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CARACTERÍSTICAS DOS EXAMES CITOPATOLÓGICOS DE IDOSAS RASTREADAS PARA O CÂNCER CERVICAL CERBARO, Kamila 1 ; GARCES, Solange Beatriz Billig 2 ; HANSEN, Dinara 2 ; ROSA, Carolina Böettge 2 ; BRUNELLI, Ângela Vieira 2 ; BIANCHI, Patrícia Dall'Agnol 2 ; ZANELLA, Janice 3 ; LUNGE, Vagner Ricardo 4 ; COSER, Janaina 5 Palavras-Chave: Idosas. Câncer cervical. Papanicolaou Introdução O Exame citopatológico ou Papanicolaou, é um exame de triagem que auxilia na detecção precoce do câncer e de lesões pré-cancerosas da cérvice (GUIMARÃES et. al, 2007). Estas lesões possuem evolução lenta, apresentando altas taxas de prevalência e mortalidade feminina quando evolui para um carcinoma, representando um sério problema de saúde pública (STIVAL et. al, 2005). A incidência e a mortalidade pelo câncer do colo do útero podem ser reduzidas através do rastreamento, detecção precoce e tratamento das lesões precursoras do câncer invasivo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), com uma cobertura da população alvo em torno de 80 a 100% pelo exame de Papanicolaou e uma rede organizada para diagnóstico e tratamento adequado, é possível reduzir em média 60 a 90% o câncer invasivo na população (DIAS, TOMAZELLI & ASSIS, 2010). O exame de Papanicolaou apresenta alta sensibilidade, mas baixa especificidade. Porém, o estudo citológico do esfregaço cervical é considerado o método de melhor custo- efetividade para a detecção de lesões precursoras. O estudo da lâmina citopatológica permite a identificação de um conjunto de alterações celulares classificadas de acordo com a presença e o grau das atipias, por isso, este exame é o teste de escolha para programas de rastreamento de câncer do colo uterino (GUIMARÃES et. al, 2007; BUENO, 2008). Até o ano de 2011, este exame era recomendado para mulheres com idade entre 25 e 59 anos. Porém, com o aumento da expectativa de vida da população, as Novas diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero, ampliaram a idade para até 64 1 Acadêmica do curso de Biomedicina, bolsista PIBIC/UNICRUZ – Universidade de Cruz Alta, Cruz Alta/RS. 2 Docentes do Centro de Ciências da Saúde, pesquisadoras do Grupo Interdisciplinar de Estudos em Envelhecimento Humano , colaboradoras PIBIC/UNICRUZ - Universidade de Cruz Alta, Cruz Alta/RS. 3 Docente do Curso de Biomedicina, colaboradora PIBIC/UNICRUZ - Universidade de Cruz Alta, Cruz Alta/RS. 4 Docente e Pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde – Universidade Luterana do Brasil, Canoas/RS, colaborador PIBIC/UNICRUZ. 5 Docente do Curso de Biomedicina, pesquisadora do Grupo Interdisciplinar de Estudos em Envelhecimento Humano, orientadora PIBIC/UNICRUZ - Universidade de Cruz Alta, Cruz Alta/RS. janacoser@yahoo.com.br. anos. Assim, atualmente, o Papanicolaou deve ser realizado com um intervalo de três anos após dois exames negativos com intervalo anual, e ser interrompido quando após os 64 anos, a mulher apresentar dois exames negativos consecutivos com intervalo de cinco anos. As mulheres acima desta idade, que nunca realizaram o Papanicolaou, devem realizar dois exames com intervalo de um a três anos, e, se ambos forem negativos, podem ser dispensadas de exames adicionais (BRASIL, 2011). Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar as características do exame Papanicolaou realizado em idosas atendidas no Centro de Saúde da Mulher da cidade de Cruz Alta, RS. Metodologia O presente estudo faz parte de um Projeto de Iniciação Científica da Universidade de Cruz Alta – PIBIC/Unicruz do Grupo Interdisciplinar de Estudos em Envelhecimento Humano (GIEEH) e integra um estudo maior intitulado “Estudo de fatores genéticos humanos e virais associados com a persistência do papilomavírus genital e progressão para câncer do colo do útero em mulheres”, aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Cruz Alta com protocolo nº 0093.0.417.000-11. Os dados apresentados são parciais, e se referem às informações obtidas de 32 idosas da cidade de Cruz Alta, rastreadas para o câncer cervical no Centro de Saúde da Mulher, no período de março a julho de 2013. Estas mulheres foram submetidas a coletada do exame citopatológico do colo do útero, a partir do qual, foi obtido material da ecto e endocérvice, com auxílio da espátula de Ayre e escova cytobrusch, respectivamente. Este material foi espalhado e fixado com álcool em uma lâmina de vidro, transportado até o Laboratório de Citopatologia da Unicruz onde foi processado e analisado pela técnica de Papanicolaou. Os resultados do exame foram