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Resumo para AV1 Direito Penal I

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Resumo para AV1 – Direito Penal I 
 
Capítulo 1 – A Ciência Penal 
 
História do Direito Penal 
 
 Desde a Antiguidade até hoje verificamos grandes mudanças nos 
institutos criminais. Se analisarmos a pena, por exemplo, podemos traçar a 
seguinte evolução: perda da paz ou vingança indeterminada, vingança limitada 
pela lei do talião, composição voluntária, composição legal e pena pública. 
 Nas sociedades antigas, onde ainda não havia um órgão que exercesse 
a autoridade coletiva, o respeito às normas era baseado no temor religioso ou 
até mesmo mágico. E a punição, que era a vingança, visava aplacar a ira dos 
deuses. 
 Remontando às sociedades mais primitivas, a vingança privada era um 
ato de guerra entre tribos e não uma pena. Entre os membros do grupo a pena 
era a expulsão, e essa pena equivalia à pena de morte, pois dificilmente o 
indivíduo conseguiria sobreviver fora dos domínios de proteção e cooperação de 
seu clã. 
 Com a evolução social e uma maior organização estatal, 
aproximadamente a partir do séc. XII, o Estado afastou a vingança privada e 
assumiu o poder-dever de aplicar a vingança pública. Torna-se dever do Estado 
manter a ordem e fazer justiça. 
 As partes envolvidas perdem o direito de buscar por si próprias uma 
solução. A nova postura é submeter-se a um poder externo, que é o Estado. Este 
substitui a vítima durante o processo. 
 Até o advento do período humanitário, essa justiça estatal era marcada 
pela influência religiosa, pela arbitrariedade dos processos e pela crueldade das 
penas. 
 Durante a Idade Média e a Moderna, o direito visava a proteção do 
príncipe e da religião. O direito era instrumento para que a nobreza e o clero 
permanecessem no poder político e econômico. 
 A ausência de proporcionalidade ou respeito à dignidade humana era 
vista na desigualdade de punição entre nobres e plebeus, na indeterminação das 
penas e na definição dos crimes, na falta de publicidade no processo, na 
ausência de defesa e nos meios inquisitoriais. 
 
História do Direito Penal no Brasil 
 
 O Direito Penal brasileiro sempre recebeu influência do direito penal 
europeu, em especial dos italianos e alemães. 
 O Livro V das Ordenações Filipinas, de 1603, foi a legislação penal 
utilizada no Brasil durante o período colonial. Essa legislação refletia o espírito 
dominante à época, que não distinguia o direito da moral e da religião. 
 Outra característica das Ordenações é a extrema crueldade das penas, 
que também eram um reflexo da época. 
 O Direito Penal desse período era visto como primeira ou única opção. As 
condutas hoje abarcadas por outras áreas do direito, como o administrativo ou 
civil, recebiam tratamento penal. 
 Em 1830 foi promulgado o primeiro Código Criminal brasileiro. 
 Uma questão que deu margem a dissídio no Parlamento durante a 
aprovação do projeto foi a pena de morte (na forca). Os conservadores queriam 
mantê-la no Código, e os liberais, extirpá-la. Venceram os primeiros, sob o 
argumento de que os escravos não temeriam nenhum outro castigo. 
 Esse Código mantinha resíduos de uma sociedade escravocrata. A crítica 
da sociedade da época era que o caráter liberal do Código contribuía com o 
aumento da criminalidade, o que levou à posterior elaboração de leis de cunho 
retrógrado, principalmente contra escravos. 
 Em 1890 foi promulgado o Código Penal que aboliu a pena de morte e 
instalou o regime penitenciário de caráter correcional. 
 
Controle Social, Ciências Penais e Estado Democrático de Direito 
 
 O controle social pode ser formal e informal. O informal é aquele aplicado 
pela família, escola, igreja, partido político, opinião pública, vizinhos, clube. Nem 
sempre será sufi ciente para solucionar conflitos mais complexos ou graves. 
 O fato que contraria a norma legal, ofendendo ou pondo em perigo um 
bem jurídico tutelado, é um ilícito jurídico e poderá ter consequências em vários 
ramos do Direito. 
 O Direito Penal constitui uma das espécies do sistema de controle social 
formal. Possui regras e princípios especiais, devendo ser utilizado apenas como 
ultima ratio, ou seja, para os casos de ofensas graves aos bens jurídicos 
fundamentais, os mais sensíveis à sociedade. 
 A Constituição Federal estabelece como fundamento do Estado 
Democrático de Direito a dignidade da pessoa humana. No art. 5º determina 
que são invioláveis os direitos à liberdade, à vida, à igualdade, à segurança e à 
propriedade. Dessa forma, a limitação a esses direitos ou garantias 
constitucionais somente se justifica quando a ofensa ou a ameaça sejam 
proporcionais à intervenção do Direito Penal e a aplicação da pena ou medida 
de segurança. 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 – Princípios Norteadores, Garantidores e Limitadores do 
Direito Penal 
 
