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1 2 ‐ Rebites Introdução Um rebite compõe‐se de um corpo em forma de eixo cilíndrico e de uma cabeça. A cabeça pode ter vários formatos. Os rebites são peças fabricadas em aço, alumínio, cobre ou latão. Unem rigidamente telas ou chapas, principalmente, em estruturas metálicas, de reservatórios, caldeiras, máquinas, navios, aviões, veículos de transporte e treliças. A fixação das pontas da lona de fricção do disco de embreagem de automóvel é feita por rebites. 2 Tipos de Rebites e suas proporções: O quadro a seguir mostra a classificação dos rebites em função do formato da cabeça e de seu emprego em geral. 3 A fabricação de rebites é padronizada, ou seja, segue normas técnicas que indicam medidas da cabeça, do corpo e do comprimento útil dos rebites. No quadro acima apresentamos as proporções padronizadas para os rebites. Os valores que aparecem nas ilustrações são constantes, ou seja, nunca mudam. Em estruturas metálicas, você vai usar rebites de aço de cabeça redonda: 4 ‐ Diâmetros padronizados: de 10 até 36 mm (d). ‐ Comprimentos úteis padronizados: de 10 até 150 mm (L). Em serviços de funilaria você vai empregar, principalmente, rebites com cabeça redonda ou com cabeça escareada. Veja as figuras que representam esses dois tipos de rebites e suas dimensões: Existem também rebites com nomes especiais: de tubo, de alojamento explosivo etc. O rebite explosivo contém uma pequena cavidade cheia de carga explosiva. Ao se aplicar um dispositivo elétrico na cavidade, ocorre a explosão. 5 Veja abaixo alguns tipos. Além desses rebites, destaca‐se, pela sua importância, o rebite de repuxo, conhecido por “rebite pop”. É um elemento especial de união, empregado para fixar peças com rapidez, economia e simplicidade. Abaixo mostramos a nomenclatura de um rebite de repuxo. 6 Os rebites de repuxo podem ser fabricados com os seguintes materiais metálicos: aço‐ carbono; aço inoxidável; alumínio; cobre; monel (liga de níquel e cobre). Processos de rebitagem A segunda cabeça do rebite por ser feita por meio de dois processos: manual e mecânico. Processo manual Esse tipo de processo é feito à mão, com pancadas de martelo. Antes de iniciar o processo, é preciso comprimir as duas superfícies metálicas a serem unidas, com o auxílio de duas ferramentas: o contra‐estampo, que é uma peça de aço com furo interno, no qual é introduzida a ponta saliente do rebite. Após as chapas serem prensadas, o rebite é martelado até encorpar, isto é, dilatar e preencher totalmente o furo. Depois, com o martelo de bola, o rebite é “boleado”, ou seja, é martelado até começar a se arredondar. A ilustração mostra o “boleamento”. 7 Em seguida, o formato da segunda cabeça é feito por meio de outra ferramenta chamada estampo, em cuja ponta existe uma cavidade que será usada como matriz para a cabeça redonda. Processo mecânico O processo mecânico é feito por meio de martelo pneumático ou de rebitadeiras pneumáticas e hidráulicas. O martelo pneumático é ligado a um compressor de ar por tubos flexíveis e trabalha sob uma pressão entre 5Pa e 7Pa, controlada pela alavanca do cabo. O martelo funciona por meio de um pistão ou êmbolo que impulsiona a ferramenta existente na sua extremidade. Essa ferramenta é o estampo que dá a forma à cabeça do rebite e pode ser trocado, dependendo da necessidade. Veja abaixo, em corte, um tipo de martelo pneumático para rebitagem. 8 A rebitadeira pneumática ou hidráulica funciona por meio de pressão contínua. Essa máquina tem a forma de C e é constituída de duas garras, uma fixa e outra móvel com estampos nas extremidades. Se compararmos o sistema manual com o mecânico, veremos que o sistema manual é utilizado para rebitar em locais de difícil acesso ou peças pequenas. A rebitagem por processo mecânico apresenta vantagens, principalmente quando é usada a rebitadeira pneumática ou hidráulica. Essa máquina é silenciosa, trabalha com rapidez e permite rebitamento mais resistente, pois o rebite preenche totalmente o furo, sem deixar espaço. Entretanto, as rebitadeiras são máquinas grandes e fixas e não trabalham em qualquer posição. Nos casos em que é necessário o deslocamento da pessoa e da máquina, é preferível o uso do martelo pneumático. Rebitagem a quente e a frio Tanto a rebitagem manual como a mecânica podem ser feitas a quente ou a frio. Na rebitagem a quente o rebite é aquecido por meio de fornos a gás, elétricos ou maçarico até atingir a cor vermelho‐brilhante. Depois o rebite é martelado à mão ou à máquina até adquirir o formato. 