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BEM-VINDO À DISCIPLINA Fundamentos das Ciências Sociais 1 Prof. Ms. Laerte Redon lar.unesa@gmail.com março de 16 F C S AULA 1 Objeto e método das Ciências Sociais março de 16 F C S 28 AULA 1 28 Aplicação Prática março de 16 F C S 42 AULA 1 42 Aula 3 A sociedade como objeto de estudo e os usos e abusos da cultura (Livro Didático: p. 32-43) março de 16 49 F C S AULA 1 49 Criação x Evolução março de 16 5 O Conhecimento varia segundo a percepção F C S AULA 1 5 Conclusão preliminar março de 16 6 Pode-se dizer, então, que as coisas não têm um sentido em si, os homens é que lhes dão sentido, através do pensamento e da palavra, que, sistematizados de alguma maneira, formam o CONHECIMENTO. A maioria dos eventos sociais que testemunhamos, interpretamos com a nossa própria visão de mundo, com nossas convicções pessoais, valores e preconceitos… Somos juiz e parte e isso dificulta uma análise mais crítica da realidade que nos cerca. F C S AULA 1 6 março de 16 7 Como construímos o nosso conhecimento sobre o mundo em que vivemos? F C S AULA 1 7 O conhecimento março de 16 8 A ciência é uma forma de conhecimento, mas será que sempre foi? É a única forma de conhecimento? Não, existem algumas formas de conhecer além da ciência. O homem sempre buscou expressar o conhecimento dos fenômenos da natureza e de si mesmo utilizando-se de outros tipos de linguagem que não a científica. F C S AULA 1 8 Aula 4 Diversidade cultural e globalização. A emergência do multiculturalismo. (Livro Didático: p. 44-48) março de 16 79 F C S AULA 1 79 Diversidade cultural e Globalização março de 16 F C S 80 AULA 1 80 O Conhecimento mítico março de 16 11 F C S Nome Grego Nome Romano Papel na mitologia Afrodite Vênus Deusa da beleza e do desejo sexual (mitologia romana: deusa dos campos e jardins) Apolo Febo Deus da profecia, da medicina e da arte do arco-e-flecha (mitologia greco-romana posterior: deus do Sol) Ares Marte Deus da guerra Ártemis Diana Deusa da caça (mitologia greco-romana posterior: deusa da Lua) Atena Minerva Deusa das artes e ofícios e da guerra; auxiliadora dos heróis (mitologia greco-romana posterior: deusa da razão e da sabedoria) Crono Saturno Deus do céu; soberano dos titãs (mitologia romana: deus da agricultura) Dioniso Baco Deus do vinho e da vegetação Eros Cupido Deus do amor Géia Terra Mãe Terra Hefesto Vulcano Deus do fogo; ferreiro dos deuses Hera Juno Deusa do matrimônio e da fertilidade; protetora das mulheres casadas; rainha dos deuses. Hermes Mercúrio Mensageiro dos deuses; protetor dos viajantes, ladrões e mercadores Hades Plutão Deus dos mundos subterrâneos; senhor dos mortos. Posêidon Netuno Deus dos mares e dos terremotos Zeus Júpiter Soberano dos deuses olímpicos AULA 1 11 O Mito O mito é uma narrativa, que contém em si diversas ideias, simbologias e personagens sobrenaturais, para explicar fatos da realidade. Não é objetivo, trata de tempos fabulosos. Os mitos dão forma e aparência explícita a uma realidade que as pessoas sentem intuitivamente. março de 16 12 F C S AULA 1 12 O mito O mito de São Jorge, por exemplo, pode ser entendido como a representação de um desejo coletivo da presença do guerreiro, do vencedor de demandas e dificuldades. No imaginário popular do RJ, mistura-se o santo católico com a divindade africana Ogum, o guerreiro e lutador imbatível. O mito pode também transmitir, de geração a geração, uma espécie de conhecimento, sobre a origem do mundo, sobre processos de cura, sobre interpretações de fenômenos da natureza e, ainda, sobre a sociedade e a relação entre os homens, através de histórias mitológicas. Quem não ouviu falar do mito do cupido, que fala do enamoramento? março de 16 13 F C S AULA 1 13 Conhecimento religioso Esse tipo de conhecimento do mundo se dá a partir da separação entre o sagrado e o profano. As religiões também apresentam, de forma geral, uma narrativa sobrenatural para o mundo, sendo condição fundamental crer ou ter fé nessa narrativa. E a fé é essencial para a crença religiosa. Fé no fato de que esse conhecimento pode proporcionar uma garantia de salvação a quem crê, bem como prescrever formas de obter e conservar essa garantia (ritos, sacramentos e orações). março de 16 14 F C S AULA 1 14 Conhecimento filosófico O conhecimento filosófico pode ser traduzido como amor à sabedoria, à busca do conhecimento. O saber filosófico trata de compreender a realidade, os problemas mais gerais do homem e sua presença no universo. Não se preocupa com particularidades. A Filosofia é especulativa. Não demanda experimentações ou prova das suas conclusões. Não apresenta soluções definitivas para as questões que formula. março de 16 15 F C S AULA 1 15 O conhecimento de senso comum É a compreensão do mundo baseada no aprendizado acumulado de gerações anteriores. É uma espécie de herança cultural. É fruto da tentativa do homem em solucionar problemas cotidianos, por meio de juízos pessoais (muitas vezes equivocados) acerca das situações vivenciadas. Assim uma criança aprende que sobre o fogo, sobre o choque, sobre o perigo, sobre o gosto, o justo… “quem dá aos pobres empresta a Deus; o que não tem remédio, remediado está…” março de 16 16 F C S AULA 1 16 O conhecimento científico março de 16 17 É aquele que resulta de conhecimentos adquiridos metodicamente… fruto de uma observação sistemática da realidade (baseada e fatos verificáveis e controláveis por experimentação)… e que contenham validez universal, pela certeza de seus dados e resultados. Porém, sabemos que as formulações científicas mudam bastante e podem representar interesses políticos econômicos e sociais. F C S AULA 1 17 O objeto das ciências sociais Por Ciências Sociais, entende-se o conjunto de saberes relativos às áreas da Sociologia, da Antropologia e da Ciência