTEMATICIDADE E FUNCIONALIDADE
No paradigma funcional, a descrição da língua se faz pela investigação 
das relações sistemáticas entre formas e funções, considerando-se os 
contextos de uso. 
Em Halliday (1985), tem-se que: 
1. Todos os elementos da língua são construídos como configurações 
orgânicas de funções.
2. A língua, como qualquer outro sistema semiótico, é interpretada como 
um sistema de significados (redes de opções engrenadas), acompanhados 
por formas por meio das quais esses significados podem ser atualizados.
O modelo sistêmico-funcional de Halliday concebe a gramática de uma 
língua como uma rede de estruturas sistêmicas que representam escolhas 
significativas determinadas pelas diferentes funções da linguagem. Em 
outras palavras, gramática é uma codificação das opções que produzem 
sentido.
A gramática codifica, através de uma rede sistêmica, os significados 
produzidos pelas opções que derivam dos diferentes propósitos no uso da 
linguagem.
Para Halliday, uma gramática funcional é essencialmente semântica, e 
os componentes fundamentais do significado são componentes funcionais, 
relacionados aos propósitos de entender o ambiente (função 
ideacional), de interagir com o outro (função interpessoal) e de dar 
relevância a esses dois outros propósitos (função textual).
FONTES DAS IMAGENS
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LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 01: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS FUNCIONALISTAS
Responsável: Prof.ª Márcia Teixeira Nogueira
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
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TÓPICO 05: INTEGRAÇÃO ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA
Os estudos funcionalistas se caracterizam pelo interesse em investigar a 
relação entre FORMA e FUNÇÃO no uso da língua, com prioridade para a 
FUNÇÃO. Por esse motivo, uma característica importante do paradigma 
funcionalista consiste na proposta de integração dos componentes de 
análise, ou seja, dos domínios da Sintaxe, da Semântica e da Pragmática. 
Segundo Dik (1989), a Semântica deve ser vista como instrumental em 
relação à Pragmática, e a Sintaxe, como instrumental em relação à 
Semântica. No modelo teórico da Gramática Funcional, a relação entre os 
diferentes componentes da organização linguística tem a Pragmática 
como componente que comanda os estudos sobre os aspectos 
sintáticos e semânticos. Isto significa compreender a FUNÇÃO como 
condicionadora da FORMA. 
OLHANDO DE PERTO
Colocar a Pragmática como componente que comanda a análise 
linguística não significa descartar os aspectos sintáticos, nem apenas 
acrescentar a consideração dos aspectos pragmáticos às descrições 
isoladas dos aspectos sintáticos e semânticos. 
A integração dos componentes de análise, como pressuposto teórico-
metodológico do Funcionalismo, prevê a observação da SINTAXE COMO
CODIFICAÇÃO DOS CONTEÚDOS SEMÂNTICOS E DISCURSIVOS.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
1. Como o Funcionalismo se caracteriza quanto à concepção de 
língua?
2. Qual o interesse do linguista funcionalista na descrição e análise 
linguística?
3. O Funcionalismo entende que o uso da língua não depende 
somente de uma competência linguística, mas de uma competência 
comunicativa. Explique como as capacidades que constituem a 
competência comunicativa podem ser consideradas numa análise 
funcionalista da expressão linguística. 
4. Explique como você entende a integração entre Sintaxe, Semântica 
e Pragmática no Funcionalismo linguístico.
FÓRUM
No paradigma funcionalista, a gramática é investigada nos contextos 
de uso efetivo da língua, ou seja, em situações concretas de interação 
social. A partir dessa afirmação, reflita e discuta com seus colegas sobre a 
relação entre Discurso e Gramática.
LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 01: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS FUNCIONALISTAS
9
CHAT
Compare essas duas concepções de sistema linguístico. Reflita e 
discuta sobre as diferenças entre essas duas concepções. 
I. É um sistema autônomo, abstrato, homogêneo e estável. 
II. É um sistema maleável, adaptativo, heterogêneo e sensível às pressões 
do uso. 
FONTES DAS IMAGENS
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Responsável: Prof.ª Márcia Teixeira Nogueira
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
10
TÓPICO 01: FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Os estudos linguísticos desenvolvidos pelo chamado Círculo Linguístico 
de Praga são reconhecidos como um “estruturalismo funcional”. 
Opondo-se aos neogramáticos e assumindo postulados saussurianos, os 
integrantes do Círculo também concebiam a língua como dotada de uma 
estrutura, mas destacaram o caráter teleológico (de finalidade) do sistema 
linguístico.
Nas Teses do grupo, registram-se os primeiros usos dos termos função e 
funcional, e uma concepção de língua como sistema funcional, em que 
dois aspectos, o estrutural (sistêmico) e o funcional, são postos lado a lado.
Nas palavras de Fontaine (1978, p.22), lemos como a língua era 
concebida pelos participantes do Círculo.
A língua deve ser concebida como um ‘sistema 
funcional’. Ela possui caráter de finalidade como os 
demais produtos de atividade humana, quer dizer, os 
meios por ela utilizados o são em vista de um fim. ‘A 
língua é um sistema de meios de expressão adequados 
a um objetivo’. Tal objetivo pode ser a comunicação 
ou a expressão. Em ambos os casos, a intenção do 
locutor apresenta-se como a explicação ‘mais natural’ 
em análise linguística: essa intenção do locutor é que 
fundamenta o discurso. Fontaine (1978, p.22)
A palavra função, bastante comum na produção ligada ao funcionalismo 
praguense, tem ora a acepção finalista (teleológica) de meio, fim, 
instrumento; ora um significado indicial, comum na descrição linguística, de
traço distintivo, expressivo.
Na consideração das funções dos meios linguísticos, tendo em vista as 
necessidades de comunicação e expressão dos indivíduos, ficaram 
conhecidas as propostas classificatórias das funções externas da linguagem.
Para Bühler, as funções da linguagem, em correlação com os integrantes 
de uma situação comunicativa, são três: 
a) de representação (Darstellung) - ligada ao contexto, ao referente;
b) de expressão (Ausdruck) - ligada ao emissor de uma mensagem;
c) de apelo (Appell) - ligada ao destinatário de uma mensagem.
Também a partir da consideração do foco em cada um dos elementos de 
um esquema de comunicação, Jakobson assume as três funções já definidas 
LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 02: FUNCIONALISMO PRAGUENSE
11
por Bühler e acrescenta outras três. Segundo Jakobson, as principais funções 
no uso da linguagem são seis.
Veja exemplos de cada uma delas.
A) - REFERENCIAL - CENTRADA NO REFERENTE OU CONTEXTO - NOTÍCIAS
POLÍCIA FEDERAL APREENDE 10 KG DE COCAÍNA NO AEROPORTO
A droga, escondida em bicicletas, seria remetida à Serra Leoa, na África, 
para, posteriormente, abastecer o mercado europeu
19 Jan 2010 - 11h15min
Cerca de 10kg de cocaína foram apreendidos na madrugada desta 
segunda-feira, 18, em Fortaleza. O material foi encontrado pela Polícia 
Federal, no Aeroporto Internacional Pinto Martins.
A droga, escondida em bicicletas, seria remetida à Serra Leoa, na África, 
para, posteriormente, abastecer o mercado europeu.
A apreensão foi feita por agentes da Delegacia de Repressão à 
Entorpecentes (DRE).
O titular da DRE, delegado Gleidston Araújo, deve apresentar os 
detalhes da apreensão logo mais, à tarde, na sede da Superintendência da 
Polícia Federal, no bairro de Fátima, em Fortaleza. 
Redação O POVO Online com informações do repórter Diego Lage
B) EMOTIVA - CENTRADA NO REMETENTE. POEMAS E MENSAGENS EM
BLOGS
O que sinto...
O que sinto e porque sinto este instinto…
Que meremete a ti a cada momento,
Que me invade e ocupa 
Permanentemente o pensamento!
