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slides para prova de sociologia jurdica

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02 web aula SJJ.ppt
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Origem e Concepção Sociológica do Direito 
Web aula 2 S.J.J.
Luciano Stodulny
lucianostodulny@gmail.com
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Para a Escola Sociológica, o Direito tem a sua origem nos fatos sociais, entendendo-se como tais os acontecimentos da vida em sociedade, práticas e condutas que refletem os seus costumes, valores, tradições, sentimentos e cultura, cuja elaboração é lenta e espontânea da vida social. Costumes diferentes implicam fatos sociais diferentes, razão pela qual cada povo tem a sua história e seus fatos sociais. E o Direito não pode formar-se alheio a esses fatos por ser um fenômeno decorrente do próprio convívio do homem em sociedade. 
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Paulo Nader sintetiza com maestria essa visão sociológica: “Direito e sociedade são entidades congênitas e que se pressupõem. O Direito não tem existência em si próprio. Ele existe na sociedade. A sua causa material está nas relações de vida, nos acontecimentos mais importantes para a vida social. A sociedade, ao mesmo tempo, é fonte criadora e área de ação do Direito, seu foco de convergência. Existindo em função da sociedade, o Direito deve ser estabelecido à sua imagem, conforme as suas peculiaridades, refletindo os fatos sociais, que significam, no entendimento de Émile Durkheim, maneiras de agir, de pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõem” (Introdução ao Estudo do Direito, 21a ed., Forense, pp. 25/26). 
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Assevera o Mestre Miguel Reale: “O Direito não existe senão na sociedade e não pode ser concebido fora dela. Uma de suas características é asocialidade, a sua qualidade de ser social” (Lições Preliminares de Direito, 12a ed., Saraiva, p. 2). 
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O Direito do ponto de vista sociológico é, conforme vimos no capítulo anterior, um fato social, e como tal tem sua origem, não na Divindade, nem na razão, nem na consciência coletiva dos povos, tampouco no Estado - mas sim na própria sociedade, nas inter-relações sociais. Por conseguinte, trata-se de uma ciência essencialmente social, uma peculiaridade da sociedade humana. 
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Nem todos têm idéia de quanto o Direito se faz presente no meio social, de como está entrosado com quase tudo que se passa na sociedade, participando das mais simples às mais complexas relações sociais. É difícil praticarmos um ato que não tenha repercussão no mundo do direito. 
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Como lembrou Ruggiero (Inst. de Direito Civil, vol. I, pp. 11/12), o camponês que, semeando o seu campo, deixa cair algumas sementes sobre o campo vizinho, pratica, embora ignore, um ato jurídico, pois dá origem a uma figura de acessão, a satio, tomando o vizinho proprietário da semente lançada e dos seus eventuais frutos. O fumante, que deita fora o resto do seu cigarro ou charuto, realiza um ato de derelicto, abandonando uma coisa sua. O banhista, que apanha na praia a concha preciosa trazida pelas ondas, pratica uma ocupatio, adquirindo a propriedade duma res nullius. 
Tenha ou não consciência disso, a dona de casa, quando adquire uma simples caixa de fósforo no quiosque ou gêneros alimentícios no supermercado, realiza um contrato de compra e venda. Diariamente, quando milhares de pessoas tomam o trem, ônibus, o Metrô, ou outro qualquer transporte público, realizam, até inconscientemente, um contrato de transporte, através do qual, mediante o simples pagamento da passagem, a transportadora se obriga a levá-los incólumes ao ponto de destino. E se por infelicidade ocorrer um acidente do qual resulte lesão ou morte para alguém, segundo as regras do direito, será a transportadora obrigada a indenizar os prejuízos, envolvendo danos emergentes e lucros cessantes, isto é, tudo aquilo que a vítima efetivamente perder e aquilo que deixar de ganhar em razão do acidente, pelo restante de sua sobrevida. 
Como se vê, o Direito invade e domina a vida social desde as mais humildes às mais solenes manifestações, quer se trate de relações entre indivíduos, quer entre o indivíduo e o grupo social, como a família e o Estado, quer se trate ainda de relações entre os próprios grupos. 
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Por que o Direito se faz assim presente na sociedade? 
Qual é a sua função social? 
"A LEI É A EXPRESSÃO DA VONTADE GERAL"
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Cuidado quando for viajar, leia e aprenda um pouco sobre as leis de alguns países.
Nos EUA
- Em Memphis, Tenesse, os sapos não podem coaxar após as 11 da noite
Oklahoma: pessoas que fizerem caretas para cachorros podem ser multadas ou presas.
Clarksburg, Virginia do Oeste: é ilegal andar de cavalo de costas. Só que a lei não diz se é o cavalo ou o cavaleiro que está montado nele que não pode andar de costas.
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- No estado de Washington existe uma lei que proíbe, em qualquer circunstância, fazer sexo com uma virgem, incluindo na noite de núpcias. 
- Uma lei no estado de Pensilvânia proíbe as pessoas de cantarem no banho. 
- Um excerto da lei do estado de Kentucky. "Nenhuma mulher deve aparecer em fato de banho em qualquer auto-estrada do estado, a não ser que venha escoltada por, pelo menos, dois policias ou, em alternativa, venha armada com um bastão". Um aditamento "A anterior lei não deve ser aplicada se a mulher pesar menos de 45kg ou mais de 100kg.“
- No estado do Idaho, se um homem oferecer à sua amada uma caixa de bombons com menos de 20kg está a cometer uma ilegalidade perante a lei 
 