Política. A ciência social propõe conhecer o homem enquanto elemento integrante de grupos organizados. Assim, o objeto de estudo das Ciências Sociais é a sociedade em suas dimensões sociológicas, antropológicas e políticas; março de 16 F C S 19 AULA 1 19 O objeto das ciências sociais Dentro do objeto de estudo, estudam as culturas humanas, sua história, suas realizações, seus modos de vida e seus comportamentos individuais e sociais. Elas “limpam a lente” para que possamos identificar e compreender os diferentes grupos sociais, contextualizando seus hábitos e costumes na estrutura de valores que rege cada um deles. março de 16 20 F C S AULA 1 20 As áreas constitutivas das ciências sociais A Sociologia estuda o homem e o universo sociocultural, analisando as inter-relações entre os diversos fenômenos sociais. Na Antropologia, privilegiam-se os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades. Na Ciência Política, analisam-se as questões ligadas às instituições do poder. março de 16 F C S 21 AULA 1 21 As áreas constitutivas das ciências sociais Ao contrário de outras ciências, as Ciências Sociais lidam, não apenas com o que se chama de realidade, com fatos exteriores aos homens... Lidam com as interpretações que são feitas sobre a realidade. março de 16 F C S 22 AULA 1 22 Sociologia março de 16 F C S 23 A Sociologia tem como objeto de estudo a sociedade, com ênfase nas suas diferentes formas de organização, bem como nos processos que interligam os indivíduos em grupos e instituições. AULA 1 23 Sociologia março de 16 F C S 24 Na Sociologia, a vida social é analisada a partir de diferentes perspectivas teóricas, notadamente as que têm como base conceitual os estudos desenvolvidos por Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. A partir dessas matrizes teóricas, estudam-se: fatos sociais - ações sociais - classes sociais relações sociais - relações de trabalho relações econômicas - instituições religiosas movimentos sociais etc. AULA 1 24 Antropologia março de 16 F C S 25 O olhar antropológico privilegia os aspectos culturais da sociedade, como costumes, crenças e valores morais dos diferentes de grupos e comunidades. Sua abordagem possui um caráter integrativo, cujo propósito é não “parcelar o homem”. AULA 1 25 Antropologia março de 16 F C S 26 Questões como diversidade cultural, etnocentrismo, relativismo cultural são tratadas por essa ciência. Sistemas de parentesco, linguagens, sistemas de crenças, estilos de vida, orientação sexual, ideologia, estilos de vida etc. são temas de interesse. Os antropólogos buscam transformar o exótico e o distante em algo familiar. AULA 1 26 Ciência Política março de 16 F C S 27 Na Ciência Política, analisam-se as questões ligadas às instituições do poder, como a sua origem, manutenção, distribuição, transferência ou perda e os conceitos de dominação e autoridade. AULA 1 27 Comparação entre os enfoques das Ciências Naturais e das Ciências Sociais Ao contrário das Ciências Naturais, as Ciências Sociais não lidam apenas com a realidade (fatos exteriores aos homens), mas com as interpretações que são feitas sobre a realidade. Essa diferença tem suscitado intensos debates quanto à validade e o rigor científico do conhecimento produzido pelas ciências sociais, porque: elas lidam com eventos complexos, não isolados; o pesquisador social se envolve com os fenômenos que investiga, dificultando a objetividade e a neutralidade científica. não usam métodos/técnicas rígidas e rigorosas, nem fórmulas que garantam a obtenção de resultados objetivos e exato (importa a interpretação dos fatos) março de 16 F C S 29 AULA 1 29 Contributo das Ciências Sociais Campanhas publicitárias, campanhas eleitorais, elaboração de políticas públicas, até mesmo a programação de redes de rádio e televisão levam cada vez mais em conta resultados de investigações sócio-antropológicas Com as mudanças cada vez mais rápidas e profundas dos padrões morais e culturais das sociedades contemporâneas, mais relevantes se tornam as análises que visam compreendê-las, por ex.: deslocamentos de pessoas e grupos por força da globalização da economia; trocas culturais em razão da chamada “sociedade em rede”; novos modelos de família e conjugalidade, novas configurações no campo religioso. março de 16 F C S 30 AULA 1 30 Ciências Naturais ou Exatas e seu enfoque As ciências naturais ou exatas estudam fatos simples, eventos que, presumivelmente, têm causas simples e são facilmente isoláveis, recorrentes e sincrônicos. Mudam muito devagar. Tais fatos podem ser vistos, isolados e reproduzidos dentro de condições de controles razoáveis, num laboratório. Assim, nas ciências naturais há uma distância irremediável entre o cientista e seu objeto de pesquisa, o que torna a objetividade científica mais evidente na análise de fenômenos desse tipo. março de 16 F C S 31 AULA 1 31 Ciências Naturais ou Exatas e seu enfoque março de 16 F C S 32 “A matéria prima da ciência natural, portanto, é todo o conjunto de fatos que se repetem e têm uma constância verdadeiramente sistêmica, já que podem ser vistos, isolados e, assim, reproduzidos dentro de condições de controle razoáveis, num laboratório.” (Da Matta, Roberto. Relativizando, pg. 17) AULA 1 32 Ciências sociais e seu enfoque As ciências sociais estudam fatos complexos, que mudam muito rapidamente. Seu objeto de investigação são os fenômenos sociais, ou seja, eventos de origens complexas e que podem ocorrer em ambientes diferenciados. Desta forma, apesar de também levar em conta a objetividade científica na análise desses fenômenos, a interação entre sujeito e objeto da investigação leva a interpretações contextualizadas da realidade social. março de 16 F C S 33 AULA 1 33 Ciências sociais e seu enfoque março de 16 F C S 34 Um bolo pode ser comido porque se tem fome,... mas