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RESUMO DE DIREITO AMBIENTAL

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RESUMO DE DIREITO AMBIENTAL
AULA 1 - FUNDAMENTAÇÃO DO DIREITO AMBIENTAL
A primeira conferência Global das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano foi realizada pela ONU em 05 de junho de 1972. O encontro teve a adesão de 113 países. Nele se proclamou sete diretrizes em prol de se preservar e melhorar o meio ambiente humano.
A Conferência ainda estabeleceu 26 princípios que expressam um Manifesto Ambiental, uma convicção comum de proteção e preservação ambiental. 
Somente com a Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), sancionada em outubro de 1988, é que o meio ambiente ganhou status constitucional, com a edição de um capítulo próprio disposto no artigo 225 e seus parágrafos.
Características do Meio ambiente:
Bem transindividual: é um direito de todos, é de cada pessoa, mas não é só dela, ultrapassa o âmbito individual, por não pertencer ao indivíduo de forma isolada. (Bem público de uso comum do povo)
Difuso: o bem difuso é sua natureza indivisível, pois não é possível individualizar a pessoa atingida pela lesão gerada da violação ao direito, neste caso, o dano provocado ao meio ambiente.
Direito de terceira geração: por ser caracterizado enquanto valor indisponível, tendo como lema os princípios da solidariedade e fraternidade na busca do interesse coletivo.
O Direito Ambiental surgiu da necessidade de criar normas jurídicas de proteção e preservação do meio ambiente e seus recursos naturais para as presentes e futuras gerações do planeta.
É um Direito que tem como objetivo restaurar, conservar e preservar o bem ambiental, e para tanto, é:
Preventivo (esfera administrativa)
Reparador (esfera civil)
Repressivo (esfera penal)
O Direito Ambiental visa, através das normas jurídicas vigentes, compatibilizar desenvolvimento econômico com a preservação ambiental. 
AULA 2 – PRINCÍPIOS NORTEADORES DO DIREITO AMBIENTAL
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que ocorreu em 1972, na cidade de Estocolmo, capital da Suécia, estabeleceu 26 princípios que praticamente resumem as preocupações com o desenvolvimento e o meio ambiente. Esses princípios foram importantes fontes para os princípios norteadores do Direito Ambiental Brasileiro.
Em junho de 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, realizada na cidade do Rio de Janeiro, conhecida como Rio-92, estabeleceu 27 princípios.
Principais princípios do Direito Ambiental
Princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana:
O princípio Fundamental do Direito Humano está vinculado ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como direito fundamental à sadia qualidade de vida, que deve ser protegido para as gerações presentes e futuras, conforme dispõe o artigo 225, caput da CRFB.
Esse princípio também está previsto na Declaração de Estocolmo como princípio comum para inspirar e guiar os povos do mundo na preservação e na melhoria do meio ambiente.
Princípio do Desenvolvimento sustentável:
Ele procura coadunar a proteção ao meio ambiente com o desenvolvimento socioeconômico com o objetivo de gerar melhoria na qualidade de vida do homem
O desenvolvimento sustentável exige dos governos: políticas públicas de saneamento, educação ambiental, fiscalização no efetivo cumprimento das normas ambientais, diminuição do consumismo, eliminação da pobreza e da poluição.
Princípio da Ubiquidade ou Princípio da Cooperação:
Ele vem evidenciar que o objeto de proteção do meio ambiente, deve ser levado em consideração sempre que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema, atividade ou obra tiver que ser criada e desenvolvida.
Isso ocorre porque o Direito Ambiental tutela a vida e a qualidade de vida, assim, tudo que se pretende fazer, criar ou desenvolver, deve antes passar por uma consulta ambiental para saber se há ou não possibilidade de degradação ambiental.  
Princípio da Participação ou Democrático:
Esse princípio assegura a todos os cidadãos o direito pleno de participar na elaboração de políticas públicas ambientais.
Princípio da Educação Ambiental:
Educação ambiental está outorgada como um direito do cidadão desde 1988, através da Lei nº 9.795/99 que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental.
