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SUJEITOS PROCESSUAIS (1)

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SUJEITOS PROCESSUAIS
PARTES E RELAÇÃO PROCESSUAL
Sujeitos processuais são todas as pessoas que atuam no processo. Juiz, partes, auxiliares da justiça, testemunhas, etc. Dividem-se em principais e secundários ou acessórios, dependendo de sua importância na formação da Relação Jurídico Processual.
Parte (no sentido) formal e parte (no sentido) material
Do Juiz
O Órgão jurisdicional (Juiz) é a autoridade estatal investida de Jurisdição (competência para “dizer o direito”), incumbindo-lhe a solução pacífica da lide penal, por meio da substituição da vontade das partes.
O Juiz é o detentor da função jurisdicional e é quem preside o processo. Isto vem previsto no artigo 251 CPP e no artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal de 1988, consagrando, respectivamente, o princípio do impulso oficial e o da inafastabilidade da Jurisdição:
Imparcialidade
Para atuar validamente no processo, o órgão jurisdicional necessita de: capacidade funcional (investidura), capacidade subjetiva (imparcialidade) e Capacidade objetiva (competência)
a) Capacidade funcional (ou investidura) – é o procedimento que atribui ao juiz a qualidade de ocupante do cargo, apto ao exercício do poder jurisdicional, após preencher todos os requisitos legais para o ingresso na carreira da magistratura (bacharelado, aprovação em concurso público, posse, nomeação, etc). A investidura plena ocorre após 2 anos de exercício da função podendo a lei, neste período, estabelecer restrições ao julgamento de certas causas. (até adquirir a vitaliciedade o magistrado poderá ter competência restrita).
b) capacidade subjetiva (ou imparcialidade) – Decorre do Sistema Acusatório, que distingue o órgão acusador do órgão julgador, desvinculado dos interesses dos litigantes, propiciando condições de não tomar partido sobre as questões que lhe são submetidas.
Assegurando a imparcialidade, a constituição Federal inscreveu o princípio do Juiz Natural, que se desdobra em dois princípios em nosso Ordenamento Jurídico: O princípio da garantia do juiz competente (art. 5º, LIII), assegurando que: “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente” e, além deste, o princípio da proibição do juízo de exceção, que estabelece que “não haverá juízo ou tribunal de exceção” (art. 5º, XXXVII)
O CPP prevê três grupos de situações que afastam o juiz do processo,
a) voluntariamente, ou mediante apresentação de exceção,
b) os impedimentos, as incompatibilidades e
c) as hipóteses de suspeição.
O Princípio da inafastabilidade da Jurisdição (CF/88, art. 5º, XXXV) impõe ao juiz a obrigação de uma vez provocado, entregar a prestação jurisdicional.
Constituição Federal/88 - Art. 5º, XXXV. “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”
Este encargo do juiz, por um lado afasta a possibilidade do mesmo não decidir a causa e por outro, exige a observação do Princípio do Impulso Oficial determinado pelo artigo 251 do CPP e que estabelece os dois gêneros de poderes a serem exercidos pelo juiz no processo:
Incumbe ao magistrado, pois:
a) prover a regularidade do processo (atividade de natureza processual);
b) manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, inclusive, requisitar a força pública (atividade de natureza administrativa).
Observação: 1) Apesar de acusatório o nosso processo, é permitido ordenar de ofício as provas que lhe parecerem úteis ao esclarecimento da verdade; (vide art. 156, 212, 404 CPP)
Poderes gerais e iniciativa probatória
PODERES JURISDICIONAIS
Dizem respeito ao desenvolvimento regular e legal do processo, evitando que a atividade processual seja desvirtuada. Os Poderes jurisdicionais se dividem em:
Poderes-meio e Poderes-fim:
a) Poderes meio (Ordinatórios e instrutórios)
a.1. Poderes Ordinatórios – São os poderes relacionados (ou decorrentes do) ao princípio do Impulso Oficial (art. 251 CPP) como, por exemplo, a determinação de citação do acusado para que apresente a resposta escrita.
a.2. Poderes Instrutórios – Estes, por sua vez, relacionam-se com o recolhimento dos elementos de convicção, sendo decorrentes do princípio da Verdade Real, que orienta o juiz a não se contentar com prova produzida pelas partes e podendo, por iniciativa própria, adotar iniciativas para suprir as deficiências do quadro probante (Art. 156, I e II, CPP).
b) Poderes fim (Decisórios e Executórios)
b.1. Poderes Decisórios – São aqueles através dos quais efetivamente se efetiva a prestação jurisdicional por parte do Juiz/Estado. Ex: A prolação de uma sentença, A decisão sobre imposição de medida cautelar, etc.
b.2. Poderes Executórios – São aqueles voltados a dar eficácia prática ao conteúdo das decisões.
