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Aula 01 Direito Administrativo Aula 01

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CURSO PREPARATÓRIO PARA O TRT/RJ – ANALISTA JUDICIÁRIO 
DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. FABIANO PEREIRA 
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Olá! 
Seja bem-vindo ao nosso curso completo de Direito 
Administrativo (Teoria e Questões), que tem integra o pacote do 
curso preparatório para o cargo de Analista Judiciário do Tribunal 
Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (área judiciária e de execução 
de mandados). 
Como esta é a primeira aula, optei por elaborá-la utilizando o tópico 
sobre “princípios da Administração Pública”, que é o único que não está 
presente em ambos os editais para analista judiciário – área judiciária e de 
execução de mandados (o conteúdo foi cobrado somente em relação à 
segunda especialidade). Todos os demais tópicos do curso estão presentes 
nos dois programas de Direito Administrativo. 
 Como a Fundação Carlos Chagas foi a responsável pela publicação 
do edital, nada mais prudente do que conhecer a fundo a forma de 
abordagem da banca em relação aos principais tópicos do Direito 
Administrativo, o lhe proporcionará a prerrogativa de gabaritar a prova, 
assegurando todos esses preciosos pontos. 
Sendo assim, não temos escolha: vamos ter que nos aprofundar no 
estilo de questões da Fundação Carlos Chagas, o que nos garantirá a 
possibilidade de gabaritar a prova de Direito Administrativo no concurso 
do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro. 
Em nosso curso será apresentada toda a parte teórica do Direito 
Administrativo, relações de questões comentadas, Resumo de 
Véspera de Prova (contendo os pontos cruciais que devem ser 
recordados pelo candidato) e diversos exercícios de fixação do conteúdo 
(apenas com o gabarito), o que o tornará um verdadeiro especialista em 
Fundação Carlos Chagas. 
A propósito, muito prazer, meu nome é Fabiano Pereira e 
atualmente exerço as funções de Analista Judiciário – área judiciária 
no Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Minas Gerais. Paralelamente às 
atribuições desse cargo público, também ministro aulas em universidades 
e cursos preparatórios para concursos públicos em várias cidades 
brasileiras. 
Aqui no Ponto dos Concursos, ministro cursos teóricos e de 
exercícios na área do Direito Administrativo e Direito Eleitoral. 
Nesses últimos anos, tive a oportunidade de sentir “na pele” a 
deliciosa sensação de ser nomeado em razão da aprovação em vários 
concursos públicos. Entretanto, sou obrigado a confessar que a minha 
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realização profissional está intimamente atrelada à docência. A 
convivência virtual ou presencial com os alunos de todo o país e a 
possibilidade de abreviar o caminho daqueles que desejam ingressar no 
serviço público é o que me inspira no cotidiano. 
Assim, tenho procurado reservar um tempinho para uma de minhas 
grandes paixões: escrever para candidatos a concursos públicos. 
Até o momento, foram publicados pela Editora Método os seguintes 
livros de minha autoria: 
1) “Direito Administrativo – Questões comentadas do CESPE”; 
2) “Direito Administrativo – Questões comentadas da 
Fundação Carlos Chagas - FCC”; 
3) “Direito Administrativo – Questões comentadas da ESAF”. 
4) “1001 Questões Comentadas de Direito Eleitoral – FCC”. 
Esses livros possuem uma linguagem acessível, objetiva e direta, 
abordando o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo 
Tribunal Federal em relação aos temas mais importantes do Direito 
Administrativo e Eleitoral. Vale à pena conferir! 
Se você ainda não teve o privilégio de ser nomeado para um cargo ou 
emprego público, mantenha-se firme nesse propósito, pois, certamente, a 
sua aprovação virá. Trata-se apenas de uma questão de tempo e 
perseverança. 
Quantos anos de braçadas foram necessários para que Cesar Cielo 
chegasse ao ouro olímpico? Será que o ouro foi obtido no primeiro 
mergulho na piscina? Tenho certeza que não! 
Deve ficar claro que a sua aprovação dependerá de algumas 
privações, muita vontade de vencer e, principalmente, muito estudo! E não 
é qualquer estudo. Tem que ser um estudo direcionado, objetivo e 
programado, focado sempre na meta que foi anteriormente traçada. 
Para facilitar a sua programação de estudos durante a preparação, 
informo abaixo o cronograma inicial de divulgação das aulas: 
AULA 01 (06/11/2012) – Administração pública: princípios 
básicos. 
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AULA 02 (13/11/2012) - Poderes administrativos: poder 
hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; 
uso e abuso do poder. 
AULA 03 (20/11/2012) – Organização administrativa: 
administração direta e indireta; centralizada e descentralizada; 
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia 
mista, consórcios públicos (Lei nº 11.107/2005). Órgãos públicos: 
conceito, natureza e classificação. 
AULA 04 (27/11/2012) – Ato administrativo: conceito, requisitos 
e atributos; anulação, revogação e convalidação; discricionariedade 
e vinculação. Serviços públicos: conceito e princípios; delegação: 
concessão, permissão e autorização. 
AULA 05 (04/12/2012) - Servidores públicos: cargo, emprego e 
função públicos. Lei nº 8.112/1990 e alterações (Regime Jurídico dos 
Servidores Públicos Civis da União, das Autarquias e das Fundações 
Públicas Federais): disposições preliminares, provimento, vacância, 
remoção, redistribuição e substituição; direitos e vantagens: 
vencimento e remuneração; vantagens; férias; licenças; 
afastamentos; direito de petição; regime disciplinar: deveres e 
proibições; acumulação; responsabilidades; penalidades. 
AULA 06 (11/12/2012) – Processo administrativo (Lei nº 
9.784/99): das disposições gerais; dos direitos e deveres dos 
administrados. Lei nº 8.429, de 2/6/92: das disposições gerais; dos 
atos de improbidade administrativa. Controle e responsabilização da 
administração: controle administrativo; controle judicial; controle 
legislativo; responsabilidade civil do Estado. 
Caso você ainda tenha alguma dúvida sobre a organização ou 
funcionamento do curso, fique à vontade para esclarecê-las através do 
e-mail fabianopereira@pontodosconcursos.com.br. 
Até a próxima aula! 
 
Fabiano Pereira 
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br 
 FACEBOOK: www.facebook.com.br/fabianopereiraprofessor 
 
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PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
1. Considerações iniciais .............................................................. 05 
 1.1. Princípios expressos e implícitos .................................. 06 
1.2. Colisão entre princípios ................................................ 08 
2. Princípios constitucionaisexpressos 
 2.1. Princípio da legalidade .................................................. 10 
2.2. Princípio da impessoalidade .......................................... 13 
2.3. Princípio da moralidade ................................................. 17 
2.4. Princípio da publicidade ............................................... 21 
2.5. Princípio da eficiência ................................................... 24 
3. Princípios implícitos 
3.1. Princípio da supremacia do interesse público sobre o 
privado.................................................................................. 25 
3.2. Princípio da indisponibilidade do interesse público ........ 27 
3.3. Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade ......... 29 
 3.4. Princípio da autotutela ................................................... 31 
 3.5. Princípio da tutela .......................................................... 33 
3.6. Princípio da segurança jurídica ...................................... 34 
3.7. Princípio da continuidade dos serviços públicos ............. 35 
3.8. Princípio da motivação ................................................... 37 
3.9. Princípio da especialidade ............................................. 39 
4. Super R.V.P ............................................................................... 40 
5. Questões comentadas ............................................................... 43 
6. Questões para fixação do conteúdo ........................................... 69 
 
