Buscar

3. Religião opio do povo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MARXISMO E RELIGIÃO: ÓPIO DO POVO?
LÖWY, Michael. Marxismo e religião: ópio do povo?. En publicacion: A teoria marxista hoje. Problemas e perspectivas Boron, Atilio A.; Amadeo, Javier; Gonzalez, Sabrina. 2007 ISBN 978987118367-8. Disponible en la World Wide Web: http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ ar/libros/campus/marxispt/cap. 11.doc
Michael Löwy, Filósofo e diretor de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS) escreveu em 2007 o texto Marxismo e religião: ópio do povo? Traduzido para o português por de Rodrigo Rodrigues.
Lowy inicia o texto com uma pergunta fundamental: “A religião ainda é tal como Marx e Engels a entendiam no século XIX, um baluarte de reação, obscurantismo e conservadorismo? 
O próprio autor responde que, a priori, somos incentivados a acreditar que sim, uma vez que, algumas Igrejas, ainda na atualidade “são nada mais que uma hábil combinação de manipulações financeiras, lavagem cerebral e anticomunismo fanático”. Entretanto, continua o autor, “a emergência do cristianismo revolucionário e da teologia da libertação na América Latina abre um capítulo histórico e eleva novas e excitantes questões que não podem ser respondidas sem uma renovação da análise marxista da religião”, visto que, muitos pensadores religiosos ao se utilizarem de conceitos marxistas e, ao colocarem seus recursos materiais e espirituais a serviço dos pobres e de suas lutas, convocaram o povo para a luta pela emancipação social.
Lowy afirma que a conhecida frase “a religião é o ópio do povo” não é de todo especificamente marxista, posto que, mesma frase pode ser encontrada, em diversos contextos, nos escritos de autores anteriores a Marx. Ele esclarece que tal expressão apareceu no artigo de Marx Sobre a Crítica da Filosofia do Direito de Hegel em 1844 e, ressalta que “Uma leitura atenta do parágrafo marxista onde aparece esta frase, revela que é mais complexo que usualmente se acredita”. 
Sempre ouvi dizer que Marx é taxativamente contra a religião, e que seu “Ópio” é a droga de hoje, que somente aliena e mata seus usuários, porém ao ler a citação, entendi que a religião surge como um conforto e um alento para aqueles que já não tinham mais esperança. O ópio torna-se um remédio necessário para que o indivíduo aguente a dor do câncer social no qual está imerso. Neste momento, a análise da religião, para Marx, era “sem referência a classes e a-histórico. Mas tinha uma qualidade dialética, cobiçando o caráter contraditório da “angústia” religiosa: ambas uma legitimação de condições existentes e um protesto contra estas.” 
Segundo Lowy, foi em A Ideologia Alemã (1846), que o característico estudo marxista da religião como uma realidade social e histórica começou. O elemento chave deste novo método para a análise da religião era aproximar-se dela como uma das diversas formas de ideologia; a ideia chave do livro é a necessidade de explicar a gênese e desenvolvimento das distintas formas de consciência pelas relações sociais. No entanto, após o livro, “Marx prestou pouca atenção à questão da religião como um universo específico de significados culturais e ideológicos.”
O autor anota que “apesar de seu pouco interesse pela religião, Marx prestou atenção à relação entre protestantismo e capitalismo”, uma vez que, diversas passagens de O Capital fazem referência à contribuição do protestantismo à acumulação primitiva de capital. Por outro lado, Marx se refere ao capitalismo como uma “religião da vida diária” apoiada no fetichismo das mercadorias, e via o progresso do capitalismo como um “monstruoso deus pagão, que só queria beber néctar na caveira da morte”. 
Vê-se, então, que Marx não era contra a religião propriamente dita, mas contra qualquer força que alienasse e escravizasse o povo, fosse no campo religioso, político ou social.
Ana Verônica Bindá - 1511220002

Outros materiais