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500 anos de história linguística

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QUINHENTOS ANOS DE HISTÓRIA LINGUÍSTICA
Ao longo de 500 anos de história, a situação linguística do Brasil foi supercomplexa, pela presença das línguas indígenas (desde sempre), do português dos colonizadores, das línguas faladas pelos escravos africanos (a partir de 1532) e, depois, das línguas europeias e asiáticas faladas pelos imigrantes. No processo de implantação do português no continente sul-americano, encontramos praticamente todas as situações de contato linguístico possíveis. Ou seja, a história da implantação do português no Brasil foi uma história de multilinguismo.
Por ocasião do descobrimento, dizem os especialistas, vivia no Brasil uma população nativa estimada em seis milhões de indígenas. Sempre segundo os especialistas, esses indígenas falavam cerca de 340 línguas que eram obviamente não indo-europeias e pertenciam a troncos linguísticos muito diferentes entre si. Portanto, o multilinguismo já existia no continente sul-americno antes da colonização portuguesa. Os portugueses precisaram aprender e usar essas línguas indígenas por razões de sobrevivência e para impor seu domínio aos nativos. Por sua vez, o tráfico de escravos, que termina oficialmente em 1850, mas que na prática durou até o final do século XIX, trouxe para o Brasil alguns milhões de africanos, falantes de línguas pertencentes ao tronco niger-congo. Por muito tempo, o elemento indígena foi predominante na população rural, e o elemento negro na população dos centros urbanos.
Para complicar o quadro, lembre-se de que os portugueses não foram os únicos europeus que tentaram estabelecer colônias no atual território brasileiro: por períodos mais ou menos extensos, os franceses estiveram no Rio de Janeiro e no Maranhão, os holandeses, no Recife, e os espanhóis no imenso território, hoje brasileiro, que fica a leste do meridiano de Tordesilhas. (...) A partir do século XIX, preocupadas em “branquear” a população brasileira e em substituir a mão-de-obra escrava, as elites do país começaram a lançar projetos de colonização, destinados a atrair emigrantes europeus e asiáticos.
Diante de tudo isso, fica evidente que, desde 1500 até o final do Império, o Brasil foi um espaço multilíngue e um enorme laboratório linguístico.
(ILARI, Rodolfo; Basso, Renato. O português da gente: a língua que estudamos, a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006, p. 60-61. Adaptado)
Tratado de Tordesilhas
Tratado de Mdrid

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