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- Em Cleveland, Ohio, não é permitido caçar ratos sem uma licença de caça . 
- Em Detroit, os casais não podem ter relações dentro do carro, a menos que o carro esteja estacionado dentro da sua própria propriedade. 
- Em Willowdale, Oregon nenhum homem pode tossir enquanto está a fazer sexo com a mulher. 
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Utah: pássaros têm direito de preferência em qualquer rodovia.
Quitman, Georgia: as galinhas são proibidas de atravessar estradas.
Atlanta: é ilegal amarrar uma girafa num telefone público.
Toledo, Ohio: é ilegal jogar um réptil em outra pessoa.
Faibanks, Alasca: os alces são proibidos de fazer sexo nas ruas da cidade.
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Na Florida, é ilegal uma senhora solteira, divorciada ou viúva fazer pára-quedismo aos Domingos à tarde.
Em Connorsville, Wisconsin nenhum homem pode disparar uma arma enquanto a parceira está a ter um orgasmo.
Em Kingsville, Texas existe uma lei que proíbe os porcos de fazerem sexo dentro do aeroporto da cidade.
Em Michigan, uma mulher não pode cortar o seu próprio cabelo sem autorização do marido
Em Tremonton, estado de Utah existe uma lei que proíbe a mulher de fazer sexo com o homem enquanto este conduz uma ambulância. Em complemento às multas normais, o nome da mulher será publicado num jornal local. O homem não recebe qualquer punição. 
Jim Kaster, deputado no Texas criou uma lei, onde cada bandido deveria ser obrigado a avisar as suas futuras vítimas, com antecedência de 24 horas, sobre o crime que eles iriam cometer. 
Em Natches, Mississipi, é proíbido elefantes tomarem cerveja sozinhos.
Numa cidade da Pensilvânia: é proibido fazer sexo oral usando batom de baixa qualidade.
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Saint Croix, Wisconsin: mulheres não podem vestir nenhuma peça de roupa da cor vermelha em público. Norfolk, Virgínia: Nenhuma mulher pode aparecer em público sem vestir um espartilho.
Flórida: mulheres solteiras, divorciadas ou viúvas não podem saltar de pára-quedas nas manhãs de domingo. Pensilvânia: é ilegal manter mais de 16 mulheres sob o mesmo teto, pois isto é considerado um bordel. Quanto a homens, o limite é 120.
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Coeur d'Alene, Idaho: se um policial suspeitar que um casal está fazendo sexo dentro de um carro, ele deve primeiro acionar uma buzina por três vezes, esperar dois minutos e só depois se aproximar da cena.
Clinton, Oklahoma: é proibido se masturbar ao ver um casal fazendo sexo dentro de um carro.
Harrisburg, Pennsylvania: é ilegal fazer sexo com um motorista de caminhão dentro
de uma barraca.
Oblong, Illinois: é crime fazer sexo enquanto se está caçando ou pescando no dia de seu casamento.
Aimes, Iowa: o marido não pode tomar mais de três goles de cerveja quando estiver deitado na cama com a esposa.
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Alexandria, Minnesota: é proibido que um marido faça sexo com a esposa se seu hálito cheira a alho, cebola ou sardinha.
Willowdale, Oregon: nenhum homem pode praguejar enquanto faz sexo com sua mulher.
Bozeman, Montana: é proibido fazer qualquer ato de natureza sexual no jardim em frente à casa, após o pôr-do-sol, se para isto for necessário que você esteja nu.
Hastings, Nebraska: donos de hotel são obrigados por lei a providenciar um pijama branco limpo para cada hóspede. Nenhum casal poderá fazer sexo sem que esteja vestindo (?) os pijamas.
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Outros países: 
--Indonésia: a pena para masturbação é a decapitação. 
--Guam: há homens cuja profissão em tempo integral é viajar pelo país para deflorar jovens virgens, que os pagam para ter sexo com eles pela primeira vez. Razão: a lei do país proíbe que virgens se casem. 
--Bahrein: um médico do sexo masculino pode examinar os genitais de uma mulher, mas é proibido que ele olhe diretamente para eles durante o exame. Eles devem utilizar um espelho para a tarefa. 
--Bahrein: O médico que faz a autópsia não pode olhar para os genitais de um cadáver, o mesmo valendo para os agentes funerários. Os órgãos sexuais do morto devem ser cobertos com um pedaço de madeira ou um tijolo. 
--Hong Kong: uma esposa traída é autorizada legalmente a matar seu cônjuge adúltero, mas o terá que fazer apenas com suas mãos. Já a amante do marido pode ser morta por qualquer maneira desejada. 
--Cali, Colômbia: uma mulher somente pode fazer sexo com seu marido, e na primeira vez em que isto ocorrer, sua mãe deve estar na sala para testemunhar o ato. 
Santa Cruz, Bolívia: nenhum homem pode ter sexo com uma mulher e sua irmã ao mesmo tempo.
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Canadá: 
--Calgary: é ilegal atirar bolas de neve ou estourar bombinhas sem autorização do prefeito. 
--Edmonton: todos os ciclistas devem sinalizar com o braço antes de fazer uma curva. Todos os ciclistas devem manter as suas mãos no guidão o tempo todo. 
--Ottawa: crianças não podem comer sorvetes de casquinha nas ruas da cidade no Sabbath. 
--Saskatoon: é ilegal tentar pegar peixes com as mãos. 
--Toronto: é proibido serrar madeira na rua, ou lavar carros. 
--Victoria: é proibido usar roupas de banho para tomar banho de sol em qualquer parque da cidade. 
--Windsor: é proibido tocar instrumentos musicais em parques. 
--Burnaby: todos os cachorros devem estar sob controle às 10 da manhã, ou seus donos serão punidos. 
--Edmonton, Alberta: nenhum homem pode beber com uma mulher numa sala de cervejaria. 
--Jasper Gates, Edmonton: uma lei de 1920 diz que nenhum veículo pode andar mais rápido que a velocidade máxima de um cavalo ou carruagem. 
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Outros países: 
--Atenas, Grécia: quem dirigir mal vestido pode ter sua carteira de habilitação apreendida. 
--Warrington, Inglaterra: são proibidos beijos de despedida nas estações de trem. 
--Inglaterra: é proibido se beijar dentro de cinemas. 
--Micronésia: os homens são proibidos de usar gravata. 
--Finlândia: é proibido o casamento de analfabetos. 
--Japão: é proibido comprar ou comer arroz importado. 
--San Salvador: a punição para dirigir bêbado era fuzilamento. 
--Afeganistão: a duríssima legislação islâmica impede que as mulheres sequer façam barulho com os sapatos enquanto andam. 
(Fontes: Nic's Home Page, Guia dos Curiosos, além de diversos e-mails de Luís de Castro) 
O Edito de Valério, imperador da Antigüidade, tinha, simplesmente o seguinte conteúdo: 
"No caso de dois acusados e havendo dúvida sobre a autoria, deve o juiz condenar o mais feio". 
(Fonte: Revista Literária de Direito) 
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NO BRASIL
Os vereadores de Juiz de Fora, na convocação extraordinária do início de 99, apreciam, dentre outros projetos de lei de relevância, um que obriga o uso de fraldões por todos os eqüinos da cidade. Alguns ironizaram, sugerindo que os fraldões tenham cores diferenciadas conforme a tez do animal, para não agredir a estética. 
Outro projeto cria sentido de mão e contramão em ruas para pedestres. 
E um último exige o preenchimento de fichas com nome e endereço dos hóspedes de motéis. 
(Fonte: Ricardo Boechat, O Globo) 
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No dia 19 de novembro de 1997, entrou em vigor em Bocaiúva do Sul, Paraná, o Decreto 82/97, que proibia a venda de camisinha e de anticoncepcionais na cidade. 
Motivo? A população da cidade está diminuindo e com isso a Prefeitura passa a receber menos verba do governo federal. 
Sofrendo pressões, vinte e quatro horas depois, o prefeito Hélcio Berti teve que assinar outro decreto revogando o anterior. 
(Fonte: isto) 
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Em Quixeramobim, Ceará, no ano de 1991, o vereador José Filho enviou à Câmara um projeto de lei para que fossem pintados de amarelo fosforescente, com tinta idêntica à utilizada na sinalização rodoviária, "todos os rabos de bovinos, ovinos e caprinos do município", para evitar que fossem atropelados. 
O vereador Rocélio Fernandes apresentou emenda ao projeto, prevendo a pintura de todos os cascos e chifres dos animais supracitados, e, nos animais não-cornos, as orelhas. 
Infelizmente, a proposta vazou antes da aprovação e não pôde ser votada. 
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O art. 2º da Resolução 81/98 do Conselho Nacional do Trânsito (Contran) obriga os mortos em acidentes a serem submetidos a exame de teor alcoólico. O exame se presta a verificar a culpa do falecido no acidente de trânsito. 
O problema é que o art. 3º pune os motoristas mortos que se recusarem a realizar o exame com penas de multa e suspensão do direito de dirigir: 
"Ao condutor de veículo automotor que infringir o disciplinado no artigo anterior, serão aplicadas as penalidades administrativas estabelecidas no artigo 156 do Código de Trânsito Brasileiro". 
A parte boa da notícia é que o morto não tem a carteira cassada, podendo voltar a dirigir ao fim da suspensão. A parte ruim é que, caso os falecidos tenham de se submeter ao bafômetro, será necessário que os aparelhos sejam adaptados para avaliar o chamado "bafo de múmia", ironiza o colunista Paulo Sant'ana, do jornal Zero Hora. 
O problema ocorreu porque os arts. 2º e 3º foram invertidos. O art. 3º se refere, na verdade, ao art. 1º, que trata dos motoristas vivos. 
(Fonte: Jornal do Brasil) 
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Por que o Direito se faz assim presente na sociedade? 
Qual é a sua função social? 
"A LEI É A EXPRESSÃO DA VONTADE GERAL"
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O conflito gera o litígio e este, por sua vez, quebra o equilíbrio e a paz social. A sociedade não tolera o estado litigioso porque necessita de ordem, tranqüilidade, equilíbrio em suas relações. Por isso, tudo faz para evitar ou prevenir o conflito, e aí está a primeira e principal função social do Direito - prevenir conflitos: evitar, tanto quanto possível, a colisão de interesses. 
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Muita gente acredita que o Direito tem um caráter essencialmente repressivo, mas na realidade assim não é. O Direito existe muito mais para prevenir do que para corrigir, muito mais para evitar que os conflitos ocorram do que para compô-los. 
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“O Direito está em função da vida social. A sua finalidade é a de favorecer o amplo relacionamento entre as pessoas e os grupos sociais, que é uma das bases do progresso da sociedade. Ao separar o lícito do ilícito, segundo valores de convivência que a própria sociedade elege, o ordenamento jurídico toma possíveis os nexos de cooperação, estabelecendo as limitações necessárias ao equilíbrio e à justiça nas relações.” 
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Quanto maior o relacionamento, quanto mais complexas as relações sociais, maior será a possibilidade de conflito, e, portanto, maior também a necessidade de disciplina e organização. 
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1 - DIREITO
E SOCIEDADE: PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO SOCIAL DO DIREITO 
Caso 1
A decisão a seguir foi proferida pelo Superior Tribunal de Justiça e exemplifica a presença cada vez mais constante de temas correlacionados à Sociologia Jurídica nos nossos tribunais. Leia e reflita, respondendo à questão proposta:
 
“Tendo em vista as peculiaridades do caso concreto, faz-se imprescindível interpretar a lei de forma mais humana, teleológica, em que princípios de ordem ético-jurídica conduzam ao único desfecho justo: decidir pela preservação  da vida. Não se pode apegar, de forma rígida, à lei, e sim, considerá-la com temperamentos, tendo-se em vista a intenção do legislador, mormente perante preceitos maiores insculpidos na carta magna garantidores do direito à saúde, à vida, e à dignidade humana, devendo-se ressaltar o atendimento das necessidades básicas dos cidadãos”. (STJ, 1ª Turma, Min. José Delgado, ROMS n°11183/PR, DJU 04/09/00, p.121).
 
