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Discentes: Guilherme Bernardo e RHUAN LEMOS TUBERCULOSE Introdução A tuberculose (TB), provocada por Mycobacterium tuberculosis, é uma das doenças mais antigas conhecidas pela humanidade. Introdução Doença Infecciosa Transmissão inter-humana Evolução crônica Primária do aparelho respiratório - Pode acometer qualquer sítio Endêmica em países em desenvolvimento - Brasil Introdução A Organização Mundial da Saúde (OMS), em março de 1993, a declarar a tuberculose como emergência global. - A mensagem foi clara: “a tuberculose é um desastre da saúde pública.” Estimativas da própria OMS declaram que cerca de 100 milhões de pessoas são infectadas a cada ano, com prevalência de quase 2 milhões de doentes e com um terço da humanidade infectada pelo bacilo. Introdução A redução da prevalência da tuberculose nos países avançados, a descoberta de substâncias eficazes para tratar a doença, as medidas profiláticas de vacinação com o bacilo de (BCG) Ilusão de que a tuberculose poderia ser controlada. Manutenção como um grave problema de saúde pública nos países pobres e em desenvolvimento. Magnitude da Tuberculose – OMS/2015 Um terço está infectada 6,2 milhões de casos notificados em 2015 82% dos casos em 22 países 1,1 milhões de mortes por ano (HIV negativo) 350 mil óbitos por ano TB/HIV 500 mil casos por ano MDR Etiologia Doença infecciosa de evolução crônica; Compromete principalmente os pulmões; Agente etiológico: Mycobacterium tuberculosis; descoberto por Robert Koch, em 1882, que isolou e descreveu o bacilo, conseguiu seu cultivo e reproduziu a doença em animais de laboratório; bacilos retos ou ligeiramente curvos, com dimensões que variam entre 0,2 e 0,6 µm, por 1 e 10 µm, imóveis e não formadores de esporos ou cápsulas; Etiologia Metabolismo voltado especialmente para a construção da cápsula que o protege dos agentes químicos; Cresce lentamente; Aeróbio; Duplica sua população de 18 a 48 h, dependendo de maior ou menor oferta de oxigênio, do pH do meio e acesso a nutrientes; é facilmente destruído por agentes físicos, como calor, raios ultravioleta da luz solar e radiações ionizantes. Etiologia M. bovis, M. microti, M. africanum, M. canetti, fenotípicos e geneticamente similares; Estima-se que o bacilo tenha se constituído como espécie entre 15.300 e 20.400 anos, evoluindo por mutação de M. bovis primitivo ou bacilo semelhante, teoria aceita por muitos autores pela coincidência de seu aparecimento com a domesticação de animais pelo homem. Etiologia M. tuberculosis não se apresenta livre na natureza; Tem baixa morbidade, provoca doença de curso lento e crônico em indivíduos com baixa imunidade, com destaque para a subnutrição; Nenhuma toxina (exo ou endo) foi isolada do bacilo de Koch, razão pela qual não consegue romper a barreira epitelial íntegra, infectando o interior do hospedeiro à sua própria custa. Transmissão Os egípcios a conheciam e isolavam os doentes; A natureza infecciosa da tuberculose só foi elucidada no século 16, com Gerolamo Fracastoro de Verona; Em 1865, Villemin demonstrou experimentalmente a transmissão da tuberculose, provocando doença em animais de laboratório com material obtido de lesões pulmonares ativas; A introdução do diagnóstico bacteriológico, da aplicação da radiologia nas formas pulmonares e com os estudos epidemiológicos facilitados pela explosão da “peste branca tuberculosa” na Europa e norte do continente americano, realizaram-se diversos estudos sobre a transmissão humana; Transmissão Modelos humanos foram realizados, avaliando a transmissão para animais de pacientes eliminadores de bacilos no escarro, confinados a enfermaria especialmente construída com ventilação controlada, onde o ar ambiente era descarregado por ductos no teto da sala. Gaiolas com cobaias foram alocadas nos ductos de ventilação, justamente onde se observava a infecção, demonstrando que os bacilos eliminados pela tosse sobreviviam por algum tempo fora do organismo e eram contagiantes para os animais; Transmissão Modelos