também pode ser comido por motivos sociais, como comemorar uma festa, demonstrar solidariedade, lembrar de uma determinada data e, ainda, por todos estes motivos juntos. (Da Matta, Roberto. Relativizando, pg. 18). AULA 1 34 Como estudar fenômenos complexos O cientista social trabalha com fenômenos que estão bem perto dele, provocando uma interação complexa entre o investigador e o investigado. Ele é levado a enfrentar sua própria posição, seus valores, sua visão de mundo... Sua fala, gestual, modo de ser/agir revelam o tipo de socialização que ele teve e influenciam na visão de mundo. “Nasce, daí, um debate inovador, numa relação dialética entre investigador e investigado”. (DA MATTA, Roberto in Relativizando: uma introdução à antropologia social). Dialética: origem no termo em grego dialektiké e significa a arte do diálogo, a arte de debater, de persuadir ou raciocinar. março de 16 F C S 35 AULA 1 35 Problemas Sociais e sociológicos Problemas sociais e problemas sociológicos são expressões idênticas? março de 16 F C S 36 AULA 1 36 Problemas Sociais O “problema social” designa algo que atinge um grupo ou uma categoria de indivíduos (drogas, por exemplo), embora o que possa ser um problema social para nossa cultura pode não ser em outra. Em outras palavras, o problema social é uma situação que afeta um número significativo de pessoas e é julgada por estas como uma fonte de dificuldade, ameaça ou infelicidade e considerada suscetível de melhoria. março de 16 F C S 37 AULA 1 37 Problemas Sociológicos Os problemas sociológicos são o objeto de estudo da Sociologia. A Sociologia estuda os fenômenos sociais, sendo eles percebidos como problemas sociais ou não, lançando mão de uma observação sistemática e pormenorizada das organizações e relações sociais. É uma questão de conhecimento científico e nem todas as questões que ocupam as ciências sociais constituem problemas científicos, mas podem ser problemas sociais. Todo problema social pode ser um problema sociológico, mas nem todo problema sociológico é um problema social março de 16 F C S 38 AULA 1 38 As relações entre indivíduo e sociedade março de 16 F C S 39 “O homem faz a sociedade ou a sociedade faz o homem?” AULA 1 39 As relações entre indivíduo e sociedade março de 16 F C S 40 “Sem dúvida temos consciência, ao mesmo tempo, de que esse abismo entre os indivíduos e a sociedade não existe na realidade. Toda sociedade humana consiste em indivíduos distintos e todo indivíduo humano só se humaniza ao aprender a agir, falar e sentir o convívio com outros.” (Elias, Norbert. A Sociedade dos Indivíduos, pg. 67). AULA 1 40 Importância do estudo sócio antropológico na compreensão da realidade O conhecimento científico da vida social não se baseia apenas no fato, mas na concepção do fato e na relação entre a concepção e o fato. Por estudar a ação dos homens em sociedade, de seus símbolos, sua linguagem, seus valores e cultura, das aspirações que os animam e das alterações que sofrem, as Ciências Sociais constituem ferramenta importante para compreender crítica e reflexivamente a realidade. março de 16 F C S 41 AULA 1 41 Caso 1 Leia o diálogo a seguir. Hoje o sol está de rachar! É verdade! Como pode uma bola de fogo menor que a Terra, que fica girando em volta da gente, fazer tanto calor? Que nada, homem! A Terra é menor do que o sol! É por isso que faz tanto calor! A Ciência, recorrentemente, se defronta com raciocínios desse tipo, relacionado a falsas certezas. Demonstre as principais diferenças entre o pensamento científico e o senso comum e apresente, pelo menos, dois outros exemplos de convicções equivocadas decorrentes da utilização do senso comum e refutadas pela ciência. março de 16 43 F C S AULA 1 43 Sugestão O conhecimento de senso comum é um tipo de conhecimento espontâneo, pois seu aprendizado é passado de geração a geração ao longo dos tempos. Ele se organiza a partir da necessidade do homem de enfrentar os desafios cotidianos. O conhecimento científico se distingue porque suas formulações são sistemáticas, baseadas em fatos verificáveis e controláveis através de experiências, chegando, por isso, a conclusões gerais e objetivas. Ele se constitui a partir do estabelecimento de métodos rigorosos de investigação e de um recorte específico de um objeto de estudo. Outros exemplos do senso comum: esfregar aliança de ouro x terçol; chá de camomila x calmante; gatos de 3 cores são sempre fêmeas; raio e trovão são fenômenos distintos x veloc luz e som; moeda no umbigo do recém-nascido para que ele não “ficar para fora”; cortar cabelos na lua cheia para crescer mais rápido; não comer manga e tomar leite etc. março de 16 44 F C S AULA 1 44 Questão objetiva março de 16 45 A lei da gravidade, elaborada por Isaac Newton, a Lei da conservação da massa, de Lavoisier, popularizada na expressão “na natureza nada se cria, tudo se transforma” e a Teoria Heliocêntrica, preconizada por Nicolau Copérnico, evidenciam que características, próprias do pensamento científico? Objetividade e neutralidade. Generalidade e sacralidade Generalidade e subjetividade Subjetividade e neutralidade Generalidade e objetividade F C S AULA 1 45 Caso 2 Em um conhecido episódio da nossa história, Oswaldo Cruz liderou uma campanha de erradicação da febre amarela na cidade do Rio de Janeiro. Cientista de grande porte, tendo estudado no Instituto Pasteur, na França, convenceu as autoridades de que era necessário vacinar todos os moradores da cidade. Objetivamente, sua preocupação era a de combater uma epidemia que estava matando grande parte da população carioca. Entretanto, essa iniciativa não foi bem recebida pela população, que atacava os agentes da brigada sanitária e promoveu uma série de protestos que ficou conhecida como a “Revolta da Vacina”. Uma das causas da reação adversa da