O objetivo fundamental da educação ambiental é fazer com que os indivíduos e a coletividade compreendam a natureza complexa do meio ambiente natural e do meio ambiente criado pelo homem, resultante da interação de seus aspectos biológicos, sociais, econômicos e culturais.
Princípio do Poluidor–Pagador:
Impõe ao poluidor o dever de arcar com as despesas de evitar a ocorrência de danos ambientais (caráter preventivo) e, ocorrido o dano, em razão da atividade desenvolvida, ser responsável por sua reparação (caráter repressivo).
Objetiva evitar o dano e ser responsabilizado quando o dano houver sido causado.
Princípio da Prevenção:
Ocorre quando o perigo é certo e se tem elementos seguros para afirmar que uma atividade específica é efetivamente perigosa.
Neste caso, existe o conhecimento dos efeitos de determinadas atividades e das medidas que se impõem ações no sentido de evitá-las ou, pelo menos, minimizá-las.
Este princípio tem o objetivo de impedir a ocorrência de danos ao meio ambiente, adotando-se medidas acautelatórias prévias à instalação, obra ou implantação de determinado empreendimento ou atividade consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras.
Princípio da Precaução:
Por este princípio, não existe prova definitiva de que o dano ao meio ambiente ocorrerá, trata-se de mera possibilidade, ameaça de que o dano ambiental se materializará.
OBS: Este princípio não deve ser confundido com o princípio da prevenção, muito embora possa ser entendido, para alguns autores, como um desdobramento deste. O princípio da prevenção pressupõe uma razoável previsibilidade dos danos que poderão ocorrer a partir de um determinado impacto, já o princípio da precaução pressupõe, ao contrário, uma razoável imprevisibilidade dos danos que poderão ocorrer dada a incerteza científica dos processos ecológicos envolvidos.
Princípio do Usuário–Pagador:
Consiste na cobrança de um valor econômico pela utilização de um bem ambiental. Este princípio estabelece que quem utiliza o recurso ambiental deve suportar seus custos. Este valor não se deve constituir em uma taxa abusiva ou um enriquecimento sem causa.
Não tem a natureza reparatória e punitiva prevista no princípio do poluidor pagador, pois não está associado à infração ou ilicitude.
Princípio da Responsabilidade ou da Responsabilização:
Engloba a responsabilidade Civil, Penal e Administrativa da Pessoa Física e da Pessoa Jurídica que causa dano ao meio ambiente. Tem sua origem na responsabilidade objetiva
Por este princípio, o poluidor, pessoa física ou jurídica, responde por suas ações ou omissões que causaram dano ao meio ambiente, ficando sujeito a sanções cíveis, penais ou administrativas.
Princípio da Obrigatoriedade da Intervenção Estatal na Defesa do Meio Ambiente:
Este princípio decorre da natureza indisponível do direito ao meio ambiente saudável e tem por base a atuação obrigatória do Estado na proteção ambiental em decorrência da natureza indisponível do meio ambiente, “cuja proteção é reconhecida hoje como indispensável à dignidade e à vida de toda pessoa – núcleo essencial dos direitos fundamentais”.
Princípio do Equilíbrio Resultado global:
É o princípio pelo qual devem ser pesadas todas as implicações de uma intervenção no meio ambiente, buscando-se adotar a solução que melhor concilie um resultado globalmente positivo. Esse princípio é voltado para a Administração Pública, a qual deve sopesar todas as implicações que podem ser desencadeadas por determinada intervenção no meio ambiente, devendo adotar a solução que busque alcançar o desenvolvimento sustentável. Ele possui como característica básica a ponderação de valores.
Princípio do Limite:
É o princípio pelo qual a administração pública temo dever de fixar parâmetros para as emissões de partículas, de ruídos e de presença a corpos estranhos no meio ambiente, levando em conta a proteção da vida e do próprio meio ambiente. Está diretamente ligado ao exercício do Poder de Polícia do Estado, pois cabe a este fiscalizar e orientar a sociedade quanto aos limites em usar e aproveitar o bem ambiental.
Resulta de intervenções necessárias à manutenção, preservação e restauração dos recursos ambientais com vista a sua utilização racional e disponibilidade permanente.