Princípios Constitucionais e Infraconstitucionais 
 
 Os princípios constitucionais possuem a função de orientar, organizar e 
estruturar o ordenamento jurídico, especialmente quanto a aplicação do direito e 
interpretação da norma jurídica. 
 Diversos são os princípios de Direito Penal que estão assegurados na 
Constituição. Vejamos: 
 
1. Princípio da dignidade da pessoa humana. Trata-se do mais 
importante dos princípios penais e constitui um dos fundamentos 
da República Federativa do Brasil. Proíbe a incriminação de 
comportamentos socialmente inofensivos, isto é, que não 
provoquem dano efetivo ou lesão ao corpo social (ex.: incriminar o 
ato de manifestar publicamente admiração por pessoas queridas). 
Impede, ademais, que a aplicação das normas penais ocorra de 
maneira totalmente divorciada da realidade. 
 
2. Princípio da legalidade. Não há crime sem lei anterior que o 
defina, nem pena sem prévia cominação legal (CF, art. 5º, XXXIX, 
e CP, art. 1º). 
 
3. Princípio da anterioridade da lei penal. A lei penal não retroagirá, 
salvo para beneficiar o réu (CF, art. 5º, XL, e CP, art. 2º). 
 
 
 
4. Princípio do ne bis in idem. Ninguém pode ser condenado pelo 
mesmo fato mais de uma vez; além disso, uma única e determinada 
circunstância fática não pode ser utilizada mais de uma vez, seja 
para agravar, seja para beneficiar o agente. 
 
5. Princípio da insignificância ou da bagatela. Comportamentos 
que produzam lesões insignificantes aos objetos jurídicos tutelados 
pela norma penal devem ser considerados penalmente 
irrelevantes. A aplicação do princípio produz fatos penalmente 
atípicos. 
 
6. Princípio da alteridade ou da transcendentalidade. Proíbe a 
incriminação de atitude meramente subjetiva, que não ofenda bem 
jurídico alheio. A ação ou omissão puramente pecaminosa ou 
imoral não apresenta a necessária lesividade que legitima a 
intervenção do direito penal. Por conta desse princípio, não se pune 
a autolesão, salvo quando se projeta a prejudicar terceiros, a 
tentativa de suicídio, o uso pretérito de droga (o porte é punido 
porque, enquanto o agente detém a droga, coloca em risco a 
incolumidade pública). 
 
7. Princípio da ofensividade. Não há crime sem lesão efetiva ou 
ameaça concreta ao bem jurídico tutelado. Daí resulta serem 
inconstitucionais os crimes de perigo abstrato (ou presumido), nos 
quais o tipo penal descreve determinada conduta sem exigir 
ameaça concreta ao bem jurídico tutelado. 
 
8. Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos (ou princípio 
do fato). Deriva, como muitos, do princípio da dignidade da pessoa 
humana e do fato de o Brasil ser um Estado Democrático de Direito. 
Dele decorre que o direito penal não pode tutelar valores 
meramente morais, religiosos, ideológicos ou éticos, mas somente 
atos atentatórios a bens jurídicos fundamentaise reconhecidos na 
Constituição Federal. 
9. Princípio da intervenção mínima. Somente se deve recorrer à 
intervenção do direito penal em situações extremas, como a última 
saída (ultima ratio). A princípio, portanto, deve-se deixar aos 
demais ramos do direito a disciplina das relações jurídicas. A 
subtração de um pacote de balas em um supermercado, já punida 
com a expulsão do cliente do estabelecimento e com a cobrança 
do valor do produto ou sua devolução, já foi resolvida por outros 
ramos do direito, de modo que não necessitaria da interferência do 
direito penal. 
 
