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I Motivação Desafios para a Estratégia Capítulo 1 Motivações para a Estratégia Capítulo 2 � � 01_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 501_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 5 11/9/2006 16:08:0911/9/2006 16:08:09 01_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 601_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 6 11/9/2006 16:08:1011/9/2006 16:08:10 1 TÓPICOS • Posturas Típicas em Relação ao Planejamento • • Atitudes Típicas em Relação ao Futuro • • O Mau Uso do Tempo • • A Mentalidade Estratégica • • As Ferramentas Gerenciais Mais Utilizadas • APRESENTAÇÃO Neste capítulo, nossa intenção é mostrar como os dirigentes percebem sua responsabilidade e comprometimento com a construção do futuro da sua empresa, assim como ressaltar a importância da estratégia nas agendas pessoais de cada membro da organização. Começa-se descrevendo o comportamento não somente dos dirigentes, mas de todos os profi ssionais envolvidos no planejamento organizacional. Apresentam-se também estatísti- cas bastante interessantes que comprovam como os executivos, de modo geral, empregam mal o seu tempo no trabalho, direcionando suas ações e preocupações muito mais para as atividades internas, operacionais, administrativas e para o imediatismo, dedicando pouco (ou quase nenhum) tempo ao futuro da organização que dirigem. Finalizando o capítulo, explana-se o resultado de uma análise extensa das ferramentas gerenciais mais utilizadas no mundo, o que comprova que o planejamento estratégico é trabalho praticamente obrigatório nas empresas competitivas de hoje. Motivações para a Estratégia 01_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 701_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 7 11/9/2006 16:08:1011/9/2006 16:08:10 Parte I Motivação 2. Desafios para a Estratégia Parte II Conceituação 5. Transformação Estratégica Parte III Análise 8. Análise do Ambiente Interno Parte IV Formulação 20. Aplicações e Práticas da Gestão Estratégica 10. Estratégias de Balanceamento do Portfólio Capítulo em estudo Capítulos ainda não lidosCapítulos já estudadosLegenda: Parte V Implantação 11. Formulação das Estratégias 12. Capacitação Estratégica 13. O Plano Estratégico 14. Metodologia do Planejamento Estratégico 15. Workshop de Planejamento Estratégico 16. Implantação da Gestão Estratégica Parte VI Aprofundamento 17. Formulação de Estratégias via Teoria dos Jogos 18. Jogos de Empresas para Capacitação Estratégica e Simulação Gerencial 19. Ferramentas para Planejamento e para Gestão Estratégica Introdução 3. Conceitos Básicos de Estratégia 1. Motivações para a Estratégia 4. Gestão Estratégica 6. Análise do Ambiente Externo 7. Análise da Turbulência e da Vulnerabilidade 9. Representação do Portfólio 01_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 801_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 8 11/9/2006 16:08:1011/9/2006 16:08:10 Capítulo 1 – Motivações para a Estratégia 9 1.1 Posturas Típicas em Relação ao Planejamento Experimente perguntar a um executivo, a um empresário, a um dirigente de uma pequena empresa familiar, ou a um dirigente de uma organização não governamen- tal sem fi ns lucrativos (ONG): “Como você percebe a visão do futuro de sua orga- nização?”. Nas conversas informais com a alta ou a média gerência de qualquer tipo de companhia, seja ela de pequeno, de médio ou mesmo de grande porte, quando se faz essa pergunta, as respostas variam de pessoa para pessoa e de organização para organização. Cada profi ssional tem pensamentos, atitudes e comportamentos próprios quan- to à sua responsabilidade em relação à visão de futuro de sua organização. Alguns sim- plesmente não aceitam nenhum planejamento de longo prazo. Para eles, o nosso País, as economias nacionais e a mundial mudam com tanta rapidez e de forma tão impre- visível que qualquer planejamento para a organização acaba fi cando desatualizado e mesmo obsoleto no dia seguinte, ou até no mesmo dia; portanto, eles vão improvi- sando, sem se preocupar muito com o futuro. Outros têm idéias próprias sobre o futuro da organização, mas