O que sinto…
E porque sinto esta dependência…
Que me toma,
Que me faz sentir desenfreadamente a tua ausência!?
É tão forte…
Algo que enlouquece!
Algo que constantemente na minha mente estremece…
Que para a realidade me desperta,
Que o meu simples ser completa…
Não sei… porém…
Se o soubesse… não o sentia!
E o que sei…é que o sinto!
Sinto-o profundamente…
Sinto-o perdidamente…
Por ti… só por ti eu sinto!
Este sentimento…
Que vai para além 
Da minha capacidade de expressão!
12
Que me devolve o sentido
E me faz perder a razão!
Só tu…
Só tu me fazes voltar a sentir, sorrir, querer, desejar, amar…
Só tu me fazes voltar a viver!
És o meu primeiro…
O meu último Amor!
Publicado por patypinheiro às 09:24 (http://patypinheiro.blogs.sapo.pt [1])
C) CONATIVA - CENTRADA NO DESTINATÁRIO
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Fonte: http://www.dindimania.com/102 [2]
D) FÁTICA – CENTRADA NO CONTATO (PARA ESTABELECER, MANTER OU
SUSPENDER O CONTATO)
Expressões de saudação como Alô! Oi! Olá! 
Expressões que pedem ou fornecem retorno conversacional, tais como:
Certo? Certo. Né? Tá? 
Expressões de despedida, como Tchau! Até logo!
E) METALINGUÍSTICA - CENTRADA NO PRÓPRIO CÓDIGO LINGUÍSTICO
Exemplo: “Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da 
frase com relação à gramática normativa do idioma, ou seja, são erros 
Gramaticais”. Fonte: Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Solecismo [3])
Definições de termos em dicionários e enciclopédias, 
explicações definidoras, reformulações. 
H) POÉTICA - ORIENTADA PARA A MENSAGEM
O Cometa
Olavo Bilac
Um cometa passava... Em luz, na penedia,
Na erva, no inseto, em tudo uma alma rebrilhava;
Entregava-se ao sol a terra, como escrava;
Ferviam sangue e seiva. E o cometa fugia...
Assolavam a terra o terremoto, a lava,
A água, o ciclone, a guerra, a fome, a epidemia;
Mas renascia o amor, o orgulho revivia,
Passavam religiões... E o cometa passava.
13
E fugia, riçando a ígnea cauda flava...
Fenecia uma raça; a solidão bravia
Povoava-se outra vez. E o cometa voltava...
Escoava-se o tropel das eras, dia a dia:
E tudo, desde a pedra ao homem, proclamava
A sua eternidade ! E o cometa sorria...
FONTES DAS IMAGENS
1. http://patypinheiro.blogs.sapo.pt
2. http://www.guis.com.br/funcoes/clique.php?
codanu=21571&site=http://www.dindimania.com/102
3. http://pt.wikipedia.org/wiki/Solecismo
4. http://www.denso-wave.com/en/
Responsável: Prof.ª Márcia Teixeira Nogueira
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
14
TÓPICO 02: PERSPECTIVA FUNCIONAL DA FRASE
Perspectiva funcional da sentença e dinamismo comunicativo são duas 
noções ligadas ao Funcionalismo de Praga. O Círculo Linguístico de Praga 
dedicou especial atenção ao estudo da sentença. Todavia, contrariando a 
prática de análise formal da frase, um dos integrantes do Círculo, Mathesius, 
decompôs a frase em duas unidades comunicativas: 
• tema (dado), o ponto de partida que enuncia o que é conhecido pelo 
interlocutor, seja pelo compartilhamento geral, seja pelo contexto 
precedente;
• e núcleo (rema/novo), que constitui o elemento com informação nova 
sobre o tema.
Existem diferentes tipos de tema. Alguns temas indicam um 
personagem conhecido ou uma circunstância de tempo ou lugar, por 
exemplo; e algumas frases podem ser vistas como destituídas de tema, tais 
como as orações existenciais que introduzem uma narrativa (Era uma vez 
uma princesa...). 
Para Mathesius, o tema ou ponto de partida do enunciado não coincidia 
necessariamente com o início da oração, embora isso seja muito frequente. 
Orientado por uma perspectiva funcionalista, Mathesius distingue uma 
ordem objetiva na frase em que o tema se encontra no início; e uma ordem 
subjetiva, quando, numa ordem inversa, o locutor apressa-se pelo desejo de 
conceder uma informação nova, antes mesmo da informação conhecida. 
Os estudos sobre a articulação tema-rema voltaram-se, sobretudo, para 
a investigação dos meios de expressão da Perspectiva Funcional da Sentença, 
tais como a entonação e a ordem de palavras, e o emprego dessa noção à 
análise de diferentes tipos de textos ficou amplamente conhecido como 
progressão temática ou como estratégias de tematização. 
Combettes (1977) cita alguns exemplos de progressão temática nos 
textos.
1. TEMATIZAÇÃO LINEAR
LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 02: FUNCIONALISMO PRAGUENSE
15
EXEMPLO
Pedro comprou uma casa. A casa tem um grande quintal. No quintal, 
havia muitas árvores... 
2. TEMA CONSTANTE
EXEMPLO
Pedro juntou algumas economias, comprou uma casa e está muito 
feliz.
3. TEMAS DERIVADOS (HIPERTEMA)
EXEMPLO
A festa foi muito animada. A música tocava sem parar, os convidados 
conversavam à vontade e a aniversariante estava muito feliz.
FONTES DAS IMAGENS
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16
TÓPICO 03: DINAMISMO COMUNICATIVO
O conceito de dinamismo comunicativo está ligado, sobretudo, ao 
nome do linguista checo Firbas. Por esse conceito, entende-se que os 
elementos linguísticos contribuem em medida diferente com o processo de 
comunicação. Isso significa que os constituintes da frase distribuem-se 
com diferentes graus de relevância comunicativa. 
Ao tratar da relevância comunicativa dos constituintes oracionais, os 
funcionalistas praguenses revelam o interesse em tratar a sentença como 
uma peça de comunicação, e não apenas como uma estrutura formal. Como 
já se disse, o tema estava associado à informação dada, isto é, à informação 
compartilhada pelo emissor e pelo destinatário em um processo de 
comunicação. Ele era, portanto, o elemento mais baixo numa escala de 
dinamismo comunicativo, já que não representava o núcleo do interesse em 
comunicar algo. 
OLHANDO DE PERTO
Como veremos nas aulas seguintes, muitas propostas, inspiradas 
nesse importante parâmetro pragmático da informação, buscam 
estabelecer relações entre a estrutura de constituintes da sentença e o 
fluxo de informação. 
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LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 02: FUNCIONALISMO PRAGUENSE
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17
TÓPICO 04: NÍVEIS DE ANÁLISE DA FRASE
A sintaxe funcional desenvolvida pelo Círculo Linguístico de Praga 
acrescenta à clássica divisão da sentença em sujeito e predicado, a 
articulação tema-rema. Verificou-se, portanto, que a oração deveria ser 
analisada em diferentes níveis, com aplicação de critérios distintos. Essa 
consideração dos níveis de segmentação da frase foi desenvolvida por 
autores mais recentes inspirados na Escola de Praga, tais como Firbas, Danes 
e Combettes.
Segundo Combettes (1977), para evitar confusões na análise da frase, é 
necessário distinguir-se três níveis de organização:
I. O nível da estrutura gramatical (sintático)
II. O nível da estrutura semântica (semântico)
III. O nível da organização temática e contextual (pragmático)
Numa perspectiva funcionalista, essa separação, apenas de natureza 
metodológica, não implica a autonomia dos níveis, mas, ao contrário, 
permite que se identifique a influênciade um sobre o outro.