10. Princípio da fragmentariedade. Trata-se, na verdade, de uma 
característica do direito penal, mencionada por alguns autores 
também sob a forma de princípio, estabelecendo que as normas 
penais somente se devem ocupar de punir uma pequena parcela, 
um pequeno fragmento dos atos ilícitos, justamente aquelas 
condutas que violem de forma mais grave os bens jurídicos mais 
importantes. 
 
11. Princípio da adequação social. O fato deixará de ser típico 
quando aceito socialmente. 
 
12. Princípio da humanidade. As normas penais devem sempre 
dispensar tratamento humanizado aos sujeitos ativos de infrações 
penais, vedando-se a tortura, o tratamento desumano ou 
degradante, penas de morte, de caráter perpétuo, cruéis, de 
banimento ou de trabalhos forçados. 
 
13. Princípio da proporcionalidade. “Quando a criação do tipo penal 
não se revelar proveitosa para a sociedade, estará ferido o princípio 
da proporcionalidade, devendo a descrição legal ser expurgada de 
nosso ordenamento jurídico por vício de inconstitucionalidade. 
Além disso, a pena, isto é, a resposta punitiva estatal ao crime, 
deve guardar proporção com o mal infligido ao corpo social”. 
 
14. Princípio da autorresponsabilidade ou das ações a próprio 
risco. Aquele que, de modo livre e consciente, e sendo 
inteiramente responsável por seus atos, realiza comportamentos 
perigosos e produz resultados lesivos a si mesmo arcará 
totalmente com seu comportamento, não se admitindo nenhum tipo 
de imputação a pessoas que o tenham eventualmente motivado a 
praticar tais condutas perigosas (ex.: o agente que incentiva 
desafeto a praticar “esportes radicais” não responde pelos 
acidentes sofridos pela vítima, que optou por fazê-lo livremente). 
 
15. Princípio da confiança. Uma pessoa não pode ser punida 
quando, agindo corretamente e na confiança de que o outro 
também assim se comportará, dá causa a um resultado não 
desejado (ex.: o médico que confia em sua equipe não pode ser 
responsabilizado pela utilização de uma substância em dose 
equivocada, se para isso não concorreu; o motorista que conduz 
seu automóvel cuidadosamente confia que os pedestres se 
manterão na calçada e somente atravessarão a rua quando não 
houver movimento de veículos, motivo pelo qual não comete crime 
se atropela um transeunte que se precipita repentinamente para a 
via trafegável). 
 
16. Princípio do estado de inocência ou presunção de não 
culpabilidade. “Ninguém será considerado culpado até o trânsito 
em julgado de sentença penal condenatória” 
 
17. Princípio da culpabilidade. Como decorrência do princípio da 
dignidade da pessoa humana e da presunção de não culpabilidade, 
exsurge esse princípio, segundo o qual: a) não se admite 
responsabilidade penal objetiva, ou seja, desprovida de dolo ou 
culpa ou carente de culpabilidade; b) a pena há de ser dosada 
segundo o grau de reprovabilidade da conduta do agente. 
 
Capítulo 3 – Teoria da Norma Jurídico-Penal 
 
Teoria da Norma. A Norma Jurídico-Penal 
 
 A norma jurídica se apresenta com diversas características, conforme a 
área do Direito que se está analisando. No direito penal, reveste-se das 
seguintes características: 
1. Imperatividade: impõe-se a todos independentemente de sua 
vontade ou concordância; 
2. Exclusividade: somente a ela cabe a tarefa de definir infrações 
penais; 
3. Generalidade: incide sobre todos, generalizadamente; 
4. Impessoalidade: projeta-se a fatos futuros, sem indicar a punição 
a pessoas determinadas. 
 
Classificação 
 
Quanto à classificação das normas penais, é possível classificá-las em: 
1. Incriminadora - compreende todos os dispositivos penais que 
descrevem condutas e lhes cominam uma pena. Nos crimes 
comissivos, a lei penal descreve e pune uma ação esperando que 
todos se abstenham de praticá-la; trata-se de uma norma proibitiva 
(ou seja, a ação prevista em lei é proibida, sob ameaça de pena). 
Nos crimes omissivos, a lei penal descreve uma omissão (um não 
fazer), porque espera de todos, naquela determinada situação, um 
comportamento ativo; trata-se de uma norma mandamental (ex.: a 
lei penal manda agir, sob pena de, omitindo-se, receber uma pena). 
 
