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PSICOTERAPIA E BIOÉTICA

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PSICOTERAPIA E BIOÉTICA
 José Roberto Goldim
A ÉTICA, A MORAL E O DIREITO
Mais de 1000 trabalhos catalogados em revistas indexadas, sobre Bioética, desde 1978.
Direito: ação legal (conforme a lei).
Moral: ação moral (respeito à lei).
Ética: estudo sobre como devemos agir, seu objetivo é refletir sobre a ação humana.
Dilemas éticos x dilemas morais e legais: 20 terapeutas ao serem entrevistados sobre dilemas éticos de difícil solução na área, levantaram 50% de dilemas éticos, o restante eram dilemas morais ou legais.
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A BIOÉTICA
Definição: Bioética é a ética aplicada às questões da saúde e da pesquisa em seres humanos.
A Bioética pode ser:
 - Casuística: reflexões a partir de um evento real, para determinar sua adequação ou não.
 - Principalista: principalismo- princípios éticos utilizados como modelo explicativo: os princípios são utilizados como um referencial para orientar a reflexão.
 - Interacionismo: tendência atual- superar o antagonismo caso x princípio. Fazer uma reflexão com base nas relações entre os princípios e os casos.
Autores (T. Beauchamp e J. Chidress) consagraram o uso de princípios na abordagem de dilemas e problemas éticos, utilizando 4 princípios fundamentais:
 A NÃO MALEFICÊNCIA
 A BENEFICÊNCIA
 A AUTONOMIA
 A JUSTIÇA
 
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A NÃO MALEFICÊNCIA
Em Psicoterapia: não causar danos
Pesquisas de técnicas não consagradas e seus riscos
Psicoterapia por internet (suicídio)
Participação do psicoterapeuta nos processos de pena de morte
Necessidade de observar antes de tratar o paciente – necessidade de um diagnóstico (psicodiagnóstico)
Exemplos do texto e da prática, nos levam à necessidade de uma formação adequada e continuada do psicoterapeuta, para evitar “causar” o mal , inclusive ao tomar decisões.
 
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A BENEFICÊNCIA
De maior apelo intuitivo à todos profissionais, inclui a não maleficência: não causar o mal, maximizar os benefícios e minimizar os possíveis danos.
A Beneficência sempre inclui a Não Maleficência, porém não o contrário.
De acordo com a Beneficência: o psicoterapeuta tem obrigação moral de agir em benefício do outros, de agir no melhor interesse do paciente, preservando:
 sua privacidade, sua confidencialidade e desenvolvendo sua autonomia.
- O maior conflito que se estabelece não é entre a Beneficência e Autonomia, mas sim entre o Paternalismo e a Autonomia.
 