A partir dos termos acima, analise a importância do estudo da Sociologia Jurídica para a compreensão e aplicação do Direito.
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Caso 2
 
O Direito está inserido no campo das ciências sociais e, geralmente, não comporta apenas uma única interpretação acerca dos fatos analisados. Por isso, são construídas correntes doutrinárias e jurisprudenciais  diversas, conquanto correlacionadas ao mesmo assunto. O Tribunal de Justiça do RJ, por exemplo, com relação aos pedidos judiciais de fornecimento de fraldas descartáveis para pacientes do SUS apresenta as seguintes posições:
 
“SAÚDE PÚBLICA. DEVER COMUM DOS ENTES FEDERATIVOS. FORNECIMENTO GRATUIO DE FRALDAS DESCARTÁVEIS PELA MUNICIPALIDADE. (...) Não obstante a fralda descartável não possa ser considerada medicamento, trata-se, in casu, de produto essencial para tratamento do Demandante (...). Portadores de deficiência mental, com sério atraso no desenvolvimento, decerto necessitam utilizar esse produto, não somente para manutenção  de sua indispensável higiene pessoal, como também para fins de prevenção contra outras doenças.”(AC 2006.001.45195, Segunda Câmara Cível. Rel. Des. Suimei Meira Cavalieri. Julgam.: 12/09/06) 
 
“FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS NECESSÁRIOS À PACIENTE CARENTE ECONOMICAMENTE, PORTADORA DE ESPINHA BÍFIDA DO TIPO MIELOMENINGOCELE.(...) São responsáveis solidariamente o Estado e o Município pelo fornecimento de medicamentos. Inclusão de fraldas descartáveis no pedido de medicação. Fornecimento não considerado essencial no tratamento de saúde. Exclusão. (...) Embora triste a situação da autora, não se pode exigir do Estado além daquilo que está obrigado e, no caso concreto, não pode o fornecimento gratuito de fraldas ser considerado essencial ao quadro clínico da autora, quando se sabe que podem ser substituídas por fraldas comuns, de uso comum por este Brasil afora.” (AC 2006.001.17270, Sétima Câmara Cível. Rel. Des. Maria Henriqueta Lobo. Julgam.: 02/05/06). 
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a)    Relacione estes casos ao seguinte comentário de Cavalieri Filho (CAVALIERI FILHO, 2004, p.161): “é por isso que se diz não existir norma jurídica, senão norma jurídica interpretada”.
b)    Nesse sentido, estude a previsão do artigo 5º da LICC e avalie qual duas sentenças melhor atende seus preceitos. 
	Art. 5° Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum [Lei de Introdução ao Codigo Civil]. 
c)     Na observância deste artigo, de que forma a Sociologia Jurídica e Judiciária se faz presente?
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QuestÃO Objetiva
 
Diante da presença constante de temas correlacionados à Sociologia Jurídica nos julgados dos nossos tribunais, podemos concluir que:
é desejável que o profissional do Direito se torne distante do meio social, para não ficar sujeito a transformações econômicas, políticas, culturais, religiosas e tecnológicas; 
o jurista por vezes deve se omitir diante de determinados assuntos e contendas sociais, para resguardar sua imagem;
o jurista deve ser capaz de realizar uma análise da realidade social, com embasamento científico, que lhe proporcione uma aplicação equânime do Direito;
a produção do Direito ocorre por profissionais com conhecimento jurídico-dogmático, isento de valores pessoais e sem influência de outras áreas científicas;
a participação multidisciplinar é capaz de garantir a produção e aplicação do Direito de forma mais adequada aos anseios da sociedade.
 