PODERES ADMINISTRATIVOS
Dizem respeito à manutenção da ordem no curso dos trabalhos e ao exercício da atividade de direção e correição dos serventuários da justiça.
Ex1: O poder de polícia que possui o juiz para manutenção da ordem na audiência ou sessão (art. 794 CPP).
Ex2: O poder de determinar que um ato seja praticado a portas fechadas, em caso de necessidade (art. 792, § 1º CPP).
PODERES ANÔMALOS
São poderes de que dispõem os juízes, mas que não são de ordem jurisdicional ou administrativa:
Ex1: Requisição, pelo juiz, de instauração de Inquérito Policial (art. 5º, II, CPP);
Ex2: Remessa dos autos de Inquérito Policial ao procurador geral (art. 28 CPP);
Ex3: Recebimento de representação do ofendido (art. 39 CPP).
Ex4: Remessa de documentos ao Ministério Público para providências (art. 40 CPP).
PRERROGATIVAS
Para que o juiz exerça com independência suas funções, a Constituição Federal de 1988 lhe confere garantias funcionais: a) Vitaliciedade, b) Inamovibilidade e c) Irredutibilidade de vencimentos.
a) VITALICIEDADE – O juiz não perderá o cargo, salvo por sentença judicial transitada em julgado.
- A vitaliciedade é adquirida após 2 anos de exercício.
b) INAMOVIBILIDADE – Prerrogativa de não ser transferido de seu cargo, senão por sua vontade (promoção ou remoção voluntária, ou em virtude do interesse público, por decisão de maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça – CNJ –, assegurada a ampla defesa (art. 95, II e art. 93, VII, CF/88)
c) IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS – Assegura que não haverá perseguição de ordem financeira por parte de superiores e governantes (art. 95, III, CF/88).
Juiz natural
Princípio da identidade física do juiz
Do Ministério Publico
O MINISTÉRIO PÚBLICO
Ao instituir o Ministério Público, a Constituição Federal de 1988 possibilitou, definitivamente, o abandono da concepção privatista da ação penal, o que é fundamental quando se busca a mudança de um modelo de características inquisitivas para um modelo de estruturação acusatória (ne procedat judex ex officio), possibilitando que o Estado, sem perder a neutralidade, pudesse assumir a titularidade da ação penal.
Assim é que, apesar de ser parte principal no processo penal, a atuação do MP se reveste de imparcialidade, devendo como órgão estatal, buscar a justa aplicação da lei. Em decorrência disso é que o MP, apesar de ser o órgão acusador pode:
- Opinar pela absolvição do réu (art. 385 CPP)
- recorrer em prol do acusado;
- Impetrar habeas corpus em prol do acusado
Segundo o artigo 127 da CF:
Constituição Federal - Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
FUNÇÕES DO MP (Art. 129 CF/88 e art. 257 CPP)
– Sobre as funções do MP no Processo penal (Titularidade exclusiva da ação penal pública e fiscal da lei – custos legis)
Dispõe o art. 129 CF/88:
Constituição Federal - Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I. - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
II. - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessáriasa sua garantia;
III. - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
IV. - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
V. - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
VI. - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
VII. - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
VIII. - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
IX. - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
Dispõe o art. 257 CPP:
Código de Processo Penal - Art. 257. Ao Ministério Público cabe:
I. - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste Código; e (art. 129, I, CF)
II. - fiscalizar a execução da lei.
Assim, no Processo Penal, o MP é um órgão que atua ora como parte (promovendo a ação penal pública), ora como fiscal da lei (na ação penal privada).
Para que o MP atue validamente no processo deverá se observado o seguinte:
a) De acordo com o artigo 258 CPP: “Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes”.
VEDAÇÕES AO MP (idem aos Juízes)
Em decorrência do disposto nos arts. 128, § 5º, II, e art. 129, IX, da CF, é vedado ao membro do MP:
Constituição Federal - Art. 128. O Ministério Público abrange:
§ 5º...