Princípio da função socioambiental da propriedade:
Este princípio consagra a sobreposição do interesse público ao interesse privado. O poder estatal, que é em tese ilimitado, será limitado todas as vezes que atingir direitos e garantias individuais, contudo, o interesse na proteção do meio ambiente, por ser de natureza pública, deve prevalecer sempre sobre os interesses individuais privados, ainda que legítimos.
Aula 3 - O DIREITO AMBIENTAL E SUA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL AMBIENTAL
O Direito Ambiental e sua proteção constitucional
A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), promulgada em 1988, elevou o meio ambiente a status constitucional, criando capítulo próprio para o mesmo no artigo 225 (Capítulo VI – Do Meio Ambiente, dentro do Título VIII - Da Ordem Social).
A norma constitucional deixa claro que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Desse modo, o bem ambiental é um direito de todos, bem de uso comum do povo e dever do Poder Público e da coletividade defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
A Constituição Federal é a principal fonte formal do Direito Ambiental. A norma trata a questão ambiental de forma abrangente, apresenta uma série de preceitos quanto à tutela ambiental em seu texto ou de forma fragmentada ou em diversos capítulos, além, é claro, do art. 225 e seus parágrafos.
Para possibilitar a ampla proteção, a Constituição Federal de 1988 previu diversas regras, divisíveis em quatro grandes grupos, que são:
Regras Gerais: as regras gerais são aquelas previstas, de forma direta ou indireta, em vários textos da Constituição Federal.
Regras de Competência: as regras de competência são divididas em legislativas e administrativas; a primeira diz respeito ao poder de legislar dos Entes Federativos, e a segunda atribui ao Poder Público, a prática de atos administrativos em prol da preservação e proteção ambiental.
Regras Específicas: são regras específicas as previstas no capítulo do Meio Ambiente, isto é, no artigo 225 e seus parágrafos da Constituição Federal.
Regras de Garantia: as regras de garantia são as tutelas processuais ambientais, como a ação popular, a ação civil pública, entre outras.
Realizar análise minuciosa do artigo 225 da CRFB/88 e seus incisos e parágrafos, relacionando-os aos princípios estudados na aula anterior.
Competência Constitucional Ambiental
A Constituição da República Federativa do Brasil, sancionada em 1988, reparte as competências entre todos os entes da federação brasileira.
A doutrina divide a competência dos entes públicos em: Competência Administrativa ou material e Competência Legislativa.
Competência Administrativa ou material:
A Competência Administrativa atribui ao Poder Público a prática de atos administrativos e de atividades ambientais e cuida da atuação concreta do ente, através do exercício do poder de polícia.
A competência administrativa ou material se divide em:
Competência administrativa (ou material) exclusiva:
Essa competência é inerente a União, artigo 21 da Constituição Federal. Trata-se de competência exclusiva da União e versa sobre interesse geral. 
A competência administrativa exclusiva da União em sede de meio ambiente é evidenciada no artigo 21, incisos IX; XII letra b; XV; XIX; XX; XXIII, letras a até d e XXV.
Competência administrativa (ou material) comum:
A Competência administrativa comum é também denominada de concorrente administrativa. Essa competência é atribuída conjuntamente a todos os entes federativos, isto é, cabe tanto à União quanto aos Estados, Municípios e Distrito Federal. Trata-se de mera cooperação administrativa prevista no artigo 23 da Constituição Federal. Ela está disciplinada no artigo 23 da CRFB
Competência Legislativa: 
A Competência legislativa é atribuída aos entes federativos o ato de legislar. A Competência Legislativa é dividida em:
Competência legislativa privativa: 
Esta competência legislativa privativa é inerente à União, que é quem tem o poder de legislar sobre as matérias específica do artigo 22 da CRFB e tem a possibilidade de delegação, conforme dispõe o parágrafo único do citado artigo que narra que “lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo”.
Competência legislativa exclusiva:
A Competência Legislativa Exclusiva diz respeito aos Estados e aos Municípios e é aquela reservada unicamente a uma entidade, sem a possibilidade de delegação.
