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Aula 12 Direito Tributário p/ TRF 5ª Região (Analista Judiciário - Área Judiciária) Pós-Edital Professor: Fábio Dutra 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra AULA 12: Garantias e Privilégios do Crédito Tributário, Administração Tributária e CTN ± Disposições Finais e Transitórias SUMÁRIO PÁGINA Observações sobre a aula 01 Garantias e Privilégios do Crédito Tributário 02 Administração Tributária 31 CTN - Disposições Finais e Transitórias 77 Lista das Questões Comentadas em Aula 81 Gabarito das Questões Comentadas em Aula 101 Resumo da Aula 102 Observações sobre a Aula Olá, amigo(a), mais uma vez! Hoje, vamos tratar das garantias e dos privilégios do crédito tributário e, PDLV�j�IUHQWH��HVWXGDUHPRV�R�WHPD�³$GPLQLVWUDomR�7ULEXWiULD´��Também incluí, ao final da aula, uma breve abordagem sobre os dispositivos finais do CTN! Resolveremos juntos várias questões muito interessantes nesta aula! Fiquemos atentos ao modo como o assunto é abordado pela banca. Muitas vezes, basta conhecer a literalidade do CTN! Abra o seu CTN e...vamos começar!!! 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra 1 ± GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO A partir do art. 183, o CTN cuida das garantias e dos privilégios relativos ao crédito tributário. Mas o que vem a ser garantia e privilégio, em se tratando de crédito tributário? As garantias dizem respeito aos mecanismos criados pelo legislador para facilitar a cobrança do crédito tributário. Os privilégios ou preferências têm como objetivo conferir ao crédito tributário prioridade de pagamento em relação às demais dívida que o devedor possa ter. De acordo com o ilustre professor Paulo de Barros Carvalho, Por garantias devemos entender os meios jurídicos assecuratórios que cercam o direito subjetivo do Estado de receber a prestação do tributo. E por privilégios, a posição de superioridade de que desfruta o crédito WULEXWiULR��FRP�UHODomR�DRV�GHPDLV������´� (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 25ª Edição. 2013. Pág. 511) Observação: Há créditos que preferem ao crédito tributário. Isso será visto em tópico específico desta aula. Garantias Æ facilitação da cobrança Privilégios Æ prioridade de pagamento em relação aos demais créditos 1.1 ± Garantias do crédito tributário O CTN previu, em seu art. 183, que as garantias do crédito tributário não são taxativas. Ou seja, leis ordinárias podem vir a prever expressamente outras garantias ao crédito tributário, conforme dispõe o dispositivo: Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo ao crédito tributário não exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das características do tributo a que se refiram. Para sua prova, guarde o seguinte: Taxativo = Exaustivo = Numerus Clausus Exemplificativo = Numeros Apertus 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Assim, embora o CTN já tenha previsto algumas garantias ao crédito tributário, nada impede que outras leis venham prever outras. Isso pode ocorrer, em função das características de cada tributo. Há tributos cujas características intrínsecas oferecem maior risco de não recebimento ao ente tributante. Sendo assim, cada ente federativo pode criar leis, com o objetivo de assegurar o recebimento do tributo devido pelo sujeito passivo. Por exemplo, quando determinados bens entram em regime de admissão temporária (ingresso temporário de bens no território nacional, que retornarão ao país de origem) pode ser exigido do contribuinte uma garantia de que, se o bem não retornar ao país de origem, haverá o pagamento do imposto de importação. Portanto, o importador pode ter que realizar depósito em dinheiro entre outras garantias previstas na legislação aduaneira, para garantir o pagamento do tributo. Trata-se, pois, de uma garantia prevista expressamente em lei para assegurar o recebimento do crédito tributário. Observação: 7RPH�FXLGDGR�FRP�D�SDODYUD�³H[SUHVVDPHQWH´��2�H[DPLQDGRU� pode armar uma pegadinha, afirmando que outras garantias podem ser implicitamente previstas em lei, o que não é verdade. Contudo, as garantias atribuídas ao crédito tributário não têm o condão de alterar a natureza do crédito tributário, muito menos da obrigação tributária a ele relativa. É isso o que dispõe o par. único do art. 183, do CTN. A título de exemplo, a União pode exigir o oferecimento de uma garantia real, como condição para fruição de determinado benefício fiscal. Assim, se o contribuinte agir em desacordo com a legislação que regula o benefício, pode- lhe ser exigido os tributos devidos, que foram garantidos pela constituição de uma hipoteca. Observação: Garantias reais são aquelas que asseguram o cumprimento de uma obrigação, por meio de bens móveis e imóveis. No caso da hipoteca, trata-se de uma garantia real de bem imóvel. Ou seja, o devedor continua tendo a posse e propriedade do bem imóvel, mas, em caso de inadimplência, o credor pode executar a hipoteca do imóvel, como pagamento da dívida. Pois bem, a hipoteca, por óbvio, não é um crédito tributário, mas sim um crédito hipotecário. Isso não significa que, se o crédito tributário tiver sido garantido por uma hipoteca se transformará em crédito hipotecário. O mesmo se pode dizer em relação à obrigação tributária correspondente. 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra 1.2 ± Universalidade da cobrança do crédito tributário O art. 184 do CTN estabelece o seguinte: Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis. O dispositivo em análise teve por objetivo favorecer o Fisco, em relação aos bens e rendas suscetíveis de cobrança. Assim, respondem pelo pagamento do crédito tributário todos os bens e rendas do sujeito passivo, espólio ou massa falida. Nessa linha, se o sujeito passivo possui um imóvel urbano, com dívidas de IPTU que superem o valor do respectivo imóvel (embora seja de difícil aplicação prática, serve-nos como exemplo), pode ter de cumprir a obrigação com outros bens que possua. Por isso é que se diz que a responsabilidade é pessoal, respondendo pela dívida a totalidade dos bens do devedor. Portanto, ainda que os bens tenham sidogravados por ônus real (hipoteca, por exemplo) ou tenham sido declarados impenhoráveis ou inalienáveis, por ato de vontade do particular, respondem pelo crédito tributário. Ou seja, até mesmo aqueles bens que não podem ser objeto de cobrança de créditos de outra natureza, ficam submetidos à cobrança do crédito tributário. A exceção diz respeito aos bens e rendas declarados pela lei como absolutamente impenhoráveis. Sendo assim, os bens voluntariamente declarados como impenhoráveis continuam sujeitos ao crédito tributário. Em outros termos, o que restringe o acesso do fisco aos é a disposição legal no sentido da absoluta impenhorabilidade. Observação: Os bens impenhoráveis foram previstos no art. 833, do Novo CPC. Cabe destacar que até mesmo o bem de família é penhorável para a cobrança de tributos, desde que relativos ao próprio bem imóvel familiar (Lei 8.009/1990, art. 3º, IV). 