Estão corretas as alternativas:
a)     I, II e III;
b)     II, III e V;
c)     III e IV;
d)     III e V;
e)     I, III e IV. 
03 web aula SJJ.ppt
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SOCIOLOGIA JURÍDICA DO CONFLITO 
Web aula 3 S.J.J.
Luciano Stodulny
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Tanto nas atividades de cooperação como nas de concorrência podem ocorrer conflitos de interesses. Na atividade de cooperação, por exemplo, após pagar o preço e receber a mercadoria, verifica o comprador que há algum defeito que impede ou prejudica seu uso. Procura então o vendedor para devolver o material e receber de volta o valor pago, ou para obter outra mercadoria em perfeito estado, mas este se recusa a atendê-lo. Nesse momento rompe-se o perfeito equilíbrio que deveria haver na atividade de cooperação, e surge o conflito. 
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Pensemos agora no caso do inquilino que, após firmar contrato de locação e alojar-se no imóvel, recusa-se a pagar os aluguéis convencionados, a despeito de insistentemente procurado pelo locador. Estará rompida a convergência de interesses existente no momento da celebração do contrato e, a partir de então, ambos estarão em conflito. 
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Conflitos surgem igualmente nas atividades de concorrência, quando as partes vão além daquilo que lhes é lícito fazer no campo do seu próprio interesse. 
Aqueles dois comerciantes, estabelecidos na mesma rua com o mesmo gênero de comércio, enquanto não transpuserem os limites daquilo que lhes é lícito, apesar de concorrentes, continuarão em harmonia. Pode um deles até vender mais barato que o outro, ou oferecer melhores produtos, e com isso ganhar a clientela do outro. 
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No momento porém em que o comerciante A resolver fazer uma concorrência indevida ou desleal ao comerciante B, dizendo, por exemplo, que seus produtos são de baixa qualidade, que a sua honestidade é questionável etc., estaremos diante de um conflito de atividades de concorrência. 
E proprietários de prédios vizinhos? 
Vimos que cada um pode usar seu imóvel como melhor lhe parecer: residir nele, alugá-lo, instalar-se comercialmente etc. Suponhamos por exemplo que o proprietário do imóvel A nele instale uma fábrica que solta fumaça e fuligem, e o proprietário do imóvel B aí se estabeleça com uma lavanderia. Entre esses dois estabelecimentos comerciais, ambos situados num bairro industrial e exercendo atividades lícitas, surge um conflito. Se o proprietário do imóvel A mantiver em funcionamento sua fábrica, a lavanderia do imóvel B não poderá funcionar. 
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Consideremos, por último, o caso de dois condôminos residentes no mesmo prédio, um no apartamento 201 e o outro no andar imediatamente superior, no apartamento 301. Cada qual poderá também usar seu imóvel como bem lhe convier. 
Um belo dia, entretanto, o imóvel do andar superior começa a apresentar vazamento no imóvel inferior: umedece as paredes, danifica os móveis, prejudica o conforto dos que nele residem. O condômino prejudicado procura o proprietário do imóvel superior por várias vezes, coloca-o a par da situação, solicita-lhe uma providência, mas este, embora prometa resolver o problema, na verdade nada faz. Este tipo de conflito, muito constante nas grandes cidades, onde há uma infinidade de condomínios, é característico da atividade de concorrência. 
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Evite brigas
Saiba como dialogar com o vizinho sobre alguns problemas que podem afetar a convivência
Muros – Os muros são de responsabilidade de ambos os vizinhos, tanto para a construção quanto para a conservação, segundo o Código Civil, artigo
1.297, parágrafo 1º.
Árvores – A raiz está no terreno alheio, mas os galhos incomodam, entopem a calha do imóvel vizinho. É possível pedir a poda rente a divisória, de acordo com o Código Civil, artigo 1.283. Em casos que prejudicam a segurança dos moradores é permitido o corte da árvore, mesmo de espécies protegidas.
Frutos - Se o fruto da árvore do vizinho cair no terreno alheio, este passa a pertencer ao dono do terreno em que caiu, segundo o Código Civil, artigo 1.284.
Animais de estimação – Os animais são de responsabilidade do dono. Se o pet invade o terreno alheio constantemente, talvez seja o caso de negociar a construção de um muro, colocação de grades ou tapumes, de acordo com o Código Civil, artigo 1.297, parágrafo 3º.
Lixo – Os lixos devem ser deixados em uma altura que não permita que animais alcancem. Não há limitação para o lado em que a lixeira deve ser posta, se é no meio ou no lado direito ou esquerdo da frente da casa.
Infiltrações nos apartamentos – Cuidado ao acusar o vizinho mais próximo em caso de infiltrações. Nem sempre o problema vem do imediato, mas de andares mais acima. Nestes casos vale chamar um técnico para constatar de onde vem a infiltração.
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Sobre o tema, Paulo Nader pondera com propriedade: “O conflito se faz presente a partir do impasse quando os interesses em jogo não logram uma solução pelo diálogo e as partes recorrem à luta, moral ou física, ou buscam a mediação da justiça. Podemos defini-lo como 
oposição de interesses, entre pessoas ou grupos, não conciliados pelas normas sociais. No conflito a interação é direta e negativa. O Direito só irá disciplinar as formas de cooperação e competição onde houver relação potencialmente conflituosa.” Conclui o prestigiado autor: “Os conflitos são fenômenos naturais à sociedade, podendo-se até dizer que lhe são imanentes. Quanto mais complexa a sociedade, quanto mais se desenvolve, mais se sujeita a novas formas de conflito e o resultado é o que hoje se verifica, como alguém afirmou, em que o maior desafio não é o de como viver e sim o da convivência” 
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Todos os conflitos que podem surgir na vida social são redutíveis a um desses tipos: conflitos de cooperação, os que ocorrem na atividade de cooperação, e conflitos de concorrência, os que se verificam na atividade de concorrência. O que determina a natureza do conflito é a natureza da atividade. 
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FUNÇÃO PREVENTIVA DO DIREITO 
O conflito gera o litígio e este, por sua vez, quebra o equilíbrio e a paz social. A sociedade não tolera o estado litigioso porque necessita de ordem, tranqüilidade, equilíbrio em suas relações. Por isso, tudo faz para evitar ou prevenir o conflito, e aí está a primeira e principal função social do Direito - prevenir conflitos: evitar, tanto quanto possível, a colisão de interesses. 
Muita gente acredita que o Direito tem um caráter essencialmente repressivo, mas na realidade assim não é. O Direito existe muito mais para prevenir do que para corrigir, muito mais para evitar que os conflitos ocorram do que para compô-los. 
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Superar um conflito de interesses é aquilo que chamamos composição. E aí está a segunda grande função social do Direito: compor conflitos. 
Em que consiste a composição de um conflito? 
Não consiste em fazer desaparecer o conflito, porque isso, como já vimos, é impossível. Não se pode evitar o conflito, por mais que se procure preveni-lo. 
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	CRITÉRIOS DE COMPOSIÇÃO DE CONFLITOS 
1) Critério da composição voluntária; 
2) Critério autoritário; 
3) Critério da composição jurídica. 
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 O Critério da Composição Voluntária 
É aquele que se estabelece pelo mútuo acordo das partes. Surgindo o conflito, as partes discutem entre si e o resolvem da melhor maneira possível, quase sempre atentando para os próprios deveres e obrigações estatuídos pelas normas do direito. O estudante, por exemplo, entra numa livraria e compra um livro. Ao chegar em casa observa que lhe faltam algumas páginas; volta à livraria, reclama ao vendedor e este, imediatamente, substitui o livro defeituoso por outro perfeito. Houve um conflito de interesses - resolvido por meio da composição voluntária. 
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A mais moderna legislação processual no mundo todo tem estimulado a composição voluntária como forma de aliviar a sobrecarga do Judiciário. 
No Brasil, a Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95) prevê expressamente (arts. 21 a 24) uma fase de conciliação, conduzi da via de regra por conciliadores, antes da causa ser submetida ao julgamento do juiz togado. O Código de Processo Civil também estabelece uma audiência prévia de conciliação tanto no procedimento sumário (arts. 277/278) como no ordinário (art. 331). 
Temos ainda a Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/96), da qual poderão valer-se todas as pessoas capazes de contratar para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. A conciliação e a arbitragem não são, a rigor, formas puras de composição voluntária, uma vez que sempre contarão com a interferência de um terceiro - o conciliador ou o árbitro. São, todavia, formas mistas que estimulam e valorizam a participação dos litigantes na composição do conflito. 
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O Critério Autoritário 
Por esse critério, cabe ao chefe do grupo - Rei, Cacique, Senhor etc., o poder de compor os conflitos de interesses que ocorrem entre os indivíduos que se encontram sob sua autoridade. Normalmente a autoridade lança mão do seu foro íntimo, do próprio senso de Justiça, daquilo que a consciência lhe inspira, para desempenhar a tarefa de compor conflitos. 
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Na sociedade de hoje o critério autoritário é ainda utilizado no meio familiar. O chefe da família muitas vezes tem de resolver os conflitos de interesses que surgem entre os seus membros, filhos, parentes, empregados etc., lançando mão de soluções que vai buscar em seu foro íntimo. 
Estes dois critérios, entretanto, são imperfeitos e insuficientes para resolver conflitos de interesses que surgem nas sociedades humanas, quando estas atingem sua forma plenamente evoluída. É aí que se apresenta o terceiro critério, justamente aquele que mais nos interessa. 
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O Critério da Composição Jurídica e suas Características 
Em suma, para que a composição seja jurídica, tem que ser realizada através de um critério anteriormente estabelecido e perfeitamente enunciado para conhecimento de todos, que atenda à universalidade dos casos que se apresentarem dentro do mesmo tipo. 
Destacamos as duas principais funções que o Direito realiza na sociedade. A primeira é a de prevenir conflitos, que podem ocorrer tanto nas atividades de cooperação como nas de concorrência. Isto ele faz através do adequado disciplinamento das relações sociais. A segunda é a de compor conflitos, que acabam por ocorrer não obstante toda prevenção exercida pelo direito, e isto ele faz através do critério jurídico. 
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A Função Social do Direito na Atual Ordem Jurídica Brasileira 
A função social do Direito é consagrada no novo Código Civil no seu art. 422 ao dispor que a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Temos ali uma cláusula geral a ser observada em todo e qualquer contrato, dos mais simples aos mais complexos, e que altera substancialmente o conteúdo da atividade contratual. Exige dos contratantes uma postura mais humana, menos individualista, inaugurando um novo tempo no mundo negocial. Quem contrata não mais contrata apenas com quem contrata; contrata também com a sociedade. Na jornada de Direito Civil promovida pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal foi proposta a seguinte interpretação para esse dispositivo: “A função social do novo Código Civil não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio, quando presentes interesses metaindividuais ou interesse relativo à dignidade da pessoa humana”
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Em conformidade com a Constituição, como não poderia deixar de ser, o § lº do art. 1.228 do novo Código Civil submete o exercício do direito de propriedade à sua função social. “O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais”... Ao falar em finalidade social o diploma civil refere-se ao destino social da coisa, seu estado normal de servir ao ser humano. 
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Mediação conciliação e arbitragem 
Na conciliação, o terceiro não interessado promove entendimentos entre as partes, para que estas cheguem a solução mutuamente satisfatória, mediante transação. Já na mediação o mediador atua de modo a aproximar as partes, inclusive propondo diversas soluções , procurando convencer ambas as partes de conveniência de acolherem uma das propostas e encerrarem o litígio, portanto, na mediação, o papel do terceiro é mais ativo do que na conciliação.
Pela lei brasileira, somente litígios acerca de direitos patrimoniais disponíveis podem ser solucionados pela arbitragem. 
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O que se evidencia, com os exemplos citados, é que a socialidade não se resume a uma disposição abstrata, mas a um princípio que modernamente alimenta toda a nossa ordem jurídica.
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CASO 1 
TEXTO 1 - Mediação, conciliação e arbitragem são soluções diferentes para os conflitos. Embora ainda usados impropriamente como sinônimos, a mediação, a conciliação e a arbitragem são conceitos diferentes. No procedimento de mediação, o mediador visa restabelecer o diálogo entre as partes. De acordo com Eliana Tenório, sócia fundadora do TAAB (Tribunal de Alçada Arbitral Brasileiro), o mediador está voltado para a relação entre os envolvidos. Na mediação, quem decide são as partes envolvidas na disputa. “Dois irmãos brigam por causa de uma cadeira. Nesse caso, o mediador, através de técnicas de abordagem, percebe que restaurar a relação entre os irmãos é o principal ponto, tratar o conflito entre eles e depois buscar a solução para a cadeira”, diz. 
Na conciliação, as partes já se polarizaram sobre a questão, há a identificação clara do problema que deve ser resolvido. A parte já tem o objeto, por exemplo: empregado e empregador discutem o pagamento de verbas trabalhistas. As partes querem obter um bom acordo, definir o quanto e de que forma será feito o pagamento. A solução do conflito é o objetivo do conciliador, ele busca os termos de como será cumprido o acordo. 
A arbitragem surge no momento em que as partes não resolveram de modo amigável a questão. Trata-se de um procedimento de natureza contenciosa e informal. O árbitro decide a controvérsia, um especialista sobre o tema avalia a situação e profere sua decisão. Em geral, o árbitro é eleito pelas partes ou indicado pela câmara arbitral porque tem um grande conhecimento sobre o assunto tratado (Notícias do Última instância. Disponível em  http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/31063.shtml). 
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TEXTO 2 - O Advogado e a Arbitragem: Aceitação da Inovação no Mundo Jurídico. A imagem criada pela sociedade do "bom advogado" vem contaminada. As partes buscam mesmo que inconscientemente uma pessoa de certa idade, de vestimenta séria e impecável sentada atrás de uma mesa repleta de livros ultrapassados, já amarelados pelo tempo. Pura ilusão tradicionalista. (...) Neste sentido assevera Dalmo de Abreu Dallari: "Assim o Judiciário envelheceu e o que muitos, dentro dele, veneram como tradições, não passa de sinais de velhice".
Na tentativa de desatravancar tais paradigmas certas mudanças legislativas são tomadas. Uma delas foi a regulamentação da arbitragem, pretendendo ser assim uma solução à estagnação do Judiciário. Porém, para que a sociedade a conheça e que tal procedimento ganhe força, cabe ao advogado abrir-se para as exigências mercadológicas de trabalho e aceitar o novo, agindo na busca de conhecimento e tendo flexibilidade para adaptação à novidade. É necessário que ele conheça seus critérios para que possa expor com segurança qual o melhor caminho a ser seguido pela parte: se vale a pena a proposição de uma ação judicial ou a discussão de decisão arbitral. Do mesmo modo que sua participação é essencial à Justiça, o advogado é essencial ao procedimento arbitral, propiciando maior técnica jurídica à defesa das partes, além da fiscalização da atuação dos árbitros.
A advocacia é uma profissão particularmente permeável aos  indicadores de mudanças sociais.  O advogado  deve estar preparado para o futuro. Neste encontro determinístico, ele tem que estar pronto para enfrentar os novos desafios (adaptado de ZABIN, Andirá Cristina Cassoli. Disponível em http://www.sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/170507.pdf).
a) De acordo com o exposto no texto 1, responda: qual é a diferença entre conciliação e mediação?
b) Que espécies de litígios podem ser solucionados por arbitragem? 
c) Explique a revisão de paradigmas de Justiça de que fala o texto 2, com o novo 
+ do advogado que esses modelos exigem.
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QUESTÃO OBJETIVA
Banco é punido por demorar a atender cliente. As longas filas e a demora para atendimento nos bancos continuam gerando polêmica. O Banco A.R. foi condenado pela Justiça do Rio a pagar R$ 1.350,00 por danos morais a L. M.. Motivo: por três vezes, ele foi a uma agência de Petrópolis, em 2006, e teve de esperar por quase uma hora para ser atendido. (...). O voto do juiz Flávio Citro Vieira de Mello, relator do recurso, apontou a violação da Lei Estadual 4223/2003, que estabelece limite de 20 minutos de espera em fila de atendimento, e foi acompanhado pelos juízes Ricardo Andrade e Eduarda Souza Campos (Disponível em www.tjrj.gov.br,  27.04.2007).
 