2. Não incriminadora - subdivide-se em explicativa ou 
complementar, quando fornece parâmetros para a aplicação de 
outras normas (ex.: o conceito de funcionário público para fins 
penais do art. 327 do CP), e permissiva, quando aumenta o âmbito 
de licitude da conduta (e, a contrario sensu, restringe o direito de 
punir do Estado). 
 
Norma Penal do Mandato em Branco – Confronto com o Princípio da 
Legalidade 
 
 Trata-se da lei cujo preceito primário é incompleto, embora o preceito 
secundário seja determinado. Tal lei tem de ser completada por outra, já 
existente ou futura, da mesma hierarquia ou de hierarquia inferior. 
 Exemplo: os tipos penais da Lei n. 11.343/2006 são leis penais em branco, 
uma vez que punem condutas relacionadas com drogas ilícitas sem descrever 
quais seriam essas substâncias (tal informação se encontra em ato 
administrativo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária). 
 Entende-se por lei penal em branco homogênea aquela cujo complemento 
se encontra descrito numa fonte formal da mesma hierarquia da norma 
incriminadora, ou seja, quando o complemento também está previsto numa lei 
ordinária (ou outra espécie normativa equivalente). 
 Em sentido estrito ou heterogênea é aquela cujo complemento está 
descrito em fonte formal distinta daquela do tipo penal incriminador. Exemplo: 
Lei n. 11.343/2006, art. 33 (tráfico ilícito de drogas), que não indica quais são as 
“drogas ilícitas”, delegando tal função a normas administrativas (portarias da 
ANVISA). 
 
 
 
Conflito Aparente de Normas 
 
 Um mesmo fato concreto não pode ser enquadrado em vários tipos 
penais, sob pena de afronta ao princípio do non bis in idem. Portanto, se 
aparentemente ocorrer a incidência de mais de um tipo penal a um mesmo fato, 
caberá ao intérprete, socorrendo-se dos princípios da especialidade, consunção, 
subsidiariedade ou alternatividade, resolver o conflito, apontando o correto 
enquadramento. 
 Importante acentuar que só haverá conflito aparente de normas se houver 
um só fato ao qual aparentemente se apliquem várias normas penais 
incriminadoras (todas vigentes). Na hipótese de serem vários os fatos, ter-se-á 
concurso de crimes. 
 
Princípio da Especialidade (lex specialis derogat generalis) 
 
 Dá-se quando existir, entre as duas normas aparentemente incidentes 
sobre o mesmo fato, uma relação de gênero e espécie. Será especial e, portanto, 
prevalecerá a norma que contiver todos os elementos de outra (a geral), além de 
mais alguns, de natureza subjetiva ou objetiva, considerados especializantes. 
“Toda a ação que realiza o tipo do delito especial realiza também 
necessariamente, e ao mesmo tempo, o tipo do geral, enquanto que o inverso 
não é verdadeiro”. 
 Também é interessante notar que na relação de especialidade é 
indiferente se a norma especial é mais ou menos grave.Princípio da Subsidiariedade (lex primaria derogat legi subsidiariae) 
 
 A relação de subsidiariedade pressupõe que haja entre as normas 
aparentemente aplicáveis uma relação de conteúdo a continente. Há uma norma 
mais ampla (norma primária), porque descreve um grau maior de violação ao 
bem jurídico, e uma norma menos ampla (norma 
subsidiária), pois descreve um grau inferior de violação a esse mesmo bem. “A 
diferença que existe entre especialidade e subsidiariedade é que, nesta, ao 
contrário do que ocorre naquela, os fatos previstos em uma e outra norma não 
estão em relação de espécie e gênero, e se a pena do tipo principal (sempre 
mais grave que a do tipo subsidiário) é excluída por qualquer causa, a pena do 
tipo subsidiário pode apresentar-se como ‘soldado de reserva’ e aplicar-se pelo 
residuum”. 
 A norma aplicável será sempre a que previr o maior grau de violação (lei 
primária). Assim, por exemplo, o crime de estupro (art. 213 do CP) contém o de 
constrangimento ilegal (art. 146 do CP). Se alguém constrange mulher à 
conjunção carnal, haverá estupro. 
 