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Bens e rendas absolutamente impenhoráveis por disposição legal Æ Não respondem pelo crédito tributário. Bens e rendas declarados impenhoráveis por ato voluntário Æ Respondem pelo crédito tributário. Além dos bens e rendas declarados pela lei como absolutamente impenhoráveis, o art. 184, na sua parte inicial, afirma também que a lei pode determinar privilégios especiais sobre determinados bens. Dessa forma, com o advento da LC 118/05, foi incluído o art. 186, par. único, I, o qual estabelece que o crédito tributário não prefere (não tem preferência) sobre os créditos com garantia real, nos processos de falência. Isso será entendido por completo, quando estudarmos os privilégios do crédito tributário. Por ora, o que deve ser entendido é que, em processo de falência, os créditos gravados por garantia real gozam de prioridade em relação ao crédito tributário. Portanto, por serem utilizados como meio de pagamento aos com prioridade, os imóveis hipotecados (garantia real), por exemplo, nem sempre respondem pelas dívidas tributárias, pois podem ser entregues aos respectivos credores, antes que se proceda ao pagamento do crédito tributário. 1.3 ± Presunção de fraude à execução fiscal Com o intuito de fornecer maior proteção e garantia ao crédito tributário, o legislador do CTN estabeleceu um momento a partir do qual se considera fraude à execução fiscal a alienação de bens pelo devedor, quando este não mantiver outros bens suficientes para a quitação da obrigação tributária. Vejamos o que diz o art. 185 do CTN: Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para Não respondem pelo pagamento do crédito tributário Bens e rendas absolutamente impenhoráveis pela lei Bens gravados por garantia real, nos processos de falência 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa.(Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) Observação: Para o ajuizamento de uma ação de execução fiscal, é necessário que o crédito tributário tenha sido inscrito em dívida ativa. Trata- se de tema que ainda será estudado nesta aula. Com base no que foi visto no art. 185, o momento estabelecido pelo legislador como marco para a presunção de fraude à execução é o da inscrição do crédito tributário em dívida ativa. A inscrição em dívida ativa ocorre quando não há pagamento do crédito tributário dentro do prazo de vencimento. Portanto, ocorre em momento posterior ao do lançamento e, consequentemente, do fato gerador. Destaque-se que a presunção prevista no caput do art. 185 é puramente objetiva, ou seja, não se considera a intenção do devedor, mas unicamente a sua atuação no sentido de alienar seus bens sem deixar saldo suficiente para pagamento de crédito inscrito em dívida ativa. Em decorrência do exposto, também não se admite prova em contrário pelo sujeito passivo. Ou seja, constatada a situação prevista em lei, há presunção absoluta de alienação fraudulenta. Assim entende a doutrina dominante. Entenda-se como momento de inscrição em dívida ativa aquele em que o sujeito passivo tiver sido comunicado formalmente a respeito da inscrição. Sendo assim, podemos afirmar que antes da inscrição do crédito em dívida ativa, o devedor pode dispor de seus bens, sem que fique configurado qualquer ato lesivo ao Fisco. Aliás, conforme mencionado acima, ainda que tenha alienado os bens após a inscrição em dívida ativa, se o devedor tiver reservado bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita, não há que se falar em alienação fraudulenta (CTN, art. 185, par. único). Em síntese, pode-se dizer que, para que fique presumida a alienação fraudulenta, é necessário que ocorram cumulativamente as seguintes situações: 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra x Crédito tributário inscrito em dívida ativa (após comunicação oficial); x Alienação de bens ou seu começo; x Não houver reserva de bens ou rendas para quitar o crédito inscrito. Vamos esquematizar: Observação: Tudo o que foi explicado neste tópico se aplica também à ³oneração de bens´��2X�VHMD��TXDQGR�R�GHYHGRU�RIHUHFH�EHQV�FRPR�JDUDQWLD� de outro crédito (constitui uma hipoteca, por exemplo), após a inscrição do crédito tributário em dívida ativa, e não reserva bens e rendas suficientes para quitação do crédito inscrito, a oneração também é considerada fraudulenta! 1.4 ± Penhora eletrônica ou on-line No tópico anterior, nós havíamos falado da alienação fraudulenta, que é aquela realizada após a inscrição do crédito em dívida ativa. Veja que para ser considerada fraudulenta não é necessário que o devedor já tenha sido executado, bastando a inscrição em dívida ativa. Correto? A penhora on-line ocorre somente no curso da ação de execução fiscal. Apenas para se ter uma noção básica, admitida a ação de execução fiscal proposta pela Fazenda Pública, o devedor é citado (comunicado) para pagar a dívida tributária ou nomear bens à penhora. Contudo, se o devedor não pagar nem apresentar bens à penhora e também não forem encontrados bens penhoráveis, fica o devedor sujeito ao disposto no caput do art. 185-A, do CTN, cuja redação é a seguinte: Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do Presunção de fraude à execuçãoAlienação ou oneração de bens ou rendas Crédito tributário inscrito em dívida ativa Devedor reservou recursos para pagamento TOTAL da dívida inscrita Não se aplica: 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) Requisitos para ocorrer penhora on-line: x Não pagou; x Não apresentou bens à penhora no prazo legal; x Não foram encontrados bens penhoráveis. Sendo assim, o juiz determinará a indisponibilidade dos bens e direitos do sujeito passivo, sendo comunicados os órgãos que promovem registros de transferência de bens (como os departamentos de trânsito, por exemplo), especialmente o registro público de imóveis (cartório de registro de imóveis), e também o Banco Central e a CVM, que são as autoridades supervisoras do mercado bancário e de capitais, respectivamente. Observação: Com a indisponibilidade dos bens, estes ficam bloqueados (penhorados), à disposição do juízo. Após o cumprimento da ordem judicial, os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação enviarão imediatamente ao juiz a relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem promovido (CTN, art. 185- A, § 1º). Com base nas informações apresentadas, o juiz determinará o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que excederem o valor da dívida (CTN, art. 185-A, § 2º). Repare que este tópico é bem tranquilo, referindo-se à possibilidade de o juiz determinar a indisponibilidade dos bens eletronicamente, comunicando a ordem aos órgãos responsáveis. Obviamente, o valor que exceder a dívida tributária, deve ser imediatamente liberado. Veja, ainda, que o instituto só foi previsto no CTN, com a edição da LC 118/05, ou seja, é recente, se comparado com o ano da publicação do CTN (1966). 1.5 ± Prova de quitação dos tributos O legislador determinou que, para a prática de certos atos jurídicos, é necessário haver a prova de quitação dos tributos. Isso é feito por meio da certidão negativa, tema a ser visto adiante, mas que, por ora, é bom saber que se trata de documento capaz de comprovar a inexistência de débitos em nome do sujeito passivo. A prova de quitação dos tributos não deixa de ser uma garantia do crédito tributário, tendo em vista que se impõe o pagamento dos tributos como condição para os atos que serão descritos a seguir. 