No nível da estrutura gramatical, identificam-se as funções sintáticas de 
sujeito, objeto, adjunto adverbial recorrendo-se a regularidades formais 
relativas, por exemplo, à concordância. No nível da estrutura semântica, 
identificam-se as funções semânticas relativas aos papéis na cena descrita 
pela oração, tais como agente, paciente, instrumental, locativo. No nível de 
organização temática e contextual, observa-se a distribuição da informação 
relativa ao processo de comunicação, identificando-se o tema (informação 
conhecida pelo interlocutor) e rema (informação nova veiculada).
Ilustremos esses três níveis na análise da oração A criança colheu flores 
em um parque. 
Oração A CRIANÇA COLHEU FLORES EM UM PARQUE.
Nìvel I Sujeito Verbo Objeto direto Adjunto
Nível II Agente Ação Paciente Locativo
Nível III Tema Rema
Se, em outro contexto, a oração fosse comunicada na ordem No parque, 
uma criança colheu flores, teríamos:
Oração NO PARQUE UMA CRIANÇA COLHEU FLORES.
Nìvel I Adjunto Sujeito Verbo Objeto direto
Nível II Locativo Agente Ação Paciente
LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 02: FUNCIONALISMO PRAGUENSE
18
Nível III Tema Rema
Se, em outro contexto, tivéssemos a voz passiva, As flores foram 
colhidas por uma criança em um parque, analisaríamos assim:
Oração
AS
FLORES
FORAM
COLHIDAS
POR UMA
CRIANÇA
EM UM
PARQUE.
Nìvel I Sujeito Verbo
Complemento 
agente 
da Passiva
Adjunto
Nível II Paciente Ação Agente Locativo
Nível 
III
Tema Rema
Procedendo à análise da sentença nesses três níveis, é fácil perceber que 
nem sempre há correspondência entre uma função sintática e uma função 
semântica ou pragmática. Desse modo, nem sempre o sujeito é “aquele que 
pratica a ação”, isto é, o agente; e nem sempre o sujeito é “aquele sobre o 
qual se fala”, ou seja, o tema. 
FÓRUM
A linguagem cumpre diferentes funções na vida dos indivíduos. Para 
você, qual é a função da linguagem mais importante? É a expressão do 
pensamento? É a interação social? Reflita e discuta com seus colegas sobre 
esse tema.
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TÓPICO 01: CONCEPÇÕES DE LÍNGUA E GRAMÁTICA EM HALLIDAY
Halliday (1985) filia-se ao Funcionalismo linguístico e, com os seguintes 
argumentos, justifica porque sua gramática é de natureza funcional. 
1. É uma gramática funcional, porque se trata de uma investigação de 
como a língua é usada. É, portanto, uma gramática “natural”.
2. É uma gramática funcional, porque os componentes de significado são 
componentes funcionais. O componente ideacional relaciona-se com a 
função de entender o ambiente e falar de experiências; o componente 
interpessoal diz respeito à função de agir sobre o outro; e o componente 
textual relaciona-se à função instrumental de dar relevância e 
materialidade às funções anteriores.
3. É uma gramática funcional, porque cada elemento na língua é 
explicado pela referência a sua função no sistema linguístico como um 
todo. Desse modo, todos os elementos da língua são construídos como 
configurações orgânicas de funções.
Halliday afirma que o termo sintaxe está associado a gramáticas 
formais, o que leva à interpretação da língua como sistema de formas. Mas, 
para o funcionalista, a língua é antes um sistema de significados 
acompanhados por formas por meio das quais esses significados 
podem ser atualizados. 
A proposta do linguista é de uma teoria sistêmico-funcional do 
significado como escolha, por meio da qual a língua, como qualquer 
outro sistema semiótico, é interpretada como redes de opções engrenadas 
que os falantes podem fazer. Vale ressaltar que, numa perspectiva 
funcionalista, assume-se que as opções disponíveis em uma língua para a 
produção dos sentidos são histórica e culturalmente construídas, estando 
sujeitas à variação e mudança.
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LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 03: FUNCIONALISMO BRITÂNICO
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20
TÓPICO 02: AS RELAÇÕES ENTRE SISTEMA E FUNÇÃO
No modelo sistêmico-funcional de Halliday, a gramática de uma língua é 
entendida como uma rede de estruturas sistêmicas (interligadas) que 
representam as escolhas significativas (porque produzem significado) 
determinadas pelas diferentes funções da linguagem. 
Em outras palavras, a gramática codifica, através de uma rede sistêmica, 
os significados produzidos pelas opções que derivam dos diferentes 
propósitos no uso da linguagem. Ou seja, a gramática de uma língua é a 
codificação das escolhas que produzem os sentidos na vida dos indivíduos de 
uma cultura. 
A metafunção Experiencial diz respeito à interpretação e à expressão 
de nossa experiência. Está, portanto, relacionada ao uso da língua para 
representação de nossa experiência não apenas com o mundo externo, mas 
também com o mundo interno, pensamentos, crenças, sentimentos. Essa 
representação se faz pelo acionamento do sistema de transitividade.
Se, nas gramáticas tradicionais, a transitividade consiste numa 
propriedade dos itens (verbos, substantivos, adjetivos) de implicarem ou não 
a presença de complementos, a transitividade é tratada por Halliday como a 
realização de escolhas entre tipos de processos (representados por elementos 
verbais), participantes (em geral, grupos nominais) e circunstâncias 
(geralmente, grupos adverbiais com caráter opcional).
Para Halliday, há seis tipos de processos: material, mental, relacional, 
comportamental, verbal e existencial.
OS PROCESSOS MATERIAIS
OS PROCESSOS MENTAIS
OS PROCESSOS RELACIONAIS
OS PROCESSOS COMPORTAMENTAIS
OS PROCESSOS VERBAIS
OS PROCESSOS EXISTENCIAIS
Os PROCESSOS MATERIAIS representam nossa experiência no mundo 
exterior, ações que, para serem realizadas no mundo físico, demandam 
algum tipo de energia. São os processos do fazer. Os participantes de tais 
LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 03: FUNCIONALISMO BRITÂNICO
21
processos são, em geral, Ator, Meta, Escopo e Beneficiário. Ator é aquele que 
faz a ação. Meta é aquele para quem o processo é direcionado. É o 
participante diretamente afetado pela ação do processo material. Escopo é o 
participante que complementa a ação, especificando-a, sem ser afetado por 
ela. Beneficiário é aquele que se beneficia, de alguma forma, da ação verbal.
Os processos mentais representam experiências em nosso mundo 
interior, ligadas à imaginação, ao pensamento e à emoção. São os processos 
do sentir, que incluem processos de percepção (tais como ouvir, ver, 
perceber); de afeto (como amar, odiar, gostar, agradar etc); e de cognição 
(tais como conhecer, saber, pensar, compreender, imaginar etc). Nesse tipo 
de processo, os participantes são o Experienciador, aquele que experimenta 
um sentir, e o Fenômeno, isto é, o fato que é percebido, sentido ou 
compreendido.
Os processos relacionais representam significados ligados à 
identificação e à classificação. Servem para caracterizar (atributivos) ou 
identificar (identificativos) as entidades. Nos processos relacionais 
atributivos, faz-se a atribuição de uma qualidade, que se atualiza como um 
participante - o Atributo, a outro participante - o Portador. Já nas orações 
identificativas, faz-se a identificação, ou definição, de uma entidade - a 
Característica, por meio de um termo definidor ou identificador - o 
participante Valor.
Os processos comportamentais encontram-se em posição 
intermediária entre os processos materiais e os mentais, e dizem respeito a 
ações do nosso mundo interior que sãoexteriorizadas. Tais processos 
representam comportamentos humanos, o que inclui tanto atividades 
mentais (olhar, ouvir) como verbais (conversar, discursar). Apresentam, 
necessariamente, um participante consciente, o Comportante, e, 
opcionalmente, um participante Fenômeno.