 
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A AUTONOMIA
Necessidade de exercer a Beneficência mas não ser paternalista
Respeito às escolhas individuais: o individuo autonomo decide sobre seus objetivos e age para alcança-los
Autonomia é um direito também das crianças, adolescentes e idosos: direito de serem tratados como individuos autonomos
Instituições x Autonomia: perda de autonomia imposta (hospitais psiquiátricos, presídios,etc) x perda de autonomia como escolha (conventos, coorporações militares)= diferentes manejos. 
- Psicoterapia: relação que tem como um dos pressupostos básicos fundamentais, que a Autonomia do paciente e do terapeuta seja mantida. Porém esta é uma relação, por princípio, desigual: o psicoterapeuta detém conhecimentos (por isto, aliás, é procurado), mas não deve comprometer a autonomia do paciente (paternalismo).
 Obs: quando o terapeuta sentir-se tolhido em sua autonomia, deve reencaminhar ( e não abandonar) seu paciente, como garantia de poder exercer um bom trabalho. 
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A JUSTIÇA
Principio que determina que todos seres humanos devem ser tratados de forma JUSTA, ou seja, os benefícios devem ser distribuídos igualmente entre todos os individuos. 
Psicoterapia: como selecionar para quem “distribuir” este benefício?
Como decidir quem mais necessita? Pela gravidade da psicopatologia? (cuidar das contratransferências). Pelo pagamento? Aliás, quem geralmente atende quem “paga” menos?
Refletir sobre as Clinicas-Escolas e atendimentos de recém formados= necessidade de constantes acessoramentos. 
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ASPECTOS ÉTICOS ENVOLVIDOS NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
1- O exercício profissional
2- Erros profissionais
3- A má prática profissional
4- O sigilo
5- A confidencialidade
6- A privacidade 
7- As diferentes formas de quebra de sigilo
8- O consentimento informado
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1- O EXERCÍCIO PROFISSIONAL
A prática profissional tem relaçõe estreitas com a ética ou deontologia (ética profissional). A ética profissional vai além do simples estabelecimento e cumprimento de regras, mas sobretudo- busca justificativas para deveres e comportamentos profissionais.
No exercício da psicoterapia deve-se refletir:
 - como deve ser sua formação
 - quem deve exerce-la, pois até certo momento apenas médicos e psicólogos a exerciam e, atualmente, outros profissionais começaram a exerce-la, muitas vezes sem garantias éticas e científicas.
Exemplo Austria, quanto ao credenciamento de psicoterapeutas 
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2- OS ERROS PROFISIONAIS
Erro profissional é diferente de má prática profissional. O profissional será sempre responsável por seus atos, mas não necessariamente culpado pelos mesmos. Ou seja: 
 Responsabildade é diferente de Culpabilidade
- Os erros profissionais podem ser de 3 tipos:
 A- IMPERÍCIA 
 B- IMPRUDÊNCIA 
 C- NEGLIGÊNCIA 
 A- IMPERÍCIA:
 - quando um profissional não qualificado assume a responsabilidade pela condução de um caso.
 - não qualificação do profissional ( qual o “tripé”profissional)
 - importância de conhecer o diagnóstico do paciente e suas consequências 
 
 
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2- ERROS PROFISSIONAIS ( continuação)
 B- IMPRUDÊNCIA:
 - É imprudente expôr o paciente a riscos desnecessários, ir além do previsto e preconizado.
 - Prudência = sabedoria: sempre há riscos e prudência implica em preve-los e evitá-los.
 - Supervisão constante: melhor “ataque” à imprudência.
 C- NEGLIGÊNCIA:
 - Falta de observação dos deveres profissionais, implicados por exemplo em:
 - filas de espera de pacientes
 - convênios e seus limites de número de sessões, etc...
 - manter pacientes em terapia quando não mais necessário (para garantir qualquer ganho próprio) 
 - utilizar um longo processo, se haveria outras formas eficazes e mais breves de atingir os resultados em curto espaço de tempo
 
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3- A MÁ PRÁTICA PROFISSIONAL
Acontece quando o terapeuta atenta contra a dignidade pessoal de seu paciente. A relação terapêutica deve ser equilibrada entre autonomia e dependência, tendo como base a prudência. 
Terapeuta deve ser um observador imparcial, mas não insensível, mesmo porque imparcialidade é diferente de não compaixão.
Prudência implica em autodomínio ( princípio de abstinência Freud).
Slippery slope: ato particular aparentemente inocente, se isolado, mas que leva a um conjunto futuro de eventos de crescente malefício. Ex: pequenos atos sucessivos que conduzem à relação sexual terapeuta-paciente. 
Outros exemplos de má prática profissional: usar indevidamente as informações do paciente; manter o paciente em atendimento com o objetivo de não ter perda financeira, ou para obter outros benefícios. 
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4- O SIGILO
Se associa tanto à confidencialidade quanto à privacidade na relação terapeuta-paciente.
Segredo x sigilo – palavra sigilo mais adequada, por representar resguardo de informações profissionais
Informações (material básico da maioria das psicoterapias) são basicamente de 4 formas:
 DESCONHECIDAS- nem paciente e nem terapeuta as possuem
 ESCONDIDAS- o paciente as conhece mas ainda não as comunicou ao terapeuta (muito comum no início do processo)
 “CEGAS”- informações que o terapeuta detem , mas ainda não revelou ao paciente
COMPARTILHADAS: ambos, terapeuta e paciente, as possuem
- Processo terapêutico: constante compartilhamento de informações escondidas que, inicialmente, são desconhecidas pelo terapeuta. A devolução do diagnóstico é a primeira revelação do terapeuta, que pode mante-lo cego, para comprovação ou por estratégia.
 