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Parte da doutrina considera que, ao exigir a prova de quitação dos tributos, concede-se ao crédito tributário um sistema adicional de garantias, pois são meios de assegurar indiretamente o recebimento dos tributos. Em primeiro lugar, o art. 191 do CTN determinou que para se obter a declaração judicial da extinção das obrigações do falido, ao final do processo de falência, deve ser comprovada a quitação de todos os tributos devidos. A redação do art. 191 antes da LC 118/05 exigia apenas prova da quitação de todos os tributos relativos à atividade mercantil do falido. Cuidado! Atualmente, exige-se a quitação se todos os tributos devidos! Além disso, de acordo com o art. 191-A, a concessão da recuperação judicial também está condicionada à comprovação da quitação de todos os tributos, observados os arts. 151, 205 e 206 do CTN. O art. 151, como já estudamos, refere-se à suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Estudaremos mais à frente que, quando um crédito tributário está com sua exigibilidade suspensa, é possível a emissão da certidão positiva com efeitos de negativa (art. 206). Ou seja, embora exista a dívida, os efeitos da certidão positiva são os mesmos da certidão negativa, podendo ser utilizada para a concessão da recuperação judicial. Já o art. 192 do CTN, ao tratar dos processos de inventário ou arrolamento, estabelece que nenhuma sentença de partilha (vários herdeiros) ou adjudicação (único herdeiro) será proferida sem prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas. Por último, o art. 193 do CTN proíbe que os departamentos da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ou suas autarquias, celebrem contrato ou aceitem proposta em licitação pública, sem que o contratante ou proponente faça prova de quitação de todos os tributos devidos à Fazenda Pública interessada, relativos à atividade em cujo exercício contrata ou concorre. O que se pode interpretar da redação do dispositivo? Ora, o contratante ou proponente só precisa demonstrar quitação dos tributos relativos ao ente federativo com o qual está celebrando o contrato. Vamos ver um exemplo? Se determinada pessoa deseja celebrar um contrato de prestação de serviços de guincho com o Município de São Paulo, deve comprovar apenas a 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra quitação de ISS, relativo ao Município de São Paulo. Não é necessário comprovar, pois, a quitação de tributos estaduais. Observação: Esse raciocínio é o que deve ser levado para a prova de Direito Tributário. Contudo, devemos deixar claro que existem outras restrições mais severas, que fazem com que o contribuinte tenha que acabar comprovando a a quitação de todos os tributos devidos. É o caso da Lei 8.666/93 (Lei das Licitações). Em suma, são as seguintes situações que exigem do sujeito passivo a apresentação de certidão negativa, comprovando a quitação de tributos: x Declaração judicial da extinção das obrigações do devedor falido (CTN, art. 191); x Concessão de recuperação judicial (CTN, art. 191-A); x Prolação de sentença judicial de partilha ou adjudicação (CTN, art. 192)*; x Participação em contrato ou licitação da Administração Pública (CTN, art. 193)**; Observação: * - Todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas. ** - Todos os tributos devidos à Fazenda Pública interessada, relativos à atividade em cujo exercício contrata ou concorre. 1.6 ± Os privilégios ou preferências do crédito tributário Os privilégios ou preferências dos créditos se aplicam diante da pluralidade de credores, como nos processos de falência, recuperação judicial ou inventário, por exemplo. O objetivo é estabelecer uma relação hierárquica entre as classes de créditos que serão pagas em primeiro lugar, em segundo e assim sucessivamente. Observação: Somente se passa para a segunda classe de créditos após se esgotarem aqueles créditos que pertencem à primeira classe, conforme estabelecido pela lei. No que se refere aos privilégios do crédito tributário, o caput art. 186 do CTN estabelece o seguinte: Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutrawww.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Veja, então, que o crédito tributário tem preferência quase que absoluta sobre os demais, não prevalecendo apenas sobre os créditos decorrentes da legislação do trabalho e de acidente de trabalho. Nesse sentido, primeiramente são pagos os créditos trabalhistas e acidentários. Logo em seguida, procede-se ao pagamento dos créditos tributários. Posteriormente, se ainda houver saldo remanescente, as demais classes legais são pagas. Deve-se ter em mente que o caput art. 186 se refere aos privilégios do crédito tributário nos processos em geral. No parágrafo único, o legislador estipulou regras especiais para o crédito tributário nos processos de falência. Vamos ver quais são elas? 1.6.1 ± Regras relativas aos processos de falência De início, faz-se necessário transcrever as palavras do par. único do art. 186, do CTN: Art. 186 - (...): Parágrafo único. Na falência: (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) I ± o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) II ± a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho; e (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) III ± a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) Em primeiro lugar, saiba que, mesmo nos processos de falência, os créditos trabalhistas e acidentários precedem ao crédito tributário. Além dessa prioridade, outras foram incluídas pelo par. único do art. 186. Assim, pode-se dizer que o crédito tributário perdeu espaço na preferência entre os demais, nos processos de falência. Ou seja, além da preferência dos créditos trabalhistas e acidentários, precedem ao crédito tributário os créditos extraconcursais, as importâncias passíveis de restituição e os créditos com garantia real (exemplo: penhor e hipoteca). 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Quando não se tratar de processo de falência, os créditos com garantia real não possuem prioridade sobre o crédito tributário. Os créditos extraconcursais são aqueles cujos fatos geradores ocorrem após a decretação da falência, como fruto da administração da massa falida. Podem ser de várias espécies, inclusive tributária (quando os fatos geradores ocorrerem após a decretação falência), ou trabalhista (quando os serviços tiverem sido prestados após a decretação da falência). Nesse contexto, vejamos a redação do art. 188 do CTN: Art. 188. São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) Portanto, podemos dizer que os créditos tributários extraconcursais preferem aos créditos tributários não extraconcursais, cujos fatos geradores tenham ocorrido antes da falência. Recomendo a leitura do art. 84 da Lei 11.101/2005 (Lei de Falências). No que concerne às importâncias passíveis de restituição, são aqueles bens ou valores que pertencem a terceiros, e que na data da decretação da falência estavam em poder do devedor falido. Nesse rumo, é passível de restituição os bens vendidos a crédito e entregues ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada, conforme estabelece o art. 85, par. único, da Lei 11.101/2005. O objetivo dessa prioridade é proteger aqueles que, de boa- fé, vendem a prazo aos devedores, desconhecendo a crítica situação financeira destes. Nessa mesma linha, o STJ considerou como importância passível de restituição os valores adiantados pelos clientes da empresa falida para realização de contrato de câmbio: Súmula STJ 307 - A restituição de adiantamento de contrato de câmbio, na falência, deve ser atendida antes de qualquer crédito. Relativamente aos créditos com garantia real, há que se destacar que preferem ao crédito tributário, até o limite de valor do bem gravado com garantia real���2�³YDORU�GR�EHP´�p�DTXHOH�HIHWLYDPHQWH�DUUHFDGDGR�FRP� a sua venda. 