Os processos verbais estão na fronteira entre os processos mentais e 
os relacionais e, por meio da linguagem, estabelecem relações simbólicas, 
construídas na consciência humana. Os processos verbais referem-se aos 
verbos que expressam o dizer, tais como informar, comunicar, afirmar, 
perguntar etc. Os participantes desse tipo de processo são o Dizente, aquele 
que diz, comunica; o Receptor, participante opcional para quem o processo 
verbal se dirige, e Verbiagem, o participante que codifica o que é dito ou 
comunicado.
Os processos existenciais estão entre os processos relacionais e 
materiais e se relacionam com qualquer tipo de fenômeno que é reconhecido 
como existente. Esses processos se atualizam com apenas um participante, o 
Existente, introduzido no texto, geralmente, pelos verbos haver e existir.
No quadro a seguir, encontra-se uma síntese dos processos e 
participantes do sistema de Transitividade proposto por Halliday.
22
Vejamos a seguinte análise da oração: 
(1) Pedro consertou a cadeira.
Pedro consertou a cadeira
Ator Processo Material Meta
Note que as opções que fazemos no sistema de Transitividade são 
opções de representação semântica, ou seja, de produção de sentidos. 
Portanto, mesmo que a oração (1) ficasse na voz passiva (A cadeira foi 
consertada por Pedro), o participante Pedro ainda seria interpretado como 
Ator, e a cadeira, Meta. 
Sob a perspectiva da metafunção Experiencial, a sentença é vista como 
um processo (reflexivo, perceptivo) de representação de ações, eventos, 
processos de conscientização e relações.
A metafunção Interpessoal é a que nos habilita a participar da situação 
de fala, usando a linguagem para expressar um julgamento pessoal, uma 
atitude e para estabelecer, nas relações com o interlocutor, um determinado 
papel comunicativo (perguntar, declarar, ordenar etc). Ela se realiza por 
meio do sistema de Modo, que organiza a sentença em dois constituintes - 
Modo Oracional e Resíduo. O Modo Oracional é constituído por dois 
elementos: Sujeito, a quem a responsabilidade pela proposição é atribuída; e 
Finito, elemento responsável pelas relações temporais e modais da 
proposição. O Resíduo é composto por três elementos: o Predicador, o 
Complemento e os Adjuntos. 
Vejamos um exemplo desses elementos na oração a seguir:
(2) Pedro pode vender a cadeira na feira.
Pedro pode vender a cadeira na feira
Modo Oracional Resíduo
Sujeito Finito Predicador Complemento Adjunto
23
Sob o ponto de vista da metafunção Interpessoal, a sentença é vista 
como um ato de fala que determina as relações interpessoais, a permuta de 
papéis em interações retóricas (falante/ouvinte), em asserções, perguntas, 
ofertas e comandos etc.
A Metafunção Textual está relacionada à organização da mensagem. É 
ela que nos habilita a criar um texto. 
Os sistemas de Tema e de Informação estão associados à metafunção 
textual, respondendo pelas relações dentro de um enunciado ou entre ele e a 
situação. 
No componente textual da gramática funcional de Halliday, a estrutura 
temática (Tema e Rema) e a estrutura de Informação e Foco (Dado e Novo) 
consistem em recursos estruturais relacionados à estruturação da frase como 
uma mensagem. O sistema de informação não é exclusivo da frase, uma vez 
que, ao contrário do sistema de Tema e Rema, ele tem o seu próprio 
domínio, que é a unidade de informação. Dessa forma, a organização da 
informação pode ser vista tanto no nível da frase, como no nível do texto. 
O Tema é o ponto de partida da oração como mensagem, 
identificando a respeito de que ela trata. Rema é o elemento que 
desenvolve o Tema. Note que, em Halliday, Tema e Rema não se 
confundem com a distinção entre informação Dada 
(compartilhada, de algum modo, pelos interlocutores); e Nova 
(informação não disponível para o interlocutor). 
Ainda no componente textual da gramática funcional, encontra-se o 
conceito de coesão textual. Diferentemente das noções de Tema e 
Informação, a coesão consiste em recursos não-estruturais do discurso, 
responsáveis pela organização semântica do texto, no que diz respeito às 
relações que não dependem da estrutura da frase. A coesão são as relações 
semânticas por meio das quais a interpretação de um item depende de outro 
que integra o mesmo texto e se estabelece mediante o emprego de 
referenciações e repetições, sequenciações e junções.
Vejamos os exemplos (3) e (4):
3. Pedro consertou a cadeira. 
4. Quem consertou a cadeira? 
Apenas na oração (3), o Tema (Pedro) é também uma informação Dada.
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24
TÓPICO 03: GRAMÁTICA E TEXTO
A oração pode ser vista, ao mesmo tempo, como representação da 
experiência no mundo físico ou mental (Experiencial), como ato de fala 
(Interpessoal) e como mensagem, organizando o fluxo discursivo e 
criando continuidade (Textual). 
Segundo o Princípio da Multifuncionalidade, Halliday sustenta que um 
item é interpretado como funcional não isoladamente, mas relativamente a 
todo o sistema linguístico, ou seja, seu funcionamento é analisado com 
respeito às diferentes funções que cumpre nas diferentes construções nas 
quais ele pode atuar. 
Aplicando-se tal princípio à investigação do funcionamento de um item, 
devemos considerá-lo relativamente aos diferentes níveis linguísticos em que 
atua do texto ao sintagma, no cumprimento das diferentes funções da 
linguagem. É esse tipo de investigação que constitui a chave para uma 
interpretação funcional da linguagem, já que as unidades da língua, em 
qualquer nível, segundo Halliday, são configurações orgânicas das funções 
ideacional, interpessoal e textual. A análise do funcionamento de um item 
consiste, portanto, na investigação em torno da realização que um item 
representa das opções codificadas em cada um dos sistemas da língua, em 
diferentes níveis gramaticais. 
Vimos que a proposta de Halliday é de uma teoria 
sistêmico-funcional do significado como escolha. Em 
cada momento de interação verbal, seja na fala ou na escrita, são 
as escolhas que os indivíduos fazem entre as opções disponíveis 
no sistema linguístico que produzem os sentidos dos textos. 
Para Halliday, um texto é uma unidade semântica, não uma unidade 
gramatical. Mas, segundo o linguista, os significados são realizados por meio 
de expressões e, sem uma teoria das expressões, isto é, sem uma gramática, 
não há como explicitar a interpretação de alguém sobre os significados de 
um texto. 
Por meio de uma gramática de natureza funcional, a análise linguística 
pode revelar não apenas o que um texto significa, mas por que um texto 
significa o que ele significa, tendo em vista as escolhas feitas pelo produtor 
desse texto. Uma análise das opções linguísticas orientada por uma 
gramática funcional pode avaliar também em que medida um texto atinge 
efetivamente, ou não, os seus propósitos. 
Halliday defende que uma gramática orientada para o discurso precisa 
ser funcional e semântica, com as categorias explicadas como a realização de 
padrões semânticos. A gramática funcional, segundo o funcionalista, deve 
LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 03: FUNCIONALISMO BRITÂNICO
25
ser, ao mesmo tempo, uma gramática do sistema e uma gramática do texto, 
já que a principal razão para se estudar o sistema linguísticoé lançar luz 
sobre o discurso. 
LEITURA COMPLEMENTAR
Para ampliar seus conhecimentos sobre o Funcionalismo de Halliday 
e a Linguística sistêmico-funcional, sugerimos a leitura dos textos a seguir.
A transitividade em Português (Visite a aula online para 
realizar download deste arquivo.)
O Tema: caracterização e realização em português (Visite a 
aula online para realizar download deste arquivo.)
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
LEIA O TEXTO E FAÇA AS QUESTÕES QUE SE SEGUEM.
A borboletinha era uma beleza, mas se achava uma beldade. Devia, 
pelo menos, ser tratada como a rainha das borboletas, para que se sentisse 
satisfeita. Quanta vaidade, meu Deus!
Não tinha amigos, pois qualquer mariposa que se aproximasse dela 
era alvo de risinhos e de desprezo.