Competência legislativa residual:
A Competência Legislativa Residual também é denominada de competência legislativa remanescente ou ainda reservada. Trata-se de competência residual dos Estados, conforme prevista no artigo 25, §1° CRFB.
Competência legislativa concorrente:
A Competência Legislativa Concorrente permite que a União, Estados e Distrito Federal legislem sobre a mesma matéria. Possui como característica a atribuição de uma mesma matéria a mais de um ente federativo. Tem seu fundamento no art. 24 da Constituição Federal.
A competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais (art. 24, §1° da CRFB/1988), que deverá ser observada por todos.
Competência legislativa suplementar:
Na legislação concorrente, a União limita-se a estabelecer normas gerais e os Estados, as normas específicas. No entanto, em caso de inércia legislativa da União, os Estados poderão suplementa-la.
Sobre os Estados, o artigo 24, §2° CRFB estabelece que a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
No que tange aos municípios, a redação do artigo 30, inciso II da Constituição Federal destaca que compete aos municípios suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.
Competência legislativa supletiva:
A competência legislativa supletiva decorre da inércia da União em editar a lei federal sobre normas gerais, adquirindo então os Estados e o Distrito Federal competência plena para a edição de normas gerais e de normas específicas sobre os assuntos relacionados no artigo 24 da Constituição Federal. A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia de lei estadual (ou distrital), no que lhe for contrário.
Aula 4 – POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
De acordo com a Declaração de Estocolmo 1972, em razão da necessidade de se estabelecer uma visão global e princípios comuns para a preservação e melhoria do ambiente humano, através de políticas e ações ambientais, foi instituída, no Brasil, em 1981, a Lei 6.938/81, conhecida como: Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA).
A PNMA foi a principal Lei Federal ambiental sancionada antes da Constituição Federal de 1988 e amplamente recepcionada por esta. A norma visa dar efetividade ao princípio matriz contido no artigo 225, caput, da Constituição consubstanciado no direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo um conjunto de instrumentos legais, técnicos, científicos, políticos e econômicos destinados à promoção do desenvolvimento sustentável.
Trata-se de uma norma de Gestão Ambiental que organiza e orienta o Poder Público sobre o poder de polícia ambiental, através do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), e estabelece objetivos, princípios, diretrizes, conceitosbásicos sobre meio ambiente e poluição e instrumentos administrativos, penais, civis e econômicos de proteção ao meio ambiente, hábeis à sua realização.
PNMA, art 1º - Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 235 da Constituição, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e institui o Cadastro de Defesa Ambiental.
PNMA, art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana [...].
Mas o que é qualidade ambiental?
A qualidade ambiental é o estado do meio ambiente ecologicamente equilibrado. Assim: preservar é impedir a intervenção humana; melhorar é permitir a intervenção humana no meio ambiente, com o objetivo de aprimorar a qualidade dos recursos ambientais, realizando o manejo adequado desses bens e recuperar é permitir a intervenção humana, buscando a reconstrução dos bens degradados, fazendo com que eles voltem a ter as mesmas características.
Princípios
Os princípios da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) são os orientadores da ação governamental, conforme o disposto no art. 2º, inciso I a X da norma, tendo em vista o Objetivo Geral, de preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental que assegurem ao país as condições de desenvolvimento sustentável, os interesses da segurança nacional e a proteção da dignidade da pessoa humana. 
Os princípios da PNMA não se confundem com os princípios do direito ambiental, pois são específicos e instrumentais da política ambiental, alguns como mera orientação da ação governamental.
Conforme disciplinado no art 2º, são princípios da Política Nacional do Meio Ambiente:
I. ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II. racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III. planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV. proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V. controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
VI. incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII. Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII. recuperação de áreas degradadas;
IIX. proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X. educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
Conceitos
Meio ambiente:
É “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
A doutrina já estabeleceu que este artigo trata apenas do conceito de meio ambiente natural, constituído pela água, solo, ar, flora e fauna. Porém o meio ambiente se divide ainda em meio ambiente cultural, previsto no artigo 215 e 216 da Constituição Federal, que trata da proteção do patrimônio histórico, artístico, paisagístico, turístico e arqueológico, meio ambiente artificial, artigos 182 e 183 da Carta Magna, que é o meio ambiente construído, o conjunto de edificações e equipamentos públicos como praças e rua e meio ambiente do trabalho, artigo 7°, inciso XXII e artigo 200, inciso VIII do mesmo diploma legal que consiste na qualidade de vida no meio ambiente do trabalho, nas relações laborais.