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Lembre-se de que a oneração de bens (garantia real, por exemplo) após a inscrição do crédito tributário, desde que não tenham sido reservados bens suficientes para a quitação do crédito inscrito, é considerada fraudulenta (CTN, art. 185), não gozando da preferência estabelecida no CTN. Outro aspecto a ser destacado é o art. 186, II, do CTN, o qual afirma que a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho. Foi nesse rumo que a Lei 11.101/2005 estipulou como limite o valor de 150 salários-mínimos por credor. Destaque-se que esse limite não se aplica aos créditos decorrentes de acidentes de trabalho. Ademais, prescreve o art. 186, III, do CTN, que, na falência, a multa tributária não tem a mesma preferência do crédito tributário, preferindo apenas aos créditos subordinados. O objetivo é que, se as multas tivessem maior prioridade, muitos credores deixariam de receber seus créditos, havendo verdadeira punição aos credores, pela infração cometida pelos devedores (afinal, quem fez surgir a penalidade foram estes). Vamos resumir a ordem de pagamento dos créditos na falência: ORDEM CRÉDITOS OBSERVAÇÕES 1º Importâncias Passíveis de Restituição Adiant. de contrato de câmbio 2º Créditos Extraconcursais Podem ser tributários ou não 3º Créditos derivados da legislação do trabalho e decorrentes de acidente de trabalho Limite p/ créd. Leg. Trab.: 150 salários- mínimos 4º Créditos com garantia real Até o limite do bem gravado 5º Créditos tributários, seja qual for sua natureza ou tempo de constituição 1ª Obs.: Não são extraconcursais. 2ª Obs.: As multas não se incluem nessa classe 6º Créditos com privilégio especial - 7º Créditos com privilégio geral - 8º Créditos quirografários - 9º Multas contratuais, penas pecuniárias por infração penal ou administrativa, inclusive as multas tributárias - 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra 10º Créditos subordinados - Observação: Para as provas de Direito Tributário, não é necessário estudar as características de cada classe. O tema é detalhadamente estudado no Direito Empresarial. DICA DE PROVA: Se a questão cobrar privilégios do crédito tributário, a SULPHLUD�DWLWXGH�D�VHU�WRPDGD�p�YHULILFDU�VH�D�TXHVWmR�PHQFLRQD�³SURFHVVR�GH� IDOrQFLD´�� VLWXDomR� HP� TXH� YRFr� GHYHUi� XWLOL]DU� DV� UHJUDV� HVSHFtILFDV� GR� SDU. único, do art. 186, do CTN. Caso contrário, utilize o que foi estabelecido no caput do referido artigo. 1.6.3 ± Autonomia da execução fiscal Este tópico, na realidade,trata especificamente de processo tributário, ou seja, a maneira como deve ser feita a cobrança do crédito tributário. Quando se instaura processo de cobrança coletiva, como na falência, concordata ou inventário, os credores devem se habilitar no respectivo juízo para receberem seus créditos. Não é possível, portanto, ajuizar ação individual em tais casos. Essa é a regra para todos, com exceção do Fisco. Veja o que diz o caput do art. 187, do CTN: Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento. (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) Portanto, a execução fiscal não é obrigatoriamente habilitada no juízo universal (onde estão os demais credores). No entanto, nada impede que a cobrança do crédito tributário seja feita juntamente aos demais credores. A ação de execução fiscal não está sujeita ao concurso de credores. Neste ponto, pode suscitar algumas dúvidas, como a seguinte: se o crédito tributário não possui prioridade absoluta (sobre todos os demais), será respeitada a preferência dos demais créditos (como os trabalhistas, por exemplo), se a ação é ajuizada individualmente? 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Sim, será! Se houver, por exemplo, penhora de bem na ação de execução fiscal, o montante arrecadado com a alienação do referido bem deve ser remetido ao juízo falimentar (onde estão os demais credores), para que seja distribuído conforme a ordem. Destaque-se que, na hipótese da cobrança do crédito tributário ser feita no juízo universal, se houver contestação do devedor acerca da legitimidade do crédito tributário, não compete ao juiz da falência decidir sobre o assunto. Neste caso, a controvérsia deverá ser remetida ao juízo competente: Art. 188 - (...): § 1º Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao processo competente, mandando reservar bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada. Por fim, destaque-se que as mesmas regras previstas no art. 188 são aplicáveis aos processos de concordada, conforme preceitua o § 2º, do art. 188, do CTN. Embora não tenha aplicação prática, o dispositivo deve estar sempre na memória dos candidatos que se preparam para provas de Direito Tributário. 1.6.4 ± O crédito tributário nos processos de inventário e arrolamento e na liquidação judicial ou voluntária No que se refere aos processos de inventário ou arrolamento, o art. 189 do CTN estabelece o seguinte: Art. 189. São pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados em inventário ou arrolamento, ou a outros encargos do monte, os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no decurso do processo de inventário ou arrolamento. Dessa forma, os créditos tributários exigíveis no decurso do processo de inventário ou arrolamento são pagos preferencialmente a qualquer encargo do monte. Observação: Encargo do monte são as dívidas deixadas pelo de cujus. Da mesma forma como ocorre no juízo falimentar, no processo de inventário ou arrolamento, se for contestado o crédito tributário, o juiz deve remeter as partes ao processo competente, adotando os mesmos procedimentos previstos no § 1º do art. 188 (CTN, art. 189, par. único). 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Semelhantemente, nos processos de liquidação judicial ou voluntária, os créditos tributários vencidos ou vincendos são pagos preferencialmente a quaisquer outros créditos. Vejamos o que diz o art. 190 do CTN: Art. 190. São pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação. Observação: A liquidação consiste no levantamento do patrimônio da sociedade, realizando (venda) o ativo, e pagando o passivo. Trata-se de procedimento com a finalidade de extinguir a sociedade, após decisão societária. DICA DE PROVA: Se a questão cobrar privilégios ou preferências do crédito tributário, em processo de inventário ou arrolamento, ou mesmo em processo de liquidação, lembre-se que o crédito tributário prefere a quaisquer outros. 1.6.5 ± Concurso de preferência entre as Fazendas Públicas Vimos que o crédito tributário não se sujeite ao concurso de credores, ou seja, é possível que a ação de execução fiscal tramite individualmente. Contudo, o CTN prevê o concurso de preferência entre as pessoas jurídicas de direito público, quando mais de uma for credora: Art. 187 - (...): Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: I - União; II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata; III - Municípios, conjuntamente e pró rata. Isso significa que, ao realizar o pagamento dos créditos, segue-se a ordem que aprendemos, partindo-se da primeira classe, em direção às demais, assim que for esgotado o crédito daquela. Ao chegar a vez do crédito tributário, deve-se analisar o concurso de preferência entre as pessoas jurídicas de direito público. Primeiramente, procede-se ao pagamento dos créditos da União. Somente são pagos os créditos tributários dos Estados e DF, se for possível quitar todos os de competência da União. O mesmo raciocínio se aplica aos créditos tributários dos Municípios. 