Princípio da Consunção ou da Absorção (lex consumens derogat legi 
consumptae) 
 
 “Ocorre a relação consuntiva, ou de absorção, quando um fato definido 
por uma norma incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação 
ou execução de outro crime, bem como quando constitui conduta anterior ou 
posterior do agente, cometida com a mesma finalidade prática atinente àquele 
crime (...). Os fatos não se apresentam em relação de espécie e gênero, mas de 
minus a plus, de conteúdo a continente, de parte a todo, de meio a fim, de fração 
a meio”. 
 Exemplo: o sujeito pretendia lesionar seu desafeto, mas, em meio aos 
socos e pontapés, decide tirar-lhe a vida e leva-o a óbito. Só responde pelo 
homicídio, ficando as lesões corporais por ele consumidas. 
 Exemplo: o porte de arma em relação ao homicídio cometido com tal 
instrumento. 
 
Princípio da Alternatividade 
 
 Este princípio tem lugar nas infrações penais de ação múltipla ou 
conteúdo variado, que são aqueles tipos penais que possuem diversos núcleos 
(verbos), separados pela conjunção alternativa “ou”. 
 Quando alguém pratica mais de um verbo do mesmo tipo penal, num 
mesmo contexto fático, só responde por um crime (e não pelo mesmo crime mais 
de uma vez). Exemplos: a) aquele que expõe à venda e, em seguida, vende 
substância entorpecente pratica um só crime de tráfico ilícito de entorpecentes. 
 
 
Capítulo 4 – Validade e Eficácia da Lei Penal no Tempo e no Espaço 
 
Conflito de Leis Penais no Tempo 
 
 Quando várias leis penais que tratam do mesmo assunto de modo distinto 
se sucedem no tempo, deve o intérprete definir qual delas será aplicada ao fato. 
A regra é que a lei que deve ser aplicada é a vigente ao tempo da prática do fato 
criminoso, de acordo com o princípio do 
tempus regit actum. Contudo, existem exceções e elas se dividem em 
retroatividade (aplicação da lei a fatos cometidos antes da sua vigência quando 
for mais benéfica) e ultra-atividade (a lei penal revogada pode aplicada após 
sua revogação, quando o ilícito praticado durante a sua vigência for sucedido por 
lei mais severa). 
 
 Confira abaixo as hipóteses de conflito da lei penal no tempo: 
 
 Em suma, a lei penal mais benéfica retroage para atingir os fatos 
passados (retroatividade) e a lei revogada será aplicada aos fatos cometidos 
durante a sua vigência mesmo quando não estiver mais em vigor e a conduta for 
regulamentada por lei mais severa (ultra-atividade). 
 
Tempo do Crime 
 
 Dentre as três teorias possíveis na matéria: teoria da atividade, teoria do 
resultado e teoria da ubiquidade (ou mista), o CP adotou a primeira, conforme 
podemos observar no artigo 4º do Código Penal. Assim sendo, considera-se 
praticado o crime ao tempo da ação ou omissão, ainda que outro seja o do 
resultado. 
 É fundamental compreender a importância do dispositivo, cuja utilidade se 
dá para: 
1. Delimitação da responsabilidade penal: com base na regra do art. 
4º do CP torna-se possível delimitar o exato momento em que o 
agente passará a responder criminalmente por seus atos — isso se 
dará somente se a ação ou omissão houver sido praticada quando 
ele já tiver completado 18 anos de idade (o que ocorre no primeiro 
minuto de seu 18º aniversário). 
2. Delimitação da lei penal aplicável: nos crimes materiais ou de 
resultado, a conduta pode ocorrer num momento, e o resultado, 
depois. Exemplo: o agente, pretendendo matar seu desafeto, 
arquiteta uma emboscada e, colhendo-o de surpresa, descarrega 
os projéteis do tambor do revólver, atingindo gravemente a vítima, 
a qual passa dois meses internada em hospital, vindo a falecer 
(consumando o crime de homicídio qualificado). 
 
A Questão do Crime Continuado 
 
 O agente pratica dois fatos quando menor de 18 anos e um terceiro 
quando maior, todos em continuidade delitiva. Aos dois primeiros fatos aplicar-
se-á o ECA, e ao último, o CP. 
 
A Lei Penal no Espaço 
 
 O CP definiu no art. 6º o lugar do crime, adotando a teoria da ubiquidade 
ou mista, segundo a qual o crime se considera praticado tanto no lugar da 
conduta quanto naquele em que se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
A preocupação do legislador foi estabelecer quais crimes podem ser 
considerados como ocorridos no Brasil e, por via de consequência, a quais 
delitos se aplica a lei penal brasileira. 
 Basta que o crime tenha “tocado” o território nacional para que nossa lei 
seja aplicável. 
 