No que diz respeito ao caso em tela, uma vez instaurado o conflito, qual foi a via eleita pelas partes para compô-lo?
a) Conciliação
b) Mediação
c) Voluntário
d) Judicial
e) Autoritário
04 web aula SJJ.ppt
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MONISMO E PLURALISMO JURÍDICO 
Web aula 4 S.J.J.
Luciano Stodulny
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Estado
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TEORIAS FUNCLONALISTAS E TEORIAS DO CONFLITO SOCIAL 
As principais teorias da sociologia moderna são de tipo macrossociológico. Trabalhar na perspectiva macrossociológica significa não se interessar principalmente pela interação entre indivíduos e pequenos grupos (microssociologia), mas examinar a sociedade como um todo, ou seja, como um complexo sistema de vida, constituído através de relações entre pessoas e grupos. Duas são as principais correntes de teorias macrossociológicas; as teorias funcionalistas e as do conflito social.
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	Os funcionalistas consideram a sociedade como uma grande máquina. Esta distribui papéis e recursos (dinheiro, poder, prestígio, educação) aos seus membros, que são identificados como as “peças da máquina”. A finalidade da sociedade é a sua reprodução através do funcionamento perfeito dos seus vários componentes. Isto pressupõe que os indivíduos sejam integrados no sistema de valores da sociedade e que compartilhem os mesmos objetivos, ou seja, que aceitem as regras sociais vigentes e se comportem de forma adequada às mesmas.
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Para os funcionalistas, as funções sociais são atividades das estruturas sociais dentro do processo de manutenção do sistema. As disfunções são atividades que se opõem ao funcionamento do sistema social. Toda mudança social radical é uma disfunção, uma falha do sistema, que não consegue mais integrar as pessoas em suas finalidades e valores.
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Aqui se encontra o ponto mais fraco das teorias funcionalistas. Estas consideram a sociedade como um sistema harmônico e interpretam qualquer conflito e qualquer crise como uma disfuncionalidade, como uma manifestação de patologia social. Em outras palavras, os funcionalistas adotam um modelo de equilíbrio e estabilidade social, que concede muito pouco espaço aos processos de ruptura, de conflito e de mudança radical. Assim o funcionalismo é criticado como
uma teoria estática, que não consegue interpretar os processos sociais fundamentais, limitando-se a uma descrição superficial.
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As teorias do conflito social (marxistas e liberais) opõem-se às teorias funcionalistas. Em geral, as teorias do conflito entendem que na sociedade agem grupos com interesses estruturalmente opostos, que se encontram em situação de desigualdade e em luta perpétua pelo poder.
 Assim sendo, as teorias do conflito consideram como nexo principal da sociedade a coação e o condicionamento ideológico, que exercem os grupos de poder sobre os demais. Para estas teorias, as crises e as mudanças sociais são fenômenos normais da sociedade, ou seja, expressões concretas de uma contínua luta de interesses e opiniões, que objetiva a mudança da estrutura social. A estabilidade social é considerada como uma situação de exceção, ou seja, como um caso particular dentro do modelo de conflito.
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O fundamento das teorias do conflito é exprimido pela famosa frase inicial do Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels; “A história de todas as sociedades até hoje é a história da luta de classes”. De uma forma geral, os teóricos do conflito explicam o funcionamento social através da hipótese da estratificação social. A hierarquia social que existe nas sociedades modemas cria uma desigualdade no acesso ao poder e aos meios econômicos. Conseqüência desta situação é a existência de contínuos conflitos. Os marxistas distinguem, como dado fundamental, a existência de duas classes, os liberais analisam a atuação de vários estratos e elites sociais. Ambos consideram, porém, o conflito como a “lei” principal da história social.
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Podemos dizer que, na nossa época, reapareceu o fenômeno do pluralismo dos ordenamentos jurídicos? No âmbito da sociologia jurídica encontramos uma forte corrente que sustenta esta tese (“juridicidade policêntrica”). Os seus adeptos adotam um conceito sociológico do direito, muito mais vasto do que o conceito do positivismo jurídico, que identifica o Direito com o Estado. Esta opção teórica foi exprimida pelo sociólogo do direito francês Jean Carbonnier (1908-), em forma de um teorema: “o direito é maior do que as fontes formais do direito”. 
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Isto significa que, na perspectiva sociológica do pluralismo jurídico, o direito não depende da sanção do Estado, ou seja, não se encontra exclusivamente nas fontes oficiais do direito oficial-estatal (constituição, leis, decretos). O direito é considerado como manifestação de eficácia de um sistema de regras e sanções, que podem ser observadas na prática social e na consciência dos indivíduos: “Sendo embora o direito estatal o modo de juridicidade dominante, ele coexiste na sociedade com outros modos de juridicidade, outros direitos que com ele se articulam” (Santos, 1986, p. 27). Poderíamos, por exemplo, estudar no Brasil, além do direito oficial, as normas de comportamento e as sanções aplicadas no âmbito de vários grupos ou organizações sociais: prisões, igrejas, comunidades indígenas, “direito dos coronéis”, “direito do cangaço”, “direito das multinacionais” etc.
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Podemos tomar como exemplo os estudos do sociólogo do direito português Boaventura de Sousa Santos sobre o pluralismo jurídico: 
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	direito doméstico: relaciona-se com o patriarcado, que é o poder exercido pelos homens no espaço doméstico; 
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	direito da produção: relaciona-se com a exploração, que é o poder exercido no espaço da produção, onde os trabalhadores são explorados pelos detentores dos meios de produção;
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	direito da troca comercial: relaciona-se com a alienação, que é a forma de poder que direciona o comportamento das pessoas manipuladas pela propaganda e submetidas aos valores do consumismo no espaço das trocas comerciais;
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	direito da comunidade ou dos grupos sociais: relaciona-se com a diferenciação desigual, que é uma forma de poder exercida no âmbito das várias comunidades através da exclusão daqueles considerados “estranhos”. O exercício deste poder se manifesta na discriminação dos “diferentes” (por exemplo, dos homossexuais, dos mendigos); 
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	direito estatal: relaciona-se com a dominação, que corresponde ao exercício do poder político do Estado; O direito das relações internacionais ou sistêmico: relaciona-se com a troca desigual, devida ao poder exercido pelos países mais fortes nas relações internacionais (Santos, 2000, pp. 284-303, 314-319).
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Diante do fenômeno da migração de populações em todo o planeta, o direito estatal perde sua unidade. Deve respeitar a diferença de crenças, costumes e necessidades das comunidades que convivem sob um mesmo território. O direito não deseja mais “assimilar” as pessoas à cultura dominante e abre espaço para o reconhecimento jurídico de um “direito à diferença”.
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	Outra concepção do pluralismo jurídico interessa diretamente a sociologia jurídica, na sua vertente empírica. Encontra-se nas pesquisas de campo sobre o “direito informal”, o “direito do povo” e o funcionamento de sistemas jurídicos relativamente autônomos, no seio de várias instituições sociais (igrejas, sindicatos, associações profissionais e desportivas, empresas).
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Crítica do pluralismo jurídico
A tese do pluralismo jurídico encontra uma objeção de tipo lógico: ou devemos admitir que o direito informal é reconhecido pelo Estado, ou devemos dizer que este reconhecimento não existe (Carbonnier, 1979, pp. 220-222; Papaehristou, 1984, pp. 103-104). 
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Estado
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MANUAL DE SOCIOLOGIA JURÍDICA
Introdução a uma leitura externa do direito
ANA LUCIA SABADELL
Lição 5- LEGITIMIDADE E DIREITO. O DIREITO COMO FATOR DE CONSENSO SOCIAL
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Aplicação Pratica Teórica
CASO 1 
Rocinha cresce na vertical. “Mais de um terço dos imóveis na Rocinha  são prédios com dois ou mais andares e quase a metade não tem qualquer documentação. Os números constam de uma pesquisa realizada pela Fundação Bento Rubião, responsável pelo programa de regularização fundiária da comunidade,  que entrevistou mil moradores entre dezembro e março... A falta de documentação sobre o espaço de cada um torna-se um agravante. Do total de entrevistados 44% não tem qualquer documentação sobre o imóvel em que vivem e apenas 1% tem escritura definitiva. Entre as pessoas que moram de aluguel (11% dos entrevistados), 81% não tem contrato de locação e 54%, sequer recibos de pagamento... Na ausência do poder público, a maior associação de moradores da favela, a União Pró-Melhoramentos dos Moradores da Rocinha, acabou se transformando numa espécie de cartório, já tendo cadastrado um terço das moradias da comunidade.  Hoje quando a uma família precisa, por exemplo, fazer um inventário, a Justiça manda ofício direto para a Associação de Moradores (Jornal O Globo, 04/11/07).
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a)                Com relação ao grupo social que cria as regras de conduta, o texto acima expressa uma visão monista ou pluralista do Direito? Justifique.
b)                A situação narrada no texto em termos do  estabelecimento de regramentos de conduta é distinta da produção de normas como prerrogativa do Estado. Analise a pertinência desta forma peculiar de produção normativa tendo como ponto de vista as populações afetadas.
c)                Que distinção os adeptos do monismo jurídico fazem entre “pluralismo normativo” e “pluralismo jurídico”? Para responder esta questão, leia o texto de Renato Bray indicado na bibliografia complementar.
d)                Que relação este autor estabelece entre teoria crítica, positivismo, monismo e pluralismo? 
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QUESTÃO OBJETIVA
Assinale a alternativa correta e justifique sua escolha.
“Aos olhos de uma Teoria Crítica, reconhece-se a existência de um Direito não oficial que emerge das práticas sociais, um Direito "paralelo", "achado na rua" ou
"insurgente". Nessa linha de raciocínio, o Direito é legítimo não em função da autoridade competente ou dos mecanismos procedimentais do Estado quanto à criação das normas, mas é válido porque a comunidade reconhece como tal. Assim, a Comunidade Local, a exemplo da Associação dos Moradores de Bairro de uma favela, não só reconhece a legitimidade das normas informais, mas também as aplicam, solucionando, dessa forma, os conflitos” (BRAY, Renato Toller. Um estudo sobre a relação entre a teoria jurídica crítica e o pluralismo jurídico. Disponível em http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7503).
Esta situação nos revela uma problemática relacionada aos seguintes fenômenos, EXCETO:
(a)   a negação de que o Estado seja a fonte única e exclusiva de todo o Direito. 
(b)   uma visão antidogmática e interdisciplinar que advoga a supremacia de fundamentos ético-sociológicos sobre critérios tecnoformais. 
(c)   a teoria do monismo jurídico       
(d)   minimiza-se ou exclui-se a legislação formal do Estado e prioriza-se a produção normativa multiforme de conteúdo concreto gerada por instâncias, corpos ou movimentos organizados semi-autônomos que compõem a vida social.
(e)   a teoria do pluralismo jurídico 
05 web aula SJJ2.ppt
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PODER LEGISLATIVO E DISTRIBUIÇAO DA ORDEM JURÍDICA 
Web aula 5 S.J.J.
Luciano Stodulny
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TRIPARTIÇÃO DO PODER DO ESTADO
CAPITALISMO
REVOLUÇÃO BURGUESA
PODER JUDICIÁRIO
 PODER LEGISLATIVO 
 PODER EXECUTIVO
Soberania Popular
 Construção política que visa impedir a concentração de poder e preservar a liberdade das pessoas contra abusos dos governantes. 
 Autonomia e independência entre os poderes para garantir o equilíbrio do Estado
ESTADO ABSOLUTO
(Governantes Absolutos)
ESTADO MODERNO
Governantes com poderes delegados
FUNÇÃO PÚBLICA
(Realização do interesse público)
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DEMOCRACIA
REPRESENTATIVA (Representantes eleitos pelo povo)
 
