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Comercialização de Energia – ACL e ACR Prof. Alvaro Augusto W. de Almeida Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Eletrotécnica alvaroaugusto@utfpr.edu.br Capítulo 2 – Estruturação e Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro Sumário • Primórdios. • O Código das Águas. • Regulamentação. • Reestruturação e Racionamento. • O “Modelo Dilma”. • A MP 579/2012 e o “11 de setembro do Setor Elétrico”. Os Três Gigantes A “Guerra das Correntes” • Sistema DC de Edison: geradores localizados perto dos consumidores, produzindo energia em baixas tensões (100 V). Pearl Street Station. • Sistema AC de Westinghouse: geradores localizados longe das cargas, produzindo energia em baixas tensões, a qual era elevada, transmitida e a reduzida perto dos consumidores. Niagara Falls. Fonte: Edison Tech Center Distribuição de Energia em Corrente Contínua na Nova Iorque do Século XIX Distribuição de Energia em Corrente Alternada na São Paulo do Século XX Distribuição de Energia em Londres Um Sistema AC Moderno Fonte: O autor Primórdios no Brasil (1879 – 1933) • 1879: Dom Pedro II concede a Thomas Alva Edison o privilégio de introduzir aparelhos elétricos no Brasil. • 1889: Inaugurada a Usina de Marmelos Zero, em Juiz de Fora, a primeira do país de grande porte, hoje na Cemig, com 4 MW. • 1911: Inaugurada a Usina de Pitangui, a primeira do Paraná, hoje na Copel, com 800 kW. Principais Características dos Primórdios • Forte presença do capital privado estrangeiro (Light e Amforp). • Falta de experiência dos poderes municipais na fiscalização do serviços oferecidos. • Falta de padronização. • Serviços de eletricidade essencialmente municipais. O Código das Águas (1934 – 1956) • 1934: Publicação do Código das Águas pelo Governo Provisório da República (Getúlio Vargas). • Quedas d’água em águas públicas incorporadas ao patrimônio da União. • Concessões podiam ser recuperadas a qualquer tempo. • A água passa a ser um bem público e a ter função social com valor econômico. • Sistema de tarifação pelo custo. Regulamentação (1957 – 1992) • 1957: Entra em vigor o Decreto 41.019, que regulamentou os serviços de energia elétrica. • 1960: Criação da Eletrobrás. • 1963: Inauguração da UHE Furnas, a maior da época, com 1.216 MW. • 1988: Entra em vigor a nova Constituição da República. • 1988: Proposição de um projeto de lei disciplinando as concessões de serviços de utilidade pública (pelo então Senador FHC). Principais Características da Regulamentação • Forte presença estatal e empresas fortemente integradas (G, T e D). • A ditadura imaginava que o Brasil, abundante em recursos hídricos e em álcool, estaria imune a crises. • O Setor Elétrico Brasileiro era, assim, usado para induzir o crescimento. • Entre 1968 e 1976 os investimentos no SEB cresceram a taxas elevadas. • Após 1978 medidas de combate à inflação provocaram queda das tarifas de energia em 5% ao ano. Sistema Interligado Sul/SE/CO em 1993 Fonte: Plano 2015 (1993) Sistema Interligado Norte/NE em 1993 Fonte: Plano 2015 (1993) Tarifação pelo Custo • Remuneração das empresas: rentabilidade assegurada (10%), com limite máximo de 12%. • Equalização tarifária. • Compensação entre empresas eram feitas por meio da Cota de Resultados a Compensar (CRC). Fonte: Excelência Energética (2012) Enfraquecimento do Setor Elétrico Fonte: GOLDENBERG; PRADO (2003) Lei 8.631/1993 • Assinada pelo Presidente Itamar Franco. • Eliminou a remuneração garantida e a equalização tarifária. • Tornou obrigatória a contratação entre geradores e distribuidores. • Extingui a CRC (mas não os débitos existentes). • Em 1995 muitas empresas já exibiam boa condição financeira. • Preparou as empresas para a privatização. Motivações para a Reestruturação • Necessidade da redução dos custos do SEB. • Evolução tecnológica. • Mudança do modelo mental: comercialização e geração não são monopólios naturais. • Redução do tamanho do Estado. • Influência das reestruturações feitas em outros países (Chile, Inglaterra, Noruega, EUA, etc.) Reestruturação (1993 – 2002) • 1993: Entra em vigor a “Lei das Concessões” (assinada pelo Presidente FHC). • 1995: Primeira concessionária estatal a ser privatizada: ESCELSA. • 1996: Contratação dos consultores liderados pela Coopers & Lybrand e criação da ANEEL. • 1998: Regulamentação do MAE (Mercado Atacadista de Energia Elétrica) e definindo as regras de organização do ONS (Operador Nacional do Setor Elétrico). • 2000: O MAE entra em operação. Reestruturação (1993 – 2002) • Transição do modelo anterior para o modelo de mercado feita por meio dos “Contratos Iniciais”. • Planejamento indicativo substitui o planejamento