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Se, porventura, o montante a ser distribuído não for suficiente para quitar os créditos dos vários Estados interessados (ou Municípios), deve-se fazer o rateio proporcionalmente ao valor total dos créditos de cada ente federativo. Vamos exemplificar? Imagine que em um processo de falência todos os credores com preferência sobre o crédito tributário já tenham sido pagos, cabendo ao Fisco o recebimento de seus créditos de natureza tributária. O montante a ser distribuído é de R$ 200.000,00. O valor dos créditos tributários de cada ente federativo são os seguintes: x União: R$ 100.000,00 x Estado de Minas Gerais: R$ 400.000,00 x Estado de São Paulo: R$ 600.000,00 x Município de Belo Horizonte: R$ 100,000,00 Fazendo os cálculos, conforme explicado acima: ENTE FEDERATIVO CRÉDITO TRIBUT. VALOR PAGO PROPORÇÃO União R$ 100.000,00 R$ 100.000,00 - Minas Gerais R$ 400.000,00 R$ 40.000,00 40% São Paulo R$ 600.000,00 R$ 60.000,00 60% Belo Horizonte R$ 100,000,00 - - Veja que a União recebeu os seus créditos tributários integralmente, o que não ocorreu com os Estados, pois o valor dos créditos superou o montante a ser distribuído. Sendo assim, foi feito rateio proporcionalmente ao valor total de cada Estado, quando comparado à soma total dos créditostributários estaduais. Com relação ao Município de Belo Horizonte, nada foi pago, já que o montante se esgotou. O mesmo se poderia dizer em relação aos demais créditos que deveriam ser pagos após o crédito tributário, como os créditos com privilégio especial, por exemplo. Cumpre destacar, para finalizar o assunto, que a Lei 6.830/1980 equiparou aos entes federados suas respectivas autarquias, conforme se demonstra na redação do art. 29: Art. 29 - A cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento Parágrafo Único - O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra I - União e suas autarquias; II - Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata; III - Municípios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata. Observe que, no inciso I, não se fala em rateio. O que isso significa? Em todos os casos em que houver créditos do ente e da respectiva autarquia, primeiramente se procede ao pagamento do ente federativo, para posteriormente realizar o pagamento da autarquia. Questão 01 ± FCC/TCM-RJ-Procurador/2015 Existe presunção iure et iure de fraude à execução a alienação de bens após a citação do devedor no processo de execução fiscal. Comentário: Ao dizer que a presunção de fraude à execução é iure et iure, a banca quis dizer que a presunção é absoluta, e realmente é, já que, se os bens foram alienados, não há como haver contestação em sentido contrário. Contudo, a presunção de fraude à execução ocorre pela alienação de bens após pelo devedor após a inscrição do crédito em dívida ativa, e não após a citação do devedor no processo de execução fiscal. É o que estabelece o art. 185, do CTN. Questão errada. Questão 02 ± FCC/TCM-RJ-Procurador/2015 O crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais, mas se decorrente de fato gerador ocorrido no curso do processo de falência são considerados extraconcursais. Comentário: Realmente, na falência, o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais. Ademais, devemos nos lembrar de que são extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. Questão correta. Questão 03 ± FCC/SEFAZ-PE-Auditor Fiscal do Tesouro Estadual/2014 Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa em fase de execução. 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Comentário: Não há necessidade de o crédito tributário estar em fase de execução fiscal. Basta que já tenha sido inscrito em dívida ativa para se presumir fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, pelo sujeito passivo. Questão errada. Questão 04 ± FCC/TJ-PE-Juiz/2013 A fraude à execução fiscal tem seu termo inicial a partir do despacho do juiz que ordena a citação. Comentário: Na realidade, a fraude à execução fiscal fica presumida a partir da inscrição do crédito tributário em dívida ativa, conforme estabelece o art. 185, caput, do CTN: presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa. Questão errada. Questão 05 ± FCC/TCE-AP-Analista de Controle Externo/2012 Sobre as garantias e privilégios do crédito tributário é correto afirmar: a) Os créditos tributários preferem os créditos trabalhistas e os créditos decorrentes de acidente do trabalho. b) A alienação de bens que reduza o devedor à insolvência a partir da regular inscrição do crédito tributário em dívida ativa já caracteriza fraude à execução. c) A cláusula de inalienabilidade, seja qual for a forma e a data de constituição, é oponível ao Fisco, desde que registrada no Cartório de Registro de Imóveis. d) A ordem de preferência dos créditos tributários é a mesma em caso de falência ou fora de hipótese de falência. e) A cobrança de créditos tributários é sujeita a concurso de credores e habilitação em falência, recuperação judicial, inventário e arrolamento. Comentário: Alternativa A: De acordo com o art. 186, caput, do CTN, o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. Alternativa errada. Alternativa B: De fato, a partir da inscrição do crédito tributário em dívida ativa, a alienação ou oneração de bens ou rendas que reduza o devedor à insolvência presume fraude à execução fiscal. Alternativa correta. Alternativa C: De acordo com o art. 184, do CTN, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula. Alternativa errada. 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte b Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Alternativa D: Na falência, existem regras especiais em relação aos privilégios do crédito tributário. Alternativa errada. Alternativa E: De acordo com o art. 187, caput, a cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento. Alternativa errada. Gabarito: Letra B Questão 06 ± FCC/TCM-BA-Procurador Especial de Contas/2011 Sobre garantias e privilégios do crédito tributário, é correto afirmar que a) o crédito tributário, na falência, se sujeita a concurso de credores com créditos decorrentes de legislação do trabalho ou do acidente do trabalho e com os créditos extraconcursais. b) o bem gravado com cláusula de impenhorabilidade convencional responde pelo pagamento do crédito tributário, qualquer que seja a data de constituição do ônus. c) o termo inicial da presunção de alienação de bens em fraude à execução é o despacho do juiz que ordena a citação em sede de execução fiscal. d) a decretação de indisponibilidade de bens e direitos de devedor tributário devidamente citado, que não paga nem oferece bens à penhora no prazo legal, e não são encontrados bens penhoráveis, deve ser decretada apenas em sede de medida cautelar fiscal. e) o crédito tributário, na falência, prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou tempo de sua constituição, ressalvados apenas os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente do trabalho e os créditos extraconcursais. Comentário: Alternativa A: De acordo com o art. 187, caput, a cobrança judicial do crédito tributário não é sujeitaa concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento. Alternativa errada. Alternativa B: A cláusula de impenhorabilidade convencional não decorre de imposição legal, mas sim do acordo entre as partes. Consequentemente, em conformidade com o art. 184, do CTN, o bem gravado com cláusula de impenhorabilidade convencional não deixa de responder pelo pagamento do crédito tributário. Alternativa correta. Alternativa C: O termo inicial para presunção de alienação de bens em fraude à execução é a inscrição do crédito tributário em dívida ativa. Alternativa errada. 