II. - as seguintes vedações:
a. - receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
b. - exercer a advocacia;
c. - participar de sociedade comercial, na forma da lei;
d. - exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;
e. - exercer atividade político-partidária;
f. - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.
Constituição Federal - Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I. - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
II. - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
III. - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
IV. - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
V. - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
VI. - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
VII. - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
VIII. - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
IX. - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
GARANTIAS AO MP (idem aos Juízes)
Em decorrência do disposto nos arts. 128, § 5º, I:
Constituição Federal - Art. 128. O Ministério Público abrange:
§ 5º...
I - as seguintes garantias:
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado;
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa;
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I;
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DO MP (CF/88arts. 127, § 1º)
1) Unidade – Os membros do Ministério Público atuam em nome da instituição, e não em nome próprio;
2) Indivisibilidade – Os membros do Ministério Público podem ser substituídos uns pelos outros dentro do Processo Penal (nas hipóteses que a lei permitir, claro), sem prejuízo do andamento da ação penal.
3) Independência Funcional – que assegura::
a) A não vinculação do membro do MP a qualquer manifestação anterior dele próprio ou de qualquer membro da instituição;
b) A não sujeição a influências exercidas por órgãos superiores
ATUAÇÃO E ÔNUS PROCESSUAIS DO MP
A atuação do MP pode iniciar-se antes do exercício da Ação Penal (ex: Através da requisição de instauração de Inquérito Policial ou de diligências investigatórias (art. 129, VIII, CF/88).
Atuando como Parte:
a) O MP deve observar o Princípio da Obrigatoriedade, que determina que, verificando a existência de crime e indícios de autoria, o MP DEVE exercer a ação penal;
b) Deve observar também o Princípio da Indisponibilidade, que determina que o MP NÃO PODE DESISTIR da ação penal;
c) O MP deve arcar com os ônus processuais de produção de provas para convencimento do magistrado, acompanhando os atos processuais e apresentando recursos e ações de impugnação (inclusive em favor do acusado).
Observações sobre o MP:
1) Os tribunais superiores vem reconhecendo a princípio do promotor natural, que veda que o chefe da Instituição designe membros para atuar em casos específicos, ou ainda que avoque para si atos a serem praticados;
2) Não é admitida, em nenhuma hipótese, a figura do promotor ad hoc, devendo a função do Ministério Público ser desempenhada tão somente, por membro da instituição.
A imparcialidade
Suspeição, impedimento, incompatibilidade: conseqüências
O promotor natural
Atividades investigatórias
Do acusado
ACUSADO
Acusado é a pessoa natural, maior de 18 anos, quem se imputa a prática de uma infração penal. É a pessoa contra quem é proposta a ação penal, sendo a parte passiva da relação processual.
Observação: 1) Poderá ser acusado, também, pessoa jurídica nos termos do art. 3º da Lei nº 9.605/98, que instituiu a responsabilidade penal da pessoa jurídica na prática dos crimes ambientais, de acordo com o art. 255 da CF/88;
Menores de 18 anos não possuem legitimidade passiva, visto que são considerados inimputáveis. Já os inimputáveis portadores de doenças mentais, desenvolvimento mental incompleto ou retardado possuem legitimidade passiva, pois a eles pode ser aplicada medida de segurança.
O acusado menor de 21 anos, antes da entrada em vigor do Código Civil de 2002, necessitava de curador (art. 262 CPP – “Ao acusado menor dar-se-á curador”). Hoje desapareceu a figura do curador para o maior de 18 anos, em razão da redução da maioridade civil para 18 anos (art. 2043 CC).
Também as pessoas que gozam de imunidade parlamentar ou diplomática não poderão ser acusadas no processo penal, por faltar-lhes legitimação passiva ad causam.
O acusado, ainda que ausente ou foragido, terá sempre defensor, cabendo ao juiz o dever de velar pela defesa técnica, que é necessária. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamentoou da execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-à a retificação por termo nos autos (não precisa aditar a denúncia), sem prejuízo da validade dos atos precedentes. (art. 259 CPP).
Código de Processo Penal - Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes.
Se o acusado não responder à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença.