população foi o fato de que, para aplicar a vacina, os agentes sanitários viam os braços desnudos das moças, considerados objeto de desejo na época, e, portanto, não podendo ser mostrado a estranhos. Pergunta-se: se Oswaldo Cruz pudesse ter recorrido a um cientista social, como ele poderia ter auxiliado? Analise sob o prisma da objetividade científica e da relação sujeito/objeto os fenômenos acima descritos. março de 16 46 F C S AULA 1 46 Sugestão Caso Oswaldo Cruz pudesse contar com um cientista social, ele teria feito uma interpretação contextualizada do fenômeno, levando em conta não apenas os aspectos ligados à saúde e à higiene, mas também os aspectos culturais e morais que envolviam a questão. Assim, a situação não poderia ser enfrentada exclusivamente sob o prisma da objetividade científica, haja vista que o sujeito e o objeto da ação seriam humanos, participes de uma sociedade que possui valores, hábitos e costumes a serem observados pela ação do sanitarista, com o propósito de obter a adesão. março de 16 47 F C S AULA 1 47 Questão objetiva março de 16 48 A construção de um olhar sociológico se inicia com o estranhamento diante da realidade, ciente de que nossa visão é repleta de prenoções e juízos de valor. Tal postura recusa a interpretação das ações e das relações sociais com base no conhecimento do senso comum e possibilita a construção do conhecimento científico da sociedade. Identifique, nas opções apresentadas, a que corresponde ao conhecimento sociológico. Buscar nas próprias experiências a explicação naturalizante dos comportamentos humanos (b) Estudar a realidade observada, segundo critérios científicos e metodológicos próprios. (c) Tomar decisões fundamentadas no conhecimento de adágios e ditados (d) Fazer diferentes leituras, tomando por base o senso comum (e) Aceitar as explicações biológicas para as ações humanas em sociedade F C S AULA 1 48 O conceito de Cultura O primeiro antropólogo a sistematizar o conceito de cultura foi Edward Tylor que, em Primitive Culture, formulou a seguinte definição: "cultura é todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade". E é isso que os torna diferentes: hábitos alimentares, formas de se vestir, de formar família, de acessar o sagrado... A essa multiplicidade de formas de vida dá-se o nome de diversidade cultural. 51 março de 16 F C S AULA 1 Diversidade Cultural A partir da descoberta do “Novo Mundo” a diversidade ficou mais evidente, pois os europeus se depararam com modos de vida completamente distintos dos seus. Aliás, os dois lados foram impactados. Morte de europeu e corpo em decomposição no rio. Realmente não é nada fácil vivenciar uma outra cultura diferente da nossa. Mas por quê? Porque pensamos que nossos hábitos e nossa forma de ver o mundo devem ser os mesmos para todos! Achamos o outro "diferente". Nossa cultura é o padrão, a norma. Tudo que é diferente é concebido como estranho, e mesmo errado. Isso é: Etnocentrismo. 52 março de 16 F C S AULA 1 Olhar eurocêntrico sobre a cultura A construção científica nasce na Europa e o grupo europeu era a referência como ser humano e sociedade. Com a conquista de outros continentes, os europeus encontram seres diferentes, mas parecidos o bastante para questionarem: seriam estes seres humanos? O pensamento vigente oscilava entre conceber os seres ora como humanos, ora como não humanos, providos ou desprovidos de alma, bons ou maus selvagens etc. Na ótica do “mau selvagem”, estes humanos eram vistos como perigosos, mais próximos aos animais, brutos, com sexualidade descontrolada, primitivos, com uma inteligência restrita, iludidos pela magia... Seres limitados que precisavam ser “civilizados” pela cultura européia. 53 março de 16 F C S AULA 1 Antropologia de gabinete O século XIX chega e os antropólogos estudam culturas “exóticas” buscando descrever seus hábitos, costumes e sua forma de ver o mundo (cosmovisão), tudo isso sem ir ao campo. Não eram os antropólogos que enfrentavam o dia a dia dos “selvagens”. Eram enviados viajantes, pessoas comuns, que eram deslocados para essas “tribos” e ali ficavam registrando tudo que viam e ouviam, a fim de entregar este material aos antropólogos, que aí sim analisavam estes relatos, desenvolvendo suas teorias sobre as diferentes culturas. Esta é a denominada “antropologia de gabinete”. 54 março de 16 F C S AULA 1 A prática etnográfica Como falar sobre uma cultura que nunca se viu? Como descrever eventos que nunca se vivenciou? A partir da segunda metade do século XX, cunhou-se a prática etnográfica que é a metodologia característica da antropologia até os dias de hoje: o próprio antropólogo vai ao campo, entra no grupo, vivencia esta cultura diferente, deixa-se fazer parte deste dia a dia, registra esta vivência, retorna para sua própria cultura e finaliza seu trabalho de escrita que é o registro final desta experiência. Não é fácil vivenciar uma cultura diferente da nossa. Geralmente, estabelecemos a nossa cultura como o padrão, a norma. Assim tudo o diferente é estranho e, até, errado. Tal postura é o que denominamos etnocentrismo. 55 março de 16 F C S AULA 1 Etnocentrismo Trata-se da “visão do mundo”, onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença No plano afetivo, temos os sentimentos de estranheza, medo, hostilidade etc. 56 março de 16 F C S AULA 1 Etnocentrismo As diferenças genéticas ou biológicas, como as decorrentes da raça, não determinam diferenças culturais, pois a cultura não nasce com a pessoa, mas é aprendida durante sua existência através do processo de socialização. Nem as condições geográficas, tais como clima, vegetação, relevo, latitude, longitude, entre outras, servem para construir a cultura, pois povos com as mesmas condições geográficas produzem culturas diferentes. 