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ANALISE DE CONJUNTURA BETINHO

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OLHARES PLURAIS – Revista Eletrônica Multidisciplinar, Vol. 2, Nº. 15, Ano 2016 ISSN 2176-9249 
106 OLHARES PLURAIS - Resenhas 
RESENHA DO LIVRO: “COMO SE FAZ ANÁLISE DE CONJUNTURA” DE 
HERBERT JOSÉ DE SOUZA 
 
 
SOUZA, Herbert José de. Como se faz análise de Conjuntura. Petrópolis-RJ: Editora 
Vozes, 2005. 
 
Por Fabiana Malta de Moura Cabral Malta1 
 
Herbert José de Souza, conhecido como Betinho, foi um sociólogo e cientista político, 
professor do programa de doutorado em economia da Universidade Nacional Autônoma do 
México, fundador do IBASE e cofundador da Latin American Research Unit (LARU), 
Toronto, Canadá, e da Unidad de Investigación Latinoamericana (UILA), México. Era 
hemofílico e contraiu o vírus da Aids devido as sucessivas transfusões sanguíneas. Morreu em 
1997, bastante debilitado pela Aids. 
A obra apresenta uma enorme relevância para o cenário vigente, sendo esta atual 
conjuntura política brasileira uma consequência da política do passado. Por ser a conjuntura 
uma atualização da estrutura, não tem ela autonomia absoluta em relação a esta. A estrutura 
continua sendo fator preponderante e determinante para se entender a lógica dos 
acontecimentos políticos e econômicos. 
O autor inicia seu texto esclarecendo que ao analisar a conjuntura é preciso não 
somente conhecer os fatos e os acontecimentos, mas, ao mesmo tempo, desvendá-los, ou 
melhor, descobri-los. Segundo Betinho, é assim que se faz uma leitura real, onde a 
necessidade e/ou interesse em conhecê-la fora despertado por alguns ou alguém, que de 
alguma forma, busca, após tal análise, a melhor solução. 
No primeiro capítulo, Betinho cita as categorias para uma análise de conjuntura e faz 
questão de mencionar que cada uma delas é merecedora de um tratamento privilegiado. 
Os acontecimentos, que se sobrepõem aos fatos, precisam ser averiguados quando do 
momento e período oportunos. Estes, uma vez analisados de forma precisa, podem indicar ou 
revelar uma realidade. 
Os cenários tratam-se de espaços que necessitam de identificação, pois suas 
particularidades e mudanças podem vir a se tornar fatores vantajosos determinantes. 
 
1
 Fabiana de Moura Cabral Malta é advogada e professora universitária, especialista em direito público pela 
Escola Paulista de Direito (EPD), Mestranda em Educação pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), 
graduanda em Pedagogia e membro da Comissão da Mulher Advogada - OAB/AL. Maceió, Alagoas. E-mail: 
fabianamalta@hotmail.com. 
 
 OLHARES PLURAIS – Revista Eletrônica Multidisciplinar, Vol. 2, Nº. 15, Ano 2016 ISSN 2176-9249 
107 OLHARES PLURAIS - Resenhas 
Os atores são os indivíduos, o grupo, a classe ou entidade que, diante da realidade 
representam, idealizam, prometem ou reivindicam. Eu diria que são os protagonistas que saem 
em defesa da causa. 
A relação de forças é uma incógnita diretamente relacionada ao detentor do poder. 
Este, por sua vez, possui grande alternância, tornando tal relação mutável e imprevisível. 
A articulação entre estrutura e conjuntura significa dizer que por trás de um 
acontecimento há toda uma estrutura correlacionada. Tal acontecimento gera uma situação 
que, consequentemente, logo se traça bem facilmente uma conjuntura como definição. 
No segundo capítulo, o autor aborda o sistema do capital mundial como elemento 
estruturante e fundamental para analisar a conjuntura de todo um processo econômico, social 
e político. Resta claro que o capital possui vocação universal e necessita do consentimento do 
poder público nacional. Ainda neste capítulo, observa-se que a transnacionalização capitalista 
é fator determinante da desigualdade econômica e social. 
Em outra parte do texto, quando do terceiro capítulo, é abordado o sistema de poder 
político transnacionalizado, cujo se observa que o Estado, uma vez submetido a tal sistema, 
utiliza de políticas sociais indesejadas, afastando-se cada vez mais da sociedade, bem como da 
conquista democrática de direitos. 
No quarto capítulo, a abordagem gira em torno das formas de controle político, 
trazendo em discussão o poder econômico do Estado ou dos setores privados, onde há a real 
necessidade de submissão, ao qual, resta claramente comprovado o poder e o controle 
exercido através da coerção econômica. O capítulo aborda ainda os mecanismos ideológicos 
de resignação e medo, onde a resignação, a aceitação, o conformismo, tornam suas vítimas 
inertes, incapazes de quaisquer mudanças; já o medo, tem sua existência vinculada às 
situações de perigos e ameaças, onde geralmente, tratam-se de situações temporárias. 
As estratégias em jogo são temas do quinto capítulo, onde mostra o autor que as 
mesmas estão presentes nos grupos dirigentes, na oposição e nos movimentos populares. 
No sexto capítulo da obra, Betinho traz à tona o quadro atual, demonstrando que, para 
a análise da conjuntura há uma real necessidade de se analisar as questões centralizadoras em 
destaque nesta luta social e política. São inúmeras as preocupações centrais, operárias, 
agrárias e políticas. O diálogo entre a Igreja e o Estado deve ser mantido e restabelecido. 
No sétimo capítulo o autor traça um campo de batalha, denominando-o de “campo de 
confronto”, no qual são identificados os principais conflitos existentes em nossa realidade 
brasileira atual, em que a força e o poder são disputados pelo Estado em detrimento dos 
partidos políticos, das forças políticas internacionais, dos movimentos populares, da igreja, 
 
 OLHARES PLURAIS – Revista Eletrônica Multidisciplinar, Vol. 2, Nº. 15, Ano 2016 ISSN 2176-9249 
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dos empresários, dos militares e da sociedade. Cada confronto traz sempre uma consequência; 
esta, por sua vez, nem sempre é danosa e nem sempre é benéfica. 
Em seu oitavo e último capítulo, o autor sugere uma dinâmica para uma melhor 
análise de conjuntura. A ideia aqui é representá-la como no teatro, levantando as questões 
evidentes, identificando e selecionando as forças sociais envolvidas e quem as representa e 
por fim, providenciar um debate público e aberto, como menciona Betinho, sem qualquer tipo 
de comando ou intervenção de terceiros. Tal capítulo recebe a denominação específica de 
“Um método prático de fazer análise de conjuntura com os movimentos populares: a 
representação da conjuntura”. 
Por fim, fazer análise de conjuntura não é tarefa simples, já que não se trata de uma 
simples descrição de fatos ocorridos, mas sim de uma viagem profunda e bastante dinâmica 
da realidade. Trata-se de um misto entre conhecimento e descoberta, é difícil e complexa, pois 
exige uma maior sensibilidade, uma perspicácia a partir dos dados coletados, uma capacidade 
de compreender os sentidos e as informações, de perceber as tendências e relações.

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