Degradação da qualidade ambiental: É “a alteração adversa das características do meio ambiente”.
Poluição: É a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente venham a prejudicar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, ou que criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, ou venham a afetar a forma desfavorável o biota, afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente ou, ainda, que lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
Poluidor: É a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, de forma direta ou indireta, por atividade causadora de degradação ambiental.
Recursos ambientais: São a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
Objetivos
O artigo 4° da Política Nacional do Meio Ambiente elenca os objetivos específicos que devem ser perseguidos e alcançados, visando à harmonização do meio ambiente com o desenvolvimento sustentável e a dignidade da pessoa humana, conforme o estabelecido no art. 2º da Lei.
Esses objetivos gerais estão dispostos no art. 4ª que assim dispõe:
Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I - À compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico.
II - À definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios.
III - Ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais.
IV - Ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais.
V - À difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico.
VI - À preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida.
VII - À imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
Diretrizes
PNMA, art 5º - As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente serão formuladas em normas e planos, destinados a orientar a ação dos Governos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a preservação da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, observados os princípios estabelecidos no art. 2º desta Lei.
Parágrafo único - As atividades empresariais públicas ou privadas serão exercidas em consonância com as diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente.
Instrumentos
A Política Nacional do Meio Ambiente destaca 13 instrumentos para execução de sua política. Tratam-se de instrumentos administrativos de gestão ambiental, podem ser conceituados como mecanismos estatais
Verificar os 13 instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, instituídos no artigo 9° da norma
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA
Esse sistema é constituído por entidades e órgãos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas Fundações instituídas pelo Poder Público, investidos do poder de polícia ambiental com suas competências (material/administrativa).
Sua finalidade é dar cumprimento ao princípio matriz previsto no artigo 225 da Constituição Federal de 1988, isto é, proteção e melhoria da qualidade ambiental e ainda estabelecer uma rede de agências governamentais, nos diversos níveis da Federação, visando assegurar os mecanismos capazes de implantar a Política Nacional do Meio Ambiente.
Sua estrutura é formada por:
	Órgão Superior
	É o Conselho de Governo.
	Órgão Consultivo e Deliberativo
	É o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
	Órgão Central
	É o Ministério do Meio Ambiente(MMA).
	ÓrgãosExecutores
	O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
	Órgão Seccionais
	São os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental.
	Órgãos Locais
	São os órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições.
Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA
O Conselho Nacional do Meio Ambiente foi criado pela PNMA, em seu artigo 7° e tem por objetivo “assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida”, artigo 6°, inciso II da PNMA.
O Conselho é um colegiado representativo de cinco setores: órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil.
Atualmente, a estrutura do CONAMA se compõe da seguinte forma: Plenário, Comitê de Integração de Políticas Ambientais (CIPAM), Câmaras Técnicas, Grupos de Trabalho, Grupos Assessores, Câmara Especial Recursal.
Verificar competências da CONAMA (conforme art. 8º da PNMA)
Poder de Polícia
O poder de polícia administrativo é a atividade da Administração Pública, expressa em atos normativos ou concretos, de condicionar, com fundamento em sua supremacia geral e na forma da lei, a liberdade e a propriedade dos indivíduos, mediante ação ora fiscalizadora, ora preventiva, ora repressiva.
Sob o ponto de vista legal, o único conceito encontrado no ordenamento jurídico brasileiro é o expresso no art. 78 do Código Tributário Nacional, da Lei Federal 5.172/66.