9 Os fornos possibilitam um controle perfeito da temperatura necessária para aquecer o rebite. Já o maçarico apresenta a vantagem de permitir o deslocamento da fonte de calor para qualquer lugar. A rebitagem a quente é indicada para rebites com diâmetro superior a 6,35 mm, sendo aplicada, especialmente, em rebites de aço. A rebitagem a frio é feita por martelamento simples, sem utilizar qualquer fonte de calor. É indicada para rebites com diâmetro de até 6,3 mm, se o trabalho for à mão, e de 10 mm, se for à máquina. Tipos de rebitagem Os tipos de rebitagem variam de acordo com a largura das chapas que serão rebitadas e o esforço a que serão submetidas. Assim, temos a rebitagem de recobrimento, de recobrimento simples e de recobrimento duplo. Rebitagem de recobrimento Na rebitagem de recobrimento, as chapas são apenas sobrepostas e rebitadas. Esse tipo destina‐se somente a suportar esforços e é empregado na fabricação de vigas e de estruturas metálicas. Rebitagem de recobrimento simples É destinada a suportar esforços e permitir fechamento ou vedação. É empregada na construção de caldeiras a vapor e recipientes de ar comprimido. Nessa rebitagem as chapas se justapõem e sobre elas estende‐se uma outra chapa para cobri‐las. 10 Rebitagem de recobrimento duplo É empregada na construção de chaminés e recipientes de gás para iluminação. As chapas são justapostas e envolvidas por duas outras chapas que as recobrem dos dois lados. Quanto ao número de rebites que devem ser colocados, pode‐se ver que, dependendo da largura das chapas ou do número de chapas que recobrem a junta, é necessário colocar uma, duas ou mais fileiras de rebites. 11 Veja abaixo alguns tipos mais comuns de rebitagem: Cálculos para rebitagem Para rebitar, é preciso escolher o rebite adequado em função da espessura das chapas a serem fixadas, do diâmetro do furo e do comprimento excedente do rebite, que vai formar a segunda cabeça. Veja a seguir como fazer esses cálculos. 12 Cálculo do diâmetro do rebite A escolha do rebite é feita de acordo com a espessura das chapas que se quer rebitar. A prática recomenda que se considere a chapa de menor espessura e se multiplique esse valor por 1,5, segundo a fórmula: d = 1,5 ∙ < S onde: d = diâmetro; < S = menor espessura; 1,5 = constante ou valor predeterminado. Exemplo: Para rebitar duas chapas de aço, uma com espessura de 5 mm e outra com espessura de 4 mm, qual o diâmetro do rebite? Solução: d = 1,5 ∙ < S d = 1,5 ∙ 4 mm d = 6,0 mm Geralmente, os rebites comerciais são fornecidos com as dimensões em polegadas; portanto é necessário escolher um rebite com um valor que mais se aproxime da dimensão obtida em milímetros pelo cálculo. Assim, no exemplo acima, o rebite comercial quemais se aproxima da dimensão 6,0mm é o rebite de diâmetro 1/4". Cálculo do diâmetro do furo O diâmetro do furo pode ser calculado multiplicando‐se o diâmetro do rebite pela constante 1,06. Matematicamente, pode‐se escrever: dF = dR ∙ 1,06 onde: dF = diâmetro do furo; dR = diâmetro do rebite; 1,06 = constante ou valor predeterminado. Exemplo: Qual é o diâmetro do furo para um rebite com diâmetro de 6,35 mm? Solução: dF = dR ∙ 1,06 dF = 6,35 ∙ 1,06 dF = 6,73 mm Portanto, o diâmetro do furo será de 6,73 mm. 13 Cálculo do comprimento útil do rebite O cálculo desse comprimento é feito por meio da seguinte fórmula: L = y ∙ d + S onde: L = comprimento útil do rebite; y = constante determinada pelo formato da cabeça do rebite; d = diâmetro do rebite; S = soma das espessuras das chapas. Para rebites de cabeça redonda e cilíndrica, temos: L = 1,5 ∙ d + S Para rebites de cabeça escareada, temos: L = 1 ∙ d + S Pontos Críticos e Análise de Tensão para dimensionamento de rebites: Na análise elementar de uniões e conexões rebitadas, é