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EMPRESÁRIO

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Capítulo VI
O EMPRESÁRIO
CONCEITO (REGISTRO)
 Assim como fez o Código Civil italiano de 1942, também o Novo Código Civil brasileiro, ciente das dificuldades em definir a empresa, objeto, como se viu, de conceituações as mais diversas, preferiu definir o empresário repetindo literalmente a conceituação do Código peninsular.
 É o que se depreende do exame dos arts. 966 do Novo Código Civil e 2.082 do Código Civil italiano:
 “Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”.
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 “Art. 2.082 (Códice Civile). É impreditore chi esercita professionalmente un’ attività economica organizzata al fine della produzione o dello scambio de bene o di servizi”.
 O empresário é aquele que exerce atividade econômica organizada. É o titular da empresa. Eliminada a distinção entre empresário comercial civil, o conceito abrangente de empresa que subsiste – a organização econômica destina à produção e circulação de bens ou serviços – pode ser individual (quando seu titular é pessoa física) ou coletivo (quando seu titular é uma sociedade – a sociedade empresária).
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 Na lição de Waldirio Bulgarelli:
 “Empresário é o titular da empresa, o seu sujeito, portanto, aquele que tem a iniciativa da criação da empresa a que a dirige, correndo o risco inerente à atividade empresarial, juridicamente é o sujeito de direito, o único, aliás, reconhecido pela lei em termos de representação empresarial.”
 No âmbito de Direito Mercantil, o empresário é o antigo comerciante, denominação que desaparece, dando lugar ao empresário.
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 De todo conveniente, pois, que se ponha em relevo que o Novo Código Civil não faz distinção entre empresário comercial ou civil, adotando a expressão empresário no sentido amplo, ou seja, é assim considerado todo aquele que, em caráter individual, exerça profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços.
 Quando a atividade econômica é explorada por pessoa jurídica (a sociedade), esta é a titular da empresa, na nova nomenclatura denominada sociedade empresária.
 O titular de uma empresa individual é denominado empresário (pessoa física). Quando o titular de uma empresa é pessoa jurídica, sociedade, é denominada sociedade empresária.
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 “O conceito de empresário, a afirma Ricardo Fiuza, não se restringe mais, apenas, às pessoas que exerçam atividades comerciais ou mercantis. O Novo Código Civil eliminou e unificou a divisão anterior existente entre empresário civil e empresário comercial. A partir de agora, o conceito de empresa abrange outras atividades econômicas, produtivas que até então se encontravam reguladas pelo Código Civil de 1916, e assim submetidas, dominantemente, ao direito civil. O empresário é considerado como a pessoa que desempenha, em caráter profissional, qualquer atividade econômica produtiva no campo do direito privado, substituindo e tomando o lugar da antiga figura do comerciante”.
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 “O conceito de empresário é de extensão mais ampla do que o conceito anterior de comerciante individual, embora este tenha sido substituído, terminologicamente, por aquele. No conceito de empresário inseriram-se os elementos que, anteriormente, compunham o conceito de comerciante, acrescentando-se, porém, a forma de serviços, sob a ótica de atividade econômica por meio da qual se dá a circulação da riqueza”, afirma Aclibes Burgarelli.
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 Para a caracterização do empresário, no Novo Código Civil, são fundamentais os seguintes requisitos, a saber:
capacidade;
exercício de atividade econômica organizada;
profissionalidade;
finalidade lucrativa;
inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis.
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 A atividade econômica organizada é aquela estruturada empresarialmente, voltada para a produção e circulação de bens e serviços.
 A profissionalidade no exercício da atividade econômica significa a habitualidade, o exercício dessa atividade como profissão – com finalidade lucrativa.
 O elemento caracterizador da atividade econômica é, por excelência, o lucro. A produção e a circulação de bens e serviços visa atender ao mercado consumidor. O atendimento ao mercado consumidor tem um só objetivo: o lucro, ou seja “a vantagem que resulta de toda a atividade especulativa”, na expressão de Pedro Orlando.
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 O registro, ou seja, o arquivamento, é igualmente requisito indispensável para a configuração do empresário, como, aliás, dispõe o art. 967 do Novo Código Civil:
 “É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade”.
 O Registro Público de Empresas está a cargo das Juntas Comerciais – sob a supervisão no âmbito federal do Departamento Nacional do Registro do Comércio.
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 Ao empresário rural e ao pequeno empresário a lei assegurará tratamento diferenciado quanto ao registro.
 Nos termos do art. 970 do Novo Código Civil:
 “A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes”.
 Empresário rural é aquele que explora a atividade voltada para a produção agrícola, pecuária, granjeira etc. 
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 Pequeno empresário é a expressão abrangente, significando o microempresário e o empresário de pequeno porte, ambos objeto da Lei n. 9.481, de 5 de outubro de 1999.
 O artigo sob comento (970), como facilmente se percebe, não é auto-aplicável, dependendo de lei que o regulamente. Daí a expressão “A lei assegurará...”.