O poder de polícia aplicado ao plano ambiental advém da polícia administrativa, ou seja, aquela que incide sobre bens, direitos e atividades, inerente a toda Administração Pública. Está definido no artigo 225 da Constituição Federal, é prerrogativa do Poder Público no âmbito do executivo, “dotado dos atributos da discricionariedade, da autoexecutoriedade e da coercitividade, inerentes aos atos administrativos”
Assim, é através do poder de polícia ambiental que o Estado, cumprindo uma disposição constitucional, protege o meio ambiente, elevado à condição jurídica de bem de uso comum do povo.
Ele é exercido pelas autoridades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), conforme dispõe a Lei nº 6.938, PNMA. 
As sanções no campo ambiental devem observar uma gradação das penalidades, de modo a evitar que sejam desnecessárias, inadequadas ou desproporcionais. Podem ser:
Advertência;
 Multa simples;
 Multa diária; 
Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; 
 Destruição ou inutilização do produto; 
 Suspensão de venda e fabricação do produto; 
 Embargo de obra ou atividade; demolição de obra; 
Suspensão parcial ou total de atividades e restritiva de direitos.
AULA 5 – LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Importante mecanismo de proteção ambiental, este procedimento administrativo é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente.
A avaliação de Impacto Ambiental, assim como o estudo de Impacto Ambiental são essenciais para verificar os danos ambientais que determinadas obras ou atividade possam causar ao meio ambiente. Ao ser efetivado por profissionais habilitados, este estudo é elaborado de forma simples, clara e objetiva, e seu respectivo relatório é denominado RIMA.
As pressões e interesses de mercado sobrepujam a proteção ambiental, privilegiando o crescimento econômico em detrimento do meio ambiente sadio como um direito fundamental de todos. Neste contexto, o licenciamento ambiental torna-se o instrumento fundamental na busca do desenvolvimento sustentável.
O Licenciamento Ambiental torna-se, portanto, um instrumento de caráter preventivo, essencial à atuação do Estado na proteção e preservação do meio ambiente. As atividades utilizadoras de recursos ambientais, e quaisquer outras, efetiva ou potencialmente poluidoras, ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, serão submetidas ao controle do poder da polícia ambiental dos entes federados, que irá estabelecer condições e limites para o exercício dessas atividades, por meio do licenciamento ambiental.
A contribuição desse instrumento, estabelecido no artigo 9°, inciso IV, da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) é fundamental para compatibilizar o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente, visando o necessário equilíbrio entre eles, isto é, desenvolvimento sustentável.
Conceito de Licenciamento Ambiental
Política Nacional de Meio Ambiente: Lei 6938/81, artigo 10
Resolução do CONAMA: Nº 237/97, artigo 1º, I
Lei Complementar: Nº 140, artigo 2º, I
Licenças ambientais (artigo 2°, caput e §1º da Resolução CONAMA n. 237/97)
A licença ambiental é uma autorização emitida pelo órgão ambiental competente ao empreendedor para exercer seu direito à livre iniciativa, atendidas as solicitações previstas pelo órgão competente para o licenciamento. Tem caráter preventivo e também precário, pois a licença ambiental pode ser cassada, caso as condições estabelecidas não sejam cumpridas. O interessado é obrigado a se reportar ao Estado para solicitar os procedimentos necessários para a obtenção da licença ambiental, ao pretender desenvolver uma atividade considerada potencialmente causadora de significativa degradação ambiental.
O licenciamento ambiental é composto por três tipos de licença, são elas:
Licença prévia:
Licença de instalação:
Licença de operação:
Verificar conceitos dos três tipos de licenças
Cada uma dessas licenças são distintas umas das outras e poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade, parágrafo único, artigo 8º.
Para cada etapa do licenciamento ambiental é necessária a licença adequada. Para o planejamento de um empreendimento ou de uma atividade tem-se a Licença Prévia (LP), na construção da obra há a Licença de Instalação (LI) e na operação ou funcionamento, a Licença de Operação.
O licenciamento ambiental está apoiado também em outros instrumentos de gestão, como:
• O zoneamento ecológico econômico (ZEE);
• Planos de bacia (Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei 9.433/1997);
• Planos de manejo de unidades de conservação (Sistema de Unidades de Conservação - SNUC, Lei 9.60519/98);
• Identificação ou não de Áreas de Proteção Permanente (APP), (Código Florestal - Lei 12.651/2012).
