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aula 12 CHEQUE (1)

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DIREITO EMPRESARIAL III 
Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge
michellearaujojorge@gmail.com
AULA 12
CHEQUE
Tema
CHEQUE. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL, CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO, REQUISITOS ESSENCIAIS, FIGURAS INTERVENIENTES
Objetivos
O aluno deverá ser capaz de compreender a classificação do cheque como ordem de pagamento à vista, e suas decorrências jurídicas.
Estrutura do Conteúdo
Cheque
1.  Legislação Aplicável 
2.  Conceito 
3.  Natureza Jurídica 
4.  Classificação 
5.  Requisitos Essenciais.
6.  Espécies de cheque. 
7.  Endosso. 
8.  Cheque Pós-datado.
Cheque
O cheque é uma ordem de pagamento, em dinheiro e à vista, emitida pelo sacador contra o sacado, em favor próprio ou de um terceiro, que incide sobre fundos que o sacador dispõe em poder do sacado;
O cheque é uma ordem de pagamento à vista, sacado contra um banco e com base em suficiente provisão de fundos depositados pelo sacador em mãos do sacado ou decorrente contrato de abertura de crédito entre ambos;
Nos conceitos acima delineados, devemos destacar que obrigação cambial no cheque decorre de uma ordem de pagamento, à vista, emitida por pessoa que tenha fundos em poder de banco. A pessoa que deve cumprir a ordem de pagamento é o próprio banco depositário dos recursos, que atua na qualidade de sacado e deve fazer o pagamento da quantia estipulada à pessoa indicada no cheque ou a terceiro por sua ordem.
Para se ter acesso ao cheque é preciso entregar, previamente, valores ao banco, através de contrato de depósito (art. 627 e ss do CC), ou de contrato de abertura de conta corrente (art. 51 e 52 da Lei 4.728/65-Mercado de Capitais). 
Nos dias atuais, quase todas as operações das instituições financeiras são feitas por meio eletrônico. Por isso, atualmente, para se ter acesso ao cheque é preciso, antes, celebrar o contrato de abertura de conta corrente; e, somente após a verificação da capacidade financeira para emissão, a instituição financeira dará acesso ao cheque a seu “correntista”.
Os valores depositados pelo correntista em poder do banco garantem a emissão do cheque, por isso, cada vez que um cheque é apresentado para pagamento, o banco retira o seu valor correspondente do saldo disponível do correntista em seu poder; assim, a ordem de pagamento contida no cheque incide sobre a quantia previamente depositada e a existência de fundos disponíveis é verificada no momento da apresentação do cheque para pagamento;
É o título de crédito mais utilizado nas práticas empresariais, atualmente.
1.     Legislação Aplicável
Diplomas Legais: O cheque é disciplinado pela Lei 7.357/85 (Lei do Cheque ou LC)e 
Subsidiariamente pela Lei Uniforme do Cheque promulgada pelo Decreto 57.595/66, naquilo que não foi derrogada.  
Devemos observar, além dessas, todas as outras normas que regulam o cheque: tributárias, CDC, instruções do BACEN, etc.
2.     Conceito
É uma ordem de pagamento, sempre à vista (ou seja, na data da apresentação deve ser liquidado), sacada contra um banco ou instituição financeira que seja reputada como tal, com suficiente provisão de fundos, pelo sacador em mão do sacado ou decorrente do contrato de abertura de crédito. 
3.     Natureza Jurídica
A sua natureza é controvertida, havendo três posições no sentido de ser o cheque um título de crédito próprio ou não:
1 posição: Pontes de Miranda, de forma minoritária, entende que o cheque não configura um título de crédito próprio, mas mera forma de pagamento e instrumento de retirada de fundos.
II posição: Rubens Requião, de forma dominante, defende ser o cheque um título de crédito próprio, desde que colocado em circulação. Do contrário, será mero instrumento de retirada de fundos e forma de pagamento.
III posição: O professor Luiz Emygdio, de forma minoritária, entende ser o cheque um verdadeiro título de crédito, independentemente de sua colocação em circulação, desde que o beneficiário do cheque não seja o próprio emitente, pois, neste caso, o cheque será mero instrumento de retirada de fundos.