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte a Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Alternativa D: O que é medida cautelar fiscal? É uma ação judicial de iniciativa da Fazenda Pública para ver assegurado o pagamento do crédito tributário lançado, tornando indisponíveis os bens do sujeito passivo (bloqueio dos bens), proposta antes ou no curso da execução fiscal. A assertiva trata da penhora on-line (CTN, art. 185-A), dizendo que é medida decretada apenas em sede dessa ação judicial, o que não é correto. Na realidade, a penhora on-line pode ser utilizada no próprio processo executivo. Alternativa errada. Alternativa E: Na falência, não podemos nos esquecer que, além dos créditos trabalhistas e acidentários, o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado. Alternativa errada. Gabarito: Letra B Questão 07 ± FGV/ISS-Cuiabá/2016 Sobre as garantias e os privilégios do crédito tributário, assinale a afirmativa correta. (A) Na falência, o crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados apenas, os créditos extraconcursais ou as importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, e os créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado. (B) Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito em dívida ativa. (C) O juiz pode determinar a indisponibilidade de bens e direitos do executado antes da sua citação, como forma de assegurar a garantia do juízo na execução fiscal. (D) A cobrança judicial do crédito tributário está sujeita à habilitação em falência e recuperação judicial. (E) Na falência, a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados e quirografários. Comentário: Alternativa A: Na verdade, o crédito tributário, na falência, não prefere também aos créditos trabalhistas e acidentários. Alternativa errada. Alternativa B: Acertadamente, a banca transcreveu a literalidade do art. 185, do CTN, com a redação dada pela Lei 118/05. A alienação ou oneração somente será considerada fraudulenta a partir do momento da inscrição do crédito tributário em dívida ativa. Alternativa correta. Alternativa C: Não se admite que o juiz determine a indisponibilidade de bens e direitos do executado antes da sua citação, conforme se depreende da 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte 3 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra redação do art. 185-A: Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. Trata-se da denominada penhora on-line. Alternativa errada. Alternativa D: De acordo com o caput, do art. 187, do CTN, a cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento. Alternativa errada. Alternativa E: Conforme determina o art. 186, par. único, III, do CTN, a multa tributária, na falência, prefere apenas aos créditos subordinados. Alternativa errada. Gabarito: Letra B Questão 08 ± FGV/Agente Fazendário-Niterói/2015 Nos termos previstos no Código Tributário Nacional, em relação aos créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência, é correto afirmar que: a) o art. 188 do CTN, após a entrada em vigor da Lei Complementar nº 118/2005, passou a prever que os créditos tributários vencidos ou vincendos serão pagos preferencialmente a quaisquer outros, como encargos da massa falida; b) pela nova redação do art. 188 do CTN os créditos tributários que surgirem de fatos geradores no curso do processo falimentar não devem ser satisfeitos diretamente pela massa falida; c) os créditos tributários oriundos de fatos geradores ocorridos no curso do processo falimentar, nos termos do art. 188 do CTN, após a entrada em vigor da Lei Complementar nº 118/2005, preferem apenas os créditos quirografários; d) o art. 188 do CTN passou, após a entrada em vigor da Lei Complementar nº 118/2005, a considerar extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo falimentar; e) contestado o crédito tributário, deverá o juízo falimentar decidir sobre o incidente, mandando reservar bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder efetuar a garantia de instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada. 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte 4 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Comentário: Alternativa A: Na realidade, os créditos tributários não gozam de prioridade absoluta, não preferindo aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nem aos créditos com garantia real, no limite do bem gravado. Alternativa errada. Alternativa B: São os denominados créditos extraconcursais, que devem ser satisfeitos diretamente pela massa falida, não havendo que se falar em participação em concurso. Alternativa errada. Alternativa C: Na verdade, tais créditos preferem gozam de prioridade em relação aos demais créditos tributários, entre outros. Alternativa errada. Alternativa D: Após a entrada em vigor da LC 118/05, o art. 188 do CTN passou a considerar extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo falimentar. Alternativa correta. Alternativa E: Na realidade, o § 1°, do art. 188, do CTN, prevê que contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao processo competente, mandando reservar bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor dos bens reservados,o representante da Fazenda Pública interessada. Alternativa errada. Gabarito: Letra D Questão 09 ± FGV/Agente Fazendário-Niterói/2015 Determinado contribuinte do IPTU não pagou o tributo relativo ao seu único imóvel residencial nos últimos quatro anos e vem a sofrer a execução fiscal para cobrança do imposto. Nesse caso: a) o imóvel residencial não pode responder pela dívida do IPTU por ser bem de família; b) todos os bens e rendas do contribuinte, sem comportar exceções, respondem pelo pagamento de todo crédito de natureza tributária; c) o único imóvel residencial poderá ser penhorado para satisfação do crédito tributário de IPTU; d) bens gravados por ônus real ou por cláusulas de inalienabilidade não podem ser alcançados para satisfação do crédito tributário; e) todos os bens móveis do contribuinte, sem comportar exceções, respondem pelo pagamento de todo crédito de natureza tributária. Comentário: Na execução fiscal, o imóvel residencial pode vir a responder pela dívida tributária, ainda que se trate de bem de família. Na realidade, o art. 184, do CTN, dispõe que, sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte f Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis. Gabarito: Letra C Questão 10 ± FGV/Fiscal de Tributos-Niterói/2015 Um contribuinte do ISS foi autuado em 15/09/2012 pelo não recolhimento do imposto relativo ao mês de abril de 2011. Não foi feito o pagamento e nem foi apresentada impugnação ao auto de infração, tendo o crédito tributário sido inscrito em dívida ativa em 20/05/2013. A execução fiscal foi ajuizada em 15/10/2014 e o juiz despachou determinando a citação em 20/01/2015. Considerando a situação hipotética acima e as disposições do CTN, é correto afirmar que, se o contribuinte alienou um bem: a) em 20/04/2015, mesmo possuindo outros bens de valor superior ao crédito tributário, essa operação é presumida como fraudulenta; b) em 15/10/2012, e não possuía outros bens, essa operação é presumida como fraudulenta; c) em 20/01/2014, e não possuía outros bens, essa operação é presumida como fraudulenta; d) em 25/08/2011, e não possuía outros bens, essa operação é presumida como fraudulenta; e) em 15/11/2014, mesmo possuindo outros bens de valor superior ao crédito tributário, essa operação é presumida como fraudulenta. Comentário: De acordo com o art. 185, caput, do CTN, presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa. Por outro lado, não há que