 
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PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 
 
1. Considerações iniciais 
 Os princípios administrativos estruturam, orientam e direcionam a 
edição de leis administrativas e a atuação da Administração Pública, pois não 
existe um sistema jurídico formado exclusivamente de leis. 
Os princípios contêm mandamentos com um maior grau de abstração, já 
que não especificam ou detalham as condutas que devem ser seguidas pelos 
agentes públicos, pois isso fica sob a responsabilidade da lei. Entretanto, no 
momento de criação da lei, o legislador deverá observar as diretrizes traçadas 
nos princípios, sob pena de sua invalidação. 
 Como bem afirma o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, “[...] violar 
um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A 
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento 
obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de 
ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, 
porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores 
fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua 
estrutura mestra. Isso porque, por ofendê-lo, abatem-se as vigas que o sustêm 
e alui-se toda a estrutura nelas esforçada”1. 
 Para que fique nítida a importância dos princípios, basta analisar o 
conteúdo do inciso III, artigo 1º, da Constituição Federal de 1988, que prevê a 
dignidade da pessoa humana como um fundamento da República Federativa 
do Brasil. 
 Mas o que significa isso? Significa que todas as leis criadas em nosso país, 
assim como todos os atos e condutas praticados pela Administração Pública e 
pelos particulares, devem orientar-se pelo respeito à dignidade da pessoa 
humana. 
 O princípio da dignidade da pessoa humana assegura que o ser humano 
tem direito a um “mínimo existencial”, ou seja, o direito a condições mínimas de 
existência para que possa sobreviver dignamente. Inseridos nesse “mínimo 
existencial” estariam, por exemplo, o direito à alimentação, a uma renda 
mínima, à saúde básica, ao acesso à justiça, entre outros. 
 Para se garantir o efetivo cumprimento dos direitos relativos ao “mínimo 
existencial”, não é necessário aguardar a criação de uma ou várias leis. A simples 
existência do princípio no texto constitucional, por si só, é capaz de assegurar a 
necessidade de seu cumprimento. 
 
1 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 
2008. 
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Assim, sempre que um indivíduo sentir-se violado em sua dignidade 
humana em virtude de uma ação ou omissão do Estado, poderá recorrer ao 
Judiciário para exigir as providências cabíveis. 
O Superior Tribunal de Justiça, por exemplo, no julgamento do Recurso 
Especial 950.725/RS 2 , garantiu a um paciente portador de grave doença 
muscular o recebimento gratuito de medicamento, mesmo não integrante da 
listagem do SUS. 
Ao determinar que a Administração fornecesse o medicamento ao 
paciente, o STJ fundamentou a sua decisão no princípio da dignidade 
humana, já que não existia nenhuma regra expressa (lei) que garantisse a 
gratuidade do medicamento ou a sua inclusão na lista geral do SUS. 
1.1. Princípios expressos e implícitos 
A responder às questões da Fundação Carlos Chagas, lembre-se sempre 
de que os princípios administrativos se dividem em expressos e implícitos. 
Princípios expressos são aqueles taxativamente previstos em uma 
norma jurídica de caráter geral, obrigatória para todas as entidades políticas 
(União, Estados, Municípios, Distrito Federal e seus respectivos órgãos públicos), 
bem como para as entidades administrativas (autarquias, fundações 
públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista). 
Não interessa se a norma jurídica de caráter geral possui status 
constitucional ou infraconstitucional, mas sim se é de cunho obrigatório para 
toda a Administração Pública, em todos os níveis. 
É possível encontrarmos princípios expressos previstos em nível 
constitucional, como constatamos no caput do artigo 37 da Constituição 
Federal. Esse dispositivo estabelece a obrigatoriedade de a Administração 
respeitar os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência. 
Da mesma forma, existem princípios que estão expressos somente na 
legislação infraconstitucional. É o que se constata na leitura do artigo 3º da 
Lei de licitações, que determina a obrigatoriedade de respeito aos princípios da 
legalidade, moralidade, publicidade, vinculação ao instrumento convocatório, 
julgamento objetivo, dentre outros. 
Esses princípios são considerados expressos porque é possível identificar, 
claramente, o “nome” de cada um deles no texto legal ou constitucional. É o que 
acontece, por exemplo, com o princípio da moralidade. O nome desse princípio 
não é “princípio do respeito à ética e à moral”, mas sim MORALIDADE, com todas 
as letras! 
 
2 Recurso Especial nº. 950.725/RS, rel. Ministro Luiz Fux. Superior Tribunal de Justiça. Julgado 
em 06.05.2008 e publicado no DJU em 18.06.2008. 
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Em alguns casos, os princípios estarão expressos em leis que não sãode 
observância obrigatória para toda a Administração Pública brasileira, mas 
somente para determinado ente político. Podemos citar como exemplo a Lei 
9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito federal. 
Em seu artigo 2º, a lei 9.784/99 declara que a Administração Pública 
obedecerá, entre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, 
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, segurança jurídica, 
eficiência, do interesse público e do contraditório. 
Tais princípios são considerados expressos somente para a 
Administração Pública Federal (União, seus respectivos órgãos e entidades 
da administração indireta), pois estão previstos em uma norma jurídica que é de 
observância obrigatória apenas para a Administração Pública Federal. 
Os princípios previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99 não podem ser 
considerados expressos para o Distrito Federal ou para o meu maravilhoso 
município de Montes Claros – MG (terra da carne de sol com pequi), pois a 
referida lei é federal. 
O Estado de Minas Gerais, por exemplo, possui uma lei própria regulando 
os processos administrativos que tramitam no âmbito estadual (lei 14.184/02). 
Assim, os princípios previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99 não serão 
expressos em relação ao Estado de Minas Gerais, pois não têm caráter 
obrigatório em relação a este. 
Da mesma forma, no artigo 2º da lei estadual mineira está previsto que a 
Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade, finalidade, motivação, razoabilidade, 
eficiência, ampla defesa, do contraditório e da transparência. 
Observe que na lei federal não consta a obrigatoriedade de respeito ao 
princípio da transparência, que somente será expresso em relação ao Estado de 
Minas Gerais. 
Por outro lado, princípios implícitos são aqueles que não estão previstos 
expressamente em uma norma jurídica de caráter geral, pois são consequência 
dos estudos doutrinários e jurisprudenciais. 
São princípios cujos nomes não irão constar claramente no texto 
constitucional ou legal, mas que, de qualquer forma, vinculam as condutas e atos 
praticados pela Administração Pública. 
Um bom exemplo para facilitar o entendimento é o princípio da eficiência. 
Esse princípio somente foi introduzido no caput, do artigo 37, da Constituição 
Federal de 1988, a partir de 04 de junho de 1998, com a promulgação da Emenda 
Constitucional 19. Apenas a partir dessa data é que esse princípio passou a ser 
expresso. 
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Apesar disso, antes mesmo de ter sido incluído expressamente no caput 
do artigo 37 da Constituição Federal, tal princípio já era considerado 
implicitamente obrigatório para toda a Administração Pública brasileira pelos 
Tribunais do Poder Judiciário. 
O Ministro Luiz Vicente Cernichiaro, do Superior Tribunal de Justiça, em 
1996, ao julgar o Recurso em Mandado de Segurança – RMS 5.590-6/DF3, 
declarou que a “Administração Pública é regida por vários princípios. Além dos 
arrolados no art. 37, da Constituição da República: legalidade, impessoalidade, 
moralidade e publicidade, outros se evidenciam na mesma Carta Política. Sem 
dúvida, não se contesta, urge levar em conta ainda o princípio da eficiência, 
ou seja, a atividade administrativa deve voltar-se para alcançar resultado e 
interesse público”. 
Assim, constata-se que mesmo antes de ser incluído no texto 
constitucional (em 04 de junho de 1998), o princípio da eficiência tinha 
caráter obrigatório para toda a Administração Pública brasileira, mas era 
considerado implícito, porque ainda não estava “escrito” no caput, do artigo 
37, da CF/1988. 
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: O art. 37 da Constituição Federal 
não é taxativo, pois, outros princípios existem, previstos em leis esparsas, ou, 
mesmo, não expressamente contemplados no direito objetivo, aos quais se 
sujeita a Administração Pública (Analista Judiciário/TRT 15ª Região 2009). 
Assertiva correta. 
 