4. Classificação das Figuras Intervenientes:
EMITENTE ou SACADOR: É a pessoa autorizada a emitir cheques sobre os fundos disponíveis, em virtude de um contrato (de abertura de conta corrente, depósito ou abertura de crédito). 
É quem dá a ordem de pagamento para o sacado, após verificação de fundos, pagar, é também chamado de sacador da ordem. 
SACADO: É o banco ou instituição financeira a ele equiparado, que detém os fundos à disposição do sacador. 
BENEFICIÁRIO: É a pessoa a quem o sacado deve pagar a ordem emitida pelo sacador. 
5.     Requisitos 
Requisitos essenciais :O art. 1º da Lei 7.357/1985 estabelece os seguintes requisitos para os cheques: 
I - a denominação “cheque” inscrita no contexto do título e expressa na língua em que estes é redigido;
II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada;
III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); 
IV - a indicação do lugar do pagamento;
V - a indicação da data e do lugar de emissão ; 
VI -a assinatura do emitente (sacador) ou de seu mandatário com poderes especiais.
Parágrafo único – vide....
Na falta de qualquer dos requisitos essenciais acima descritos, o documento não valerá como cheque (art. 2º da L. 7.357/85), mas apenas como meio de prova do negócio jurídico que lhe deu origem, 
haja vista que ao art. 888 do código civil dispõe que a omissão de requisito essencial que tire ao escrito a validade como título de crédito não implica a invalidade do negócio jurídico que o originou.
Requisitos não essenciais
Não são requisitos essenciais ao documento para que este valha como cheque: 
IV - a indicação do lugar do pagamento; e,
V - a indicação da data e do lugar de emissão.
O art. 2º da Lei 7.357/85 prevê que na falta de indicação especial, o cheque é pagável no lugar designado ao lado do nome do sacado;
se designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles;
não existindo qualquer indicação o cheque é pagável no lugar de sua emissão.
Não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente.
Como o cheque é uma ordem de pagamento à vista a data de sua emissão não precisa constar do título porque na sua omissão considerarse-á o cheque emitido na data de sua apresentação.
6.   Espécies de cheque.
1. Cheque visado (art. 7ºLC): não deixou de existir mas perdeu importância; o banco dá um visto garantindo fundos no prazo de apresentação (bloqueio).
2. Cheque administrativo (bancário, caixa, tesouraria, comprado) (art. 9º, III LC): o banco é emitente(sacador) e sacado.
3. Cheque cruzado (art. 44LC): o emitente imprime 2 traços paralelos na cártula – horizontais, verticais ou transversais; só pode ser depositado em contacorrente (câmara de compensação), assegurando a sustação em caso de extravio. 
- em branco = entre os traços não se indica o banco 
- em preto ou especial = indica o banco
4. Cheque para ser creditado em conta (art. 46LC): parecido com o cheque cruzado, havendo quem entenda ser intransmissível, ficando impedido de circular.
OUTROS:
5. Cheque turismo ou viagem: não é um cheque, não é cártula, documento substitutivo de câmbio.
6. Cheque especial: termo não técnico, vinculado a contrato de abertura de crédito.
Da transmissão do cheque
O cheque nominal é transmissível pela via do endosso (art.17 da Lei 7.357/85, LC); 
os cheques ao portador circulam por meio de tradição, 
o endosso em branco em um cheque transforma este documento em título ao portador (art.20 da Lei 7.357/85).
7.  Endosso.
O endosso efetua-se pela assinatura do beneficiário, no verso do próprio cheque, ou em folha de alongamento anexada a este (art. 19 da Lei 7.357/85); e, completa-se com a tradição, que vem a ser a entrega do documento com a intenção de transferi-lo (art. 910, §2º do CC).
O endosso em branco (art. 20 e 29 da Lei 7.357/85); 
endosso em preto
O endossante assume a condição de devedor de regresso (art. 21 da Lei 7.357/85).
O endosso puro e simples (art. 20 e 21 da Lei 7.357/85.
Em caso de recusa pelo banco ou de inadimplemento da quantia pelo devedor principal (art. 48 da Lei 7.357/85). 