se falar nessa presunção caso tenham sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. Logo, para resolver a questão, temos que analisar as alternativas que mencionem alienação em data posterior a 20/05/2013 (data de inscrição do crédito em dívida ativa), e que mencione ainda que não foram reservados bens ou rendas suficientes ao pagamento da dívida inscrita. Assim sendo, a única alternativa que se enquadra no nosso entendimento é a Letra C. Gabarito: Letra C 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Questão 11 ± VUNESP/Câmara de Mogi das Cruzes-SP- Procurador/2017 Em relação às preferências do crédito tributário, estabelecidas pelo Código Tributário Nacional, a) o crédito tributário prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, bem como aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado. b) são extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. c) a multa tributária prefere apenas aos créditos com garantia real. d) são pagos preferencialmente a quaisquer outros, os créditos tributários vencidos, a cargo de pessoas jurídicas de direito público ou privado em liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação, sendo vedada a cobrança dos créditos vincendos. e) é inconstitucional a lei que estabeleça limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho. Comentário: Alternativa A: Na realidade, o art. 186, par. único, I, do CTN, prevê que o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição, nos termos da lei falimentar, bem como aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado. Alternativa errada. Alternativa B: De acordo com o caput do art. 188, do CTN, são extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. Alternativa correta. Alternativa C: De acordo com o art. 186, par. único, III, do CTN, a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados. Alternativa errada. Alternativa D: Na verdade, nesse caso, são pagos preferencialmente a quaisquer outros não só os créditos tributários vencidos mas também os créditos vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação. Alternativa errada. Alternativa E: De acordo com o art. 186, par. único, II, do CTN, a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho. Alternativa errada. Gabarito: Letra B 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Questão 12 ± ESAF/PGFN/2012 A lei estabelecerá limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho em relação aos demais créditos, inclusive aos tributários. Comentário: De acordo com o art. 186, par. único, II, do CTN, a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho. Portanto, trata-se de uma regra facultativa e não obrigatória. Questão errada. Questão 13 ± ESAF/PGFN/2012 Com as alterações havidas em relação ao regime falimentar, a alteração do Código Tributário Nacional deixa claro o propósito de preservar as empresas em dificuldades e consequentemente a oferta de empregos, pelo que se permite afirmar que o crédito tributário ganhou posições em relação à sistemática até então vigente. Comentário: Na realidade, o crédito tributário perdeu posição na ordem de preferência, não preferindo, atualmente, aos créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado. Questão errada. Questão 14 ± ESAF/PGFN/2012 Na falência, o crédito tributário prefere aos créditos extraconcursais eàs importâncias passíveis de restituição. Todavia, não prefere aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado. Comentário: Está correto dizer que, na falência, o crédito tributário não prefere aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado. Contudo, o crédito tributário também não prefere aos créditos extraconcursais e às importâncias passíveis de restituição. Questão errada. Questão 15 ± ESAF/PGFN/2012 As multas contratuais e as penalidades pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias, preferem aos credores quirografários. Comentário: Conforme estudamos, as multas tributárias são pagas após os créditos quirografários, preferindo apenas aos créditos subordinados. Questão errada. 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Questão 16 ± ESAF/PGFN/2007 Na falência, dentro do limite do valor do bem gravado, o crédito tributário fica abaixo dos créditos com hipoteca. Comentário: Como a questão se trata do processo de falência, os créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado, preferem aos créditos tributários. Questão correta. Questão 17 ± ESAF/PGFN/2007 Decorre do CTN que a multa tributária tem, na falência, a mesma preferência dos demais créditos tributários. Comentário: Pela redação do art. 186, par. único, III, pode-se inferir que, na falência, a multa tributária não tem a mesma preferência dos demais créditos tributários. Portanto, a questão está errada. Questão 18 ± ESAF/PGFN/2007 A dívida inscrita precisa estar em fase de execução, para que se presuma fraudulenta a alienação de bem efetuada por sujeito passivo insolvente, em débito para com a Fazenda Pública. Comentário: Antes da LC 118/05, a presunção só se dava se o crédito inscrito em dívida ativa tivesse sido objeto de ação de execução fiscal. Contudo, com as alterações promovidas pela referida lei complementar, basta que haja regular inscrição em dívida ativa para que se presuma fraudulenta a alienação de bem efetuada por sujeito passivo insolvente. Questão errada. Questão 19 ± ESAF/SEFAZ-CE/2007 Como regra, respondem pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e de rendas, de qualquer natureza ou origem, do sujeito passivo. Comentário: De acordo com o art. 184, a regra é que responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula. A exceção são os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis. Questão correta. 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Questão 20 ± ESAF/SEFAZ-CE/2007 Na execução fiscal, existe hipótese em que o juiz pode decretar a indisponibilidade dos bens e direitos do sujeito passivo. Comentário: Estabelece o caput do art. 185-A, do CTN, que na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos. Questão correta. Questão 21 ± ESAF/SEFAZ-CE/2007 Nos casos de falência e recuperação judicial, podemos afirmar que a lei não poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho. Comentário: Em se tratando de processo de falência, o art. 186, par. único, II, do CTN, prevê que a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho. Questão errada. Questão 22 ± ESAF/SEFAZ-CE/2007 Nos casos de falência e recuperação judicial, podemos afirmar que a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados. Comentário: Na falência, a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados, conforme preceitua o art. 186, par. único, III, do CTN. Questão correta. Questão 23 ± CESPE/ANATEL-Especialista em Regulação/2014 Suponha que Franco, após ter recebido notificação de lançamento para pagamento voluntário, antes da inscrição do débito em dívida ativa, tenha alienado, pela metade do valor de mercado, barco de sua propriedade a Alemão. Nesse caso, está configurada fraude à execução fiscal. Comentário: De acordo com o art. 185, caput, do CTN, presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa. Como o crédito ainda não havia sido inscrito em dívida ativa, não há que se falar em fraude à execução fiscal. Questão errada. 