Ao acusado, por ser considerado a parte mais fraca da relação jurídica e por estar em jogo o seu direito à liberdade de locomoção, são asseguradas diversas garantias de ordem constitucional, previstas no art. 5º da CF como por exemplo:
XLIX. - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
LV. - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LVI. - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
LVII. - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
LVIII. - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
LXI. - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
LXII. - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII. - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXXVIII. - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação;
Do Defensor
DEFENSOR
Como decorrência da garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa, o art. 261 do CPP determina: “Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor”.
O defensor (também denominado procurador) é o profissional habilitado (advogado, defensor público ou procurador do estado, onde não houver defensoria pública); com função indispensável à administração da justiça, dotado de conhecimento técnicos a serem utilizados no processo penal, para a defesa do acusado.
Em razão da indisponibilidade do direito de defesa, a sua atuação (considerada um munus público) é sempre obrigatória, ainda que seja feita contra a vontade do réu ou na sua ausência, sob pena de nulidade do processo. Nesse sentido, a Súmula 523 do STF determina: “No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só anulará se houver prova de prejuízo para o réu”.
Observação: 1) A atividade do advogado transcende a simples delimitação conceitual de profissão, alcançando o caráter de munus público.
2) o significado da expressão munus público denota "o que procede de autoridade pública ou da lei, obrigando o indivíduo a certos encargos em benefício da coletividade ou da ordem social"
ESPÉCIES DE DEFENSOR:
Defensor, no atual Estado Brasileiro, é o advogado, sendo uma violação à ampla defesa a atuação de pessoa que não o seja.
a) Defensor constituído – é aquele escolhido pelo próprio acusado (mesmo que seja revel), por meio da outorga de procuração (art. 36 e ss. Do CPP), para que promova a sua defesa técnica em juízo.
A constituição de defensor pelo acusado poderá ser feita em qualquer momento do processo, inclusive na fase do inquérito policial, ainda que apenas para acompanhar o indiciado ou examinar os elementos de prova colhidos durante as investigações, podendo o acusado constituir oralmente o defensor na ocasião do interrogatório, independentemente de instrumento de mandato (procuração).
b) Defensor Dativo – é aquele nomeado pelo juiz em virtude de o acusado não possuir ou não indicar um defensor técnico de sua confiança.
Observação: 1) Nada impede que o acusado a qualquer tempo, nomeie outro de sua confiança, ou defenda-se sozinho, caso tenha habilitação (art. 263 CPP – “Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação”).
c) Defensor ad hoc – é o nomeado pelo juiz para atos processuais determinados na hipótese de o defensor, constituído ou dativo, apesar de regularmente intimado, e ainda que motivadamente, não comparecer.
Da assistência
Legitimação
O assistente como custus legis
Faculdades processuais
Recurso de sentença penal condenatória
Procedimento
DO ASSISTENTE
O assistente é o ofendido, seu representante legal ou seu sucessor, auxiliar da acusação pública.
Assim, na ação penal pública, em que o titular do direito de ação é o Ministério Público, é possível que o ofendido ou seu representante legal ou, na sua falta, os integrantes do art. 31 do CPP (CADI), intervenham em todas as fases da ação penal (portanto, após o recebimento da denúncia) ao lado do Ministério Público (art. 268 CPP).
Como não é imprescindível para a existência da relação processual, a figura do assistente de acusação também é denominada; parte acessória, parte adesiva, parte adjunta, parte contingente ou parte eventual.
O fundamento da possibilidade de sua intervenção é o seu interesse na reparação civil, mas o assistente atua, também, em colaboração com a acusação pública no sentido da aplicação da lei penal.
No procedimento do tribunal do júri, a assistência será admitida, desde que requerida com, pelo menos, cinco dias (antes da reforma eram três dias) de antecedência em relação à data do julgamento (art. 430 do CPP).
Admite-se a participação do assistente no processo desde o recebimento da denúncia até antes do trânsito em julgado da sentença, recebendo o processo no estado em que se encontrar (art. 269 CPP).
Em regra, só é possível a existência da figura do assistente na ação penal pública, seja ela condicionada ou incondicionada. Assim, na ação penal privada não há que se falar em assistente, pois o ofendido atua sempre como parte principal.