que não são com- partilhadas com os demais executivos ou dirigentes; por isso, preferem não levá-las para as reuniões, evitando serem mal interpretados pelos companheiros ou superio- res, o que poderia causar atritos e confl itos “desnecessários”. Há, ainda, os que têm números e orçamentos, planejados mês a mês, para o ano seguinte, demonstrando a você que a organização pode crescer, penetrar em novos mercados, aumentar sua rentabilidade etc. Entretanto, não são capazes de estabele- cer uma conexão entre esses números e o futuro no médio ou longo prazo para sua organização. Existem também aqueles que acham o cotidiano da organização tão repleto de demandas e problemas que não encontram tempo nem disposição para refl etir sobre o futuro. Há até aqueles que são capazes de explanar, com riqueza de detalhes, as suas próprias idéias sobre como a organização deveria expandir as suas instalações físicas, as máquinas, os equipamentos, os produtos ou os serviços, porém não são capazes de explicar como os investimentos necessários para isso estariam ligados a resulta- dos futuros, à sobrevivência ou, ainda, ao crescimento da organização. Pergunta-se, assim: Qual deles tem uma atitude positiva, correta e construtiva em relação ao futuro da organização? A resposta: infelizmente, nenhum deles. Esses comportamentos indicam a falta de um processo efetivo, sistemático e con- sensual que envolva todos os profi ssionais e incentive-os a planejar e a construir um futuro para a organização. Então, surge uma nova pergunta: 01_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 901_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 9 11/9/2006 16:08:1111/9/2006 16:08:11 10 Parte I – Motivação Por que isso acontece? Por que as pessoas, de modo geral, encontram motivos até convincentes para não encarar a questão fundamental, que é a de procurar fazer um planejamento para a sua organização? A resposta, talvez, não seja tão simples e remete a uma questão básica de como as pessoas, organizações e até países percebem o futuro. A primeira razão para esse tipo de comportamento em relação ao futuro deve-se, geralmente, a uma reação psi- cológica negativa decorrente, na maioria das vezes, de um certo “medo do desconhe- cido”, que faz as pessoas evitarem essas questões. Outra razão comum decorre de difi culdades reais e intrínsecas ao processo de explorar o futuro, tentando avaliar o que o desconhecido lhes reserva. Existe também certa acomodação, própria de pessoas ditas “pragmáticas”, para as quais o que interessa é o presente. Para elas, o destino decide o futuro — como costumam dizer, “o futuro a Deus pertence...”. Como veremos neste livro, a dúvida entre planejar e não planejar, queiramos ou não, é um falso dilema. As próximas seções ajudarão a esclarecer o porquê. “Se nós não planejarmos o nosso futuro, outros o farão para nós, por nós ou, pior, ... contra nós.” 1.2 Atitudes Típicas em Relação ao Futuro Podemos notar que as atitudes em relação ao presente e ao futuro variam muito de pessoa para pessoa, conforme mencionamos. Algumas dessas atitudes típicas são abordadas a seguir. 1.2.1 Atitude Tradicionalista Muitos profi ssionais, até mesmo dirigentes de organizações de alto prestígio, vivem o cotidiano baseados em fatos e eventos ocorridos no passado, às vezes até remoto. Para eles, o que ocorreu ontem é o que condiciona o hoje. E é do passado, vitorioso ou problemático, que essas pessoas tiram as experiências para tomada de decisões sobre por quê, o quê, como e quando fazer as coisas. Os dirigentes dessas organizações vivem seu cotidiano aplicando no presente o que deu certo no passado, ou evitando aquilo que deu errado. Para eles, as experiên-cias adquiridas servem para delinear tanto o presente quanto o futuro. Entretanto, do ponto de vista estratégico, o que passou pouco contribui para o que pode aconte- cer, no futuro de nossas organizações. 