- Que está fazendo em minha presença, criatura? Não vê que sou mais 
bela e elegante do que você? costuma ela dizer, fazendo-se de muito 
importante.
Nem os seus familiares escapavam. Mantinha à distância os seus 
próprios pais e irmãos, como se ela não houvesse nascido naturalmente, 
mas tivesse sido enviada diretamente do céu. Tratava-os com enorme 
frieza, como quem faz um favor, quando não há outro remédio.
- Sim, você é formosa, borboletinha, mas não sabe usar essa qualidade 
como deveria. Isso vai destruí-la! preveniu-a solenemente um sábio do 
bosque.
A borboletinha não deu muita importância às palavras do sábio. Mas 
uma leve inquietação aninhou-se em seu coração. Respeitava aquele sábio 
e temia que ele tivesse razão. Mas logo esqueceu esses pensamentos e 
continuou sua atitude habitual.
Um dia, a profecia do sábio cumpriu-se. Um rapazinho esperto 
surpreendeu-a sozinha voando pelo bosque. Achou-a magnífica e com sua 
rede apoderou-se dela. Como é triste ver a borboletinha vaidosa 
atravessada por um alfinete, fazendo parte da coleção do rapaz!
Cada um tem aquilo que merece. Não adianta pôr a culpa de nossos 
erros nos outros, no destino, em Deus ou na má sorte. Cada um é 
responsável pelo seu próprio sucesso ou fracasso.
Texto disponível em: http://metaforas.com.br/a-borboleta-orgulhosa 
[1] Acesso em: 8/09/2014
26
1. Analise a oração abaixo, indicando as funções desempenhadas pelos 
constituintes nos três níveis: sintático, semântico e pragmático.
Um dia, a profecia do sábio cumpriu-se.
2. Comente a diferença entre os subsistemas de Tema e de Informação 
na análise do termo em destaque na oração:
Mas UMA LEVE INQUIETAÇÃO aninhou-se em seu coração.
3. Classifique os processos em destaque com base no sistema de 
Transitividade proposto por Halliday.
a) A borboletinha ERA uma beleza...
b) ... para que se SENTISSE satisfeita.
c) TRATAVA-os com enorme frieza...
d) ... quando não HÁ outro remédio.
e) Mas logo ESQUECEU esses pensamentos...
4. Analise as opções relativas ao COMPONENTE TEXTUAL (Tema, 
Informação e Coesão) da Gramática Sistêmico-Funcional na produção da 
seguinte frase retirada do texto:
Isso vai destruí-la!
5. Analise a oração abaixo segundo as três funções da linguagem 
(ideacional, Interpessoal e Textual) propostas por Halliday.
- Que está fazendo em minha presença, criatura?
FÓRUM
De acordo com Halliday (1985), uma gramática funcional mostra 
como as opções para a produção dos sentidos são realizadas. Uma 
contribuição para a análise do discurso de uma análise linguística de base 
funcional é revelar por que o texto significa o que significa, se um 
texto atinge efetivamente, ou não, os seus propósitos. 
Discuta, com seus colegas, sobre a relação entre análise linguística e 
as atividades de produção e interpretação de textos.
CHAT
Leia a piada a seguir e discuta, com seus colegas, sobre o tipo de 
funcionalidade (ideacional, interpessoal ou textual) das expressões Ora e 
Ué utilizadas no diálogo.
CERTA LÓGICA
O pai chama o filho para uma conversa:
- Filho, sua professora disse que, dos 20 alunos da classe, você é o pior.
- Ora, pai, podia ser pior.
- Ora, como pior, garoto?
- Ué, a turma podia ter 40 alunos...
27
Disponível em: http://www.piadas.com.br/piadas/certa-logica [2]
Acesso em: 13/12/2012
FONTES DAS IMAGENS
1. http://metaforas.com.br/a-borboleta-orgulhosa
2. http://www.piadas.com.br/piadas/certa-logica
3. http://www.denso-wave.com/en/
Responsável: Prof.ª Márcia Teixeira Nogueira
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28
TÓPICO 01: UM MODELO TEÓRICO DE GRAMÁTICA FUNCIONAL
VERSÃO TEXTUAL
No funcionalismo holandês, veremos as propostas teóricas da 
Gramática Funcional (1989, 1997) de Simon Dik; e da Gramática 
Discursivo-Funcional (2008), de Hengeveld e Mackenzie.
Essas teorias se caracterizam como modelos formais de gramática 
funcional. Em outras palavras, como a formalização de um modelo 
gramatical da competência comunicativa, em que funções e regras 
gramaticais são vistas como instrumentais com relação à pragmática.
Na Gramática Funcional de Dik (1989, 1997), o usuário da língua 
assume papel central, uma vez que a investigação deve voltar-se para o 
intuito de explicitar como falantes e destinatários comunicam-se uns com os 
outros de forma eficiente, por meio da expressão linguística. Para Dik, uma 
descrição linguística não pode prescindir da referência ao falante e ao 
destinatário, seus papéis e estatutos na situação de interação.
No modelo de interação verbal proposto por Dik, vemos um processo de 
comunicação muito mais complexo do que aquele que envolve a mera 
codificação e decodificação de mensagens, respectivamente, por parte do 
emissor e de um destinatário. Vejamos o modelo:
Percebemos, nesse modelo de interação verbal, que a língua, aqui 
representada pela expressão linguística, é vista como instrumento de 
interação social. Ela é responsável pela mediação entre a intenção de um 
falante e a interpretação de um ouvinte. Falante e Ouvinte representam os 
participantes de uma interação verbal, seja por meio da fala, seja por meio da 
escrita. Em qualquer estágio da interação verbal, falante e ouvinte possuem 
Informação pragmática, isto é, um conjunto de conhecimentos, crenças, 
suposições, opiniões e sentimentos. Com base em sua informação 
pragmática e em função de uma dada intenção e da antecipação sobre uma 
possível interpretação daquele com que está interagindo, o falante formula 
LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 04: FUNCIONALISMO HOLANDÊS
29
uma expressão linguística. O ouvinte, por sua vez, interpreta a expressão 
linguística com base na informação pragmática de que dispõe e de uma 
conjectura sobre a possível intenção do falante. 
No modelo da Gramática Funcional, fica evidente o pressuposto 
funcionalista de que, apesar de uma teoria linguística ter como foco a 
linguagem propriamente dita, a investigação sobre a língua em uso deve 
reconhecer que a expressão linguística é apenas uma mediação entre falante 
e ouvinte, já que outros fatores, cognitivos, sociais e interacionais, têm papel 
determinante no sucesso de uma interação.
Ao ressaltar o papel do usuário de uma língua, a Gramática Funcional de 
Dik considera não apenas a capacidade linguística de produzir e 
interpretar corretamente as expressões linguísticas em diferentes situações 
de comunicação, mas:
- a capacidade epistêmica, por meio da qual ele constrói, mantém e 
explora uma base de conhecimento organizado;
- a capacidade lógica, que possibilita o emprego de regras de raciocínio 
para a extração de novos conhecimentos a partir de conhecimentos 
prévios;
- a capacidade perceptual, mediante a qual o usuário percebe seu 
ambiente e dele deriva conhecimentos;
- e a capacidade social, que determina o uso da linguagem em 
conformidade com o interlocutor, a situação e os objetivos 
comunicativos.
Todas essascapacidades estão relacionadas a uma competência 
comunicativa.
Como modelo de gramática funcional, pretende ser uma teoria geral da 
gramática que permita uma visão mais adequada da forma como as línguas 
naturais se organizam. Para tanto, de acordo com Dik, essa teoria deve 
apresentar adequação tipológica, adequação pragmática e adequação 
psicológica.
ADEQUAÇÃO TIPOLÓGICA
• Adequação tipológica diz respeito à necessidade de que uma teoria se 
volte, de forma sistêmica, para as similaridades e diferenças existentes 
entre as línguas naturais, integrando estudos relativos à forma, ao sentido 
e ao uso.