 
 
 
 
Territorialidade da Lei Penal (CP, art. 5º) 
 
 Dá-se o fenômeno da territorialidade quando a lei penal se aplica ao fato 
cometido dentro do território nacional. Conforme dispõe o art. 5º do CP, a lei 
penal brasileira aplica-se em todo o território nacional, ressalvado o disposto em 
tratados, convenções ou regras de direito internacional. Trata-se do princípio da 
territorialidade temperada ou mitigada. 
 Por território, no sentido jurídico, deve-se compreender todo o espaço 
em que o Brasil exerce sua soberania, que abrange: 
1. Os limites compreendidos pelas fronteiras nacionais; 
2. O mar territorial brasileiro (faixa que compreende o espaço de 12 
milhas contadas da faixa litorânea média; 
3. Todo o espaço aéreo subjacente ao nosso território físico e ao mar 
territorial nacional; 
4. As aeronaves e embarcações: 
a. Brasileiras privadas, em qualquer lugar que se encontrem, 
salvo 
em mar territorial estrangeiro ou sobrevoando território 
estrangeiro; 
b. Brasileiras públicas, onde quer que se encontrem; 
c. Estrangeiras privadas, no mar territorial brasileiro. 
Como se viu inicialmente, há crimes que, embora praticados dentro do 
território nacional, não se sujeitam à lei brasileira (em função de ressalvas 
previstas em tratados ou convenções internacionais): isso se dá nos 
casos de imunidade diplomática. Note-se que a embaixada de um país no 
Brasil não é considerada território estrangeiro, de modo que, se um crime 
ali for praticado, a ele será aplicável a nossa lei, a não ser que ocorra um 
caso de imunidade diplomática. 
 
 
 
Extraterritorialidade da Lei Penal (CP, art. 7º) 
 
 Extraterritorialidade é o fenômeno pelo qual a lei penal brasileira se aplica 
a fatos ocorridos fora do território nacional. Subdivide-se em extraterritorialidade 
condicionada ou incondicionada. Nesta, a lei brasileira aplicar-se-á ao crime 
praticado no exterior, independentemente do preenchimento de qualquer 
requisito ou condição. 
 Fala-se em extraterritorialidade incondicionada nas seguintes hipóteses: 
1. Crime contra a vida ou a liberdadedo Presidente da República; 
2. Crime contra o patrimônio ou contra a fé pública da União, do 
Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios ou dos Territórios, ou 
suas autarquias, das empresas públicas, das sociedades de 
economia mista ou das fundações instituídas pelo Poder Público; 
3. Crime contra a administração pública brasileira por quem está a 
seu serviço; 
4. Crime de genocídio, se o agente for brasileiro ou domiciliado no 
Brasil. 
A extraterritorialidade condicionada ocorre em relação às seguintes 
infrações: 
1. crimes previstos em tratado ou convenção internacional que o 
 se obrigou a reprimir; 
2. crimes praticados por estrangeiro contra brasileiro, fora do nosso 
território (se não foi pedida ou se foi negada a extradição e se 
houve requisição do Ministro da Justiça); 
3. crimes praticados por brasileiro; 
4. crimes praticados a bordo de navio ou aeronave brasileiros 
privados, quando praticados no exterior e ali não forem julgados. 
 
 
 
Capítulo 5 – Teoria do Delito 
 
O Caráter Fragmentário do Direito Penal 
 
 Uma das principais características do direito penal reside em sua 
fragmentariedade. Apesar da multiplicidade de atos ilícitos existentes, apenas 
uma pequena parcela interessa a esse ramo do direito; tal parcela compreende 
os atos que ofendem de modo mais grave os bens jurídicos considerados 
essenciais para o convívio em sociedade. As infrações penais, portanto, 
correspondem a um pequeno fragmento extraído da vasta gama de atos ilícitos. 
 
Conceito de Crime (Conceito Analítico) 
 
 Crime é o fato típico, antijurídico (ou ilícito) e culpável (teoria tripartida). 
 
 
Código Penal (art. 1º ao art. 13) 
 
Artigo 1º 
 
 
 
Artigo 2º 
 
 
Artigo 3º 
 
 
Artigo 4º 
 
 
 
Artigo 5º 
 
 
 
 
 
Artigo 6º 
 
Artigo 7º 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Artigo 8º 
 
 
Artigo 9º 
 
 
 
 
 
 
Artigo 10 
 
 
 
Artigo 11 
 
 
Artigo 12 
 
 
 
 
 
Artigo 13

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