normalmente suposto que a flexão e a tração nos rebites possam ser desprezadas, que a fricção entre as peças não contribua para a transferência de força através da união e que as tensões residuais possam ser desprezadas. Além disso, supõe‐se que o cisalhamento nos rebites seja uniforme e igualmente dividido entre os rebites. Portanto, as seções críticas em potencial podem ser identificadas como: 1. Falha em tração da seção transversal líquida entre os rebites; 2. Cisalhamento da seção transversal do rebite; 3. Falha de apoio compressivo entre o rebite e a chapa; 4. Cisalhamento da borda no furo do rebite; Essas diversas seções críticas são esquematizadas na figura abaixo. Para uma análise elementar de uniões rebitadas, as tensões associadas com cada seção crítica podem ser estimadas como descrito a seguir. 1. Para falha por tração na chapa entre rebites [veja letra “a” da figura abaixo], a tensão trativa na chapa σt , é: . . 14 Onde: F = Força total cisalhante b = largura bruta da chapa t = espessura da chapa Dh = diâmetro do furo (ligeiramente maior que o diâmetro do rebite) n = número de áreas cisalhadas/suportando a carga 2. Para rebites em cisalhamento [veja letra “b” da figura abaixo], a tensão de cisalhamento, τs , é: . 4 4 Onde, F = Força total cisalhante A = Área de cisalhamento Dr = diâmetro do rebite 15 3. Para falha de apoio compressivo ou tensão de compressão ou ainda tensão de esmagamento [veja letra “c” da figura abaixo], a tensão de apoio compressiva σc , é: 4. Para cisalhamento da borda do rebite na borda da chapa [veja letra “d” da figura abaixo], a tensão de cisalhamento, τe , é: 2 2 Onde b = distância do centro do furo do rebite à borda da chapa (valores mínimos recomendados para b veja tabela abaixo). 16 Tabela 1 ‐ Medidas para rebites: Deve ser enfatizado que a seleção de materiais do rebite e dimensões para manter estas estimativas elementares de tensão abaixo da tensão de projeto propicia apenas uma configuração preliminar. Para aplicações críticas, verificações experimentais deverão ser conduzidas para qualificar a união em condições reais de operação. Caso um carregamento excêntrico seja aplicado a uniões múltiplas rebitadas, os conceitos de uniões com múltiplos parafusos carregados excentricamente podem ser diretamente aplicados. Cálculo da distância entre rebite e fim da chapa (b) Nas juntas rebitadas, além do diâmetro do rebite, temos que determinar uma distância mínima entre os centros dos rebites e a extremidade da chapa, para que os esforços cisalhantes sejam suportados. Desta forma deve ser satisfeita a condição de que a resistência oferecida pelas duas áreas cisalhadas deve ser no mínimo igual à área de seção transversal do rebite. A distância entre os rebites e a borda das chapas deve ser igual a pelo menos uma vez e meia o diâmetro do corpo dos rebites mais próximos a essa borda. Como o esforço cortante sobre a chapa é o mesmo sobre o rebite, temos: FRebite = FChapa Rebite . ARebite = Chapa . AChapa Rebite . (π . ز / 4) = Chapa . 2 . b . e ∅ . 17 Onde, b = distância do centro do rebite à extremidade da chapa [mm]; Ø = diâmetro do rebite [mm]; e = espessura da chapa [mm]; Rebite = tensão no rebite (admissível) [MPa]; Chapa = tensão na chapa (admissível) [MPa]. Distância entre os rebites (Passo) Quanto à distribuição dos rebites, existem vários fatores a considerar: o comprimento da chapa, a distância entre a borda e o rebite mais próximo, o diâmetro do rebite e o passo. O passo é a distância entre os eixos dos rebites de uma mesma fileira. O passo deve ser bem calculado para não ocasionar empenamento das chapas. No caso de junções que exijam boa vedação, o passo deve ser equivalente a duas vezes e meia ou três vezes os diâmetros do corpo do rebite vejam abaixo valores práticos para medidas de passo e distância entre centro do rebite a borda da chapa: 18 Tabela 2 – Medidas práticas para b e P: Quando não se souber o tipo de rebite a ser utilizado, para evitar a possibilidade de ruptura da chapa entre os furos, a ABNT recomenda que sejam adotados os espaçamentos indicados na figura abaixo (“d” representa o diâmetro dos furos). As tabelas de propriedades dos materiais geralmente não fornecem os valores das tensões (ruptura ou escoamento) de cisalhamento. Adota‐se portanto critérios práticos a partir dos dados fornecidos para tração. A tensão de cisalhamento ocorre comumente em parafusos, rebites e pinos que ligam diversas partes de máquinas e estruturas. Haverá casos em que o esforço cortante será simples (uma seção apenas) ou duplo (duas seções), como é o caso de um rebite que conecta três chapas. 