1.2. Colisão entre princípios 
Não há hierarquia entre os princípios administrativos, apesar de vários 
autores afirmarem que o princípio da supremacia do interesse público 
sobre o interesse privado é o princípio fundamental do Direito Administrativo. 
Isso não significa que o princípio da supremacia do interesse público 
sobre o interesse privado se sobreponha aos demais princípios, mas apenas 
que irá amparar e fundamentar o exercício das atividades finalísticas da 
Administração Pública. 
Diante de uma aparente colisão entre princípios, o intérprete 
(administrador ou o juiz) deverá considerar o peso relativo de cada um deles e 
verificar, no caso concreto em análise, qual deverá prevalecer. A solução da 
colisão dar-se-á através da ponderação entre os diversos valores jurídicos 
envolvidos, pois os princípios possuem um alcance (peso) diferente em cada caso 
concreto e aquele que possuir maior abrangência deverá prevalecer. 
 
3 Recurso em Mandado de Segurança 5.590/95 DF, rel. Ministro Luiz Vicente Cernicciaro. 
Superior Tribunal de Justiça. Diário da Justiça, Seção I, p. 20.395. 
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Não é correto afirmar que o princípio “x” sempre deverá prevalecer em 
face do princípio “y”, ou vice-versa. Somente ao analisar o caso em concreto é 
que o intérprete terá condições de afirmar qual princípio deve prevalecer. Para a 
ponderação de princípios, o intérprete poderá valer-se de outros princípios, 
principalmente o da proporcionalidade. 
No caso em concreto, o juiz irá analisar se a aplicação de ambos os 
princípios é adequada e necessária e, se realmente for, não irá excluir totalmente 
a incidência de um em detrimento do outro. Deverá, sim, reduzir o alcance de um 
princípio ou, em alguns casos, de ambos, a fim de se chegar a uma decisão que 
atenda às expectativas de ambas as partes e mantenha os efeitos jurídicos de 
ambos. 
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: Os princípios da Administração 
Pública se aplicam, em igual medida e de acordo com as ponderações 
determinadas pela situação concreta, a todas as entidades integrantes da 
Administração direta e indireta (Agente Técnico Legislativo ALSP/2010). 
Assertiva correta. 
 
1.3. Princípios básicos 
Segundo a doutrina majoritária, PRINCÍPIOS BÁSICOS da 
Administração Pública são aqueles previstos expressamente no art. 37 da 
Constituição Federal, a saber: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, 
Publicidade e Eficiência (o famoso L.I.M.P.E.). Nesse sentido, os demais 
princípios poderiam ser classificados como GERAIS, pois estão previstos em leis 
esparsas ou são fruto do entendimento doutrinário e jurisprudencial. 
Analisando-se os últimos editais publicados pela Fundação Carlos Chagas, 
constata-se que a banca tem o hábito de incluir no programa de Direito 
Administrativo o seguinte tópico: “Administração Pública - princípios 
básicos”. 
Todavia, é importante destacar que as questões elaboradas pela FCC não 
se restringem aos princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, 
Publicidade e Eficiência. As questões também abrangem os demais princípios 
implícitos impostos à Administração Pública,a exemplo do Princípio da 
Segurança Jurídica, Princípio da Razoabilidade, Princípio da Proporcionalidade, 
entre outros. 
Desse modo, ao se deparar com o tópico “Administração Pública: princípios 
básicos” nos editais da Fundação Carlos Chagas, aconselho que você estude 
todos os princípios gerais do Direito Administrativo, evitando, assim, eventuais 
surpresas desagradáveis no momento da prova. 
 
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2. Princípios constitucionais expressos 
2.1. Princípio da legalidade 
 Historicamente, a origem do princípio da legalidade baseia-se na Magna 
“Charta Libertatum”, imposta pelos barões ingleses ao rei João Sem–Terra, no 
ano de 1215, caracterizando-se como o primeiro esforço inglês de tentar 
restringir o poder absolutista do rei. 
No referido documento estava expresso que "nenhum homem livre será 
detido ou sujeito à prisão, ou privado de seus bens, ou colocado fora da lei, ou 
exilado, ou de qualquer modo molestado, e nós não procederemos nem 
mandaremos proceder contra ele senão mediante um julgamento regular pelos 
seus pares ou de harmonia com a lei do país". 
 Atualmente, o princípio da legalidade pode ser estudado sob dois enfoques 
distintos: em relação aos particulares e em relação à Administração Pública. 
 Em relação aos particulares, o princípio da legalidade está consagrado 
no inciso II, artigo 5º, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual 
"ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude 
da lei". 
Isso significa que, em regra, somente uma lei (ato emanado do Poder 
Legislativo) pode impor obrigações aos particulares. 
 Segundo o saudoso professor Hely Lopes Meirelles, “enquanto os 
indivíduos, no campo privado, podem fazer tudo o que a lei não veda, o 
administrador público só pode atuar onde a lei autoriza”. 
 Para ficar mais fácil o entendimento do princípio da legalidade em 
relação aos particulares, imaginemos o seguinte: Após ter sido aprovado 
no concurso público de Analista Judiciário, você decidiu comemorar a sua vitória 
em uma churrascaria. Depois de muitos “refrigerantes” e muita carne 
consumida, foi solicitado ao garçom o valor da conta, que a apresentou no 
montante de R$ 330,00 (trezentos e trinta reais), sendo R$ 300,00 (trezentos 
reais) de consumo e mais R$ 30,00 (trinta reais) relativos ao famoso “10%”. 
 Como não tivemos o atendimento merecido (faltou agilidade e, 
principalmente, qualidade no serviço), imediatamente você decidiu informar que 
não pagaria o valor de R$ 30,00 (trinta reais) constante na nota, pois aquela 
cobrança não seria justa. 
Com o objetivo de exigir o pagamento, o gerente da churrascaria 
compareceu à mesa e afirmou que a referida cobrança estava informada, com 
letras garrafais, no cardápio. Além disso, alegou também que tal cobrança 
estava amparada em Convenção Coletiva firmada entre o Sindicato dos 
restaurantes, churrascarias, bares, meios de hospedagem e similares e o 
Sindicato dos Garçons. 
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 Pergunta: Nesse caso, você poderá ou não ser obrigado a pagar o valor de 
R$ 30,00 (10%) calculado sobre o montante do consumo? (Antes de responder à 
pergunta, é necessário que você saiba que Convenção Coletiva não é lei, pois não 
foi votada no Poder Legislativo). 
 Muito simples. Você não é obrigado a pagar o valor de R$ 30,00 porque 
essa exigência não foi estabelecida através de lei. E, conforme previsto no inciso 
II, artigo 5º, da CF/1988, para obrigar alguém a fazer alguma coisa é 
imprescindível o respaldo legal. 
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, no julgamento da Apelação 
2001.01.00.037891-8/DF4, declarou a abusividade da cobrança de gorjeta do 
particular sem previsão legal. 
CONSTITUCIONAL, CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL 
PÚBLICA. ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. 
COBRANÇA DE ACRÉSCIMO PECUNIÁRIO (GORJETA). PORTARIA Nº. 
4/94 (SUNAB). VIOLAÇÃO AO PRINCÍPO DA LEGALIDADE E AO CÓDIGO 
DE DEFESA DO CONSUMIDOR. 
I - O pagamento de acréscimo pecuniário (gorjeta), em virtude da prestação de 
serviço, possui natureza facultativa, a caracterizar a ilegitimidade de sua 
imposição, por mero ato normativo (Portaria nº. 4/94, editada pela extinta 
SUNAB), e decorrente de convenção coletiva do trabalho, cuja eficácia abrange, 
tão-somente, as partes convenientes, não alcançando a terceiros, como no caso, 
em que se pretende transferir ao consumidor, compulsoriamente, a sua cobrança, 
em manifesta violação ao princípio da legalidade, insculpido em nossa Carta 
Magna (CF, art. 5º, II) e ao Código de Defesa do Consumidor (Lei nº. 8.078/90, 
arts. 6º, IV, e 37, § 1º), por veicular informação incorreta, no sentido de que a 
referida cobrança estaria legalmente respaldada. 
Atenção: O princípio da legalidade, em relação aos particulares, também 
é conhecido como princípio da autonomia da vontade, pois é assegurada a 
liberdade para os indivíduos agirem da maneira que entenderem mais 
conveniente, salvo na existência de proibição legal. 
 Em relação à Administração, o princípio da legalidade assume um 
enfoque diferente. Nesse caso, está previsto expressamente no caput, do artigo 
37, da Constituição Federal de 1988, significando que a Administração Pública 
somente pode agir se existir uma norma legal autorizando. 
 Segundo o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da 
legalidade “implica subordinação completa do administrador à lei. Todos os 
agentes públicos, desde o que ocupe a cúspide até o mais modesto deles, devem 
ser instrumentos de fiel e dócil realização das finalidades normativas”. 
 