O endosso mandato (art. 26 da Lei 7.357/85)
não cabe o endosso caução nem o endosso fiduciário, porque o cheque é uma ordem de pagamento à vista .
o endosso parcial ou limitativo, bem com o endosso pelo sacado são nulos (art. 18 § 1º da L. 7.357/85).
O endosso póstumo (art. 27 da l. 7.357/85). 
13
Aval
O pagamento do cheque pode ser garantido em todo ou em parte por aval, prestado por terceiro, mas o banco sacado não pode conceder o aval (art. 29 da Lei 7.357/85). 
O avalista que paga o cheque adquire todos os direitos dele resultantes e pode cobrar a quantia paga, em regresso, contra o seu avalizado e contra os demais obrigados em virtude do cheque (art. 31, p. único da Lei 7.357/85).
Além do aval puro e simples, que pode ser total ou parcial, cabe ainda:
o aval simultâneo, onde vários avalistas garantem o mesmo devedor; 
o aval sucessivo, onde há o aval de um avalista, ou como preferem alguns autores, o aval do aval; e, 
o aval póstumo (art. 900 CC/02) que é aquele dado após o prazo de apresentação ou após o protesto do título.
O avalista deve indicar a pessoa avalizada, se não houver indicação, considera-se que o aval foi dado ao emitente (art. 30, § único da Lei 7.357/85)
8.  Cheque Pós-datado.
Efeitos entre emitente e credor originário, não vincula terceiros.
o Efeitos são civis e penais
 	Civis = dano = RC
 	Penais = art. 171, §2º, VI do CP e 
Súm. 246 STF (Não há estelionato, não há fraude. No momento da emissão não tinha fundos, mas teria na data lançada).
Apresentação e pagamento (art. 32..)
· 30 dias (cheques da mesma praça)
· 60 dias (cheques de outra praça)
 Praça = município (art. 11 da Res. Bacen 1682/90)
 Apresentação ≠ pagamento = atos jurídicos diversos Implica em várias obrigações, sendo a última o pagamento
A perda do prazo não impede o pagamento, desde que dentro do prazo de prescrição (art. 35, § único)
Justificativa = cheque é destinado a ter vida curta e é necessário fixar um termo para estabelecer a exoneração de certas responsabilidades:
 Cessam os efeitos do cheque visado (art. 7º, §1º = perdeu importância);
 Endosso posterior = efeitos de cessão (art. 27);
 Contraordem = efeitos após prazo de apresentação (art. 35, § único);
 Portador decai de seus direitos cambiários em relação aos endossantes e seus avalistas (art. 47, II);
 Portador decai do direito em relação ao emitente (art. 47, §3º);
 Termo a quo da prescrição (art. 59) = 6 meses;
Prescrição
6 meses = Ação Cambiária (art. 59)
o Caput = contra o emitente e seu avalista = a partir do fim do prazo de apresentação
o P.único = de um coobrigado contra os demais = do dia em que pagou ou do dia em que foi acionado.
2 anos = Ação de Enriquecimento Ilícito (Art. 61, LC e Art. 884, CC/02) a partir do fim do prazo de prescrição
Súm. 600, STF = Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambial.
3 anos = Ação Ordinária de Cobrança ou Monitória (Art. 206, §3º, IV, CC/02)
 Art. 206, VIII não se aplica.
CASO CONCRETO:
CASO PRÁTICO: Augusto é titular de conta corrente conjunta com sua esposa, Bruna, e emitiu um cheque no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) em favor de uma clínica médica.  Posteriormente, a beneficiária verificou que não constava da cártula o local de emissão, porém, mesmo com tal omissão, foi promovida execução em face de Bruna, já que esta havia se utilizado do serviço prestado.
1. Há alguma implicação legal na omissão apontada?
2. Será procedente a execução do cheque realizada contra Bruna, por se tratar de conta corrente conjunta?
QUESTÃO OBJETIVA:
O cheque pré-datado: 
(A) não pode ser avalizado ou endossado.
(B) pode ser apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão, e pagável no dia da apresentação.
(C) não é considerado cheque, em razão da pré-datação.
(D) para ser pago é necessário o seu depósito em conta corrente.

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