57 março de 16 F C S AULA 1 Choque Cultural "Nosso" grupo é aquele que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma... Aí então, de repente, surge um "outro grupo diferente", que nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este “outro" também sobrevive à sua maneira, gosta dela e existe igual aos demais. 58 março de 16 F C S AULA 1 Você tem cultura? Roberto da Matta, no texto “Você tem cultura?” considera que “devemos buscar compreender a lógica da vida do outro antes de cogitar se “aceitamos” ou não esta outra forma de ver o mundo. O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural”. O conceito de cultura permite afirmar que não há homens sem cultura, sem que exista hierarquia entre elas (superiores e inferiores). Por isso, deve-se analisar as práticas culturais no contexto em que são praticadas 59 março de 16 F C S AULA 1 Relativismo Cultural É a postura privilegiada pela Antropologia contemporânea, que busca compreender a lógica da vida do outro. “antes de cogitar se “aceitamos” ou não esta outra forma de ver o mundo, a antropologia nos convida a compreendê-la, e verificar que ao seu jeito outra vida é vivida, segundo outros modelos de pensamento e de costumes (...) pois cada sociedade humana conhecida é um espelho onde nossa própria existência se reflete”. (Roberto da Matta) 60 março de 16 F C S AULA 1 O equívoco das visões deterministas sobre a cultura março de 16 61 F C S AULA 1 61 “Muitos ainda acreditam nas velhas, persistentes e incorretas teorias que atribuem capacidades inatas e específicas a determinadas raças. Atualmente os antropólogos estão totalmente convencidos de que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais” (Laraia: 2005; pg.17). O determinismo biológico março de 16 62 F C S AULA 1 62 Pela lógica do determinismo geográfico, as diferenças do ambiente condicionam a diversidade cultural, ou seja, as forças da natureza agiriam de modo mecânico e determinante sobre as sociedades humanas. Na verdade esta visão é equivocada, na medida em que as diferentes culturas humanas são influenciadas, mas não determinadas de modo absoluto pelo meio físico. O determinismo geográfico março de 16 63 F C S AULA 1 63 A posição de Roberto da Matta Existem várias correntes que explicar a formação racial/cultural da sociedade brasileira. Segundo Roberto Da Matta é notória a importância dos elementos étnicos, a dizer: branco, negro e indígena, na formação da sociedade brasileira. Essas 3 raças proporcionaram o reconhecimento da identidade nacional, bem peculiar em relação a outros países com experiências semelhantes. Para ele, o Brasil se tornou uma sociedade mestiça e homogênea, onde supostamente não existiria preconceito "racial" e todos os indivíduos seriam potencialmente capazes de possuírem igualdade formal, material e moral entre si. março de 16 66 F C S AULA 1 66 Conde Gobineau A primeira destas correntes previa a degenerescência e o pensador mais importante era o Conde de Gobineau (1816-1882). Joseph Arthur de Gobineau via a mistura de raças como fator de decadência e degenerescência da sociedade brasileira, e influenciou a obra de expoentes do pensamento brasileiro como Sílvio Romero, Oliveira Vianna e Nina Rodrigues. Não via com bons olhos nenhum aspecto da sociedade brasileira, a não ser seus encontros com D. Pedro II. Para ele o Brasil não tinha futuro, pois era marcado pela presença de raças que julgava inferiores. março de 16 67 F C S AULA 1 67 Conde Gobineau A mistura racial daria origem a mestiços e pardos degenerados e estéreis. Esta característica já teria selado a sorte do país: a degeneração levaria ao desaparecimento da população. “Mas se, em vez de se reproduzir entre si, a população brasileira estivesse em condições de subdividir ainda mais os elementos daninhos de sua atual constituição étnica, fortalecendo-se através de alianças de mais valor com as raças europeias, o movimento de destruição observado em suas fileiras se encerraria, dando lugar a uma ação contrária”. março de 16 68 F C S AULA 1 68 Gilberto Freyre Já Gilberto Freyre (1900-1987) afasta o debate superioridade x inferioridade. Para ele, a miscigenação não deve ser considerada um fenômeno simplesmente biológico ou capaz de gerar aptidões, costumes e degenerescências dela derivadas e agravadas pela ação deprimente do clima. A mistura de diferentes grupos étnicos é algo positivo e até mesmo capaz de promover uma democratização a partir da posição ambivalente do mestiço. março de 16 69 F C S AULA 1 69 Sergio Buarque de Hollanda Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) em seu estudo Raízes do Brasil, defende que os males do país também não provêm da miscigenação. São oriundos da personalidade do português. O português é tão dominante que a mistura com índios e negros não conseguiu superá-la. Além disso, a personalidade dos negros era semelhante à dos portugueses, ou seja, plástica e maleável, o que lhes fomentavam um caráter “anti-social” que preferia os entretenimentos ao trabalho. março de 16 70 F C S AULA 1 70 Darcy Ribeiro Para Darcy Ribeiro (1922-1997), o brasileiro nasce no processo de distinção de suas matrizes originais, sendo hostilizado e, também, sendo hostil. O mameluco rejeita a mãe índia que lhe deu a luz e opõe-se aos irmãos de sangue das Américas... ... ao mesmo tempo em que é desconhecido pelo pai branco e banido entre os irmãos de ultramar. (...) março de 16 71 F C S AULA 1 71 Darcy Ribeiro Não menos dolorosa é a transfiguração étnica que fez nascer o brasileiro-mulato. A submissão do escravo africano trazido para o Brasil se deu pela força da opressão e exigiu um aparato de vigilância enorme e o uso constante dos castigos preventivos capazes de levar o ser humano a se esquecer de si. A fuga era a mais forte motivação do cativo para se manter vivo. Veja-se o Quilombo dos Palmares e seu