concomitantes in vitro e in vivo, de atomização artificial de escarro, revelam que partículas maiores tendem a se depositar no chão, misturando-se com a poeira, enquanto as menores levitam no ar. Daquelas que levitam, nem todas são contagiantes, apenas as que se ressecam, e apresentam características aerodinâmicas semelhantes à dos gases, partícula núcleo ou gotícula núcleo de Wells. Transmissão A maior transmissibilidade do foco relaciona-se à doença pulmonar (ou laríngea); à existência de cavidades, comuns nas formas de reativação e à maior carga de bacilos no escarro, expresso pelo número de cruzes no exame baciloscópico. A quantidade, o vigor e as características da tosse interferem na comunicabilidade. Pacientes em melhor estado geral e nutricional tendem a apresentar tosse vigorosa, atomizando partículas com maior capacidade de transmissão, do que aqueles em pior estado. Transmissão Escarros espessos e aderentes produzem menor quantidade de partículas infectantes, ao contrário dos mais fluidos. Nas gotículas suspensas, apenas 1% dos bacilos existentes conseguem sobreviver por algumas horas, desde que estejam em locais sem ventilação e não expostos à luz solar, fatal para o bacilo. Transmissão Principalmente por via respiratória, facilitada pela aglomeração humana; A proximidade (mesma cama, mesmo quarto, mesma casa) e o parentesco (mãe, pai, irmãos e outros parentes) guardam uma relação direta e estatisticamente significante com a infecção; Aglomerados urbanos, especialmente condições precárias de moradia, favorecem maior prevalência da tuberculose; Infecção e doença são mais frequentes entre os contatos de baixa idade, os idosos, os portadores de doenças ou condições imunossupressoras e os tuberculinonegativos. Transmissão Um estudo em submarino da marinha norteamericana mostrou que um doente contaminou 139 dos 308 tripulantes; Ambientes mais ventilados, com troca de ar constante, proporcionam maior segurança na prevenção da transmissão; Hospitais medidas especiais de proteção e controle devem ser estabelecidas; Com o advento da quimioterapia, observou-se que o tratamento interfere no contágio; Transmissão Ocorre principalmente por contato próximo, através da fala, tosse, espirro; Não há problema em compartilhar copos ou talheres; Importante ressaltar que não basta um contato pontual, esse contato tem que ser frequente para que a transmissão ocorra de maneira efetiva! Patogenia As primeiras defesas contra os bacilos são mecânicas, compreendendo pelos nasais, angulação das vias respiratórias, secreções e clearance mucociliar, exatamente por impedir a nidação dos germes no interior dos alvéolos. Ele tem de penetrar no interior do organismo e ser carreado por alguma célula ou invadi-lo por solução de continuidade das barreiras orgânicas. Imunidades natural e adaptativa Os macrófagos são as principais células de defesa na imunidade inata contra a infecção por M. tuberculosis; O bacilo pode permanecer no interior dos macrófagos durante toda a vida do hospedeiro; O bacilo modula a apresentação de antígenos para impedir que linfócitos T reconheçam macrófagos infectados; Caso ocorra a fusão lisossomo-fagossomo do macrófago, a bactéria sofre a ação dos grânulos liberados pelos lisossomos; foco pneumônico Doença primária Em pacientes com baixa resistência ou desconhecimento imunológico do bacilo; Os bacilos serão naturalmente drenados para os linfonodos hilares e mediastinais; Em crianças de 2-12 anos, a resposta imunológica nos linfonodos hilares e mediastinais pode ser exarcebada; Habitualmente a disseminação progride dos linfonodos para o sangue. Quadro clínico Pneumonia de resolução lenta; Pneumonia persistente; Pneumonias de repetição; Doença primária Essa disseminação acontece ao longo de semanas no corpo do indivíduo e, em cerca de 10 semanas; Finalmente o corpo consegue desenvolver uma resposta imunológica eficaz para combater o bacilo, fazendo com que as proliferações bacilares nos focos espalhados pelo corpo sejam devidamente contidas – cerca de 95%; Ocorre