Não podem ser assistentes:
a) o (a) companheiro (a) da vítima que não tenha deixado descendentes (em virtude da falta de previsão legal);
b) o espólio, uma vez que o inventariante só o representa para os fins civis;
c) quem não for vítima (em virtude da falta de interesse em obter a reparação dos danos decorrentes da conduta criminosa, finalidade essa da assistência);
d) co-réu no mesmo processo, salvo se absolvido por sentença transitada em julgado (art. 270 CPP: O co-réu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do Ministério Público)
Admissão do assistente - O MP será sempre ouvido previamente sobre o pedido de admissão de assistente e, da decisão que o admitir ou não, fundada na falta dos requisitos legais, não caberá recurso (art. 273 CPP: Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá recurso, devendo, entretanto, constar dos autos o pedido e a decisão.)
Observação: 1) Todavia, da decisão que não admite o assistente caberá a impetração de mandado de segurança e da decisão que excluir o assistente habilitado caberá correição parcial.
FUNÇÃO DO ASSISTENTE.
A Função do assistente é auxiliar a acusação para que com isso obtenha, por meio da condenação, um título executivo que servirá de base para a propositura de uma futura ação civil ex delicto. Além disso, conforme a doutrina moderna, o acusado atuará, também, na aplicação da lei penal.
Se bem que, com a entrada em vigorda Lei 12.403/11, no dia 04 de Julho, e com a possibilidade de requerimento de prisão preventiva por parte do assistente de acusação, ganha força a corrente que diz que este não está na causa apenas em busca de um título executivo extrajudicial, mas também para trabalhar ao lado do Ministério Público (e e também do Estado) na busca da retribuição, prevenção e ressocialização do réu.
PODERES DO ASSISTENTE. Em razão do supra disposto, os poderes do assistente são restritos, podendo praticar somente os atos previstos no art. 271 do CPP:
Código de Processo Penal - Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1o, e 598.
§ 1º. - O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da realização das provas propostas pelo assistente.
§ 2º. - O processo prosseguirá independentemente de nova intimação do assistente, quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da instrução ou do julgamento, sem motivo de força maior devidamente comprovado.
Como visto supra, com a entrada em vigor da Lei 12.403/11, e de acordo com o novo artigo 311 CPP, o assistente de acusação passou a ter a possibilidade de requerimento de prisão preventiva, podendo requerê-la, diretamente ao Juiz. (assim também como o Querelante, na ação privada):
Código de Processo Penal - Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial” (grifo nosso).
O ASSISTENTE E AS RAZÕES.
O assistente pode arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público e pode interpor e arrazoar os recursos nos casos de absolvição (art. 598 CPP), impronúncia e decretação de extinção da punibilidade (art. 584, § 1º CPP). Somente nestes casos é que o assistente pode recorrer.
O ASSISTENTE E OS RECURSOS.
O assistente também poderá interpor e arrazoar os seguintes recursos:
Apelação contra decisão que impronuncia o réu (art. 584, § 1º, 1ª parte, do CPP, aplicável por analogia, tendo em vista que até a edição da Lei 11.719/2008, a decisão de impronúncia desafiava recurso em sentido estrito – art. 581, IV).
Recurso em sentido estrito contra decisão que declara extinta a punibilidade do acusado (art. 584, § 1º, 2ª parte, do CPP);
Apelação supletiva contra a sentença proferida nas causas de competência do juiz singular ou do Tribunal do júri (ou seja, apelar independentemente da apelação do MP - art. 598 do CPP);
Código de Processo Penal - Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581.
§ 1º. - Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598;
§ 2º. - O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento..
Código de Processo Penal - Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo.
O ASSISTENTE E A SENTENÇA DESCLASSIFICATÓRIA NO TRIBUNAL DO JÚRI - Vale destacar que o assistente poderá recorrer (apelar) da sentença desclassificatória de crime da competência do Tribunal do Júri para outro afeto ao juiz singular, pelo fato de essa decisão se equiparar à sentença de impronúncia.
O ASSISTENTE E A APELAÇÃO SUPLETIVA Também poderá recorrer em sentido estrito na hipótese de denegação da apelação supletiva – Art. 581, XV, CPP.
Observação: 1) Apelação supletiva é um recurso interposto pelo ofendido ou por qualquer das pessoas enumeradas no art. 31 do CPP, ainda que não tenham se habilitado como assistente, na hipótese de omissão do MP, no prazo legal, diante de uma sentença absolutória proferida nos crimes de competência do Tribunal do júri ou do juiz singular.