19 Exercícios: 1. Calcular o comprimento útil de um rebite de cabeça redonda com diâmetro de 1/8” para rebitar duas chapas, uma com 2 mm de espessura e a outra com 3 mm. Resp.: 9,76 mm. 2. Calcular o comprimento útil de um rebite de cabeça escareada com diâmetro de 3/16” para rebitar duas chapas, uma com 3 mm de espessura e a outra com 7 mm de espessura. Resp.: 14,76 mm. 3. Qual deve ser o diâmetro do furo que vai receber um rebite com 5/16" de diâmetro? Resp.: 8,41 mm. 4. Calcular o comprimento útil de um rebite de cabeça redonda com diâmetro de 1/4" para rebitar duas chapas: uma com 3/16" de espessura e outra com 1/4". Resp.: 20,64 mm. 5. Calcular o diâmetro do rebite de cabeça vazada para o caso de cisalhamento simples com uma carga F = 2 kN. O material do rebite e da chapa é aço ABNT 1020. Considere e= 130 MPa e k = 4. A seguir, calcule a tensão de esmagamento e a distância mínima do centro do rebite até a extremidade da chapa, conforme tabela 2 da página 18 . Espessura da chapa = 7 mm. Resp.: d = 8,85 mm; σesm = 32,3 MPa; b = 22,125 mm. 20 6. Calcular o diâmetro do rebite para o caso de cisalhamento simples com uma carga F = 3,2 kN. O material do rebite e da chapa é aço ABNT 1045. Considere e= 170 MPa e k = 3,5. A seguir, calcule a tensão de esmagamento e a distância mínima do entre centro dos rebites, sabendo‐se que os rebites a serem utilizados, deverão ser rebites de cabeça vazada 90° (Use a tabela 1 e 2). Espessura da chapa = 3/16”. Determine também o comprimento do rebite, Ø da cabeça e Ø do furo. Resp.: Øcorpo = 10,37mm; Øcabeça = 20,74 mm; Øfuro = 10,99mm; L = 20,32 mm; P = 51,88 mm. 7. Projetar a junta rebitada para que suporte uma carga de 12 kN. A chapa é de aço ABNT 1040 e a junta deverá ter 5 rebites de cabeça redonda larga, também de aço ABNT 1040, k = 2 e espessura da chapa = 7/32”. Deve ser calculada também a tensão de esmagamento, a distância do centro do rebite à extremidade da chapa e o passo (Use a tabela 1 e 2). Determine também o comprimento do rebite, Ø da cabeça e Ø do furo. Caso necessário, redimensione os rebites. Resp.: Øcorpo = 5,35 mm; Øcabeça = 6,7 mm; Øfuro = 5,67 mm; L = 19,1 mm; b = 9,63 mm; P = 18,7 mm. 21 8. Verificar se a ligação rebitada abaixo foi dimensionada corretamente. Dados: adm = 120 MPa P = 100 kN d = 1,27 cm 9. Projetar a junta rebitada para que suporte uma carga de 18.000 lbf. A chapa e os rebites são de aço ABNT 1050 com e=35 kgf/mm² e a junta deverá ter 4 rebites, fator de segurança k = 3,5 e espessura da chapa = ¼”. Deve ser calculada também a tensão de esmagamento, a distância do centro do rebite à extremidade da chapa e o passo, considerando que os rebites possuem cabeça redonda. Caso necessário, redimensione os rebites. Resp.: Ø = 10,75 mm; b = 19,35; P = 37,6 mm. 10. Para uma junta rebitada que suporta uma carga de 20 kip, a chapa e os rebites são de aço AISI 316 com e=2460 kgf/cm², cabeça redonda, a junta deverá ter 8 rebites e a sua largura é de 150 mm, cisalhamento simples, fator de segurança k = 3 e espessura da chapa = 3/16”. O diâmetro dos rebites é de 6,0 mm, diâmetro da cabeça 10,5 mm, comprimento do corpo 18,5 mm, determine os seguintes parâmetros e faça conclusão sobre essa junta rebitada: a. Falha em tração na chapa (σt); b. Cisalhamento da seção transversal do rebite (τs); c. Tensão de Esmagamento (σesm); d. Distância do centro do rebite à extremidade da chapa e o passo, considerando que os rebites possuem cabeça redonda (b e P); e. Cisalhamento da borda no furo do rebite (τe); f. Conclusão dos resultados. Resp.: σt = 188,5 Mpa; τs = 393,3 Mpa; σesm = 389,2 Mpa; b = 10,8 mm; P = 21 mm; τe = 108,1 MPa.
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