ADEQUAÇÃO PRAGMÁTICA
• A adequação pragmática de uma teoria relaciona-se à integração da 
gramática (descrição e explanação das expressões linguísticas) numa teoria 
pragmática mais ampla da interação verbal.
ADEQUAÇÃO PSICOLÓGICA
• A adequação psicológica reside na capacidade de relacionar os 
comportamentos linguísticos com os modelos de psicológicos da 
competência linguística; em outras palavras, a gramática deve ser vista 
30
como uma construção composta de um modelo de produção, um modelo 
de interpretação e de um estoque de elementos e princípios usados nos 
modelos de produção e de interpretação.
FONTES DAS IMAGENS
1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
2. http://www.denso-wave.com/en/
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31
TÓPICO 02: A DESCRIÇÃO DA EXPRESSÃO LINGUÍSTICA NA GRAMÁTICA FUNCIONAL
Na descrição da expressão linguística, Dik parte da construção de uma 
predicação subjacente projetada na superfície, por meio de regras de 
expressão, que definem a forma, a ordem e o padrão entonacional em que os 
constituintes se realizam. Uma predicação representa um estado de coisa, 
isto é, uma situação linguisticamente codificada. A construção de 
predicações se faz por meio da inserção de termos (expressões 
referenciadoras das entidades que exercem papéis semânticos na predicação) 
em estruturas de predicado (esquemas que especificam as possibilidades 
estruturais de ocorrência de um predicado). As noções de entidade ou de 
estados-de-coisa na Gramática Funcional de Dik não têm realidade 
extralinguística ou extramental.
Os constituintes exigidos pela semântica de um predicado denominam-
se argumentos, enquanto os constituintes que apenas fornecem uma 
informação suplementar são denominados de satélites. No exemplo (1), 
Pedro e um livro são argumentos do predicado escrever, enquanto durante 
as férias é um satélite indicativo de tempo.
(1) Pedro escreveu um livro durante as férias.
Na Gramática Funcional, uma classificação dos estados-de-coisa é 
proposta por meio da avaliação dos traços especificados no quadro a seguir:
Tipos de Estados-de-coisas (DIK, 1997)
Tipo de EC [dinâmico] [controle] [télico]
Situação -
 Posição - +
Estado - -
Evento +
Ação + +
Realização + + +
Atividade + + -
Processo + -
Mudança + - +
Dinamismo + - -
EXEMPLO
Posição: João mantém seu dinheiro na meia.
LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 04: FUNCIONALISMO HOLANDÊS
32
Estado: O dinheiro de João está numa meia velha.
Realização: João correu a maratona em três horas.
Atividade: João estava lendo um livro.
Mudança: A maçã caiu da árvore.
Dinamismo: O relógio estava tiquetaqueando.
Quando, do ponto de vista semântico, uma oração não designa um 
estado-de-coisa, mas um fato possível, temos uma proposição. Quando 
aplicamos a uma proposição os operadores ilocucionários (Declarativo, 
Interrogativo e Imperativo) e, opcionalmente, satélites ilocucionários, temos 
uma frase, que corresponde a um ato de fala. No quadro a seguir, temos uma 
síntese da construção da expressão linguística na Gramática Funcional.
CONSTRUÇÃO DA EXPRESSÃO LINGUÍSTICA NA GRAMÁTICA 
FUNCIONAL
PREDICAÇÃO NUCLEAR
escrever (João) (uma carta)
PREDICAÇÃO CENTRAL
Prog [escrever (João) (uma carta)] caprichosamente.
"João (estar) escrevendo uma carta caprichosamente".
PREDICAÇÃO ESTENDIDA
[Pres [ Prog [ escrever (João) (uma carta)] (caprichosamente)] (na 
biblioteca)]
"João está escrevendo uma carta caprichosamente na biblioteca”.
PROPOSIÇÃO
[Poss[Pres[Prog[escrever (João) (uma carta)] (caprichosamente)] (na 
biblioteca)] (que eu saiba)]
"Que eu saiba, João deve estar escrevendo uma carta caprichosamente na 
biblioteca."
FRASE
[Decl[Poss[Pres[Prog[escrever (João) (uma carta)] (caprichosamente)](na 
biblioteca)] (que eu saiba)] (francamente)]
“Francamente, que eu saiba, João pode estar escrevendo uma carta 
caprichosamente, na biblioteca”.
Na Gramática Funcional de Dik, as funções pragmáticas especificam o 
estatuto informacional dos constituintes em relação ao contexto 
comunicativo mais amplo no qual eles são empregados. Elas dizem respeito à 
dimensão da Topicalidade, que caracteriza as coisas sobre as quais nós 
falamos; e a Focalidade, que caracteriza as partes mais importantes ou 
salientes do que nós dizemos.
Tópico do discurso é a entidade sobre a qual um discurso dá informação. Ele 
pode ser:
• Novo, a entidade introduzida pela primeira vez no discurso;
33
• Dado, a entidade que já foi introduzida no discurso;
• Subtópico, a entidade que pode ser razoavelmente assumida como 
"disponível" a partir de sua relação com um tópico dado; ou
• Restituído, a entidade que não tenha sido mencionada durante algum 
tempo, no discurso e é "reavivada" e restabelecida como um tópico dado.
Cada língua apresenta expedientes linguísticos para introduzir, manter e 
retomar tópicos. 
Em uma expressão linguística, a informação focal é aquela informação 
que é relativamente a mais importante ou saliente no dado contexto 
comunicativo. É considerada pelo falante como a informação mais essencial 
para que o ouvinte integre em sua Informação Pragmática. O falante pode 
desejar acrescentar uma informação à Informação Pragmática do ouvinte, 
como no exemplo a seguir:
- Onde você encontrou o livro de Matemática?
- Na livraria do Shopping.
ou pode querer SUBSTITUIR alguma porção de informação que o 
ouvinte possui, tal como se encontra a seguir:
- Você encontrou o livro de Matemática na livraria do Centro.
- Não, na livraria do Shopping é que eu comprei o livro de 
Matemática.
Uma informação pode ser focalizada por alguns expedientes, tais como:
a) proeminência prosódica - acento enfático; 
Ex.: Comprei o livro de Matemática NA LIVRARIA DO SHOPPING. 
b) ordem especial dos constituintes - posições especiais na ordem 
linear da oração; 
Ex.: Na livraria do shopping comprei o livro de Matemática. 
c) marcadores especiais - partículas que destacam o constituinte foco 
do resto da oração; 
Ex.: Comprei o livro de Matemática foi na livraria do shopping. 
d) construções especiais - construções que definem um constituinte 
específico como focal (clivadas). 
Ex.: Foi na livraria do shopping que comprei o livro de Matemática. 
A Gramática Funcional trata também dos chamados constituintes 
extraoracionais. Eles não fazem parte da oração propriamente dita; são mais 
frouxamente relacionados a ela de modo que podem ser mais 
adequadamente descritos em termos de funcionalidade pragmática. Esses 
elementos servem a uma variedade de funções pragmáticas.
34
EXEMPLO
Vejamos alguns exemplos de constituintes pragmáticos 
extraoracionais com a indicação de sua respectiva função pragmática:
Bem (Iniciador), e sobre o jantar?
Senhoras e senhores (Endereço), vamos começar o jogo?
Quanto aos estudantes (Tema), eles não serão convidados.
Eu estou com receio, Pedro (Endereço), de que você indo um bocado 
depressa.
João era, como eles dizem (Parêntese Modal), um estudante 
brilhante.Está bastante quente aqui, não está? (Marcador ilocucionário)
Ele é um bom companheiro, seu irmão. (Clarificação).
