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2º Trabalho de campo

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2º Trabalho de campo (07, 08 e 09/06/2012)
Lagoa da Confusão (TO), Ilha do Bananal e arredores
Projeto: Ecossistemas de Cerrado sob diferentes sistemas de manejo agrícola – indígena, de subsistência e agricultura de sub-irrigação: consequências para a diversidade de grupos biológicos indicadores da ciclagem de carbono em água e solo (Chamada Pública MCTI/CNPq/MEC/Capes - Ação Transversal nº 06/2011 – Casadinho/Procad)
Sub-projeto: Percepção da qualidade ambiental em meio rural na Planície do Médio Araguaia
	Nos dias 07, 08 e 09 de junho de 2012 foi realizada a segunda incursão a campo, com o objetivo de prosseguir com o reconhecimento da área de estudo, como subsídio à escolha dos pontos para a coleta de dados do sub-projeto de percepção ambiental. Neste trabalho participaram os professores Lucas Barbosa e Souza e Odair Giraldin, auxiliados pelo mestrando Fernando Carneiro de Oliveira e pelo indígena e estudante de Engenharia Ambiental (UFT) Vanilson Carajá. 
	A saída de Porto Nacional se deu no dia 07 de junho (quinta-feira), às 8:30h, com chegada a Lagoa da Confusão por volta das 10:30h. Neste momento, a equipe desembarcou junto à residência da Profa. Benta, ex-estudante do Campus de Porto Nacional, que acolheu o grupo e forneceu informações sobre o acesso ao Assentamento Loroty (ou Capão do Coco), localizado no Município de Lagoa da Confusão, porém não acessado no primeiro trabalho de campo. Após o almoço, a equipe partiu em busca do referido assentamento, via rodovia TO-255 (sentido Ilha do Bananal). Após percorrer 5 km nesta rodovia, contados a partir do trevo com a rodovia TO-374, virou-se à esquerda, junto da fazenda do Sr. Enio (às margens da TO-255). A partir deste ponto, foram atravessados os rios Urubu (1ª ponte), Lago Verde (2ª ponte) e Formoso (3ª ponte), passando também pela área indígena Kraô-Canela. Da terra indígena em diante a estrada se mostrou pouco trafegável, uma vez que a estação seca está no início e a máquina (Patrol) ainda não tenha passado deste ponto, para regularização do terreno (sendo este trabalho repetido todos os anos, após a finalização das chuvas).
	Tendo percorrido 84 km desde o trevo TO-255/TO-374, na saída de Lagoa da Confusão, chegou-se ao Assentamento Loroty, que fica localizado quase no outro extremo do município, em relação à cidade (sede). Neste assentamento, foi estabelecido contato com o Sr. Elias, morador do local desde 1996, quando foi criado. O local, antes denominado Fazenda Capão do Coco (de propriedade ou sob administração do Sr. Tatá do Vale) deu origem ao Assentamento, permanecendo apenas o vaqueiro como residente no local (na qualidade de assentado). Os moradores vieram originalmente da Ilha do Bananal, por ordem de sua desocupação por motivos legais (parque/área indígena). No caso específico do informante, natural do Maranhão (Rio Farinha, nas proximidades de Estreito), sua migração para o atual Estado do Tocantins se deu em 1973 (ainda Estado de Goiás), permanecendo na Ilha do Bananal deste ano até 1996, quando transferido para o Assentamento Loroty, juntamente com outras várias famílias. Segundo informações do Sr. Elias, o assentamento conta atualmente com mais de 300 famílias, que possuem moradias na Agrovila e lotes rurais nas imediações. A agrovila possui boa infraestrutura, como asfalto (há 3 anos), rede de distribuição de água, escola e três igrejas (Congregação Cristã do Brasil, Assembleia de Deus e Católica), além de alguns pontos comerciais como mercearia e pensão. Todavia, apesar desses benefícios, uma parcela dos moradores optou por se instalar diretamente nos lotes rurais, permanecendo com suas moradias desocupadas na agrovila. Esse fato parece ter ocorrido sobretudo com aqueles assentados cujos lotes rurais (ou parcelas) estão localizados mais distantes da agrovila, o que desestimula o deslocamento diário.
	Os assentados desenvolvem prioritariamente a pecuária extensiva (gado de corte), utilizando pastagens naturais da área. Além dessa atividade, as roças se prestam prioritariamente à subsistência e à venda de excedentes no comércio local e regional, como no exemplo do Programa de Compra Direta, para fornecimento de merenda escolar. Uma dificuldade apontada pelo informante, no sentido de escoar a produção local, é o fato do Assentamento permanecer inacessível por terra em parte da estação chuvosa, quando ambos os acessos (para Lagoa da Confusão e para Dueré) permanecem alagados. Nesta época, o tráfego para fora do assentamento é realizado com a ajuda de canoas e barcos, na travessia no trecho normalmente alagado pelo rio Formoso. 
	Por último, foi informado pelo Sr. Elias os nomes da Sra. Rejane e do Sr. Salu, presidenta da Associação de Moradores do Assentamento Loroty e presidente do Sindicato de Produtores Rurais do Assentamento Loroty, respectivamente. Este último é morador do local (residência no lote rural) e a primeira é atualmente moradora da cidade de Gurupi. Em decorrência do avançar do horário (17:30h.), das condições desfavoráveis encontradas no acesso ao assentamento e da distância considerável até Lagoa da Confusão (base da equipe), optou-se por prosseguir a viagem e não abordar mais nenhum morador ou o mencionado presidente da Associação de Produtores Rurais. O retorno à Lagoa da Confusão se deu pela estrada que liga o Assentamento Loroty à cidade de Dueré (86 km), posteriormente seguindo pela rodovia TO-374 (mais 100 km), sendo que a chegada em Lagoa da Confusão se deu às 19:30h.