4 Apelação Cível AC 2001. 01.00.037891-8/DF, rel. Desembargador Federal Souza Prudente. 
Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Publicado em 13/10/2008. 
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 Num primeiro momento, pode até parecer que a necessidade de 
autorização legal para que a administração possa agir estaria “engessando” a 
atividade administrativa, além de incentivar o ócio. Entretanto, não é esse o 
objetivo do referido princípio. 
Na verdade, o princípio da legalidade é uma exigência que decorre do 
próprio Estado de Direito, que impõe a necessidade de submissão ao império da 
lei. A Administração Pública somente poderá atuar quando autorizada ou 
permitida por lei. A vontade da Administração é a que decorre da lei e, 
portanto, os agentes públicos somente poderão fazer o que a lei permitir ou 
autorizar. 
 O professor Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que o princípio da 
legalidade pode sofrer constrições (restrições) em função de circunstâncias 
excepcionais, mencionadas expressamente no texto constitucional, como no 
caso da edição de medidas provisórias, decretação de estado de defesa 
e, ainda, a decretação de estado de sítio pelo Presidente da República. 
 Assim, é correto concluir que,em situações excepcionais, os 
particulares podem ser obrigados a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
também em virtude de medida provisória ou decretos que instituem estado de 
defesa ou estado de sítio. Porém, tal obrigação somente ocorre em caráter 
excepcional e em virtude de tais instrumentos possuírem força de lei, apesar de 
não serem lei em sentido formal. 
 Pergunta: Mas o que é lei em sentido formal? 
 É aquela que, em regra, origina-se no Poder Legislativo, com a participação 
do Poder Executivo e em conformidade com o processo legislativo previsto no 
texto constitucional. Para que seja caracterizada como formal é irrelevante o 
conteúdo da lei, basta que tenha surgido do Poder Legislativo. 
Pergunta: Aproveitando a oportunidade, o que seria, então, a lei em 
sentido material? 
Lei em sentido material é aquela cujo conteúdo possui caráter genérico 
(aplicável a um número indefinido e indeterminável de pessoas) e abstrato 
(aplicável a um número indefinido e indeterminável de situações futuras), 
independentemente do órgão ou entidade que a tenha criado. Nesse caso, não 
interessa o processo ou o órgão de criação, mas o seu conteúdo, que deve ser 
normativo. 
Em sentido material, podemos incluir tanto as leis em sentido formal 
como qualquer ato normativo com caráter geral e abstrato, independente de sua 
origem. 
 É necessário ficar atento aos comentários dos professores Marcelo 
Alexandrino e Vicente Paulo, que afirmam que a atividade administrativa não 
pode ser contra legem (contra a lei) nem praeter legem (além da lei), mas 
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apenas secundum legem (segundo a lei). Sendo assim, os atos eventualmente 
praticados em desobediência a tais parâmetros são atos inválidos e, portanto, 
podem ter sua invalidade decretada pela própria Administração que o haja 
editado ou pelo Poder Judiciário. 
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: Em decorrência do princípio da 
legalidade, a Administração Pública não pode, por simples ato administrativo, 
conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos 
administrados; para tanto, ela depende de lei (Analista Judiciário TRT 22ª 
Região/2010). Assertiva correta. 
 
2.2. Princípio da impessoalidade 
 O princípio da impessoalidade pode ser analisado sob vários aspectos 
distintos, a saber: 
1º) dever de tratamento isonômico a todos os administrados; 
2º) imputação dos atos praticados pelos agentes públicos diretamente às 
pessoas jurídicas em que atuam; 
3º) dever de sempre agir com o intuito de satisfazer o interesse 
público. 
 Sob o primeiro aspecto, o princípio da impessoalidade impõe à 
Administração Pública a obrigação de conceder tratamento isonômico a todos 
os administrados que se encontrarem em idêntica situação jurídica. Assim, fica 
vedado o tratamento privilegiado a um ou alguns indivíduos em função de 
amizade, parentesco ou troca de favores. Da mesma forma, o princípio também 
veda aos administradores que pratiquem atos prejudiciais ao particular em 
razão de inimizade ou perseguição política, por exemplo. 
Nesse caso, tem-se o princípio da impessoalidade como uma faceta do 
princípio da isonomia, e a obrigatoriedade de realização de concurso público 
para ingresso em cargo ou emprego público (artigo 37, II), bem como a 
obrigatoriedade de realização de licitação pela Administração (artigo 37, XXI), 
são exemplos clássicos de tal princípio, já que proporcionam igualdade de 
condições para todos os interessados. 
O Supremo Tribunal Federal 5 , por diversas vezes, considerou 
inconstitucionais dispositivos legais que concediam tratamentos diferenciados a 
candidatos em concursos públicos. 
 