01_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 1001_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 10 11/9/2006 16:08:1111/9/2006 16:08:11 Capítulo 1 – Motivações para a Estratégia 11 Essa atitude está ilustrada na Figura 1.1. Figura 1.1 Atitude Tradicionalista PASSADO HOJE 1.2.2 Atitude Pragmática “Meu interesse está no futuro porque é lá que vou passar o resto da minha vida.” (Charles Kettering) Convivemos, freqüentemente, com pessoas cujo cotidiano baseia-se em eventos, fatos, notícias, boatos ou palpites que acabaram de tomar conhecimento sobre o seu ambiente interno ou externo. Elas convivem com modismos e são surpreendidas, a cada instante, por notícias, boas ou más. Como estão atentas apenas ao que acontece no presente, atuam quase sempre de forma reativa com relação aos impactos futuros, reais ou prováveis, positivos ou ne- gativos, que ocorrem ou que podem ocorrer à sua volta. Obviamente, todos aqueles que atuam como dirigentes de alguma empresa têm a obrigação de estar informados sobre oportunidades e ameaças às atividades de suas organizações. Afi nal, não há nada de errado nisso. Preocupar-se excessivamente e direcionar todo o seu tempo e atenção para o presente pode, entretanto, prejudicar a organização, pois é do futuro que surgirão as grandes oportunidades a aproveitar e as grandes ameaças a enfrentar! Figura 1.2 Atitude Progmática HOJE PASSADO PRESENTE 01_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 1101_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 11 11/9/2006 16:08:1111/9/2006 16:08:11 12 Parte I – Motivação 1.2.3 Atitude Estratégica As formas de encarar o futuro, nas organizações, assumem aspectos diferen- ciados, dependendo muito mais dos dirigentes e da sua visão de mundo do que da situação real pela qual a empresa está passando ou poderá passar, como veremos a seguir. Atitudes otimistas ou pessimistas. Algumas pessoas vêem o futuro de maneira sis temática e persistente. Elas têm opiniões defi nitivas sobre o futuro, independen- temente das circunstâncias, das informações que recebem ou das perspectivas reais para a organização. Enquanto algumas adotam habitualmente uma postura pessimista, achando que a situação está ruim e vai piorar, enfatizando somente os aspectos negativos, outras vêem o futuro com otimismo exagerado, afi rmando que a situação está boa e vai me- lhorar, apesar das circunstâncias, enfatizando, assim, apenas os aspectos positivos. Essas pessoas partem de pressupostos opostos entre si, mas todos de difícil com- provação, pois tanto as otimistas como as pessimistas sempre encontram fortes argu- mentos para justifi car suas posturas. Entretanto, nenhuma dessas atitudes contribui, efetivamente, para a construção de uma visão positiva, porém realista, do futuro. O futuro como extrapolação do presente. Para alguns, a refl exão sobre o futuro é como um acontecimento que se repete; na opinião deles, não passa de mera extra- polação ou continuidade do passado e do presente. Dizem que “não há nada de novo debaixo do sol...”. Não percebem que o futuro é diferente e que as experiências, bem ou malsucedidas, do passado ou do presente, pouco contribuem, efetivamente, para se obter sucesso, ou para se evitar fracassos no futuro. Devemos, portanto, evitar os dois extremos: o de que o futuro é uma repetição do passado, ou o de que o passado deve ser ignorado, evitado; deve-se buscar um meio termo saudável entre essas duas posições. A Figura 1.3 mostra as três atitudes: a pessimista, a otimista e a de extrapolação. Figura 1.3 Atitudes Pessimista, Otimista e de Extrapolação PASSADO PRESENTE FUTURO Otimista Extrapolação Pessimista HOJE 01_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 1201_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 12 11/9/2006 16:08:1111/9/2006 16:08:11 Capítulo 1 – Motivações para a Estratégia 13 Atitude estratégica: olhando o presente a partir do futuro. Considerando-se que as atitudes anteriormente descritas pouco ajudam em relação ao futuro, seria perti- nente o desenvolvimento de uma mentalidade mais imaginativa e criativa. Esse processo consiste, exatamente, em um exercício de se transportar mental- mente para um futuro desejável, considerado possível, e a partir de lá olhar para trás, para o hoje, e perguntar o que deve ser feito no presente para que o idealizado no futuro se concretize. Por exemplo, se fi zéssemos uma refl exão estratégica no presente ano, precisa- ríamos primeiro nos transportar, mentalmente, para os anos 2010 ou 2015 e, assim, construir a visão de um futuro desejável. Em seguida, a partir do futuro desejável, deve-se olhar para o “passado”, 2006, no caso, e perguntar: “O que nossa organização deveria ter feito ‘lá atrás’, em 2006, ou 2007, ou 2008, para que esse futuro, em 2010, ou 2012, pudesse se concretizar?”