	No dia seguinte, 08 de junho (sexta-feira), foi realizado o deslocamento para a Ilha do Bananal (Aldeia Boto Velho, do Povo Javaé) pela manhã, percorrendo 60 km da cidade de Lagoa da Confusão até o local denominado Barreira da Cruz (fazenda), às margens do Rio Javaés (braço direito ou menor do Rio Araguaia). Durante esse percurso foram observadas diversas fazendas de agricultura irrigada (sub-irrigação), com lavouras de arroz e feijão. No caso do arroz, há o aproveitamento da palha para utilização em embalagens de hortaliças e frutas, tendo sido observado o embarque de fardos desta palha em caminhões à margem da estrada.
	A travessia do Rio Javaés, até a Aldeia Boto Velho, foi realizada com a ajuda do Cacique Vagner que, avisado pelo sinal de fogos de artifício, veio ao encontro da equipe, com um barco a motor. A referida aldeia está localizada às margens de um meandro do Rio Javaés, logo a montante da confluência com o Rio Formoso (a margem oposta é parte da Fazenda Dois Rios, acessada no 1º trabalho de campo, local onde o Cacique Vagner aponta a existência de sítios arqueológicos de sua etnia). Possui 32 famílias e aproximadamente 150 moradores, dotada de energia elétrica, telefone público (via rádio), escola e posto de saúde, além da embarcação mencionada, utilizada para o transporte escolar (possivelmente crianças de outras aldeias que estudam no local). Foi verificada a presença de gado bovino no interior da ilha, sendo que seu tráfego entre as duas margens do Rio Javaés é realizado espontaneamente, notadamente na estação seca, quando o volume de água diminui.
A presença na aldeia se estendeu ao longo do dia, com almoço servido na moradia do Cacique Vagner, seguido de conversa no período da tarde. Os indígenas demonstram preocupação com as atividades agrícolas em escala comercial nas proximidades da aldeia (na margem direita do rio Javaés), apontando impactos ligados ao bombeamento de água dos rios e ao exagerado rebaixamento do seu volume na estação seca, além dos riscos ligados ao uso de defensivos agrícolas (agrotóxicos) nesses cultivos, para a qualidade da água, do solo e da fauna. A tartaruga e o peixe constituem as principais fontes de proteína animal do povo Javaé, justificando a mencionada preocupação com uma possível contaminação desses alimentos. 
Ao final da tarde, a equipe retornou à cidade de Lagoa da Confusão, sendo a travessia do Rio Javaés novamente realizada com a ajuda do referido cacique, até a Fazenda Barreira da Cruz, onde o veículo da UFT havia sido estacionado. A chegada em Lagoa da Confusãoaconteceu por volta das 18:30h, concluindo as atividades do dia 08 de junho. Já no dia seguinte, 09 de junho (sábado), a equipe saiu de Lagoa da Confusão por volta das 7:00h, com destino ao Centro de Pesquisa Canguçu (UFT), no município de Pium, às margens do rio Javaés. O percurso se deu pela continuação da rodovia TO-374 (a partir do trevo localizado junto ao Posto Fiscal, entre Lagoa da Confusão e Cristalândia), sentido Marianópolis, virando à esquerda na localidade/fazenda denominada Café Paraíso, até a chegada ao Centro de Pesquisa Canguçu. Neste local foi deixado o estudante Vanilson Carajá, para atividade de pesquisa, prosseguindo o restante do grupo até a cidade de Porto Nacional, com chegada por volta das 15:00h.
Em termos do sub-projeto de percepção ambiental, este trabalho de campo possibilitou o reconhecimento do Assentamento Loroty que, juntamente com os Assentamentos São Judas e Lago Verde, constitui o conjunto de assentamentos rurais nas proximidades de Lagoa da Confusão e dos projetos de sub-irrigação desenvolvidos na área de estudo. Em função das características e das possibilidades de acesso aos referidos assentamentos, o PA Lago Verde mostrou-se mais apropriado à realização da pesquisa de percepção ambiental com pequenos proprietários rurais. Suas vantagens concentram-se na questão da localização e facilidade de acesso a partir de Lagoa da Confusão, além deste ser o único assentamento sem a presença de agrovila, o que significa que todos os seus moradores residem diretamente nos lotes rurais (parcelas ou, ainda, posses – conforme denominação dos assentados), o que contribui para o melhor aproveitamento agropecuário da terra e estreitamento das relações com o meio ambiente. Soma-se também a essas características o fato do assentamento PA Lago Verde ser o mais próximo das propriedades servidas pelos projetos de sub-irrigação, o que poderá favorecer a realização de um trabalho de ordem comparativa entre os diferentes tipos de manejo agrícola do solo e de produção (tipo e escala), conforme estabelecido inicialmente no sub-projeto.
Sendo assim, ficou definido um cronograma de trabalhos de campo conjuntos com a equipe de Antropologia, com previsão para o início da coleta de dados (com assentados) no mês de setembro de 2012, quando ocorrerá a 3ª incursão a campo. Todo o planejamento logístico e a estratégia para coleta de dados deverão ser estabelecidos até o mês de agosto de 2012, no sentido de garantir a qualidade das atividades a serem desempenhadas nesta ocasião.

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