um CONTROLE, e não uma eliminação completa do bacilo! E OS OUTROS 5%?? Doença pós-primária quase exclusivamente no adulto; ao longo da vida, especialmente se houver outras doenças ou condições debilitantes, por exemplo, desnutrição, infecção por HIV, diabetes, tratamento prolongado com corticoides, terapia imunossupressora, doenças renais crônicas, gastrectomia e outras causas; a doença apresenta grande espectro de manifestações que se relacionam com o órgão afetado. Doença pós-primária Tuberculose pulmonar Inicialmente as queixas podem ser mínimas ou inexistentes.; Com o evoluir do processo: o inapetência, febre baixa vespertina e sudorese noturna; adinamia, astenia, irritabilidade e cefaleia; Sintomatologia respiratória, o paciente queixase de tosse, inicialmente seca e posteriormente produtiva, de evolução arrastada, sem preferência de horário, com expectoração purulenta ou mucoide. Hemoptises e escarros hemoptoicos ocorrem em menos de um quarto dos pacientes. A dor torácica pode ser localizada e ventilatóriodependente Indivíduos podem ser: Multibacilíferos – possui forma pulmonar cavitária; Paucibacilíferos – a baciloscopia não será positiva, mas a cultura será; Não Bacilíferos – formas extrapulmonares. Tubercolose extra-pulmonar Caso clinico J.S.F. Masculino, 61 anos, branco, solteiro, agricultor, natural Santo Antônio de Jesus. (junho/2017) Paciente procura o serviço de Pneumologia do Hospital INCAR, referindo falta de ar há 4 anos. A dispneia surge aos mínimos esforços há quatro anos, de evolução gradual nesse período, agravada aos esforços habituais e decúbito dorsal. Acompanhada de tosse matinal produtiva, com expectoração purulenta (marrom escuro) e dois episódios de tosse com expectoração de raias de sague, referiu também sudorese noturna, dispneia paroxística noturna, astenia. A dispneia é atenuada pelo repouso e ortostatismo. Paciente ex-tabagista (parou há 1 ano e 4 meses), fumou por 45 anos, 60 cigarros por dia, etilista (50 ml de destilado e uma taça de vinho por dia). Nega perda ponderal de peso e febre. Possível Diagnóstico? Atualmente não faz uso de nenhuma medicação. No passado mórbido, pneumonia há 3 anos. Biópsia pulmonar em 2013, apresentava segmento pulmonar sem particularidades, pesquisa de tuberculose e fungo negativas. Ao exame físico, apresentava-se em bom estado geral, afebril, mucosas úmidas, coradas, anictéricas e acianóticas, ausência de linfoadenomegalias. No exame respiratório: tórax em barril, ausência de retrações, expansibilidade torácica preservada, frêmito tóracovocal diminuído, som claro pulmonar à percussão, murmúrio vesicular diminuído em hemitórax esquerdo e abolido em base esquerda, ausência de ruídos adventícios. Exame físico cardiológico e abdominal sem alterações. Condutas ? Nos exames complementares a radiografia de tórax (Junho/ 2017) evidenciou derrame pleural à esquerda. Gasometria (Junho/ 2017) apresentou pH: 7,43, pCO2: 32, pO2: 82. Espirometria (Junho/ 2017) sugeriu distúrbio ventilatório moderado, com resposta positiva a broncodilatador. Na biopsia pleural (Junho/ 2017), a pleura apresentavam processo inflamatório crônico ativo, fibrose, ausência de neoplasia. Punção de liquido pleural (Junho/ 2017), líquido pleural com 99% de linfócitos Teste para fungo: negativo. Teste para tuberculose: negativo. Diagnóstico? Apesar da pesquisa de Bacilo Álcool Ácido Reagente (BAAR) ter sido negativa nos fragmentos de pleura, a linfocitose do líquido pleural sugere fortemente tuberculose. Paciente tratado conforme orientação do Ministério da Saúde para tuberculose pleural e notificado adequadamente para a Secretaria da Saúde CONCLUSÃO: Por ser uma patologia ainda prevalente no Brasil é essencial que médicos generalistas tenham suspeita de tuberculose pleural quando a sintomatologia é sugestiva, mesmo com biópsia negativa. Pois, como no caso relatado, a clínica é compatível, porém a biópsia não confirmou o resultado, apesar de haver predomínio de linfócitos no líquido pleural.
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