Etapas do Licenciamento Ambiental:
Segundo estabelece a Resolução do CONAMA n. 237/97, as etapas do licenciamento ambiental estão disciplinadas em seu artigo 10, são elas:
	I
	Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida.
	II
	Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade.
	III
	Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias.
	IV
	Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios.
	V
	Audiência pública,quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente;
	VI
	Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;
	VII
	Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;
	VIII
	Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade;
Competência para o Licenciamento Ambiental
A Lei Complementar n. 140, de 08 de dezembro de 2011, estabelece a competência para o licenciamento ambiental, destacando as atribuições de cada ente federativo no exercício da competência comum, além de prever as atribuições de cada ente quanto ao licenciamento e fiscalização de empreendimentos potencialmente poluidores, prevê outras ações de gestão ambiental sob a responsabilidade de cada ente.
A competência para o licenciamento ambiental será municipal se o empreendimento ou obra forem de âmbito local; se extrapola mais de um município dentro de um mesmo estado, caberá ao Estado o licenciamento; agora, se a atividade ultrapassar as fronteiras do estado ou do país cabe à União, através de seu órgão federal específico, isto é, ao IBAMA, o procedimento administrativo.
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)
A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é um instrumento disciplinado na Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei n. 6.938/81, artigo 9°, inciso III. É o conjunto de procedimentos capazes de assegurar que, desde o início do processo, se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de um determinado projeto, programa, plano ou política e das alternativas viáveis. Os resultados da AIA devem ser apresentados de forma adequada e clara ao público e aos responsáveis pela tomada da decisão.
São instrumentos legais de implementação da Avaliação de Impacto Ambiental, que é gênero que abarca algumas espécies, entre elas:
• Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
• Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)
• Plano de Controle Ambiental (PCA)
• Relatório de Controle Ambiental (RCA)
• Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)
• Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV)
Impacto Ambiental
O impacto ambiental tem seu conceito determinado pelo art. 1º da Resolução do CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986:
Resolução do CONAMA nº 001/86, art. 1º - Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente afetam:
I. a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II. as atividades sociais e econômicas;
III. a biota;
IV. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V. a qualidade dos recursos ambientais.
Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA ou EPIA)
O Estudo Prévio de Impacto Ambiental ou Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é uma modalidade de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). O estudo de impacto ambiental pressupõe o controle preventivo de danos ambientais. Uma vez constatado o perigo ao meio ambiente, deve-se ponderar sobre os meios de evitar ou minimizar o prejuízo.
A existência do EIA é de natureza preventiva ao dano ambiental. Ele tem abrangência mais restritiva entre as outras formas de avaliação ambiental, e é exigido nos licenciamentos de qualquer obra ou atividade que possa causar significativa degradação ao meio ambiente, conforme previsão no artigo 225, § 1º, inciso IV da Constituição Federal.
Relatório de Impacto Ambienta
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é o documento público que reflete as informações e conclusões do Estudo de Impacto Ambiental (EIA). É apresentado de forma clara, objetiva e acessível para toda a população e interessados.
Determina o artigo 2° da Resolução do CONAMA n. 01/86, que o licenciamento ambiental de atividades modificadoras do meio ambiente, “dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório que serão submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo”.
O relatório de impacto ambiental (RIMA) deve refletir as conclusões do estudo de impacto ambiental, conter os objetivos e justificativas do projeto e “cujas informações destinam-se a possibilitar a avaliação do potencial impactante do EIA (que normalmente é complexo, redigido em linguagem técnica). Através da utilização de linguagem simples, mapas, quadros e gráficos o RIMA busca explicar as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implementação” (Thomé, 2016).
Nessa etapa do licenciamento ambiental são realizadas Audiências Públicas para que a comunidade interessada e/ou afetada pelo empreendimento seja consultada.
Trata-se do único mecanismo de participação social previsto na legislação ambiental brasileira para o processo de Avaliação de Impacto Ambiental.

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