FONTES DAS IMAGENS
1. http://www.denso-wave.com/en/
Responsável: Prof.ª Márcia Teixeira Nogueira
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
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TÓPICO 03: A GRAMÁTICA DISCURSIVO-FUNCIONAL
A Gramática Discursivo-Funcional (GDF) é uma nova versão da 
Gramática Funcional (GF). Essa teoria vem sendo desenvolvida por 
Hengeveld e Mackezie (2004; 2008). É também um modelo da 
competência gramatical dos indivíduos usuários de uma língua, que visa à 
expansão de uma gramática da frase, para uma gramática orientada para o 
discurso.
Essa expansão se justifica por algumas razões. Primeiramente, há 
muitos fenômenos linguísticos que só podem ser explicados em termos de 
unidades maiores que a frase em si mesma, tais como formas verbais 
narrativas, partículas discursivas, cadeias anafóricas etc. Por outro lado, há 
muitas outras expressões linguísticas que são menores do que a frase e, no 
entanto, funcionam como enunciados completos e independentes no 
discurso.
O modelo dessa gramática integra duas abordagens:
◾ O da estratificação descendente e 
◾ A modular.
Ao contrário do modelo da Gramática Funcional proposta por Dik, que é 
um modelo ascendente (bottom-up), em que a descrição da expressão 
linguística vai das unidades menores às maiores, a Gramática Discursivo-
Funcional, como modelo da produção do discurso, exibe uma estratificação 
descendente (top-down). Em outras palavras, entende-se, nesta teoria, que a 
geração de estruturas subjacentes e, em particular, as interfaces entre os 
vários níveis, pode ser descrita em termos das decisões comunicativas que 
um falante toma quando constrói um enunciado. 
Além do componente gramatical propriamente dito, prevê-se um:
• Componente conceitual (cognitivo), que representa o conhecimento 
prévio do falante, tal como sua competência comunicativa, seu 
conhecimento de mundo e sua competência linguística;
• Componente contextual (comunicativo), que representa a informação 
derivável de um discurso anterior e da informação perceptual não 
linguística da situação do discurso;
• Componente de saída (output), que converte a informação fonológica 
em sinais acústicos, gráficos ou visuais. 
Os níveis do componente Gramatical respondem pelas operações de 
Formulação e de Codificação. Nos níveis Interpessoal (Pragmático) e 
Representacional (Semântico), ocorre, inicialmente, a operação de 
Formulação. Nos níveis Morfossintático e Fonológico, temos, a seguir, a 
operação de Codificação. Esses níveis do Componente Gramatical têm 
ordenação descendente.
LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 04: FUNCIONALISMO HOLANDÊS
36
1º NÍVEL
Nível Interpessoal (Pragmático)
2º NÍVEL
Nível Representacional (Semântico)
3º NÍVEL
Nível Morfossintático
4º NÍVEL
Nível Fonológico
Nesse modelo, a descrição das manifestações linguísticas começa das 
intenções do falante, no nível Interpessoal, e, gradualmente, observa os 
níveis Representacional, Morfossintático e Fonológico.
Ao organizar a gramática dessa forma, a GDF postula que:
• Pragmática governa Semântica;
• Pragmática e Semântica governam Morfossintaxe;
• Pragmática, Semântica e Morfossintaxe governam fonologia
FONTES DAS IMAGENS
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TÓPICO 04: NÍVEIS E CAMADAS
MOVE
É a maior unidade da interação relevante para a análise gramatical. É 
uma contribuição autônoma para iniciar a interação e constitui a menor 
unidade livre do discurso. Caracteriza-se como a unidade que ou é ou abre 
a possibilidade de uma reação. Constitui-se de um ou mais Atos 
discursivos.
ATO DISCURSIVO
É a menor unidade identificável de uma conduta comunicativa. Não 
representa, necessariamente, um avanço na conversação para a consecução 
de um objetivo.
Como dissemos, a Gramática Discursivo-Funcional distingue os níveis 
Interpessoal (Pragmática), Representacional (Semântica), Morfossintático e 
Fonológico, nesta ordem hierárquica. A estratificação descendente e a 
separação desses níveis são diferenças importantes com relação à proposta 
de Dik.
Apesar da separação em níveis, regras de mapeamento ligam o nível 
Interpessoal ao Representacional naqueles casos em que o conteúdo 
semântico é necessário para transmitir uma intenção comunicativa. Nos 
casos em que só um conteúdo pragmático tem de ser transmitido, regras de 
expressão ligam diretamente o nível Interpessoal ao Morfossintático. 
A construção de expressões linguísticas pode ser interpretada como um 
processo de tomada de decisões por parte do falante. De acordo com 
Hengeveld, a Gramática Discursivo-Funcional capta as estruturas das 
unidades linguísticas em termos do mundo que elas descrevem e as 
intenções comunicativas com as quais elas são produzidas, em termos das 
suas funções interpessoais e representacionais. 
Segundo o autor, um modelo padrão de linguagem não é 
necessariamente um modelo estático. Para um modelo de gramática, uma 
interpretação dinâmica envolve uma implementação que espelha o processo 
de produção do discurso pelos indivíduos. Isso não significa que o modelo 
gramatical é um modelo do falante, mas será mais eficaz quanto mais ele se 
assemelhe a esse processo de produção de linguagem.
UNIDADES DO NÍVEL INTERPESSOAL
VEJA, NOS EXEMPLOS A SEGUIR, A DIFERENÇA ENTRE MOVE E
ATO DISCURSIVO.
A: Como foi o jogo ontem? (M1, A1)
B: Fortaleza ganhou.(A1) E o Ceará perdeu.(A2) (M2)
_____________________________
A: Corra (A1), que a chuva está forte! (A2) (M1)
_____________________________
LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 04: FUNCIONALISMO HOLANDÊS
38
A: Marta (A1), está chovendo
forte! (A2) (M1) 
Cada ato discursivo constitui-se de: Ilocução, Participante(s) e Conteúdo 
Comunicado.
ILOCUÇÃO
É o uso interpessoal convencionalizado na realização da intenção 
comunicativa (Expressivo, Comunicativo...). 
PARTICIPANTES
É a alternância dos papéis de Falante (P1) e Ouvinte (P2), cujas 
referências podem ser feitas por meio de vocativos, pronomes de primeira 
ou de segunda pessoa.
CONTEÚDO COMUNICADO
É a totalidade do que o Falante deseja evocar na sua comunicação com 
o Ouvinte.
SUBATOS DO CONTEÚDO COMUNICADO
Atributivo (T), para evocar uma propriedade; 
Referencial (R), para evocar um referente.
Veja, a seguir, a diferença entre referência e atribuição (nível 
Interpessoal) e designação (nível Representacional).
Eu vi um leão. Ato referencial
Este animal é um leão. Ato atributivo
A expressão um leão tem a mesma designação (representacional), mas 
desempenha subatos diferentes (interpessoal).
UNIDADES DO NÍVEL REPRESENTACIONAL
INDIVÍDUO
É a entidade de primeira ordem, que pode ser localizada no espaço e 
pode ser avaliada em termos de sua existência. 
ESTADO-DE-COISAS
É a entidade de segunda ordem, que pode ser localizada no espaço e 
no tempo e pode ser avaliada em termo de sua realidade. 
CONTEÚDO PROPOSICIONAL
É a entidade de terceira ordem, que constitui um construto mental, 
não podendo assim ser localizado nem no espaço nem no tempo, mas 
avaliado em termos de verdade. 
PROPRIEDADE
É a categoria que não tem existência independente e pode ser 
caracterizada em termos de sua aplicabilidade. 
39
ICONICIDADE
Parece se aplicar aos níveis mais altos, como a ordenação dos ECs, que 
estão relacionados à experiência física e mental dos indivíduos.
INTEGRIDADE DO DOMÍNIO
Refere-se à preferência por unidades que, juntas nos dois primeiros 
níveis, podem ser justapostas uma a outras ao nívelMorfossintático.
ESTABILIDADE FUNCIONAL
Diz respeito à exigência de que os constituintes com a mesma 
especificação sejam colocados na mesma posição em relação a outras 
categorias.