 
5 Ação Direta de Inconstitucionalidade nº. 1.072/RJ, rel. Ministro Sydney Sanches. Supremo 
Tribunal Federal. Noticiado no Informativo nº. 308. 
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DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. 
PRINCÍPIO DA ISONOMIA. PROVAS DE CAPACITAÇÃO FÍSICA E 
INVESTIGAÇÃO SOCIAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
DO PARÁGRAFO 6° DO ART. 10 DA LEI N° 699, DE 14.12.1983, 
ACRESCENTADO PELA LEI N° 1.629, DE 23.03.1990, AMBAS DO ESTADO 
DO RIO DE JANEIRO, COM ESTE TEOR: "§ 6º - Os candidatos integrantes do 
Quadro Permanente da Polícia Civil do Estado ficam dispensados da prova de 
capacitação física e de investigação social a que se referem o inciso, I, "in fine", 
deste artigo, e o § 2°, "in fine", do artigo 11". 
1. Não há razão para se tratar desigualmente os candidatos ao concurso 
público, dispensando-se, da prova de capacitação física e de 
investigação social, os que já integram o Quadro Permanente da Polícia 
Civil do Estado, pois a discriminação implica ofensa ao princípio da 
isonomia. 
2. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente pelo Plenário do STF 
 Em relação ao segundo aspecto, o princípio da impessoalidade determina 
que os atos praticados pela Administração Pública não podem ser utilizados para 
a promoção pessoal do agente público, mandamento expresso na segunda parte, 
do § 1º, artigo 37, da Constituição Federal de 1988: 
§ 1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos 
públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela 
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem 
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. 
 Os atos praticados pelos agentes púbicos devem ser imputados à 
entidade política ou administrativa às quais se encontram vinculados, portanto, 
não poderão ser utilizados para a promoção pessoal de quem quer que seja. 
 Pergunta: O prefeito da minha cidade, cujo apelido é Tamanduá, pode 
eleger como símbolo da administração municipal um tamanduá (animal), com 
uma enxada nas costas, e colocar um adesivo em cada veículo do município? 
Penso que não! Nesse caso, qualquer administrado que olhar para o 
adesivo em um veículo público estará vendo a “imagem” do prefeito, que tem 
como apelido o mesmo nome do animal que foi “escolhido” como símbolo da 
administração municipal. 
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: O princípio ou regra da 
Administração Pública que determina que os atos realizados pela Administração 
Pública, ou por ela delegados, são imputáveis não ao funcionário que os pratica, 
mas ao órgão ou entidade administrativa em nome do qual age o funcionário é o 
da impessoalidade (Executivo Público Casa Civil/2010). Assertiva correta. 
Outra pergunta: É possível que um Governador de Estado apareça nas 
propagandas institucionais veiculadas na televisão e pagas com recursos 
públicos, noticiando que “ele” foi o responsável pela construção da escola “y”, do 
asfaltamento da estrada “z”, pela reforma do hospital “X”, etc? 
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 Também não, pois, nesse caso, ele estaria se auto-promovendoatravés de 
propaganda custeada com recursos públicos. Ademais, os atos praticados 
durante a sua gestão devem ser imputados ao Estado e não à figura do 
Governador. 
 Como não poderia ser diferente, a Fundação Carlos Chagas adora cobrar 
questões sobre esse tema. 
(FCC/Analista Jud./TRT 24ª Região) O Prefeito Municipal passou a exibir 
nas placas de todas as obras públicas a indicação "GOVERNO TOTONHO 
FILHO". Assim agindo, o governante ofendeu o princípio da 
administração pública conhecido como 
(A) moralidade. 
(B) impessoalidade 
(C) autotutela. 
(D) razoabilidade. 
(E) publicidade 
Resposta: letra “b”. 
 Sob um terceiro aspecto, o princípio da impessoalidade pode ser 
estudado como uma aplicação do princípio da finalidade, pois o objetivo maior 
da Administração deve ser sempre a satisfação do interesse público. 
 A finalidade deve ser observada tanto em sentido amplo quanto em 
sentido estrito. Em sentido amplo, a finalidade dos atos editados pela 
Administração Pública sempre será a satisfação imediata do interesse público. 
Em sentido estrito, é necessário que se observe também a finalidade 
específica de todo ato praticado pela Administração, que estará prevista em lei. 
Pergunta: Qual é a finalidade em sentido amplo, por exemplo, de um 
ato administrativo de remoção de servidor? 
Satisfazer o interesse público, assim como todo e qualquer ato editado 
pela Administração. 
Outra pergunta: E qual seria a finalidade, em sentido estrito, do 
mesmo ato de remoção de servidor? 
Suprir a carência de servidores em outra localidade. 
Assim, é possível concluir que quando um ato administrativo de remoção 
for editado com o objetivo de “punir” um servidor faltoso, estará sendo violado o 
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE, já que a remoção não é uma das hipóteses de 
penalidade que podem ser aplicadas ao servidor público. 
 Apesar de a Administração ter por objetivo alcançar o interesse público, é 
válido ressaltar que, em alguns casos, poderão ser editados atos com o objetivo 
de satisfazer o interesse particular, como acontece, por exemplo, na 
permissão de uso de um certo bem público (quando o Município, por exemplo, 
permite ao particular a possibilidade de utilizar uma loja do Mercado municipal 
para montar o seu estabelecimento comercial). 
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Nesse caso, o interesse público também será atendido, mesmo que 
secundariamente. O que não se admite é que um ato administrativo seja editado 
para satisfazer exclusivamente o interesse particular, portanto, fique atento às 
questões de concurso sobre o tema. 
 Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas, lembre-se 
sempre de que o princípio da impessoalidade pode aparecer como “sinônimo” 
de princípio da finalidade ou princípio da isonomia, conforme se observa na 
questão abaixo (a resposta foi a letra “c”): 
(Auxiliar Judiciário/TJ PA 2009/FCC) Quando se diz que a 
Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou 
beneficiar pessoas determinadas, estamos diante do princípio da 
(A) especialidade. 
(B) legalidade ou veracidade. 
(C) impessoalidade ou finalidade. 
(D) supremacia do interesse público. 
(E) indisponibilidade. 
 