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Questão 24 ± CESPE/ANATEL-Especialista em Regulação/2014 O crédito trabalhista prefere ao crédito tributário quando aquele for inferior a duzentos e cinquenta salários mínimos. Comentário: De acordo com o CTN, na falência, a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho. Com base nisso, a Lei 11.101/2005 estipulou como limite o valor de 150 salários-mínimos por credor. Questão errada. Questão 25 ± CESPE/ANATEL-Especialista em Regulação/2014 Para a extinção das obrigações do falido e a concessão de recuperação judicial, exige-se prévia quitação dos tributos devidos, sendo possível, nesse último caso, a concessão da recuperação se o devedor obtiver a suspensão da exigibilidade do crédito devido. Comentário: De acordo com o art. 191-A, do CTN, a concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação de todos os tributos. Vale lembrar que, quando um crédito tributário está com sua exigibilidade suspensa, é possível a emissão da certidão positiva com efeitos de negativa (CTN, art. 206). Ou seja, embora exista a dívida, os efeitos da certidão positiva são os mesmos da certidão negativa, podendo ser utilizada para a concessão da recuperação judicial. Questão correta. Questão 26 ± CESPE/JUIZ-TJ-PB/2011 O bem de família, instituído por lei, pode ser penhorado em execução fiscal, independentemente da natureza do tributo cobrado em juízo. Comentário: O bem de família somente pode ser penhorado em execução fiscal, se os tributos objetos de cobrança forem relativos ao bem imóvel. Portanto, a questão está errada. Questão 27 ± CESPE/JUIZ-TJ-PB/2011 A fraude à execução fiscal ocorre com a alienação de bens pelo sujeito passivo em débito tributário para com a fazenda pública, após a regular inscrição do crédito tributário na dívida ativa, tornando-o insolvente. Comentário: De acordo com o caput do art. 185, do CTN, presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívidaativa. Questão correta. 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Questão 28 ± CESPE/JUIZ-TJ-PB/2011 Os créditos tributários gozam de preferência em relação a quaisquer outros, incluindo-se os decorrentes da legislação trabalhista. Comentário: Os créditos tributários não preferem aos decorrentes da legislação trabalhista. Questão errada. Questão 29 ± CESPE/JUIZ-TJ-PB/2011 O concurso de preferência para recebimento do crédito tributário entre as pessoas jurídicas de direito público obedece à seguinte ordem: municípios, estados e DF e, por fim, a União. Comentário: O concurso de preferência entre as pessoas jurídicas de direito público segue a seguinte ordem (CTN, art. 187, par. único): União; Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata;e Municípios, conjuntamente e pró rata. Questão errada. Questão 30 ± CESPE/JUIZ-TJ-PB/2011 Respondem pelo pagamento do crédito tributário todos os bens, presentes e futuros, do sujeito passivo, salvo os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade. Comentário: De acordo com o art. 184 do CTN, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade. Questão errada. Questão 31 ± CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 As garantias atribuídas ao crédito tributário estão previstas no CTN, não se admitindo outras oriundas de outras fontes legislativas, ainda que de maneira subsidiária. Comentário: De fato, a enumeração das garantias atribuídas ao crédito tributário pelo CTN não é exaustiva. No entanto, de acordo com o caput do art. 183 do CTN, somente previsão expressa em lei pode atribuir outras garantias ao crédito tributário. Questão errada. 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra 2 ± ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA $�SDUWLU� GR�DUW�������R�&71�FXLGRX�GR� WHPD�³$GPLQLVWUDomR�7ULEXWiULD´�� Foram estabelecidas algumas regras para nortear os procedimentos a serem adotados pelos órgãos e agentes fazendários. Conforme foi visto no início do nosso curso, os tributos são a principal fonte de receita do Estado. É por isso que a administração tributária é, em termos simples, a sustentação do Estado, conforme está previsto no art. 37, XXII, da CF/88: XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. Destaque-se que, em compatibilidade com a previsão acima no sentido de que as administrações tributárias terão recursos prioritários, o art. 167, IV, da própria CF/88, permitiu a excepcional vinculação da receita dos impostos para realização das atividades da administração tributária. Em suma, o que nos importa nesse momento é saber que o CTN dividiu o tema em três capítulos, quais sejam: Fiscalização, Dívida Ativa e Certidões Negativas. Vamos estudar cada um deles a partir de agora! 2.1 - Fiscalização O capítulo que trata da fiscalização diz respeito aos poderes e deveres das autoridades administrativas. Também trata das restrições quanto à divulgação de informações relativas à situação econômica dos contribuintes. 2.1.1 ± Poderes das autoridades administrativas Em primeiro lugar, cabe relembrar que o CTN é uma norma geral em matéria tributária. Por conseguinte, há outras regras atinentes à fiscalização tributária, previstas em leis ordinárias de cada ente federativo. Sendo assim, em cada esfera podem ser criadas normas regulamentando as prerrogativas das autoridades fiscais a ela vinculadas. Tais normas podem ser tanto em caráter geral, aplicando-se à fiscalização de todos os tributos de competência do ente, ou em caráter especial, aplicando-se a um tributo especificamente. Vejamos o que estabelece o art. 194 do CTN: 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei, regulará, em caráter geral, ou especificamente em função da natureza do tributo de que se tratar, a competência e os poderes das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da sua aplicação. Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo aplica-se às pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal. Neste ponto, é muito importante que o aluno perceba que, ainda que o contribuinte esteja imune ou isento, deve ser fiscalizado. Isso ocorre porque a imunidade e a isenção exoneram o contribuinte da obrigação de pagar, mas não da possibilidade de vir a ser fiscalizado. Ademais, há casos de imunidade ou isenção em que o contribuinte fica sujeito a alguns requisitos, e só há um meio de verificar se estão sendo realmente cumpridos: fiscalização. Nesse rumo, o art. 195 dispõe sobre os poderes das autoridades fiscais: Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los. Sendo assim, as autoridades fiscais têm o direito de examinar os livros, arquivos e documentos do sujeito passivo, e este tem o dever de exibi-los, ainda que haja lei excluindo ou limitando essa prerrogativa fiscal. É claro que a fiscalização deve se limitar ao objeto da investigação, conforme se extrai do entendimento sumulado do STF: Súmula STF 439 - Estão sujeitos a fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação. Repare que o STF deixa claro que quaisquer livros comerciais estão submetidos à fiscalização tributária ou previdenciária. O que isso quer dizer? Ora, até mesmo aqueles livros que não são de escrituração obrigatória (não constituem obrigações acessórias) submetem-se ao exame do Fisco. Relativamente aos livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e aos comprovantes dos lançamentos neles efetuados, o par. único do art. 195, do CTN, assevera que devem ser conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. 09279989200 - Maria Deusa Amorim Duarte Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 107 DIREITO TRIBUTÁRIO ± TRF 5ª REGIÃO ± ANALISTA JUDICIÁRIO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 12 - Prof. Fábio Dutra Tenha muito cuidado em relação a esse dispositivo.
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