O ASSISTENTE E O RECURSO EXTRAORDINÁRIO. O assistente pode, ainda, interpor recurso extraordinário contra as decisões proferidas nos recursos por ele apresentados (súmula 210 do STF: “O assistente do Ministério Público pode recorrer, inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos casos do art. 584, § 1º, e 598 do CPP”)– Grifo nosso.
SITUAÇÕES NAS QUAIS O ASSISTENTE NÃO PODE RECORRER:
a) das decisões de pronúncia;
b) das decisões de absolvição sumária;
c) das decisões de rejeição da denúncia;
d) das decisões que concedem o desaforamento (também não pode requerê-lo);
e) do despacho que concede a fiança e;
f) do acórdão que julga a revisão criminal.
O ASSISTENTE E O ARROLAMENTO DE TESTEMUNHAS - O assistente não pode arrolar testemunhas, já que o momento oportuno para tanto é o do oferecimento da denúncia. Contudo, pode o juiz ouvir as testemunhas indicadas pelo assistente como testemunhas do juízo.
O ASSISTENTE E SUA INTERVENÇÃO NO PROCESSO PENAL - Há entendimento doutrinário no sentido de que o assistente de acusação somente pode intervir no processo penal quando demonstrar interesse de cunho econômico na condenação do réu (ressarcimento civil futuro por meio da formação de um título executivo judicial – sentença penal condenatória irrecorrível), não podendo, por exemplo, recorrer de sentença condenatória para pleitear o aumento de pena do réu. (Porém, a OAB de SP sustentou em segunda fase esta possibilidade).
Peritos, intérprete e funcionários da justiça
AUXILIARES DA JUSTIÇA
A eficiência da tutela jurisdicional prestada pelo juiz depende do auxílio de algumas pessoas, estranhas à relação jurídico-processual, dotadas de fé pública e incumbidas da realização de diversas atividades destinadas a integrar o movimento processual. São os auxiliares do juiz.
CLASSIFICAÇÃO
a) Permanentes – cuja participação no processo é obrigatória (Ex. Oficial de Justiça e Escrivão); e
b) Variáveis (ou eventuais), cuja participação será determinada em situações especiais (Ex: Peritos e intérpretes).
OS PERITOS
Dentre os auxiliares da justiça, são os peritos que exercem as funções mais complexas do processo.
Segundo o professor Edgard Magalhães Noronha, “Perito é a pessoa encarregada pela autoridade, sob compromisso, de esclarecer, por meio de laudo, uma questão de fato que pode ser apreciada por seus conhecimentos técnicos especializados”
Em regra, a perícia é realizada durante a fase policial, em virtude do princípio da imediatidade (pois a eventual demora pode trazer prejuízos em virtude do desaparecimento dos vestígios deixados pelo crime). Mas nada impede a sua realização durante a instrução processual.
Pelo fato de a nomeação do perito ser ato exclusivo do juiz, as partes não poderão intervir na escolha do profissional nem na realização da perícia.
2.11.1. CLASSIFICAÇÃO DOS PERITOS
Os peritos podem ser;
a) OFICIAIS – quando integram os quadros de carreira da Polícia Judiciária ou;
b) NÃO OFICIAIS (ou particulares, ou louvados) – quando se tratarem de pessoas idôneas e portadoras de diploma de curso superior, que serão convocadas diante da ausência de perito oficial.
Os peritos, sejam oficiais ou não, estarão sujeitos à disciplina judiciária e, se uma vez nomeados, recusarem o encargo, incorrerão na pena de multa.
CASOS DE IMPEDIMENTOS PARA O EXERCÍCIO DA FUNÇÃO
De acordo com o artigo 279, estão impedidos de ser peritos:
a) Os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos números I e II do art. 47 CP;
b) Os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia;
c) Os analfabetos e os menores de 21 (vinte e um) anos.
SUSPEIÇÃO DOS PERITOS
Os peritos, assim como os juízes, também podem ser considerados suspeitospelas partes, pelas mesmas razões que geram a suspeição dos juízes (art. 280 CPP).
Código de Processo Penal - Art. 279. Não poderão ser peritos:
I. - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I e IV do art. 69 do Código Penal;
II. - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia;
III. - os analfabetos e os menores de 21 anos.
Código de Processo Penal - Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes.

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