determinativo. • Livre contratação de suprimento. • Concessões de geração: leilões por maior pagamento à União (e não pela menor tarifa de geração) e livre preço de venda. • Self-dealing (auto-suprimento) permitido para compra de energia entre empresas do mesmo grupo. Reestruturação (1993 – 2002) • Mudança do papel do Estado de empreendedor para fiscalizador. • Desverticalização das atividades do SEB: Geração, Transmissão, Distribuição e Comercialização. • Regulação mínima voltada para a competição. • Quebra do monopólio. • Livre acesso às redes elétricas (com pagamento de tarifas de uso). • Sistema de “tarifas pelo preço”. Fonte: ABDO (2001) Consumidores Livres Livre Acesso à Rede • A compra e venda de energia elétrica entre concessionários ou autorizados, deve ser contratada separadamente do acesso e uso dos sistemas de transmissão e distribuição. • Separação entre uso (“fio”) e energia (“commodity”). Relações Contratuais no SEB Fonte: ONS Contratos do SEB • CUST: Contrato de Uso do Sistema de Transmissão. • CUSD: Contrato de Uso do Sistema de Distribuição. • CCT: Contrato de Conexão à Transmissão. • CCD: Contrato de Conexão à Distribuição. • CPST: Contrato de Prestação de Serviços de Transmissão. • CCVE: Contrato de Compra e Venda de Energia Elétrica. • CCEI: Contrato de Compra e Venda de Energia Incentivada. Fonte: ONS Contratos entre Transmissoras e Usuários da Rede Básica (V maior ou igual a 230 kV) Fonte: Brasil (2007) Principais Dificuldades de Funcionamento do Mercado após a Reestruturação • Dificuldades no início do funcionamento do MAE. • Falta de estímulo aos consumidores para se tornarem livres. • Restrições da atuação dos PIEs. • Falta de incentivo aos negócios da autogeração e cogeração de energia. • Incompatibilidade entre tarifas e preço de geradores estatais e PIEs, respectivamente. • Empresas verticalizadas competindo na geração e na comercialização. • Racionamento de 2001/2002. Fonte: ABDO (2001) Racionamento de 2001/2002 Fonte: Economia & Energia (2013) Racionamento de 2001/2002 Razões para o Racionamento • Deficiência no planejamento energético. • Usinas operando pouco acima da média histórica. • 1999 foi um ano seco e o armazenamento não foi recuperado em 2000, quando havia condições de fazê-lo. • A reduzida capacidade térmica instalada. • Significativa, mas não inesperada, redução da afluências em 2001. • A falta de integração via transmissão com a Região Sul. Fonte: Economia & Energia (2013) Consequências do Racionamento • Uma auditoria do TCU mostrou que o racionamento gerou um prejuízo de R$ 45,2 bilhões ao Tesouro. • 60% dos custos do apagão foram pagos pelos consumidores, por meio de reajustes tarifários. • O restante foi pago pelo Tesouro Nacional,que saldou a dívida com as distribuidoras de energia. • Início de um programa de investimentos em usinas termelétricas, a gás, carvão e óleo combustível. • Início do Proinfa. O “Modelo Dilma” (2004 em diante) • Motivadores da nova reforma: • Tema de campanha de Lula: “Não vai haver apagão nem que a vaca tussa”. • Crises da ASMAE (Administradora do MAE): ANEXO V e atraso de Angra 2. • O novo governo via com restrições o mercado livre para o Setor Elétrico. Princípios do Novo Modelo • Garantia de suprimento. • Modicidade tarifária. • Competição na geração. • Produtores Independentes permanecem. • Consumidores Livres permanecem. • Respeito aos contratos vigentes. • Inclusão social (programa “Luz para Todos”). • Lastro físico obrigatório para vendedores de energia. • Fim do self-dealing (auto-suprimento). Os Quatro Tipos “Puros” de Mercados de Energia Monopólio Verticalmente Integrado Competição na Geração Competição no Atacado Competição no Varejo O “Modelo Hibrido”: ACR e ACL Agentes do ACR e do ACL Fonte: Eficens Relacionamentos entre Agentes do SEB Fonte: ONS, Relacionamentos Referências do Capítulo 2 • ABDO, J.M.M. A estrutura do mercado de energia elétrica. 2001. http://goo.gl/rLMkBf • BRASIL, D.O.C. Aspectos estruturais do sistema de transmissão. 2007. http://goo.gl/xtkBOe • Economia & Energia, N°88, jan/mar, 2013. http://goo.gl/a1NmVK • Edison Tech Center. http://www.edisontechcenter.org • EFATEC. http://www.efacec.pt • Eficens. http://eficens.com.br/mercado-livre • Eletrobrás - Plano 2015, 1993. https://goo.gl/fs8hTp • EPE – Plano Decenal de Expansão, 2020. • Excelência Energética. Conta de resultados a compensar (CRC): saindo armário depois de quase duas décadas, 2012. http://goo.gl/hd07tC • GOLDENBERG, J.; PRADO, L.T.S.P. Reforma e crise do setor elétrico no período FHC, Tempo Social USP, 2003. http://goo.gl/KBvFvg • ONS, Relacionamentos. http://goo.gl/vKzQFk
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