 O professor Celso Antônio Bandeira de Mello nos ensina que o princípio da 
impessoalidade “traduz a ideia de que a Administração tem que tratar a todos os 
administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem 
favoritismos nem perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades 
pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação 
administrativa”. Afirma ainda o professor que “o princípio em causa não é senão 
o próprio princípio da igualdade ou isonomia.” 
 Por outro lado, o professor Hely Lopes Meirelles informa que “o princípio da 
impessoalidade, referido na Constituição de 1988 (art. 37, caput), nada mais é 
que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público 
que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que 
a norma de Direito indica expressamente ou virtualmente como objetivo do ato, 
de forma impessoal”. 
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: No texto constitucional há 
algumas referências a aplicações concretas do princípio da eficiência, como por 
exemplo, no art. 37, II, ao exigir que o ingresso no cargo, função ou emprego 
público depende de concurso, exatamente para que todos possam disputar-lhes 
o acesso em plena igualdade (Técnico Judiciário TRF 1ª Região/2011). 
ASSERTIVA CORRETA. 
 2.3. Princípio da moralidade 
 O princípio da moralidade, também previsto expressamente no artigo 37, 
caput, da Constituição Federal de 1988, determina que os atos e atividades da 
Administração devem obedecer não só à lei, mas também à própria moral, pois 
nem tudo que é legal é honesto. 
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 Como consequência do princípio da moralidade, os agentes públicos devem 
agir com honestidade, boa-fé e lealdade, respeitando a isonomia e demais 
preceitos éticos. 
 É válido destacar que a moral administrativa é diferente da moral 
comum, pois, conforme Hauriou, a moral comum é imposta ao homem para a 
sua conduta externa, enquanto a moral administrativa é imposta ao agente 
público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que 
serve e a finalidade de sua ação, que é a satisfação do interesse público. 
 Em razão de tal princípio, veda-se à Administração Pública qualquer 
comportamento que contrarie os princípios da lealdade e da boa-fé. Além disso, 
observe-se que o princípio deve ser respeitado não apenas pelos agentes 
públicos, mas também pelos particulares que se relacionam com a 
Administração Pública. Em um processo licitatório, por exemplo, é muito comum 
o conluio entre licitantes com o objetivo de violar o referido princípio, conforme 
informa a professora Di Pietro. 
 Afirma ainda a professora que, em matéria administrativa, sempre que se 
verificar que o comportamento da Administração ou do administrado que com ela 
se relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei, ofende a moral, os 
bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça e de 
equidade, além da ideia comum de honestidade, haverá ofensa ao princípio da 
moralidade administrativa. 
 Em virtude de o conceito de moral administrativa ser um pouco vago, 
impreciso, cuidou-se o legislador de criar a Lei 8.429/92, estabelecendo 
hipóteses que caracterizam improbidades administrativas, bem como 
estabelecendo as sanções aplicáveis a agentes públicos e a terceiros, quando 
responsáveis pela prática de atos coibidos pelo texto normativo. 
 A doutrina majoritária entende que a “probidade administrativa” seria uma 
espécie do gênero “moralidade administrativa”, já que estaria relacionada mais 
propriamente com a má qualidade de uma administração, não se referindo, 
necessariamente, à ausência de boa-fé, de lealdade e de justeza do 
administrador público. 
 Fique atento às questões de concursos, pois, a qualquer momento, você 
pode se deparar com uma questão em prova afirmando que “probidade” e 
“moralidade” são expressões idênticas, informação que, segundo a doutrina 
majoritária, não procede.Entre os atos de improbidade administrativa coibidos pela lei 8.429/92, 
estão aqueles que importam enriquecimento ilícito, os que causam 
prejuízos ao erário e os que atentam contra os princípios da 
Administração Pública, conforme podemos observar a seguir: 
 
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Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento Ilícito 
 Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento 
ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de 
cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° 
desta lei, e notadamente: 
 I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer 
outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, 
gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser 
atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente 
público; 
 II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, 
permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas 
entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado; 
 III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, 
permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por 
preço inferior ao valor de mercado; 
 IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou 
material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das 
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, 
empregados ou terceiros contratados por essas entidades; 
 V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para 
tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de 
contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal 
vantagem; 
 VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para 
fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro 
serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias 
ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; 
 VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou 
função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do 
patrimônio ou à renda do agente público; 
 VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou 
assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser 
atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente 
público, durante a atividade; 
 IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de 
verba pública de qualquer natureza; 
 X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, 
para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado; 
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 XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou 
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta 
lei; 
 XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do 
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei. 
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário 
 Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário 
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, 
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades 
referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: 
 I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio 
particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes 
do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; 
 II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, 
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas 
no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares 
aplicáveis à espécie; 
 III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda 
que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de 
qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das 
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie; 
 IV - permitir ou facilitar alienação, permuta ou locação de bem integrante do 
patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação 
de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado; 
 V - permitir ou facilitar aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço 
superior ao de mercado; 
 VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e 
regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea; 
 VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das 
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
 VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente; 
 IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou 
regulamento; 
 X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz 
respeito à conservação do patrimônio público; 
 XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou 
influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular; 
 XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente; 
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 XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, 
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de 
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de 
servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades. 
 XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de 
serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas 
na lei; (Incluído pela Lei nº. 11.107, de 2005) 
 XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia 
dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei. (Incluído pela 
Lei nº. 11.107, de 2005) 
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da 
Administração PúblicaArt. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os 
princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de 
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: 
 I - praticar ato visando a fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele 
previsto, na regra de competência; 
 II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; 
 III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e 
que deva permanecer em segredo; 
 IV - negar publicidade aos atos oficiais; 
 V - frustrar a licitude de concurso público; 
 VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; 
 VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da 
respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o 
preço de mercadoria, bem ou serviço. 
 O parágrafo 4º, artigo 37, da CF/1988, não se descuidou de assegurar o 
respeito à moralidade administrativa, asseverando que: 
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos 
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o 
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo 
da ação penal cabível. 
 Ainda com o objetivo de resguardar a moralidade administrativa, a 
Constituição Federal também contemplou, em seu inciso LXXIII, artigo 5º, a 
Ação Popular, regulada pela Lei 4.717/65. Por meio dessa ação constitucional 
qualquer cidadão pode deduzir a pretensão de anular atos praticados pelo poder 
público e que estejam contaminados de imoralidade administrativa. 
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 É importante esclarecer também que, na maioria das vezes, quando um 
ato praticado pela Administração viola um princípio qualquer, como o da 
impessoalidade, legalidade, publicidade, eficiência, entre outros, estará violando 
também, consequentemente e num segundo plano, o princípio da moralidade. 
PARA RESPONDER AS QUESTÕES DA FCC: A conduta do agente público que 
se vale da publicidade oficial para realizar promoção pessoal atenta contra os 
princípios da impessoalidade e moralidade (Analista Judiciário TRE 
AP/2011). Assertiva correta. 
 