 DIRETA
 (Grécia antiga – decisões do povo 
 em praça pública) 
 PODER LEGISLATIVO 
(Soberania popular garantida pelo direito de fazer as leis)
CIDADANIA
(direito de participação, expressão, escolha, liberdade, etc.)
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O Sistema Político da Constituição de 1988
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Presidente da República
Vice
Secretarias
Ministérios
Autarquias
Fundações
Estatais
Forças Armadas
Exército
 Marinha
 Aeronáutica
Poder executivo
Poder 
legislativo
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Camara dos Deputados
513 deputados
Senado 
Federal
81 Senadores
Poder legislativo
Congresso Nacional
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O Poder Legislativo em nosso País divide-se em três esferas, a saber: 
1) Federal - composto pela Câmara dos Deputados e Senado Federal (adotamos o sistema bicameral), que em conjunto formam o Congresso Nacional; 
2) Estadual - formado pela Assembléia Legislativa de cada Estado; 
3) Municipal - Câmara de Vereadores de cada Município. 
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	O Poder Legislativo Federal, através dos Deputados Federais e Senadores, elabora leis para todo o território brasileiro (leis federais), sendo assim responsável pela declaração e modificação da ordem jurídica nacional. O Poder Legislativo Estadual só elabora leis para o âmbito territorial de cada Estado e, mesmo assim, com relação àquelas matérias que não são da competência privativa da União. Por sua vez, a Câmara Municipal de Vereadores fica restrita aos limites do seu Município e às matérias de sua competência. 
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Entre as funções públicas, a de legislar é sem dúvida a mais importante, porque dela emanarão leis a vigorar para todo o grupo social. Se para o exercício das mais simples funções é necessário ter a pessoa certa no lugar certo, por maior razão é preciso que o legislador seja alguém preparado para o exercício dessa função e escolhido mediante criterioso processo seletivo. 
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Eleição dos Legisladores 
Hoje não mais se admite qualquer discussão sobre as vantagens de qualquer outro processo seletivo dos legisladores que não seja o da votação popular, visto estar consagrado em todas as sociedades democráticas o sistema da eleição direta para tal fim. E nem poderia ser diferente, já que a função legislativa é exercida por delegação do povo, àqueles que foram escolhidos como seus mandatários ou legítimos representantes. Assim sendo, as questões mais relevantes sobre este ponto consistem apenas em saber como evitar as distorções que têm ocorrido nas eleições diretas, de modo a tomar possível a escolha dos melhores. 
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Com efeito, ninguém mais desconhece que o processo de seleção dos membros do Legislativo está a exigir urgente aprimoramento. Lamentavelmente, a eleição direta não tem produzido os efeitos desejados, não porque o brasileiro não saiba votar, como afirmou há algum tempo determinado político, mas sim pelas distorções que se verificam na sua execução. É notório, por exemplo, que ainda temos currais eleitorais no interior; a manipulação da opinião pública pelos órgãos de comunicação nas grandes cidades; a eleição conquistada em troca de facilidades, empreguismo e outros interesses econômicos; o voto vinculado a pequenas vantagens materiais, até distribuição de alimentos, em áreas de grande pobreza: a máquina eleitoral reelegendo os mesmos parlamentares a cada nova legislatura, a despeito de nada terem feito ao longo de muitos anos de vida pública; o poder econômico pesando em favor deste ou daquele candidato, financiando sua milionária campanha e comprando adesões.
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Fala-se muito na reforma política e ela é realmente necessária. Não, entretanto, uma reforma parcial, casuística, destinada exclusivamente a assegurar a vitória àqueles que já se encontram no poder, como tem sido feito às vésperas de cada nova eleição. É preciso uma reforma de base, profunda, verdadeira, séria, destinada a realmente aprimorar o sistema existente. 
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É correto o parlamentar se sentir dono do mandato se para eleger-se precisou de votos da legenda do partido pelo qual concorreu às eleições? E não são poucos os que necessitam do voto de legenda. Nas contas das últimas eleições, apenas 28 deputados federais tiveram votação suficiente para se eleger sozinhos. Ou seja, todos os outros estão na Câmara Federal graças à legenda. E a injustificável curiosidade dessa questão está em que o partido de oposição que condenava a troca-troca de partido com veemência, passa a incentivá-Ia e dele se beneficiar tão logo chega ao poder! 
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Que sistema permitiria eliminar os inconvenientes e distorções inevitáveis no atual sistema político? 
Uma das soluções apontadas seria a adoção do voto distrital misto, sistema utilizado com sucesso em alguns países. Pelo voto distrital misto os Estados são divididos em regiões e somente uma parte dos candidatos, geralmente a metade, é eleita por votação majoritária, sendo que a outra metade (ou fração estipulada em lei) é escolhida pelo sistema proporcional que, por sua vez, pode ser de votação uninominal (cada partido indica seu candidato para escolha do eleitorado), ou votação plurinominal, também chamado de sistema de lista, em que cada partido apresenta aos eleitores sua lista de candidatos. As listas podem ser fechadas ou abertas. 
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 Para Carvalho, “o sistema distrital uninominal incentiva o paroquialismo, como nos Estados Unidos, onde os políticos locais não têm responsabilidade sobre as verbas. Se cada um for maximizar o beneficio para o distrito, você projeta os interesses difusos
da sociedade e provoca uma espiral de gastos. Com o distrital misto podemos ter aqui o pior dos dois mundos: dar à oligarquia partidária o domínio sobre a lista, e ao mesmo tempo contemplar o paroquialismo que já existe”. 
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O Papel Desempenhado Pela Justiça Eleitoral 
Justiça seja feita à Justiça Eleitoral Brasileira. O voto eletrônico, a informatização da apuração das eleições, a organização do pleito e outras medidas administrativas adotadas fizeram da nossa última eleição um modelo para o mundo todo. No dia do pleito milhões de brasileiros, jovens e velhos, cultos ou não, compareceram ordeiramente às urnas em todo o país, mesmo nos lugares longínquos e de difícil acesso, e conseguiram depositar o seu voto. Horas depois os resultados foram proclamados no Brasil todo, sem fraude, sem questionamentos, sem impugnações. Foi um espetáculo democrático, de civismo e cidadania. Dessa forma a Justiça Eleitoral Brasileira deu sua decisiva contribuição para o aprimoramento do sistema político vigente, não obstante as suas conhecidas deficiências. 
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Prossegue a Justiça Eleitoral nessa importante tarefa promovendo recadastramento dos eleitores e reivindicando debate mais profundo sobre a legislação eleitoral. O Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, recadastrou os eleitores em 24 municípios nos quais constatou desproporção entre o número de eleitores e de habitantes. A proporção estava acima de 70% da população, o que indicaria a existência de eleitores fantasmas. Promove também debate sobre o financiamento público da campanha eleitoral. A experiência demonstra que se não há financiamento público, o candidato vai à luta buscar quem banque sua campanha, assumindo compromissos políticos com os mais variados e questionáveis seguimentos sociais. Uma vez eleito, não deve nada ao partido. E assim sendo, não existe fidelidade partidária, nem como prestar contas dos gastos com a campanha. 
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O Presidente do Tribunal Regional Eleitoral no Rio de Janeiro, Desembargador Marcus Faver, em entrevista ao jornal O Globo (26.12.2003) disse que a prestação de contas que o candidato faz dos gastos com a campanha eleitoral é uma palhaçada. “A legislação é quase risível. Se o candidato é derrotado, a prestação não vale nada. Ele pode ser candidato novamente mesmo com as contas rejeitadas. Se as contas forem julgadas depois da diplomação (e não há tempo para que sejam julgadas antes), também não tem nenhum efeito. Um verdadeiro faz-de-conta esse negócio de prestação de contas que não tem sentido objetivo.” 
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Alfredo Storni para a Revista Careta, 1927 
No Brasil o sistema de escolha de Legisladores se dá através do voto livre, direto, secreto e  obrigatório para maiores de 18 anos. 
a) Aponte pelo menos duas distorções (além da mencionada na charge) que este processo pode apresentar. R: Nepotismo; investimento para campanha; favorecimento de grandes partidos; currais eleitorais; voto pela utilização visível influenciado pela mídia; distorção do nº de senadores (por estado e não por habitantes).
b)       Considerando que os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário são independentes e harmônicos entre si, explique o papel exercido pelo Poder Judiciário com relação ao sistema eleitoral brasileiro. R: definir a regra, fiscalizar, e punir. A pena porem ainda é branda.
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Caso 2 
	Reforma política deve começar pela reforma eleitoral, defende o Presidente do STJ. A legislação eleitoral brasileira deve ser atacada no primeiro instante em que o Congresso Nacional se debruçar sobre a reforma política. Essa é a opinião do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, após o anúncio feito pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, quanto ao propósito de tocar a reforma política junto ao Poder Legislativo. O ministro Vidigal defende uma legislação eleitoral mais severa para que se possam punir de fato os maus políticos. "A legislação eleitoral precisa ser mais dura. O direito eleitoral é o direito fundamental para a democracia. É a partir dele que vamos prover os cargos públicos para a gerência do Estado com base na confiança popular. Se essa confiança é deturpada, é viciada por fraude ou por abuso de poder político e econômico, a democracia já começa a ser enfraquecida na origem, que é a base de sua legitimidade. Então, as decisões judiciais eleitorais punindo os transgressores, os que abusam dos direitos que são tutelados pela Constituição, têm que ter eficácia imediata. Mas isso no Brasil é teatrinho. É para inglês ver. Pois, quando a punição se realiza, o mandato já acabou", disse o ministro. 
	Para o presidente do STJ, a situação política atual do Brasil é de "um presidencialismo enfraquecido e um parlamentarismo de fato. E o que é ruim é que, nesse parlamentarismo, o parlamento não pode ser dissolvido para convocar nova eleição. Então, nós precisamos rediscutir a questão. Ou o presidencialismo é aquele do modelo proposto a partir da Constituição de 1946, ou seja, seguindo o parâmetro originário que foi o presidencialismo americano, ou não podemos ficar nesse hibridismo. Um presidencialismo em que o presidente fique refém do parlamento e um parlamento que não pode ser dissolvido", afirmou o ministro Vidigal (adaptado de http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao, 6/09/2005).
	Com base no texto acima, explique a diferença entre reforma eleitoral e reforma política. Cite algumas das propostas da reforma eleitoral e da reforma política.
Voto distrital, financiamento de campanha político eleitoral, impressão do comprovante do voto, biometria total, biometria em qualquer lugar, 
06 web aula SJJ.ppt
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PAPEL SOCIAL E POLÍTICO DO PODER JUDICIÁRIO 
Luciano Stodulny
Sociologia Geral e Juridica web aula 6
professor: Luciano Stodulny email: lucianostodulny@gmail.com