projeto de sociedade igualitária. março de 16 72 F C S AULA 1 72 Darcy Ribeiro Assim, Darcy Ribeiro defende a noção de um povo novo resultado dos processos de desindianização do índio, de desafricanização do negro e de deseuropereização do europeu. Um país de mestiços, que não são iguais aos seus ascendentes de uma ou outra etnia, portanto, “uma nova etnia nacional”. março de 16 73 F C S AULA 1 73 Mito? Isto é considerado um "mito" por críticos a esse tipo de pensamento por diversos fatores, entre eles: A ideia minimiza a violência da dominação colonialista exercida pelos portugueses nos povos ameríndios e africanos, pois parte da noção equivocada de um equilíbrio das 3 forças na colonização. A raça não é fator definidor de cultura. Há quem diga que raça não existe, aliás. Porém, várias obras literárias reforçam a ideia do mito: Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre (relação entre negros e brancos); O Guarani, de José de Alencar (relação entre índios e brancos). O documentário O Povo Brasileiro, dirigido por Darcy Ribeiro. março de 16 74 F C S AULA 1 74 Caso 3 Leia o texto abaixo e responda as questões propostas: Em 1883, Franz Boas foi estudar os esquimós e passou um tempo convivendo com eles. O autor fez as seguintes observações no seu diário: "Frequentemente me pergunto que vantagens nossa "boa sociedade" possui sobre aquela dos "selvagens" e descubro, quanto mais vejo de seus costumes, que não temos o direito de olhá-los de cima para baixo. Onde em nosso povo, poder-se-ia encontrar hospitalidade tão verdadeira quanto aqui ... Nós, "pessoas altamente educadas", somos muito piores relativamente falando ... Creio que, essa viagem tem para mim uma influência valiosa, ela reside no fortalecimento do ponto de vista da relatividade de toda formação (...)" (Trecho extraído do livro Antropologia cultural/Franz Boas. Celso Castro (org). Rio de Janeiro:Jorge Zahar Editor, 2004). (i) Identifique e explique que método antropológico foi utilizado pelo autor em sua pesquisa? (ii) Elabore uma análise sobre relativismo cultural a partir das observações feitas por Franz Boas. 76 março de 16 F C S AULA 1 Sugestão Identifique e explique que método antropológico foi utilizado pelo autor em sua pesquisa? A etnografia, método em que o pesquisador vai até o local (o campo de estudo) e investiga, mediante observação direta in loco, os costumes culturais, as regras, as relações que se estabelecem naquela sociedade que deseja aprender. Elabore uma análise sobre relativismo cultural a partir das observações feitas por Franz Boas. O autor faz uso do relativismo cultural, ao procurar compreender a lógica da vida do outro e valoriza a diversidade cultural, ou seja, a diferença existente entre as representações sociais existentes na cultura como identidade da sociedade. Ele não hierarquiza as formas de vida social, percebendo que as noções de “selvagem” e “civilizado” são relativas, pois dependem do ponto de vista do observador. março de 16 77 F C S AULA 1 77 Questão Objetiva A noção de ‘etnocentrismo’ em Antropologia busca: A) Designar a ocorrência de uma imprecisão conceitual na teoria antropológica B) Expressar o processo de observação dos valores da própria cultura como se fossem únicos ou superiores. C) Descrever a preeminência da relação entre os termos em qualquer análise antropológica D) Apontar para o risco de suspensão moral das categorias de nossa própria cultura E) Nomear o processo de construção de conceitos abstratos a partir das representações nativas 78 março de 16 F C S AULA 1 81 Entender a diversidade cultural como marca das sociedades humanas. Analisar o processo de globalização e suas consequências. Entender a importância do multiculturalismo no mundo contemporâneo. Objetivos março de 16 81 F C S AULA 1 82 Como estudado na aula anterior, a sociedade humana é repleta de hábitos diversos que coexistem ao mesmo tempo. A essa multiplicidade de formas de ver, sentir e se inserir no mundo, damos o nome de Diversidade Cultural. Diversidade cultural março de 16 82 F C S AULA 1 82 Diversidade cultural Essa diferenças culturais entre os seres humanos se manifestam na linguagem, danças, vestuários e outras tradições como a organização da sociedade. O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de ideias, características ou elementos diferentes entre si, em determinado assunto, situação ou ambiente. Como consequência da expansão do processo de globalização nas últimas décadas, o mundo tornou-se menor, cada vez mais, marcado pela aproximação de culturas e pela diversidade. março de 16 83 F C S AULA 1 A Globalização março de 16 84 F C S AULA 1 85 No mundo contemporâneo, a diversidade cultural assumiu grande relevância para a compreensão dos fenômenos sociais devido ao processo de globalização. O QUE É GLOBALIZAÇÃO??? A globalização é um dos processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural e política, que foi impulsionada pelo barateamento e acessibilidade aos meios de transporte e comunicação dos países do mundo, no final do século XX e início do século XXI. A Globalização março de 16 85 F C S AULA 1 85 A Globalização não é um fenômeno novo. É só lembramos das Grande Navegações realizadas por portugueses e espanhóis e veremos que até mesmo a descoberta do Brasil já faz parte de um processo de integração global. Só que naquela época não se utilizava este termo... março de 16 86 F C S AULA 1 O termo globalização designa um fenômeno de abertura das economias e das respectivas fronteiras em resultado do acentuado crescimento das trocas internacionais de mercadorias, da intensificação dos movimentos de capitais, da circulação de pessoas, do conhecimento e da informação, proporcionados quer pelo desenvolvimento dos transportes e das comunicações, quer pela crescente abertura das