2.4. Princípio da publicidade 
 O princípio da publicidade impõe à Administração Pública a obrigatoriedade 
de conceder aos seus atos a mais ampla divulgação possível entre os 
administrados, pois só assim estes poderão fiscalizar e controlar a legitimidade 
das condutas praticadas pelos agentes públicos. 
Ademais, a publicidade de atos, programas, obras e serviços dos órgãos 
públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação social. 
O referido princípio encontra amparo no caput do artigo 37 da Constituição 
Federal de 1988, bem como no inciso XXXIII, artigo 5º, que declara 
expressamente: 
 XXXIII - Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu 
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no 
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 
Conforme é possível constatar da leitura do citado inciso, nem toda 
informação de interesse particular ou de interesse coletivo ou geral serão 
disponibilizadas aos interessados, pois foram ressalvadas aquelas que coloquem 
em risco a segurança da sociedade e do Estado. 
Exemplo: Suponhamos que você tenha formulado uma petição 
administrativa destinada ao Ministro de Estado da Defesa e que, no seu texto, 
você tenha solicitado as seguintes informações: quantidade de tanques de 
guerra que estão em atividade no Brasil; número do efetivo de homens da 
Marinha, Exército e Aeronáutica, e os endereços dos locais onde ficam guardados 
os equipamentos bélicos das Forças Armadas. 
Pergunta: Será que o Ministro de Estado da Defesa irá lhe fornecer as 
informações solicitadas? 
É lógico que não, pois tais informações são imprescindíveis à segurança da 
sociedade e do Estado. Imagine o que pode acontecer ao nosso país se essas 
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informações forem parar em mãos erradas? (Hugo Chávez, por exemplo... 
brincadeira...) 
No mesmo sentido, o inciso IX, artigo 93, da CF/1988, estabelece que 
todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, 
entretanto, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias 
partes e aos seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a 
preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o 
interesse público à informação. 
Em decorrência do inciso IX, artigo 93, da CF/1988, as ações que versem 
sobre direito de família (divórcio, separação judicial, alimentos, investigação de 
paternidade, entre outras) tramitarão no Poder Judiciário protegidas pelo sigilo, 
ou seja, as informações serão restritas somente às partes. 
Além disso, no caso em concreto, quando o juiz vislumbrar a existência de 
interesse público, poderá determinar o “segredo de justiça” em um determinado 
processo judicial a fim de se garantir a efetiva prestação jurisdicional e o princípio 
da duração razoável do processo (assegurados no inciso LXXVIII, artigo 5º, da 
CF/88). 
 A divulgação oficial dos atos praticados pela Administração ocorre, em 
regra, mediante publicação no Diário Oficial, isso em relação à União, aos 
Estados e ao Distrito Federal. Em relação aos Municípios, pode ser que algum não 
possua órgão oficial de publicação de seus atos (Diário Oficial). Nesse caso, a 
divulgação poderá ocorrer mediante afixação do ato na sede do órgão ou 
entidade que os tenha produzido. 
Exemplo: Caso o ato seja de titularidade do Poder Executivo, poderá ser 
afixado no quadro de avisos localizado no saguão da Prefeitura. Caso o ato tenha 
sido editado pelo Poder Legislativo, poderá ser afixado no saguão da Câmara de 
Vereadores, em um quadro de avisos, a fim de que todos os interessados possam 
ter acesso e consultá-los quando necessário. 
 Pergunta: O que pode ser feito quando um indivíduo solicita informações 
perante órgãos ou entidades públicas e essas informações são negadas ou 
sequer o pedido é respondido? 
 Bem, nesse caso, é necessário que analisemos as diversas situações: 
 1ª) Se as informações requeridas são referentes à pessoa do requerente 
(informações particulares) e foram negadas pela Administração, será possível 
impetrar um habeas data (inciso LXXII, artigo 5º, da CF/1988) perante o Poder 
Judiciário para se ter acesso obrigatório a tais informações; 
 2ª) Se as informações requeridas são de interesse pessoal do requerente, 
mas relativas a terceiros (um amigo, por exemplo) e forem negadas pela 
Administração, será possível impetrar um mandado de segurança perante o 
Poder Judiciário para se ter acesso obrigatório a tais informações; 
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 3ª) Caso tenha sido requerida a expedição de uma certidão de contagem 
de tempo de serviço perante o INSS, relativa à pessoa do requerente, e a 
entidade administrativa tenha se recusado a fornecê-la, a ação constitucional 
cabível não mais será o habeas data, mas sim o mandado de segurança. Nesse 
caso, violou-se o direito líquido e certo à certidão e não o direito à informação. 
 Destaca-se ainda que a Lei 9.051/95 determina que a Administração tem o 
prazo de 15 dias para emitir a certidão. Esgotado esse prazo, já é possível 
impetrar o mandado de segurança para ter acesso à certidão. 
 Para as questões de concursos públicos, é importante destacar ainda que a 
publicação do ato administrativo em órgão oficial de imprensa não é condição 
de sua validade, mas sim condição de eficácia e moralidade. 
Somente a partir da publicação é que o ato começará a produzir os seus 
efeitos jurídicos, mesmo que há muito tempo já esteja editado, aguardando 
apenas a sua divulgação. 
Atenção: Alguns atos administrativos, a exemplo dos atos internos, 
podem ser divulgados nos boletins internos existentes no interior de vários 
órgãos e entidades administrativas. Por outro lado, os atos externos devem ser 
publicados em Diário Oficial, exceto se a lei estabelecer outra forma. 
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: Se a lei não exigir a publicação em 
órgão oficial, a publicidade terá sido alcançada com a simples afixação do ato em 
quadro de editais, colocado em local de fácil acesso do órgão expedidor 
(Analista Processual MPE SE/2010). Assertiva correta. 
 
2.5. Princípio da eficiência 
 Conforme já foi destacado anteriormente, o princípio da eficiência somente 
foi introduzido no texto constitucional em 1998, com a promulgação da Emenda 
Constitucional nº. 19. Antes disso, ele era considerado um princípio 
implícito. 
 O professor Diógenes Gasparini informa que esse princípio é conhecido 
entre os italianos como “dever de boa administração” e impõe à Administração 
Pública direta e indireta a obrigação de realizar suas atribuições com rapidez, 
perfeição e rendimento. 
Informa ainda o professor que é a relação custo / benefício que deve 
presidir todas as ações públicas. Exemplo: não se deve estender rede de energia 
elétrica ou de esgoto por ruas onde não haja edificações ocupadas; nem 
implantar redes de iluminação pública em ruas não utilizadas, pois, nesses casos, 
toda a comunidade arcaria com os seus custos, sem qualquer benefício. 
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Nesse sentido, o princípio da eficiência está relacionado diretamente com o 
princípio da economicidade, que impõe à Administração Pública a 
obrigatoriedade de praticar as atividades administrativas com observância da 
relação custo-benefício, de modo que os recursos públicos sejam utilizados de 
forma mais vantajosa e eficiente para o poder público. Esse princípio traduz-se 
num compromisso econômico com o cumprimento de metas governamentais, 
objetivando-se sempre atingir a melhor qualidade possível, atrelada ao menor 
custo. 
Parte da doutrina entende que economicidade seria um gênero, do qual a 
eficiência, a eficácia e a efetividade seriam suas espécies. 
Fique atento às dicas fornecidas pelas bancas examinadoras nos concursos 
públicos. Quando a questão referir-se à relação custo/benefício ou 
resultado/qualidade com menor investimento, primeiramente, tente 
encontrar entre as alternativas o princípio da economicidade. Caso não o 
encontre, busque estão o princípio da eficiência como resposta. 
Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, o princípio da 
eficiência pode ser estudado sob dois aspectos: em relação ao modo de 
atuação do agente público e em relação ao modo de organizar, estruturar 
e disciplinar a Administração Pública. 
 Em relação ao primeiro aspecto (atuação do agente público), é importante 
que você entenda que a introdução do princípio da eficiência no texto 
constitucional repercutiu diretamente nas relações entre servidores e 
Administração Pública. 
 Exemplo: Antes da promulgação da Emenda Constitucional nº. 19/98, 
constava no artigo 41 da CF/88 que os servidores públicos estáveis somente 
perderiam o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou 
mediante processo administrativo em que lhe fosse assegurada ampla defesa. 
Atualmente, após a promulgação da referida EC 19/98, introduziu-se no 
artigo 41 da CF/88 mais uma hipótese que pode ensejar a perda do cargo pelo 
servidor público: procedimento de avaliação periódica de desempenho, na 
forma de lei complementar, desde que assegurada a ampla defesa. 
 Além disso, o mesmo artigo 41 da CF/88 passou a prever também a 
obrigatoriedade de o servidor submeter-se a uma avaliação especial de 
desempenho, realizada por comissão instituída para essa finalidade, como 
condição para a aquisição da estabilidade. 
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: O princípio constitucional da 
eficiência, que rege a Administração Pública, apresenta-se em relação ao modo 
de organizar, estruturar e disciplinar a Administração Pública, não apenas em 
relação a atuação do agente público (Procurador de Contas TCE AP/2010). 
Assertiva considerada correta pela banca. 
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 Em relação ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a Administração 
Pública, o princípio da eficiência consolidou o fim da administração 
burocrática, preocupada mais com o Estado em si e submetida “cegamente” ao 
texto legal e à excessiva fixação de regras para se alcançar o objetivo 
inicialmente pretendido. Isso acabava concedendo aos meios uma importância 
mais acentuada que os próprios fins almejados pela Administração. 
 A administração gerencial, consequência do princípio da eficiência, 
relaciona-se com os conceitos de boa administração, flexibilização, controle 
finalístico, contrato de gestão, qualidade e cidadão-cliente, voltando-se para as 
necessidades da sociedade, enfatizando mais os resultados que os próprios 
meios para alcançá-los. 
 