. Com isso em mente, a visão estratégica que se pretende criar consiste em de- senvolver a capacidade de olhar, criticamente, o presente a partir do futuro, e não o futuro com os olhos do presente (!). Esse é o grande desafi o a vencer. A construção desse novo modelo mental pode ser efetivada e enriquecida se for realizada com equipes multiníveis e interfuncionais, e não individualmente. A Figura 1.4 ilustra essa atitude estratégica. Figura 1.4 Atitude Estratégica: Olhar o Presente com os Olhos a partir do Futuro Desejado HOJE PASSADO PRESENTE FUTURO DESEJADO 1.3 O Mau Uso do Tempo A alegada falta de tempo é um dos obstáculos para que se faça uma refl exão em conjunto para exercitar a visualização do futuro desejável. As agendas dos executivos estão quase sempre repletas de compromissos, bloqueando, assim, o tratamento dos problemas referentes ao futuro das organizações. 01_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 1301_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 13 11/9/2006 16:08:1111/9/2006 16:08:11 14 Parte I – Motivação Uma estatística muito interessante, apresentada por Hamel e Prahalad1, procura responder à pergunta: “Como os líderes e executivos das empresas utilizam o seu tempo disponível para trabalho?”. A resposta a essa pergunta, obtida em um levantamento feito em empresas inter- nacionais, pode ser elaborada utilizando-se os dados apresentados a seguir: � do total do tempo disponível aos executivos, cerca de 60% é gasto com assun- tos do ambiente interno da organização, e apenas 40% é utilizado em relação ao que acontece fora dela; � desses 40% do tempo olhando para fora, cerca de 70% é despendido com fatos do presente ou do passado, e apenas 30% é dedicado a questões relativas ao futuro da organização; � dos 30% do tempo olhando para fora e para o futuro, 80% é gasto no esta- belecimento de uma visão individual ou particular do futuro da organização, restando apenas 20% para ser dedicado à formulação de uma visão compar- tilhada do futuro. Fazendo um cálculo grosseiro com base nesses números indicativos, constata-se que os executivos utilizam, em geral, apenas entre 3% e 5% do tempo total dispo- nível para formular uma visão compartilhada do futuro — calculado como 20% de 30% de 40% —, fenômeno esse que é conhecido como a regra 40-30-20. Conclui-se, desse levantamento, que os líderes e os executivos gastam realmente pouquíssimo tempo dedicando-se à construção de uma visão compartilhada do fu- turo de suas organizações, que é o elemento fundamental para a condução do bom encaminhamento estratégico da empresa. 1.4 A Mentalidade Estratégica A mentalidade dos nossos dirigentes em relação ao futuro pode ser mostrada por meio de um gráfi co esquemático, no qual se representa, no eixo horizontal, a variável tempo, a partir de hoje, e, no eixo vertical,a distância, a partir do ponto focado, conforme ilustrado pela Figura 1.5. O gráfi co da Figura 1.5 mostra várias regiões concêntricas, nas quais, progres- sivamente, os horizontes temporal e espacial expandem-se, conforme explicamos a seguir. 1 HAMEL, Gary; PRAHALAD, C. K. Competindo pelo futuro. Rio de Janeiro: Campus, 1995. 01_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 1401_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 14 11/9/2006 16:08:1211/9/2006 16:08:12 Capítulo 1 – Motivações para a Estratégia 15 1.4.1 Mentalidade Imediatista A maior parte dos executivos tem mentalidade imediatista. Eles conseguem vi- sualizar somente o que vai acontecer, no máximo, daqui a um mês e apenas o que se passa dentro do setor da organização em que atuam. Essa atitude é chamada de miopia estratégica, pois a pessoa enxerga muito bem o perto e o curto prazo, mas não tem a menor idéia (nem está, de fato, interessado nisto) do que pode acontecer a médio e longo prazos. 