classificados de acordo com o Sistema de Bethesda (SOLOMON; NAYAR, 2005). Resultados e Discussão A idade das idosas variou entre 60 e 77 anos, com média de 64,87 anos (±4,13). Conforme mostra a Tabela 1, 96,8% das mulheres apresentaram resultado citopatológico negativo para lesão intra-epitelial ou malignidade (NILM), porém, 78,1% destas mulheres não tiveram representação da junção escamo-colunar na coleta das suas amostras. Segundo Cardoso et. al (2001), a proporção de lesões localizadas no canal endocervical aumenta com a idade, uma vez que a junção escamo-colunar (JEC) e a zona de transformação (ZT) movem-se em direção ao canal endocervical após a menopausa. Por isso é de fundamental importância a representação da JEC para detecção de lesões cervicais e diminuir a ocorrência de resultados falsos-negativos. Tabela 1: Relação do resultado citopatológico com a representação da junção escamo-colunar em amostras cervicais de idosas rastreadas para o câncer cervical em Cruz Alta-RS. Resultado citopatológico* Presença da JEC NILM ASC-H Total Sim 06 (18,7%) - 06 (18,7%) Não 25 (78,1%) 01 (3,1%) 26 (81,2%) Total 31 (96,8) 01 (3,1%) 32 (100%) Nos demais achados, somente uma paciente (3,1%) apresentou atipia de significado indeterminado não podendo excluir lesão de alto grau (ASC-H). É importante destacar, que muitos estudos têm demonstrado a prevalência de HSIL e câncer cervical diagnosticado pela histopatologia entre 12,2 e 68% nas mulheres que apresentaram, na citologia, resultados de ASC-H. Segundo um estudo realizado por Russomano, Monteiro & Mousinho (2008) a prevalência de resultados histopatológicos com diagnóstico de lesão de alto grau (HSIL) com citologia ASC-H foi de 19,2%. Percebe-se então, que, em muitos casos diagnosticados pelo citopatologista sendo uma atipia, pode ser uma lesão maior, pois o exame citopatológico é um exame de triagem e possui baixa especificidade. Assim, na busca de uma abordagem clínica para diminuição de problemas na saúde coletiva, deve-se seguir as diretrizes e fazer o acompanhamento correto destas pacientes. Conclusão O aumento da longevidade feminina faz com que muitas idosas vivenciem progressiva fragilidade biológica do organismo, com ocorrência de doenças, especialmente as crônico- degenerativas, como o câncer. Mesmo assim, muitas idosas não deixam de vivenciar sua sexualidade, sendo necessário, portanto, o cuidado com sua saúde ginecológica. No presente estudo, grande parte das idosas rastreadas para o câncer cervical apresentou diagnóstico de normalidade. Porém, deve-se atentar no resultado dos exames, a presença de células da junção escamo-colunar para evitar resultados falso-negativos,já que as lesões precursoras do câncer do colo do útero podem se desenvolver na Zona de Transformação ou até mesmo no canal endocervical, que se localiza mais internamente nas mulheres idosas. Por isso, principalmente nestas mulheres, a coleta deve ser mais cuidadosa, com o intuito de obter material representativo desta região para análise citológica. Referências BUENO K S; Atipias escamosas de significado indeterminado: novas qualificações e importância na conduta clínica. RBAC, v. 40, n. 2, p. 121-128, 2008. CARDOSO M S; RIBALTA J C L; TAHA N S A; FOCCHI J; BARACAT E C; LIMA G R. Resultado da Cirurgia com Alça de Alta Freqüência e Localização Colposcópica da Área com Atipia Ectocervical. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., v. 23 n. 6, 2001. DIAS M B K; TOMAZELLI J G; ASSIS M. Rastreamento do câncer de colo do útero no Brasil: análise de dados do Siscolo no período de 2002 a 2006. Epidemiol. Serv. Saúde, v. 19, n. 3, p. 293-306, 2010. GUIMARÃES J V; SALGE A K M; OLIVEIRA F A; LINO JÚNIOR R S; CASTRO E C C; REIS M A; TEIXEIRA V P A. Freqüência de alterações cérvico-vaginais em mulheres submetidas ao exame citopatológico. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 9, n. 3, p. 815- 820; 2007. RUSSOMANO F; MONTEIRO A C S; MOUSINHO R O. O diagnóstico citológico de células escamosas atípicas – uma avaliação crítica das recomendações diagnósticas. Rev Bras Ginecol Obstet., v. 30, n. 11, p. 573-82, 2008. SOLOMON, D.; NAYAR, R. Sistema Bethesda para Citopatologia Cervicovaginal – Definições, Critérios e Notas Explicativas. 2ª ed., Rio de Janeiro: Revinter, p. 67-121, 2005. STIVAL C O; LAZZAROTTO M; RODRIGUES Y B; VARGAS V R A. Avaliação Comparativa da Citopatologia Positiva, Colposcopia e Histopatologia: Destacando a Citopatologia como Método de Rastreamento do Câncer do Colo do Útero. RBAC, v. 37, n.4, p. 215-218, 2005
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