3. Princípios implícitos 
 3.1. Princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse 
privado 
 Apesar de não estar previsto de forma expressa no texto constitucional, o 
princípio da supremacia do interesse público perante o interesse privado pode 
ser encontrado no artigo 2º da Lei 9.784/99. Assim, como a citada lei é federal, 
esse princípio somente pode ser considerado expresso para a Administração 
Pública Federal. 
 Respaldada pelo princípio da supremacia do interesse público, a 
Administração irá atuar com superioridade em relação aos demais interesses 
existentes na sociedade. Isso significa que será estabelecida uma relação jurídica 
“vertical” entre o particular e a Administração, já que esta se encontra em 
situação de superioridade. 
 Apesar de tal supremacia, o interesse público não se sobrepõe de forma 
absoluta ao interesse privado, pois o próprio texto constitucional assegura a 
necessidade de obediência ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à 
coisa julgada (artigo 5º, XXXVI). 
 A doutrina majoritária considera esse princípio como o basilar do 
denominado “regime jurídico-administrativo”. Maso que é isso? Nesse 
momento, entenda o regime jurídico-administrativo apenas como o conjunto de 
normas que concede à Administração Pública uma série de prerrogativas, ou 
seja, benefícios que não existiriam em uma relação jurídica entre particulares. 
Para fins de concursos públicos, é importante destacar a existência das 
denominadas cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos, que 
possibilitam à Administração, por exemplo, modificar ou rescindir 
unilateralmente o contrato; 
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 Exemplo: Imagine que um determinado Município tenha firmado contrato 
administrativo com a Construtora Cimentão, após regular processo licitatório, 
para a construção de 100 (cem) casas populares. Entretanto, em função da crise 
econômica mundial (que tem sido desculpa para tudo), o Município decidiu 
diminuir em 20% (vinte por cento) a quantidade de casas que seriam 
construídas, alterando unilateralmente o contrato. 
 Pergunta: No exemplo apresentado, o Município pode alterar 
unilateralmente o contrato, reduzindo para 80 (oitenta) o número de casas a 
serem construídas? 
 Sim, pois a Lei 8.666/93 (Lei geral de Licitação) estabelece tal 
possibilidade no parágrafo 1º de seu artigo 65, que declara que “o contratado fica 
obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou 
supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e 
cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de 
reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por 
cento) para os seus acréscimos”. 
 No exemplo citado, é fácil perceber que a redução do número de casas 
construídas está amparada no interesse público. No momento da assinatura do 
contrato, a economia brasileira e a mundial estavam em ritmo acelerado, com 
fartura de crédito e investimentos nacionais e internacionais. Contudo, em 
virtude da crise mundial, o interesse público passou a exigir do Município certa 
cautela, o que, em tese, justificou a redução do número de construção de casas 
inicialmente estabelecido. 
 Sendo assim, é possível concluir que o princípio da supremacia do interesse 
público sobre o interesse privado consiste, basicamente, no exercício de 
prerrogativas públicas (vantagens) que afastam ou prevalecem sobre os 
interesses particulares, em regra. 
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: O princípio da finalidade, ou da 
supremacia do interesse público, está presente no momento da elaboração da 
lei, condicionando a atuação do legislador, bem como no momento da sua 
execução em concreto pela Administração Pública (Procurador de Estado/PGJ 
RN 2001). Assertiva considerada correta pela banca. 
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello nos ensina que o “princípio da 
finalidade impõe que o administrador, ao manejar as competências postas ao seu 
encargo, atue com rigorosa obediência à finalidade de cada qual. Isto é, 
cumpre-lhe cingir-se não apenas à finalidade própria de todas as leis, que é o 
interesse público, mas também à finalidade específica abrigada na lei a que 
esteja dando execução.” 
 Alguns autores afirmam que o princípio da finalidade nada mais é do que o 
próprio princípio da supremacia do interesse público. Isso porque tanto o 
legislador, no momento da elaboração da lei, quanto o administrador, no 
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momento de sua execução, devem sempre vislumbrar a satisfação do interesse 
coletivo. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, por exemplo, afirma que os 
princípios da supremacia do interesse público e o da finalidade são um só. 
 Esse é o entendimento que deve ser adotado no momento da 
resolução das provas da Fundação Carlos Chagas. 
 
3.2. Princípio da indisponibilidade do interesse público 
 O princípio da indisponibilidade do interesse público pode ser estudado sob 
vários aspectos, mas todos eles estabelecendo restrições e limitações à 
disponibilidade do interesse público. São as denominadas sujeições 
administrativas. 
Como os bens e interesses públicos não pertencem à Administração nem 
aos seus agentes, mas sim à coletividade, criam-se instrumentos (sujeições) 
que tenham por fim resguardá-los, permitindo-se que tais bens e interesses 
sejam apenas gerenciados e conservados pelo Poder Público. 
 A obrigatoriedade de realização de licitação e concursos públicos são 
exemplos de instrumentos criados com o objetivo de evitar que os agentes 
públicos, cujas condutas são imputadas ao Estado, disponham do interesse 
público. 
Com tais sujeições o administrador público fica impedido, por exemplo, de 
contratar os “colegas” e “indicados” para exercer funções inerentes a titulares de 
cargos de provimento efetivo, sem a realização de concurso público. A 
obrigatoriedade de realização de concurso público é uma sujeição, uma 
restrição que se impõe à Administração Pública. 
Pergunta: Por que o concurso público é considerado uma sujeição ou 
restrição? 
É simples. Imagine um Prefeito que tenha acabado de tomar posse e esteja 
iniciando o seu primeiro mandado. Imagine agora que durante a campanha 
eleitoral o Prefeito “prometeu” fornecer trabalho para a “metade” da cidade. 
Diante das promessas, após assumir o cargo de Prefeito, qual seria a conduta 
imediata do representante do povo? 
Prover cargos públicos com os “chegados” que o auxiliaram na campanha, 
os famosos “cabos eleitorais”. Portanto, a exigência de concurso público impede 
que o Prefeito possa contratar esses seus “apadrinhados”, dispondo do interesse 
público. 
Da mesma forma acontece com a obrigatoriedade de licitação. 
Suponhamos que o Município necessite adquirir 50 (cinquenta) computadores. 
Imaginemos agora que o filho do Prefeito tenha uma loja de informática e que 
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possua, de pronta entrega, todos os computadores que o Município precisa 
adquirir. Ora, seria muito fácil para o Prefeito ligar para o filho dele e solicitar a 
entrega dos computadores no local indicado, sem precisar fazer licitação. 
Entretanto, nesse caso, o Prefeito estaria dispondo do interesse público, o 
que é vedado pelo princípio em estudo. Para adquirir os referidos computadores, 
o Município terá que se sujeitar à licitação. 
Como consequência da indisponibilidade do interesse público, veda-se 
ainda que a Administração renuncie ao recebimento de multas, tributos, receitas, 
entre outros, exceto se houver previsão legal. 
Não se admite, por exemplo, que um Auditor Fiscal da Receita Federal 
realize um “acordo” com um contribuinte qualquer, concedendo-lhe desconto de 
50% sobre o total que a União tem a receber, caso o pagamento seja efetuado à 
vista. 
Ora, o agente público somente pode negociar “descontos” com o particular 
se existir previsão legal. Caso contrário, estará violando expressamente o 
princípio da indisponibilidade do interesse público, pois abriu

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