 Note-se que o dispositivo não isenta ou libera o empresário rural ou pequeno empresário de registro, só lhes assegurando “tratamento favorecido, diferenciado e simplificado”, quanto a ele, a ser estabelecido em lei. 
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 O empresário rural pode, preenchidas as condições disposta no art. 968, requerer arquivamento no Registro Público de Empresas Mercantis, ficando, então, equiparado ao empresário sujeito a registro. O exame do art. 971 deixa claro que para o empresário rural o registro é facultativo – “pode”.
 Para que isso ocorra, é mister que o empresário rural estruture sua atividade econômica de forma empresarial.
 Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa – art. 966, parágrafo único.
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 Os profissionais liberais, de modo geral, conquanto exerçam atividade econômica, não são considerados empresários, exatamente por não se estruturarem empresarialmente.
 Sylvio Marcondes, um dos responsáveis pelo Novo Código Civil, justifica a exclusão dos profissionais liberais do conceito de empresário, observando:
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 “Há pessoas que exercem profissionalmente uma atividade criadora de bens ou serviços, mas não devem e não podem ser consideradas empresários - referimo-nos às pessoas que exercem profissão intelectual – pela simples razão de que o profissional intelectual pode produzir bens, como o fazem os chamados profissionais liberais; mas nessa atividade profissional exercida por essas pessoas, falta aquele elemento de organização dos fatores de produção; porque na produção ,ou a coordenação de fatores, é meramente acidental; o esforço criador se implanta na própria mente do autor, que cria o bem ou o serviço. Portanto, não podem – embora sejam profissionais e produzam bens ou serviços – ser considerados empresários”.
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2. CAPACIDADE PARA SER EMPRESÁRIO
 Dispõe o art. 972 do Novo Código Civil que:
 “Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”.
 A maioridade civil, na nova sistemática, é
alcançada aos dezoito anos, na forma do disposto no art.5°. Assim, com a maioridade legal, inexistindo os impedimentos enumerados nos incisos II e III do art.
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 3° - enfermidade ou deficiência mental que afastem o discernimento - , ou ainda, a incapacidade relativa, decorrente de embriaguez habitual, tóxico, deficiência mental, excepcionalidade ou prodigalidade, de todo indivíduo, independentemente do sexo, pode ser empresário.
 Ao menor de dezoito anos que tenha dezesseis anos completos é admitida a aquisição de capacidade plena em decorrência de:
I – emancipação voluntária;
II – emancipação judicial;
III – emancipação legal.
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 Emancipação voluntária é aquela concedida pelos pais, mediante escritura pública. Emancipação judicial, como o próprio nome deixa a entrever, é aquela deferida pelo juiz ao menor sob tutela, ouvido o tutor.
A emancipação legal, por sua vez, decorre das seguintes hipóteses:
casamento;
exercício de emprego público efetivo;
colação de grau em curso de ensino superior;
estabelecimento civil ou comercial, ou existência de relação de emprego, possuindo o menor economia própria.
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Dos impedidos de exercer a atividade empresarial
 Determinada pessoas estão impedidas de exercer atividades de empresário, muito embora sejam maiores e absolutamente capazes.
São elas:
 
I – os funcionários público federais (Lei n. 8.112, de 11-12-1990), estaduais, municipais e militares (Decreto – lei n. 1.029, de 21-10-1969);
II – os magistrados e membros do Ministério Público (Lei Complementar n. 35, de 14-3-1993);
III – os empresários falidos, enquanto não reabilitados (Decreto – lei n. 7.661, de 21-6-1945, art. 195);
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 IV – os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos, por crime de prevaricação, peita suborno, concussão, peculato, contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação (Novo Código Civil, art. 1.011, § 1°).
 Ressalte-se que as pessoas impedidas de serem empresárias, em decorrência das funções exercidas (funcionários, magistrados, promotores, corretores, leiloeiros, despachantes, aduaneiros, entre outros), podem, entretanto, ser sócias nas sociedades empresárias ou simples, desde que, porém, que não exerçam cargos de gestão.
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Resumo
Empresário. Conceito
 Empresário é aquele que exerce atividade econômica organizada. É o titular da empresa.
 O Novo Código Civil não faz distinção entre o empresário comercial ou civil, adotando a expressão “empresário” no sentido amplo, ou seja, é assim considerado todo aquele que, em caráter individual, exerça atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços.
 Quando a atividade econômica é explorada por pessoa jurídica (a sociedade), esta é a titular da empresa, na nova nomenclatura denominada sociedade empresária.
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Requisitos para a caracterização do empresário
São requisitos fundamentais para a caracterização do empresário:
a capacidade (art. 5° do Novo Código Civil);
exercício de atividade econômica organizada;
profissionalidade;
finalidade lucrativa;
inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis (a cargo das Juntas Comerciais).
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Empresário rural
 É aquele que explora atividade voltada para a produção agrícola, pecuária e granjeira.
Pequeno empresário
 É a expressão abrangente, significando o microempresário e o empresário de pequeno porte, ambos objeto da Lei n. 9.481, de 5 de outubro de 1999.
Profissionais liberais
 Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento da empresa – art. 966, parágrafo único, do Novo Código Civil.
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