fronteiras ao comércio internacional. março de 16 87 F C S AULA 1 É no final da década de 1980 que o termo globalização começa a ser utilizado, designando não apenas a mundialização da economia, mas também o intercâmbio cultural e a interdependência social e política ao nível mundial. março de 16 88 F C S AULA 1 Retratos da globalização março de 16 89 F C S AULA 1 Globalização: processo de integração dos países Liberalização econômica. Revolução nos transportes. Revolução nas telecomunicações. Popularização da Internet. Homogeneização cultural. março de 16 90 F C S AULA 1 Aspectos econômicos positivos da globalização As empresas diminuem os custos de produção de seus produtos, pelo parcelamento da produção entre vários países (um IPad com componentes internos da China, tela da Tailândia, gabinete do Vietnan e apoio usuário da Índia). Geração de empregos em países em desenvolvimento. Em busca de mão de obra barata e qualificada, muitas empresas abrem filiais em países emergentes (China, Índia, Brasil, África do Sul, entre outros). março de 16 91 F C S AULA 1 Aspectos científicos positivos da globalização A globalização faz circular de forma mais rápida e eficiente conhecimentos científicos e troca de experiências. Este aspecto faz com que ocorra de forma mais rápida e eficiente avanços nas áreas de Medicina, Genética, Biomedicina, Física, Química, etc. março de 16 92 F C S AULA 1 Aspectos culturais positivos da globalização Aumento do intercâmbio cultural entre pessoas de diversos países do mundo, ampliando a visão de mundo das pessoas, que passam a conhecer e respeitar mais outras realidades culturais e sociais. Aumento do interesse pela cultura, economia e política de outros países. Com os sistemas de informações atuais, principalmente Internet, este aspecto ganhou um grande avanço nos últimos anos. março de 16 93 F C S AULA 1 O que é globalização cultural? A globalização cultural engloba a difusão, não só da informação mas, também, de valores e símbolos culturais. As novas tecnologias de informação e comunicação e o desenvolvimento dos meios de transporte fizeram com que as distâncias deixassem de existir e o contacto entre os povos passou a ser cada vez maior. março de 16 94 F C S AULA 1 março de 16 95 F C S AULA 1 Globalização e aculturação A circulação de inúmeros produtos culturais, como séries de televisão, vídeos, filmes, programas musicais, (etc…) é cada vez mais intensa. Assiste-se à difusão mundial de valores, hábitos e modos de vida. E a aproximação dos povos pode levar à mistura de elementos culturais, ou seja, à aculturação... Porém, a maior aproximação passou a exigir um esforço de tolerância relativamente às diferenças, ou seja, a globalização cultural prestigia a diversidade cultural. março de 16 96 F C S AULA 1 Globalização e aculturação Globalização cultural Aculturação (adoção, seleção e adaptação de novos elementos culturais) Mutação das culturas Integração de elementos de uma cultura na outra, e vice-versa março de 16 97 F C S AULA 1 Globalização e aculturação “Não quero que a minha casa seja cercada de muros por todos os lados, nem as minhas janelas sejam tapadas. Quero que as culturas de todas as terras sejam sopradas para dentro da minha casa, o mais livremente possível. Mas recuso-me a ser desapossado da minha, por qualquer outra.” Mahatma Gandhi A globalização cultural é controversa, pois se por um lado a diversidade de bens culturais é estimulante, por outro há o receio de que a cultura interna seja fragmentada e que os seus valores se percam. março de 16 98 F C S AULA 1 Vantagens e Desvantagens Internet: ferramenta global março de 16 99 F C S AULA 1 Internet: vantagens e desvantagens VANTAGENS Fácil acesso/conveniência Desenvolve C&T Cultura do conhecimento Inclusão social Eliminação de fronteiras Divulgação alertas e pedidos de ajuda Difusora da cultura DESVANTAGENS Quebra de privacidade. Perda do diálogo verbal entre pessoas pelo modo presencial Anonimato e ilegalidade Abordagem superficial Custos ainda elevaos Criminalidade: pedofilia, terrorismo, pirataria março de 16 100 F C S AULA 1 março de 16 101 F C S AULA 1 Olha só o que eu estou falando...Clarice, a maravilhosa Clarice, faleceu em 1977...mas muitos vão ler e achar legal o que ela falou para a Veja (lá do além...) março de 16 102 F C S AULA 1 Estamos todos ligados!? março de 16 103 F C S AULA 1 104 Com o processo de Globalização a influência dos países ocidentais mais ricos, em especial os EUA, passou a se dar em escala mundial. Não houve uma padronização total da cultura ao redor do mundo, mas uma influência incontestável norte americana. Com a projeção do modelo de vida nos EUA como padrão a ser seguido por outros países, surgiram os movimentos de antiglobalização, propondo novas formas de organização do mundo, com base na valorização das diferenças étnicas e culturais entre os povos do planeta Antiglobalização março de 16 104 F C S AULA 1 104 Seriam necessários 6 planetas iguais a Terra, para proporcionar a todos os 7 bilhões de habitantes, um padrão de vida semelhante ao de um norte-americano de classe média. Desigualdade e Exclusão março de 16 105 F C S AULA 1 106 Propõe-se agora novas formas de organização no mundo, com base na valorização das diferenças étnicas e culturais entre os povos do planeta. O multiculturalismo entra nesse meio como forma de interação entre as diferentes culturas, sem hierarquização de saberes e modos de vida. MULTICULTURALISMO = VISÃO POSITIVA DA DIVERSIDADE CULTURAL Multiculturalismo março de 16 106 F C S AULA 1 106 107 Mas...Se o multiculturalismo é o reconhecimento das diferenças, da individualidade de cada um, como falar em diferenças se o que se quer é uma igualdade de tratamentos? A igualdade que se objetiva é igualdade material (e não formal), com o respeito às diferenças