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. PODER JUDICIÁRIO – É o órgão com a atribuição de administrar a Justiça. É formado por um conjunto de autoridades com o poder de julgar. Representa, portanto o Estado, na missão de aplicar as leis, vigiar sua execução e reparar violações às relações jurídicas. A autoridade competente é o JUIZ, também conhecida como Magistrado, pessoa investida no cargo, por concurso público, com competência e jurisdição, limites de sua atuação, com o fim de julgar – dar uma sentença ou ordem judicial. Quando se fala em JUSTIÇA refere-se à organização judiciária que recebe denominações próprias às finalidades. 
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Perfil da Magistratura no Brasil: 1995 –2005
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A magistratura brasileira hoje: Perfil demográfico e sociológico
A recente pesquisa atesta que, em linhas gerais, o magistrado brasileiro típico é do gênero masculino; de cor branca; com média de idade de 50 anos (44,4 anos dentre aqueles em atividade); casado, com filhos; proveniente de família com mais de um filho; filho de pais com escolaridade inferior à sua; formado em Faculdade de Direito Pública.
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	A média de idade dos magistrados em atividade é maior entre os homens (45,3 anos, enquanto a das mulheres é de 42,3 anos). A ampla maioria (80,8%) é casada, sendo que solteiros e separados/divorciados apresentam igual proporção (8,8%). Além disso, em regra, os entrevistados possuem cônjuges com semelhante nível de instrução formal, dos quais 71,6% apresentam diploma superior – número que cresce dentre aqueles em atividade (78,8%). A mobilidade geográfica é baixa: 69,2% dos entrevistados são magistrados na mesma unidade da federação em que nasceram. Menos de um quinto dos entrevistados leciona em faculdades de Direito públicas, faculdades privadas, Escola da Magistratura ou outras instituições.
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 	A pesquisa indica, ainda, mobilidade social e democratização na composição da coletividade de magistrados, em virtude de 32,3% dos pais dos entrevistados
não chegarem a ter ensino fundamental completo – embora o corte aposentados / ativos mostre grande aumento no percentual de pais com nível superior (17% versus 38,6%).
	Apenas 17,8% possuíam mães com nível superior, com grande discrepância entre aposentados e ativos (3% versus 23,2%) – assim como ocorre dentre aqueles cujas mães não tinham instrução formal (18,2% versus 6,8%), desta vez no sentido da redução.
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	Quanto à formação acadêmica, 52,7% obtiveram diploma em faculdades públicas, tendo cursado em média 4,3 anos. 36,6% afirmaram cursar ou terem concluído outro curso de graduação superior. A situação funcional se mostrou relevante no que se refere ao interesse por pós-graduação, menor entre aposentados do que entre ativos nas proporções de diplomados em especialização (31,2% versus 47,2%) e mestrado (11,2% versus 13,3%) – o contrário ocorre com o título de doutor (5,5% versus 3,3%).
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	Quase a totalidade dos magistrados em atividade (96,5%) exerceu alguma outra profissão antes do ingresso na magistratura, o que confirma o caráter não elitista do recrutamento. A democratização e abertura na composição da magistratura é observada no recrutamento exógeno: há maior proporção de magistrados que possuem parentes em carreiras jurídicas no contingente de aposentados do que entre aqueles em atividade, especialmente na própria magistratura (31,1% versus 26,1%) e no Ministério Público (19,3% versus 16,3%). De fato, a pesquisa evidencia que a maior parte dos entrevistados não possui parentes em carreiras profissionais públicas ligadas ao Direito.
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	Percepções e avaliações sobre o sistema de justiça
		Quase a metade dos entrevistados (48,9%) considera muito ruim ou ruim o quesito agilidade do Poder Judiciário. Neste item, Justiça Eleitoral e Justiça do Trabalho receberam as melhores avaliações, enquanto STF e Justiça Estadual receberam mais notas “ruim” / “muito ruim”. Quanto às custas, a avaliação do Judiciário foi um pouco menos negativa (40,9% definiram como muito ruim) sendo que Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho e Justiça Federal receberam as melhores avaliações, ao passo que as avaliações negativas predominaram a respeito da Justiça Estadual. Quanto ao dever da imparcialidade, Justiça Estadual, Estadual e Federal levaram as maiores proporções positivas (59,4%, 53,4% e 48,8%), enquanto o STF se destacou pelo volume de avaliações negativa (31,7%).
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		No tocante à orientação preponderante na tomada de decisões judiciais, a consideração de “parâmetros legais” (86,5%), superou o “compromisso com as conseqüências sociais” (78,5%) e, principalmente, o “compromisso com as conseqüências econômicas” (36,5%). Ainda que a referência à legalidade apareça sempre em primeiro lugar, observa-se uma considerável maior proporção da categoria “compromisso com as conseqüências sociais” nos seguintes estratos: magistrados da ativa (83,8% versus 64,1% dos aposentados), do gênero feminino (88% versus 75,7% dos homens), do 1° grau (80,3% versus 73,1% daqueles de 2ª instância), com até 5 anos de exercício (90,2% versus 64,9% dentre os magistrados com 21 anos ou mais de exercício.
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		Quanto à avaliação da atuação e composição do STF, a avaliação geral é regular (média 5,1), recebendo a pior nota (3,9) o item independência em relação ao Executivo, ao passo que a relação com tribunais superiores foi o campo mais bem avaliado (média 6,5). Magistrados da ativa, do gênero feminino, de menor tempo de exercício profissional e da região Sul demonstraram as apreciações mais críticas. A única forma de composição aprovada é a de indicação “apenas dentre membros da carreira da magistratura” (média 7,8 em grau de concordância).
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 Com relação à atitude frente a temas diversos, o nepotismo é amplamente rejeitado (67,9%), embora mais tolerado dentre homens, magistrados de 2° grau, de maior tempo de atividade (21 anos ou mais), da região centro-oeste e na proporção médio-alto no IDH. Os segmentos mais favoráveis à proibição da contratação de parentes foram mulheres, de 1º grau, com até 5 anos de exercício. 73,4% dos entrevistados concordam com poderes de investigação do Ministério Público, sendo mais a favor aqueles na ativa, mulheres, atuantes no 1° grau e em tribunais, da região sul e do quartil alto. 89,8% apóiam o monopólio da prestação jurisdicional por parte do Poder Judiciário. 
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	A atuação de advogados no âmbito processual é avaliada por aproximadamente metade dos entrevistados como regular nas três áreas questionadas: conhecimento técnico, ética e celeridade processual. A avaliação é mais crítica dentre os que estão na ativa, do gênero feminino e do 1° grau, especialmente nos critérios de ética.
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Considerando-se apenas os magistrados em atividade, a média de idade observou um pequeno acréscimo (de 42,4 anos, em 1995, para 44,4 anos, em 2005), contrariando a tendência de juvenilização anteriormente observada. O relativo envelhecimento do corpo de magistrados também se observou pela queda no contingente abaixo dos 30 anos (de 11,6% para 5,4%).
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	Em 1995, 83% dos juízes apontavam que o “Poder Judiciário não é neutro” e que “em suas decisões, o magistrado deve interpretar a lei no sentido de aproximá-la dos processos sociais substantivos e, assim, influir na mudança social”. Porém, quase a metade dos entrevistados (46,6%) associava a opção pela não-neutralidade à defesa do Estado de Direito.
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	Diante de todo o exposto, o perfil da magistratura obtido em 2005 ratifica, de um modo geral, a marca da heterogeneidade observada desde a origem social até percepções, opiniões e atitudes dos atores em destaque. Os indícios de estancada na tendência de juvenilização, crescente feminização, sutil incorporação de grupos não brancos e disparidades nas origens familiares, de um lado, além de avaliações bastante críticas de diversos setores do sistema judicial brasileiro e baixo número de propostas consensuais, de outro, constatam mais uma vez o traço dinâmico de uma identidade corporativa em claro processo de abertura (ainda que retardatária) em relação às fortes demandas da sociedade brasileira contemporânea por mudanças e reformas no sentido da consolidação democrática.
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CASO 1 - TJ do Rio instaura procedimento administrativo disciplinar contra juíza de São Gonçalo. O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio, por unanimidade de votos, instaurou ontem procedimento administrativo disciplinar para apurar o envolvimento da juíza Sônia Maria Garcia Leite Machado, titular da 4ª Vara de Família de São Gonçalo, com o inspetor da Polícia Civil Marco Antônio dos Santos Bretas, o Marcão. Apontado como intermediário de propinas pagas pela máfia dos bingos, Marcão foi preso em maio de 2007 durante a Operação Hurricane, da Polícia Federal. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça Federal registraram conversas entre a juíza e o policial. No trecho interceptado, a magistrada teria cobrado o empréstimo prometido. 
A representação judicial foi encaminhada ao Órgão Especial pelo presidente do TJ, desembargador José Carlos Schmidt Murta Ribeiro. O prazo de conclusão do procedimento administrativo disciplinar é de 90 dias e, durante este período, também por decisão do Órgão Especial, a juíza não será afastada das suas funções na Vara de Família de São Gonçalo. Em sua defesa, a juíza Sônia Maria disse que mantém uma relação de amizade com o policial civil, mas que não tinha conhecimento da sua ligação com a máfia dos bingos. Segundo ela, o dinheiro tratava-se de um empréstimo, uma vez que se encontrava em dificuldades financeiras. A magistrada afirmou também que, entre 2000 e 2002, ficou à frente da Vara Criminal de Bangu e, durante esse período, julgou crimes comuns, concedeu autorização para escutas telefônicas, mas nunca proferiu decisão em favor de bingos. O desembargador
Marcus Faver, primeiro a votar pela instauração do processo disciplinar, disse que a apuração dos fatos será feita com total garantia de defesa da magistrada (www.tj.rj.gov.br, 19/08/2008). 
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Diante da notícia, responda as seguintes questões:
a) Quais são as garantias constitucionais inerentes aos magistrados? A magistrada em questão faz jus às mesmas? Em que hipótese pode perdê-las? 
b) Quais são os objetivos sociais das referidas garantias?
c) A juíza em questão exerce a magistratura de 1º ou 2º grau? Como são escolhidos os magistrados deste grau de jurisdição?  
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CASO 2
TEXTO 1 - A extinção do quinto constitucional e a resistência da OAB.  Ao mesmo tempo em que o STJ não vota a lista tríplice dos advogados indicados pela OAB para o preenchimento do quinto constitucional naquele Tribunal, é apresentado Projeto de Emenda Constitucional propondo a extinção do sistema de escolha dos ministros do STF pelo Presidente da República e do sistema do quinto constitucional em todos os Tribunais, além de alterações significativas em todos Tribunais, inclusive no TSE, TREs, TCU e no Ministério Público. Esta investida contra o quinto constitucional foi denunciada pelo presidente da OAB Federal, Cezar Britto, em carta dirigida a todos os advogados brasileiros, na qual afirma: “o gesto do STJ está em grave contradição com o papel institucional elementar de um tribunal, que é o de guardião das leis. A advocacia está perplexa e preocupada com este impasse, que expõe e desgasta o ambiente judiciário(...). A PEC tem um cunho oportunista... O quinto constitucional é um dos maiores patrimônios do Judiciário” (Disponível em: http://www.parana-online.com.br/canal/direito-e-justica/news/313767/, 19/07/2008). 
 