PRINCÍPIOS DA RELAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS INTERPESSOAL E
REPRESENTACIONAL E O NÍVEL MORFOSSINTÁTICO
LEITURA COMPLEMENTAR
Para ampliar seus conhecimentos sobre o Funcionalismo Holandês, 
sugerimos a leitura do texto Gramática Funcional: da oração rumo ao 
discurso (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.).
Que tal fazer uma visita ao site da Gramática Funcional (Functional 
Grammar)?
Clique no link abaixo:
http://www.functionalgrammar.com/ [1]
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
1. Explique como você entende a relação entre um modelo teórico de 
gramática e as gramáticas de línguas particulares. Que condições de 
adequação tipológica deve ter um modelo teórico de gramática?
2. Explique por que o modelo teórico da Gramática Discursivo-
Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008) é visto como uma 
expansão do modelo da Gramática Funcional (SIMON DIK, 1997).
3. O que significa a estratificação descendente do modelo teórico da 
Gramática Discursivo-Funcional?
Leia o texto e faça as questões que se seguem. 
A GRALHA VAIDOSA
Júpiter deu a notícia de que pretendia escolher um rei para os 
pássaros e marcou uma data para que todos eles comparecessem diante de 
seu trono. O mais bonito seria declarado rei.
Querendo arrumar-se o melhor possível, os pássaros foram tomar 
banho e alisar as penas às margens de um arroio. A gralha também estava 
lá no meio dos outros, só que tinha certeza de que nunca ia ser a escolhida, 
porque suas penas eram muito feias.
"Vamos ter que dar um jeito", pensou ela.
40
Depois que os outros pássaros foram embora, muitas penas ficaram 
caídas pelo chão; a gralha recolheu as mais bonitas e prendeu em volta do 
corpo. O resultado foi deslumbrante: nenhum pássaro era mais vistoso 
que ela. Quando o dia marcado chegou, os pássaros se reuniram diante do 
trono de Júpiter; Júpiter examinou todo mundo e escolheu a gralha para 
rei. Já ia fazer a declaração oficial quando todos os outros pássaros 
avançaram para o futuro rei e arrancaram suas penas falsas uma a uma, 
mostrando a gralha exatamente como ela era.
Moral: Belas penas não fazem belos pássaros.
4. Identifique o tipo de categoria semântica representado nas 
expressões em destaque.
(1) Propriedade 
( ) Júpiter deu a notícia de que 
pretendia escolher um rei para OS
PÁSSAROS...
(2) Indivíduo ( ) O mais BONITO seria 
declarado rei. 
(3) Estado-de-coisas ( ) ...OS PÁSSAROS FORAM
TOMAR BANHO... 
(4) Conteúdo Proposicional 
( ) ...só que tinha certeza de que 
NUNCA IA SER A ESCOLHIDA...
( )... A GRALHA também estava 
lá no meio dos outros,...
5. Com base numa análise integrada dos aspectos sintáticos, 
semânticos e pragmáticos, explique a diferença entre voz ativa e voz 
passiva nas frases:
I. Júpiter escolheu a gralha rei dos pássaros.
II. A gralha foi escolhida rei dos pássaros por Júpiter. 
FÓRUM
Sabemos que Falante e Ouvinte têm outras capacidades, além da 
linguística, que, se colocadas em prática, podem garantir o sucesso de um 
ato comunicativo. Com base no modelo de interação verbal da Gramática 
Funcional, imagine um diálogo como exemplo de uma interação bem-
sucedida, em que essas capacidades têm imprescindível papel. 
FONTES DAS IMAGENS
1. http://www.functionalgrammar.com/
2. http://www.denso-wave.com/en/
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TÓPICO 01: OS PRINCÍPIOS DE ICONICIDADE E MARCAÇÃO
O funcionalismo norte-americano não é lembrado pela formalização de 
um modelo teórico das línguas naturais. Ao contrário, ele se caracteriza pela 
realização de vários estudos que se constituíram marcos de orientação 
funcionalista. 
Talmy Givón é um dos nomes mais importantes do funcionalismo norte-
americano. Esse linguista desenvolveu análises de vários fenômenos que 
representaram verdadeiros manifestos contra as abordagens formalistas, 
pela consideração de condicionamentos discursivos que comprovaram a 
motivação funcional das estruturas gramaticais. 
VERSÃO TEXTUAL
Uma abordagem tipológico-funcional da gramática caracteriza a 
significativa produção de Givón. Para Givón, há uma estreita 
associação entre os aspectos funcionais, tipológicos e diacrônicos da 
gramática. Givón defende que a tipologia gramatical seja o estudo da 
diversidade de estruturas que podem desempenhar o mesmo tipo de 
função. Nesse sentido, em uma tipologia gramatical, enumeram-se as 
principais estruturas por meio das quais línguas diferentes codificam o 
mesmo domínio funcional.
As línguas podem apresentar diferenças consideráveis na maneira pela 
qual organizam ou modelam os domínios funcionais codificados pela 
gramática. No entanto, Givón lembra que a gramática não é apenas um 
mecanismo de codificação superficial dos diferentes domínios funcionais 
universais organizados com o propósito da comunicação. 
Criticando tanto a visão de Chomsky de gramática como um algoritmo, 
quanto a de Paul Hopper, de gramática emergente, totalmente flexível, 
sempre negociada e completamente dependente do contexto comunicativo, 
Givón (2001) defende uma posição intermediária, ao reconhecer que a 
gramática é um instrumento categorizador por excelência (e, como código, é 
mais abstrato do que o que codifica), mas raramente tem 100% de 
dominância em uma regra. A flexibilidade residual, a gradualidade e a 
variabilidade da gramática são motivadas de maneira adaptativa. Em outras 
palavras, Givón defende que as línguas apresentam, ao mesmo tempo, 
estabilidade e flexibilidade, já que essas duas características são necessárias, 
respectivamente, para o processamento rápido da linguagem e para a 
adaptação da língua aos diferentes propósitos comunicativos.
Como argumento para a natureza adaptativa das línguas naturais, Givón 
postulou princípios da organização gramatical icônica ou Princípios de 
iconicidade. Uma síntese desses princípios é dada a seguir.
LINGUÍSTICA: FUNCIONALISMO
AULA 05: FUNCIONALISMO NORTE-AMERICANO
42
REGRAS DE ENTONAÇÃO
Ênfase previsibilidade: 
Trechos de informação menos previsível são enfatizados.
Melodia e relevância: 
Blocos de informação que pertencem ao mesmo domínio conceitual 
são empacotados sob um contorno melódico único.
Pausa e ritmo: 
O tempo de pausa entre blocos de informação corresponde à distância 
temática ou cognitiva que existe entre eles.
REGRAS DE ESPAÇAMENTO
Proximidade e relevância: 
Blocos de informação que pertencem ao mesmo domínio conceitual 
são mantidos em proximidade espaço-temporal.
Proximidade e escopo: 
Operadores funcionais são mantidos mais perto do que tomam por 
escopo.
REGRAS DE SEQUÊNCIA
Ordem e importância: 
Um bloco de informação mais importante é colocado no início.
Ordem de ocorrência e ordem reportada: 
A ordem temporal na qual os acontecimentos ocorreram é espelhada 
no relato linguístico desses acontecimentos.
REGRAS DE QUANTIDADE
Expressão zero e previsibilidade: 
Informação previsível – ou já ativada – não será expressa.
Expressão zero e relevância: 
Informação irrelevante ou sem importância não será expressa.
Observem que, ao enunciar relações de motivação entre forma e função, 
os PRINCÍPIOS DE ICONICIDADE se opõem ao princípio da 
ARBITRARIEDADE do signo linguístico. Portanto, o funcionalista busca, nos 
condicionamentos cognitivos e discursivos que caracterizam cada momento 
da interação, as explicações que justifiquem a forma da expressão linguística 
utilizada. 
Notem que os princípios de iconicidade

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