e consequente ajuda às minorias sociais. março de 16 107 F C S AULA 1 107 108 O processo de globalização cada vez mais aproxima os grupos de culturas diferentes e a diversidade cultural passa a ser alvo de intensos debates. Precisamos refletir sobre os mecanismos discriminatórios, tanto os que negam a voz (negativos) a diferentes identidades culturais, como os positivos, voltados para a redução de desigualdades. Multiculturalismo e Globalizacão março de 16 108 F C S AULA 1 março de 16 109 Debates F C S AULA 1 109 Aplicação Prática março de 16 F C S 110 AULA 1 110 Caso 4 A eleição alemã de domingo colocou os primeiros negros, um ator e um químico, e uma muçulmana, no Parlamento do país que, além de ser a capital industrial, também se afirma como o centro cultural da Europa. Eles estão entre os 34 deputados de origem estrangeira eleitos, contra 21 do último pleito. Nascido no Senegal, o químico negro Karamba Diaby reconhece que sua eleição foi um fato histórico. Após ganhar uma bolsa de estudos, ele se mudou para a cidade de Halle, na antiga Alemanha Oriental, em 1986, para estudar química na parte comunista do país. Só em 2001, porém, Diaby recebeu a cidadania alemã. Ele afirma que a prioridade de seu mandato na Câmara dos Deputados será a igualdade de oportunidades de educação no país. - Toda criança nascida na Alemanha deve ter a chance de ser bem-sucedida na escola, independente do contexto cultural ou da renda de seus pais - disse ele, que tem 51 anos. Seu partido, o Social Democrata, teve 25,7% dos votos e é provável que faça algum tipo de aliança com a União Democrata Cristã de Angela Merkel. Já a muçulmana Cemile Giousouf e o ator negro Charles Huber vêm da legenda da chanceler reeleita. 111 março de 16 F C S AULA 1 Caso 4 Filho de um diplomata senegalês com uma alemã, Huber tem 56 anos e participou do filme americano de ficção científica de 1985, “Inimigo Meu”. A história trata de um terráqueo e de um alienígena cujas naves caem num mesmo planeta e, para sobreviver, precisam se unir. Também da União Democrata, Cemile Giousouf, se transformou na primeira parlamentar muçulmana de seu partido. Nascida na Alemanha de pais Gastarbeiter - em sua maioria trabalhadores turcos com visto temporário -, ela foi enviada para ser criada por um tio na Grécia e voltou após completar 2 anos. Nos dois países viveu como parte da minoria muçulmana. Marcada pelo passado nazista que acreditava numa raça superior de seres humanos, os arianos, o país registra avanços na tolerância: há três anos, a seleção alemã na Copa do Mundo apresentou um time composto por 11 jogadores de origem estrangeira e ficou em terceiro lugar no campeonato. (O Globo, 23/09/2013) A matéria acima descreve uma situação que retrata a emergência, na Alemanha, de fenômeno cultural contemporâneo. (i) Identifique e explique o fenômeno acima evidenciado. (ii) Cite, pelo menos, dois exemplos de ações na sociedade brasileira em que se verifique a preocupação com o reconhecimento desse fenômeno. 112 março de 16 F C S AULA 1 Sugestão Identifique e explique o fenômeno acima evidenciado. Trata-se do multiculturalismo, que se baseia no reconhecimento das diferenças sociais como algo positivo, na convivência de diversas culturas em uma sociedade sem hierarquização delas. As diferenças às quais o multiculturalismo se refere são diferenças de valores, de costumes, etc., posto que se trate de indivíduos de etnias diferentes entre si. Cite, pelo menos, dois exemplos de ações na sociedade brasileira em que se verifique a preocupação com o reconhecimento desse fenômeno. Podemos citar Políticas Públicas de inclusão de setores na sociedade que historicamente foram tratados de maneira desigual, como a adoção de cotas raciais e sociais nas universidades públicas, o reconhecimento das uniões homoafetivas, a valorização e preservação do patrimônio cultural indígena,africano etc. 113 março de 16 F C S AULA 1 Questão Objetiva "O movimento antiglobalização apresenta-se, na virada deste novo milênio, como uma das principais novidades na arena política e no cenário da sociedade civil, dada a sua forma de articulação/atuação em redes com extensão global. Ele tem elaborado uma nova gramática no repertório das demandas e dos conflitos sociais, trazendo novamente as lutas sociais para o palco da cena pública, e a política para a dimensão, tanto na forma de operar, nas ruas, como no conteúdo do debate que trouxe à tona: o modo de vida capitalista ocidental moderno e seus efeitos destrutivos sobre a natureza (humana, animal e vegetal). GOHN, 2003” É correto afirmar que o movimento antiglobalização referido nesse trecho: A) Cria uma rede de adesão ao processo de globalização, expressa em atos de desobediência civil e propostas alternativas à forma atual da globalização, considerada como o principal fator da exclusão social existente 114 março de 16 F C S AULA 1 Questão Objetiva B) Defende um outro tipo de globalização, baseado na solidariedade e no respeito às culturas, voltado para um novo tipo de modelo civilizatório, com desenvolvimento econômico, mas também com justiça e igualdade social. C) É composto por atores sociais tradicionais, veteranos nas lutas políticas, acostumados com o repertório de protestos políticos, envolvendo, especialmente, os trabalhadores sindicalizados e suas respectivas centrais sindicais D) Aceita as imposições de um mercado global, uno, voraz, além de contestar os valores impulsionadores da sociedade capitalista, alicerçada no lucro e no consumo de mercadorias supérfluas E) Não se utiliza de mídias, tradicionais e novas, de modo relevante para suas ações com o propósito de dar visibilidade e legitimidade mundiais ao divulgar a variedade de movimentos de sua agenda 115 março de 16 F C S AULA 1
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