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4- O SIGILO (continuação)
Tudo revelado e compartilhado no processo terapêutico é SIGILOSO, o terapeuta é um fiel depositário das informações do paciente. Ou seja: 
 O compartilar de informações gera deveres para o terapeuta, principalmente: PRESERVAÇÃO DO SIGILO. 
SIGILO em diferentes situações:
 - hospitais psiquiátricos e gerais, ambulatórios
 - direito do paciente de acessar seus dados, ex: diagnóstico de esquizofrenia
 CRIANÇAS, ADOLESCENTES E IDOSOS: direito ao sigilo, como preservá-lo no atendimento de crianças e adolescentes?
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5- A CONFIDENCIALIDADE
Confidencialidade é garantia do resguardo das informações dadas em CONFIANÇA; é a proteção contra a revelação não autorizada destas informações.
O terapeuta é responsável pelo sigilo das informações que lhe foram “dadas” em confiança pelo paciente.
CONFIDENCIALIDADE: palavra que vem de confiança.
 - como fica a confidencialidade em supervisões?
 - em sala de aula? 
 - em registros gravados?
 - em registros escritos?
- Trair a confidencialidade é pecar contra a PRIVACIDADE
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6- A PRIVACIDADE
Privacidade é um dever institucional, é a limitação de acesso às informações de um dada pessoa, bem como do acesso à própria pessoa e a sua intimidade.
“O que” do paciente pode ser invadido pelo terapeuta sem autorização
Para “quem” os dados do paciente podem ser transmitidos
Prontuários em Clinicas-Escola
Prontuários em Hospitais
Psicoterpia realizadas com técnica de observação em espelhos unilaterais: o paciente sempre deve ser informado e deve autorizar
Digitação e gravação de sessões
 O PACIENTE NUNCA DEVE SER ULTRAJADO EM SUA 
 PRIVACIDADE 
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7- AS DIFERENTES FORMAS DE QUEBRA DE SIGILO
São 3 formas:
A- Exceções ao sigilo
B- Quebra de privacidade 
C- Quebra de confidencialidade
- As exceções ao sigilo ocorrem quando o profissional for convocado a testemunhar em cortes legais - situações de gravidade e situações previstas por lei. 
 Quando o psicoterapeuta necessitar comunicar ao estado ocorrência de doença de informação compulsória, maus tratos à CRIANÇAS E ADOLESCENTES, abuso de conjuge ou idoso, ferimento por arma de fogo ou qualquer outro ato criminoso. 
Não há proibição formal pelo Código de Ética, que impeça o
 Psicólogo de prestar informações, se solicitado. Desde que não há este impedimento formal, o psicoterapeuta deve consultar um comitê de ética, um colega experiente na área ou o CRP.
 
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7- AS DIFERENTES FORMAS DE QUEBRA DE SIGILO (continuação) 
Como deve agir o psicoterapeuta se informado da violação ética de outro profissional. Por exemplo: um médico que assedia sua paciente.
Quando se torna necessário a quebra do sigilo –lembrar caso universidade americana
Perigos da quebra de privacidade e confidencialidade em: papos informais, utilização de dados para exemplificar casos clínicos, em pesquisas.
Quebra de confidencialidade é possível quando:
1- possibilidade de ocorrer danos a outras pessoas ( não maleficência) 
2- quando um benefício real resultar disto (beneficência)
3- quando for o último recurso
4- quando for um procedimento generalizável (situações com características semelhantes já determinaram a quebra)
O direito à preservação de confidencialidade, ultrapassa a morte do paciente (caso escritora). 
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8- O CONSENTIMENTO INFORMADO
Imprescindível em pesquisa
Trabalhos científicos (TCC, por exemplo)
Como lidar com seus termos
Como utilizá-lo para não se tornar anti-ético
Contratos terapêuticos- geralmente não escritos. Como lidar 
com esta técnica?

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