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TEXTO 2 -O Professor DALMO DE ABREU DALLARI, em sua obra “O Poder dos Juízes” considera, in verbis: “Seria mais razoável, e mais condizente com a democracia, permitir que entidades representativas de advogados, juízes e do Ministério Público, bem como os tribunais superiores federais e estaduais, apresentassem sugestões de nomes. Entre os três que obtivessem maior número de indicações, o Presidente da República escolheria um nome para ser submetido à aprovação do Senado. Esse procedimento daria publicidade ao processo de escolha, evitando a premiação de “amigos do rei”, assegurando a legitimidade do escolhido.” (O Poder dos Juízes. São Paulo, Ed. Saraiva, 1996, p. 115).
 
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TEXTO 3 – Prática do Quinto Constitucional vira argumento para nepotismo. Uma corrente de magistrados considera que a raiz do tráfico de influência política e de nepotismo no Judiciário (...) é legitimada pelo artigo 94 da Constituição. (...) Na última eleição municipal, o TER anulou a eleição em Campos, absolveu o ex-governador Anthony Garotinho e Rosinha (de um processo por compra de votos que os tornariam inelegíveis), num voto de Minerva (desempate, decidido pelo ministro Marlan de Moraes Marinho, presidente do TER). em seguida, o irmão dele, Lindolpho de Morais Marinho, foi nomeado desembargador do TJRJ, escolhido por Rosinha Garotinho, conforme a legislação do Quinto Constitucional (Jornal do Brasil, 23/08/2008, p. A11).
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A existência do quinto pode enfraquecer a atuação profícua dos membros do Ministério Público e da advocacia, na medida em que a perspectiva próxima de acesso a um tribuna pode vir a arrefecer um espírito mais combativo no exercício independente daquelas funções, postura essencial ao ideal funcionamento da Justiça.  
 
a) Mediante o que os textos apresentam, explique as vantagens e desvantagens  decorrentes da extinção do sistema de escolha dos ministros do STF pelo Presidente da República e do sistema do quinto constitucional em todos os Tribunais. 
b) As mesmas críticas relativas ao sistema de escolha dos magistrados que compõem a Corte suprema do país (STF), também pode ser percebida na escolha dos magistrados de 1ª instância?

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