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DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

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CURSO DE DIREITO
Andréa Bordignon da Silva
MUDANÇAS NO CUMPRIMENT PROVISÓRIO DE SENTENÇA NO NOVO CPC
Prof. Álvaro Luis Pedroso Marques de Oliveira
Disciplina: Direito Processual Civil - Execuções
RONDONÓPOLIS-MT
2016
MUDANÇAS NO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA NO NOVO CPC
Ao se falar em cumprimento provisório logo, remete-se para a execução provisória. Cumprimento de sentença é o título conferido pelo legislador, já que pode ser exercida até mesmo a decisão interlocutória. A partir do período em que existe um título executivo judicial, há três possibilidades: a decisão judicial não é recorrida; recurso com efeito suspensivo; recurso sem efeito suspensivo.
Em seguida, cumprimento provisório de sentença é a execução admissível na pendência de recurso sem efeito suspensivo. É importante registrar que o artigo 587 do CPC/73 permitia que uma execução de um título executivo extrajudicial (processo de execução) poderia ser uma execução provisória. O NCPC não repete esse artigo e é justamente por isso que eles mudaram o nome. 
No NCPC, não existe execução provisória de título executivo extrajudicial. Todo processo de execução de título extrajudicial é definitivo, do começo ao fim. Assim, volta-se a ter vigência a Súmula 317 do STJ (os embargos de execução podem ter efeito suspensivo, suspendendo a execução. Vem a sentença, cabendo apelação e esta não tem efeito suspensivo).
Quanto a formalização dos autos do recurso, os mesmos para o Tribunal; os autos do cumprimento de sentença provisória permanecem com o juiz de primeiro grau. A criação de novos autos (chamados de carta de sentença) incumbe ao exequente, pois a necessidade produz a atividade. O exequente deve atender ao art. 522 do NCPC, sendo que, necessariamente, há o requerimento inicial. Na instrução deste requerimento, o exequente deve juntar cópia de peças dos autos principais (incisos do art. 522 NCPC).
Importante analisar cautelosamente as observações apresentadas, ou seja: a instrução deficitária; a autenticação não é necessária – requisito formal previsto no art. 73 CPC e continua mantido no NCPC; novidade do NCPC - art. 522, §único – DISPENSA DA INSTRUÇÃO EM ELETRÔNICOS, pois o juízo que irá processar os autos de execução tem acesso aos autos principais.
No que se refere a caução, sua função é determinada como o título executivo judicial, que fundamenta o cumprimento provisório de sentença, pode ser reformado ou anulado. Caso ele seja reformado o cumprimento provisório de sentença revela-se injusto; se foi anulado o será ilegal, podendo gerar danos ao executado. Para criar uma garantia de ressarcimento desse dano, o sistema exige do exequente a prestação de caução.
Já a natureza jurídica da caução é uma garantia legal, ou seja, a caução deve ser prestada no momento previsto pela lei. Há outra corrente (inclusive o STJ) entende que trata de caução de natureza cautelar, tendo em vista que deve haver dois requisitos: “fumus boni iuris” e “periculum in mora”.
Os requisitos formais apresentados pelo art. 520, IV, NCPC são determinados como: a) Idoneidade: uma caução idônea é confiável. Essa confiabilidade deve ser formal (sem vícios formais) e material (caução concretamente capaz de ressarcir o dano do executado, ou seja, de cumprir a sua função); b) Suficiência: é uma caução que tenha um valor suficiente para ressarcir o dano. O problema é que trata de dano futuro e eventual. OBS: Se esses são os requisitos, a sua caução pode ser: Real ou Fidejussória.
O art. 520, inciso IV do NCPC não impõe uma espécie especifica de caução. Logo, o juiz não pode predeterminar a espécie de caução. Essa caução acaba sendo “arbitrada de plano” e “prestada nos próprios autos”. A caução depende de pedido do executado. A caução interessa exclusivamente ao executado. Não há nada que envolva matéria de ordem pública, mas sim de ordem privada. No entanto, a partir do momento que o NCPC fala em “de plano” entende-se arbitrada de oficio (sem a provocação das partes).
A caução no CPC de 1973 é uma das cautelares nominadas. No Novo CPC não existe cautelares nominadas, bem como ação cautelar incidental.
No que diz respeito ao momento na caução, e conforme determina o art. 520, IV, NCPC, a propositura do cumprimento provisório de sentença INDEPENDE de caução, ou seja, a parte pode dar início da mesma forma que daria ao cumprimento definitivo. Isso porque a prestação da caução é DURANTE o cumprimento de sentença, e pode ser: 1) Levantamento de dinheiro, no caso de execução de pagar quantia certa, em que houve penhora de dinheiro; 2) Transferência de posse (execução de entregar coisa) ou alienação de propriedade; 3) Prática de ato do qual possa resultar grave dano ao executado (execução de fazer e não fazer).