1.4.2 Mentalidade Operacional Versus Mentalidade Estratégica A mentalidade operacional é baseada nos fatos do cotidiano e nas demandas para que tudo ocorra normalmente. Alguns executivos são capazes de visualizar, com bom nível de detalhes, tudo o que vai acontecer em um espaço de tempo, digamos, de 12 meses, estendendo um pouco mais seu horizonte espacial. A mentalidade estratégica, entretanto, é a necessária para a construção da visão do futuro, abstraindo-se mentalmente do presente momento, a fi m de se colocar em uma posição adequada, transportando essa visão para cinco a dez anos à frente e posicionando-se de uma perspectiva global a partir do futuro desejado. Alguém poderia perguntar: “Por que é tão importante essa visão distanciada do cotidiano? Não seria perda de tempo, uma vez que o dia-a-dia é tão repleto de demandas?”. A resposta não é tão simples, pois dois aspectos, ambos relevantes e confl itantes, fazem parte do nosso mundo atual. Notamos que os ciclos de mudanças estão cada vez menores, exigindo que o tempo de reação das empresas e entidades encurte-se cada vez mais. Por um lado, tendências, mudanças de valores, novas tecnologias, surgimento ou desaparecimen- to de grandes agentes do mercado ocorrem hoje com muita freqüência, e com menor horizonte de previsibilidade do que há uma ou duas décadas. Por outro lado, tam- Mentalidade Imediatista Mentalidade Operacional Mentalidade Estratégica O Mundo País Estado Cidade Entidade Setor Hoje Daqui a 1 mês Daqui a 1 ano Daqui a 10 anos Daqui a 100 anos Figura 1.5 Mentalidade Imediatista, Operacional e Estratégica 01_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 1501_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 15 11/9/2006 16:08:1211/9/2006 16:08:12 16 Parte I – Motivação bém é incontestável que oportunidades e ameaças de longa maturação acentuam-se cada vez mais. Esses dois aspectos são verdadeiros, e espera-se que os dirigentes saibam discer- nir a diferença entre eles. Profi ssionais bem preparados devem ser capazes de acei- tá-los e saber como lidar com eles, pois podem aguçar a percepção e a mentalidade estratégicas. Novas tecnologias, mudanças de estilos de vida, demográfi cas e geopolíticas, no- vas regulamentações e desregulamentações, por exemplo, podem afetar positiva ou negativamente os negócios ou atividades da organização. Podem ocorrer em uma época futura e em um local bem distante, mas podem acabar gerando oportunidades a serem aproveitadas e/ou ameaças a serem afastadas, para o que podem demandar ações imediatas, tanto para umas como para outras! 1.5 As Ferramentas Gerenciais Mais Utilizadas Uma pergunta freqüente, quando se fala de gestão e de planejamento estratégi- cos, é: “Como essa ferramenta gerencial tem sido utilizada por organizações no Brasil e no mundo?”. Para responder a essa indagação, podemos nos apoiar em duas excelentes pes- quisas da Bain & Company2. Ao perguntar a executivos da América do Norte, Europa e Ásia, em 1996, quais eram as ferramentas gerenciais que eles mais utilizavam em suas empresas, de uma lista com 25 opções, eles declararam que as mais utilizadas eram, por ordem decrescente, as mostradas na Tabela 1.1. Tabela 1.1 Importância do Planejamento Estratégico (1996) Planejamento estratégico 89% Missão/visão 87% Benchmarking 84% Aferição da satisfação dos clientes 81% Fonte: Adaptado de Bain & Company. Repetindo-se a mesma pesquisa anterior, agora em 1999, nos Estados Unidos, Canadá, América do Sul e Europa, com mais detalhes, a média das respostas, para as cinco ferramentas mais utilizadas, em cada região mundial, por ordem decrescente, foi a que está apresentada na Tabela 1.2. 2 BAIN & COMPANY. Ferramentas para vencer. HSM Management, n. 6, jan./fev. 2000a. BAIN & COM- PANY. Quem tem medo das ferramentas gerenciais? HSM Management, n. 19, mar./abr. 2000b. 01_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 1601_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 16 11/9/2006 16:08:1211/9/2006 16:08:12 Capítulo 1 – Motivações para a Estratégia 17 Tabela 1.2 Importância do Planejamento (1999) Estados Unidos e Canadá América do Sul Europa Planejamento estratégico 92% Benchmarking 85% Benchmarking 88% Missão/visão 86% Planejamento estratégico 83% Planejamento estratégico 77% Aferição da satisfação do cliente 80% Gestão da qualidade total 83% Aferição da satisfação do cliente 76% Benchmarking 79% Terceirização 80% Remuneração por desempenho 67% Terceirização 78% Remuneração por desempenho 78% Terceirização 67% Fonte: Adaptado de Bain & Company. O que se pode depreender da análise do resultado dessas pesquisas? Pode-se concluir, com certeza, que o planejamento estratégico e a formulação da missão e visão ocupam a primeira ou segunda posição no ranking das ferramentas mais utili- zadas pelas empresas ao redor do mundo. Em economias mais avançadas — como Estados Unidos e Canadá —, ocupam um inequívoco primeiro lugar. Qualquer pessoa, porém, poderia perguntar: “Por que essas ferramentas são tão utilizadas pelo mundo afora?”. A resposta pode estar no fato de que as mudanças freqüentes e inesperadas nas áreas econômicas, tecnológicas, políticas, sociais e mercadológicas têm levado os exe- cutivos a se envolverem cada vez mais com esse essencial recurso gerencial: o plane- jamento estratégico. É bom, contudo, que se alerte: como toda ferramenta, o pensamento e o plane- jamento estratégicos, de um lado, e a gestão estratégica, do outro, não são garantias absolutas de sucesso empresarial. Outros elementos devem estar presentes para con- dicionar o sucesso ou o fracasso das organizações, como veremos ao longo de todo o livro. De qualquer forma, essas pesquisas mostram que os executivos consultados, em todo o mundo, são praticamente unânimes em dizer que não abrem mão dessas ferramentas no seu “arsenal para a guerra” no mundo dos negócios. E isso seria de esperar, em princípio e por motivos semelhantes, dos dirigentes de entidades do ter- ceiro setor. É o que detalharemos nos próximos capítulos. 01_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 1701_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 17 11/9/2006 16:08:1211/9/2006 16:08:12 18 Parte I – Motivação TERMOS-CHAVE Neste capítulo, vimos que a postura dos dirigentes e executivos, no que diz respeito ao planejamento de suas empresas, varia muito entre pes- soas e organizações. As atitudes típicas dos dirigentes e executivos em relação ao futuro de suas organizações podem ser classifi cadas como tradicionalistas, pragmáticas e estratégicas. Estatísticas muito pertinentes comprovam que os executivos, de modo geral, em- pregam mal o seu tempo no trabalho, direcionando suas ações e preocupações muito mais para as atividades internas e para o imediatismo, dedicando pouco tempo — ou quase nenhum — para ampliar sua visãocompartilhada do futuro da organização. Observou-se que o planejamento estratégico tem sido uma das ferramentas mais utilizadas nas organizações empresariais em todo o mundo, principalmente nas regiões mais desenvolvidas, talvez justamente por isso... QUESTÕES 1. Como você imagina que os dirigentes das organizações que você co- nhece buscam construir uma visão compartilhada do futuro da organi- zação, se é que o fazem? 2. Cite cinco motivos alegados pelos dirigentes para, se possível, não se envolverem pessoalmente com os pensamentos, refl exões e exercícios estratégi- cos da organização. 3. Cite três exemplos reais ocorridos com pessoas, empresas ou entidades de seu conhecimento que relutaram quanto puderam para dar início a um exercício de planejamento e transformação estratégica e que, como conseqüência, perderam poder de competitividade ou acabaram saindo do mercado. 4. Você se considera um pragmático, tradicionalista, estrategista, otimista ou pessi- mista em relação ao futuro de sua organização? Justifi que. 5. Examine as estatísticas mostradas na Seção 1.5 e responda por que planeja- mento e gestão estratégica são, cada vez mais, as ferramentas gerenciais mais utilizadas no mundo dos negócios. 01_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 1801_Cap. 01_Gestão Estrategica.indd 18 11/9/2006 16:08:1211/9/2006 16:08:12
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