A dispensa da caução não torna essa execução definitiva. O art. 521 NCPC cria quatro hipóteses de dispensas da caução: a) Crédito de natureza alimentar, independentemente de sua origem (pode ser credito alimentar de parentesco, família, remuneração de trabalho) – pode executar provisoriamente sem caução; b) Sempre que o exequente demonstrar situação de necessidade.
Nesse caso, será exigido do credor a prova da: I. Imprescindibilidade na satisfação imediata, ou seja, de grave dano de difícil ou incerta reparação; II. Impossibilidade de prestar caução (necessidade); c) Recurso de agravo em RE/REsp (art. 1042, I e II).
Nota-se que o Novo CPC criou uma regra que os recursos especial e extraordinário subirão para o STJ e STF.
Exceções: Pode ter uma inadmissão do RE/REsp no 2º grau quando:
I. O RE e o REsp contrariar tese fixada em RE/REsp repetitivo.
II. O STF já tiver decidido pela ausência de repercussão geral daquela matéria.
Assim, nessas duas hipóteses será cabível o agravo em RE/REsp. A chance do agravante (executado) ganhar esse recurso é mínimo. Então dispensa caução.
OBS: existe um Projeto de Lei já aprovado na Câmara que acaba com esse recurso de agravo em RE/REsp, pois o juízo de admissibilidade do RE/REsp voltam a ser do CPC/73: há no TJ e no TRF decisão de inadmissão e dessa decisão cabe o agravo (art. 1.544 CPC/73) e na pendencia desse agravo também será dispensada a caução na execução provisória.
A chance do recurso contra essa sentença provisória prosperar é MÍNIMA. Então, dispensa a caução.
Vale ressaltar que nos casos dos incisos I e II do supracitado artigo, a dispensa da caução tem como fundamento a tutela do exequente, que merece essa proteção. Já nos incisos III e IV, a dispensa da caução decorre por pequeno risco do título executivo judicial ser reformado ou anulado.
Outrossim, de acordo com o art. 521, p. Único, do Novo CPC, a exigência da caução será mantida quando a dispensa puder gerar manifesto risco de grave dano, de difícil e certa reparação.
A multa atualmente é pacífica o entendimento do STJ que não cabe a multa na execução provisória. No entanto, no Novo CPC, conforme previsão no art. 520, §§ 2º e 3º, a multa será cabível no cumprimento provisório de sentença. Vale lembrar que no cumprimento de sentença definitivo só o pagamento afasta a multa.
No cumprimento de sentença provisório, para afastar a multa deverá depositar o valor da multa e não a pagar. Há garantia do juízo para afastar a multa e não o pagamento. Se pagar a multa nesse momento, o recurso perde o objeto, pois há a o fenômeno da aquiescência (só paga quem concorda com a decisão). Trata de NOVIDADE DO NCPC!
Responsabilidade do exequente. O art. 530, I, Novo CPC dispõe que o cumprimento provisório de sentença corre por iniciativa e responsabilidade do EXEQUENTE (o exequente tem uma responsabilidade OBJETIVA na execução provisória, que é aquela que prescinde da culpa). Assim, o exequente terá responsabilidade objetiva para ressarcir esses danos.
Acórdão do recurso: Título executivo judicial em favor do executado provisório. Esse acórdão que reforma ou anula o Título Executivo Provisório será usado como TEJ pelo executado contra o exequente. Ademais, esse acórdão não trata dos danos do executado. Esses danos doexecutado não estarão reconhecidos, devendo fazer uma liquidação de sentença. Apesar de existir um TEJ, a obrigação é ILÍQUIDA, deverá haver a liquidação da sentença.
Cumprimento provisória de sentença contra a Fazenda Pública
A execução de fazer, não fazer ou entregar coisa contra a Fazenda Pública é uma execução comum. Logo, é cabível o cumprimento provisório de sentença.
Na obrigação de pagar quantia, o art. 100 da CF prevê duas formas de satisfazer o credor: a) Precatório; b) Requisição de Pequeno Valor (RPV).
O § 1º do art. 100 exige para expedição do precatório o trânsito em julgado e o § 3º do art. 100 exige para expedição do RPV o trânsito em julgado. Logo, as duas formas de executar a Fazenda Pública dependem do trânsito em julgado. Se já tiver o trânsito em julgado, o cumprimento de sentença será definitivo, pois o título executivo será definitivo.
Portanto, na execução de pagar quantia não cabe cumprimento provisório de sentença.
OBS: o art. 496, caput do NCPC continua a dizer que o reexame necessário é uma condição impeditiva da geração de efeitos na sentença. Logo, não cabe cumprimento provisório da sentença durante o reexame necessário.
EXCEÇÃO: Art. 14, §§ 1º e 3º da Lei 12.016/2009 (Lei do Mandado de Segurança): O § 1º diz que toda sentença que concede a ordem de MS (julga procedente - acolhe o pedido do impetrante) está sujeita ao reexame necessário. O § 3º diz que CABE cumprimento provisório de sentença no mandado de segurança. Logo, trata de reexame necessário que cabe cumprimento provisório de sentença.

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